O destaque da foto colorida é o
estádio do Botafogo no ano de uma grande remodelação de projeto de Raphael
Galvão, bem como o casarão sede do clube em toda sua imponência, construída há
apenas 10 anos.
Mas as cercanias do
estádio nos mostram pequenos detalhes muito interessantes: na parte inferior
direita da foto vemos que grande parte das construções não existe mais, talvez
tendo sido demolidas quando a favela do Pasmado foi removida, podemos só
identificar entre elas os angulosos telhados de um prédio que flerta em estilo
normando que hoje abriga um departamento do governo federal dedicado a energia
nuclear, acho que é a CNEN.
Na parte inferior
esquerda vemos o prédio do Hospital Rocha Maia, antigo DESINFECTÓRIO DE BOTAFOGO, inaugurado no período Passos
cujo terreno é do Botafogo Futebol e Regatas, algo que pouca gente sabe, pois o
Dec. 289/36 dá ao Clube o aforamento de toda a área contígua ao seu campo, com
a ressalva que a unidade de saúde pública ali existente permanecerá, e não
sendo mais necessária, o domínio do terreno retornará ao Alvinegro. Na
realidade toda a área antes do aforamento pertencia ao Ministério da Justiça
que o cedia à Saúde e lá funcionou por anos o desinfectório, na chegada do
Botafogo já abandonado e em ruínas. Na década de 30 o Botafogo pediu
formalmente para ter o direito de assumir esta área, mas tal não foi concedido.
Ali funciona até hoje o
Hospital Rocha Maia que serve como emergência clínica, transferindo os casos
graves e de especialidades para o Miguel Couto ou para o Souza Aguiar.
Bem à direita da foto a
grande construção foi o Educandário Santa Therezinha, mantido pela Santa Casa,
e que tinha a função primordial recolher e dar educação a órfãs abandonadas. O
edifício foi projetado por Bitencourt da Silva e inaugurado em 1866. Com a
saída da instituição religiosa, o prédio foi por muitos anos arrendado pelo
colégio Anglo Americano, depois foi a Casa Daros e hoje acho que é a escola
ELEVA.
Em termos de urbanismo
temos muitos pontos curiosos, logo na parte inferior da foto vemos que a rua
General Severiano era servida por bondes, que aparentemente seguiam até a rua
da Passagem, dando a volta e só na praça Juliano Moreira, vindo pela atual rua
Gal Góis Monteiro chegava a Av. Lauro Sodré para aí seguir para Copacabana via
túnel Novo, pois aparentemente a Lauro Sodré não tinha sido aberta no trecho
entre o campo do Botafogo e o educandário.
A própria praça Juliano
Moreira como as construções que a envolvem são completamente diversas de hoje,
pois havia um grande número de casas no sopé do morro de São João, que
certamente foram demolidas quando da “quaduplicação” do Túnel Novo (cujas fotos
já vimos este ano por aqui). Hoje as fraldas do morro dão diretamente na rua, a
praça também praticamente não existe mais sobrando uma pequena nesga na frente
da sede social do clube, atrás das construções vemos uma escadaria e um pedaço
de pista que certamente faziam parte do conjunto do Hospital dos Ingleses.
Constatamos também que a
Av. Wenceslau Brás possuía um canteiro central, com árvores e postes de
iluminação, onde hoje fica o Canecão era um grande terreno baldio.
Colaborações: Conde di Lido (na colorização), Andre Decourt (no texto), "Saudades do Rio - O Clone" (nas fotos P&B).