Lá nas décadas de 50 e 60, antes desta febre de moda esportiva dos últimos anos, eram poucas as casas especializadas em esportes. Entre elas destacava-se a Superball, com seus 3 endereços no Rio. Fui frequentador das lojas da Marechal Floriano e da Xavier da Silveira, ali quase na esquina da Av. N.S. de Copacabana. O outro endereço era na Rua Carolina Machado, em Madureira. Havia também lojas em Petrópolis e Niterói, sendo que nesta cidade sobrevive a última delas, mas com novos donos.
Era nesta loja da Xavier da Silveira (foto de Gyorgy Szendrodi) que eu podia comprar camisas de goleiro com os cotovelos acolchoados, joelheiras com várias tiras de feltro branco para proteger a face anterior do joelho, chuteiras com travas presas por pregos que freqüentemente machucavam a sola do pé. Os tênis, então chamados de "keds", eram de cano alto, com proteção de borracha na altura dos maléolos do tornozelo.
Bolas de couro havia a de nº 5, a mais desejada pelos "peladeiros". A G18 era só para profissionais. Pés-de- pato daqueles pequenos, sempre pretos, e as pranchas de madeira, com espaço vazado nos lados para as mãos e a frente ligeiramente arqueada. Raquetes de frescobol havia de dois tipos: as boas, de madeira compensada, e as ruins, mais baratas e mais frágeis. Na Superball também se podia comprar a desejada mesa de ping-pong ou a de botão, oficial. Os botões ali vendidos não serviam para nada, apesar de virem com os escudos dos times (os bons eram de osso ou improvisados com fichas de lotação/ônibus). Os goleiros dos times de botão vendidos eram ridículos: tinham um rabo de metal que passava sob a baliza de plástico - estas balizas eram logo substituídas pelas maiores, com traves de madeira e rede de filó, e os goleiros eram feitos com caixas de fósforo com chumbo dentro (para não serem derrubados naquele estilo de chute em que o botão, após tocar na bola, derrubava o goleiro antes que a bola chegasse ao gol). Na Superball vendia-se, também, aquele jogo de tamborete que todo mundo ganhava e todo mundo detestava. E os saquinhos de filó branco com bolas de gude. Enfim, a Superball era o sonho de todo garoto.
Também era nesta loja da Xavier da Silveira que o prezado GMA comprava suas luvas de boxe.
Nestas lojas encontrávamos os produtos "Procopio" como as antigas raquetes de tênis, de madeira, com corda de tripa e aquela moldura para a raquete não empenar, como vemos na foto abaixo.
Minha primeira raquete de tênis foi comprada na Superball da Marechal Floriano (acho que não encontrei na loja de Copacabana) e era igual a esta aí de cima.
A bola utilizada na Copa do 1950 no Brasil foi a Superball Duplo T. Fabricada na fábrica de São Cristóvão. A Fifa a escolheu e, mais ainda, lhe deu exclusividade até então inédita. Foi a primeira Copa em que passou a ser usado apenas um modelo de bola para todos os jogos. Possuía 12 gomos, inovou ao adotar o fim da costura aparente e o uso de uma câmera inflada, como as bolas atuais, com válvula de enchimento. A costura era interna e não havia mais a abertura e o cadarço. O couro ficava pesado quando encharcado, como nos modelos mais antigos.
Conta o Evaristo, craque do Flamengo, Barcelona e Real Madrid: "Ao menos no Rio, a Duplo T foi a primeira com costura interna. Antes, as bolas eram infladas por um birro e amarradas com cordões por fora, e por isso nunca ficavam perfeitamente redondas. Mas isso mudou quando surgiu a costura interna. Era uma bola muito boa, facilitava o passe. O único problema é que, como ainda era de couro, quando chovia ficava pesada como chumbo."