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sábado, 22 de julho de 2023

AUTOMÓVEIS DOS ANOS 60

Nos anos 60 a indústria automobilística nacional se desenvolvia e minha geração contava os dias para tirar carteira de motorista. Hoje já não vejo o mesmo desejo por parte da geração do século XXI, talvez por conta das facilidades de transporte (como o Uber e afins) e das restrições da Lei Seca.

Naquela época era possível aprender a dirigir com um "papagaio", documento provisório do Depto. de Trânsito, que permitia conduzir o carro com qualquer pessoa que tivesse a Carteira de Habilitação.

No meu caso, fui quase um autodidata. Com algumas instruções de fim de semana com meu pai, aprendi a dirigir acompanhado de minha mãe, que havia tirado carteira 20 anos antes e nunca dirigira... Fiz duas ou três aulas numa auto-escola, pois a inscrição no exame dependia disto.

O exame de direção começou na Praça N.S. Auxiliadora, em frente ao campo do Flamengo, onde era realizada a prova de "baliza" e, a seguir, ía-se para a prova de "ladeira" na região do hoje bloqueado Jardim Pernambuco.

Abaixo, alguns modelos dos carros da época. Embora eu sonhasse com um Interlagos, a duras penas consegui comprar um fusquinha usado, com uns seis anos de uso.















quinta-feira, 20 de julho de 2023

AV. PRINCESA ISABEL - COPACABANA


Foto da Aviação Naval, década de 1920. Assinalada pelas setas vermelhas vemos a atual Av. Princesa Isabel, que vai da Av. Atlântica ao Túnel do Leme.

Foi aberta em 1881 com a denominação de Rua Salvador Correia. O nome foi alterado em 1938, tempos depois desta foto, para Av. Princesa Isabel (Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga), nascida em 1946 (erro de digitação - o correto é 1846) e falecida em 1921.

Ela assinou a Lei Áurea, abolindo a escravatura no Brasil, em 13/05/1888, recebendo o cognome de “A Redentora”.


Esta fotografia do arquivo do jornal Última Hora, é parte de uma reportagem de como o Jiu-Jitsu poderia ajudar as mulheres, nos anos 50, a se defenderem de eventuais assédios masculinos. 

Mas o que nos interessa aqui é a imagem da Avenida Princesa Isabel. Vemos que a pista que saía do Túnel Novo em direção a Copacabana terminava antes de chegar à praia. O automóvel estacionado ali atrás é um Ford 50, motor V8 e com suspenção independente nas rodas dianteiras (molas helicoidais ). Mais lá no fundo, um bonde (13-Ipanema, 5-Leme ou 21-Circular) trafegava na contra-mão.


Esta foto, colorizada pelo Conde di Lido, mostra lá no fundo o esqueleto do Edifício Edmundo Xavier, um dos últimos imóveis a ser demolido para se completar a duplicação da Av. Princesa Isabel.

Foi um “imbróglio” que durou anos, pois as desapropriações neste trecho mais perto da praia eram caras e polêmicas. Afinal, com o incêndio do prédio da boate Vogue, o caminho foi facilitado, apesar da resistência famosa de um último morador do Ed. Leão Veloso, vizinho do Ed. Edmundo Xavier.


Esta outra colorização do Conde di Lido já saiu recentemente por aqui.


Aspecto da Av. Princesa Isabel nos anos 60/70, no entrocamento com a Rua Barata Ribeiro. O prédio à direita abrigava uma agência de automóveis.

Com a nova avenida concluída foi construído um monumento para a homenageada da via. Em estilo modernista, perto da Av. Atlântica. Autoria de Miguel Pastor.

O monumento era constituído de um obelisco assentado em uma base quadrada de mármore, que abrigava um pequeno espelho d’água, e a Princesa era representada por uma imagem em alto-relevo.  

Nos anos 70, a exemplo de tantas outras coisas no Rio, sumiu e nunca mais foi visto...

 

 

 

 

quarta-feira, 19 de julho de 2023

COLISÕES COM BONDES

 COLISÕES COM BONDES, por Helio Ribeiro.

Cumprindo o combinado com o Luiz no dia 10 deste mês, a postagem de hoje mostra alguns graves acidentes ocorridos com bondes. Na verdade, a maioria dos casos envolvendo aqueles veículos se referiam a quedas de pessoas que tentavam pegar ou saltar do bonde em movimento. Muitos ficaram mutilados ou morreram nessa tentativa. Mas a postagem de hoje trata de outros casos. Os reboques pequenos eram os mais suscetíveis a se envolverem em acidentes, pela facilidade de descarrilarem em virtude de seu relativamente pequeno peso e por terem apenas dois truques, bastando um deles descarrilar para o acidente acontecer.

Vamos aos acidentes.

1) BATACLÃ 2058


Data: 10/08/1954

Local: Entroncamento das ruas Visconde de Santa Isabel e Alexandre Calaza, em Vila Isabel.

Vítimas: seis com escoriações e três com fraturas de membros.

Dinâmica: O bonde 2058, fazendo a linha  68 - Uruguai x Engenho Novo, saiu às 4:20h da estação do Boulevard 28 de Setembro em direção ao ponto inicial da linha, no início da rua Barão do Bom Retiro. Ao passar pelo referido entroncamento, o motorneiro não percebeu que a agulha não estava favorável para ele e o bonde descarrilou, destruindo a fachada e uma parte do interior do armazém São Paulo, na esquina da Alexandre Calaza.

2) REBOQUE 1248


Data: 24/12/1958

Local: Esquina das ruas Barão do Bom Retiro e Visconde de Santa Isabel.

Vítimas: oito com escoriações.

Dinâmica: O reboque 1248 era puxado pelo bonde 1756, da linha 72 - Méier x Saens Peña. Ao abrir o sinal, o bonde se movimentou e o reboque descarrilou, batendo no bonde 1806, da mesma linha.

3) BATACLÃZINHO 343


Data: 21/11/1963

Local: Avenida Presidente Vargas esquina com rua Comandante Maurity.

Vítimas: seis do bonde e duas do caminhão, todos com escoriações.

Dinâmica: O bonde 343, da linha 56 - Alegria, vinha rodando em direção à Leopoldina, quando se deparou com o caminhão da fábrica de massas Marilu, que vinha na contramão. O motorneiro começou a acenar para o motorista do caminhão, mas ao ver que ele não mudava de direção parou o bonde e saltou, assim como alguns passageiros. O caminhão se chocou violentamente com o bonde, derrubando-lhe parcialmente a capota.

4) REBOQUE 1291


Data: 03/07/1953

Local: Avenida Presidente Vargas, próximo à Ponte dos Marinheiros.

Vítimas: doze com escoriações.

Dinâmica: O reboque 1291 era puxado pelo bonde 1899, da linha 56 - Alegria. Ao passar pela Ponte dos Marinheiros, o reboque saltou dos trilhos, rodou descontrolado por cerca de 20 metros e se chocou com o bonde 1788, da linha 69 - Aldeia Campista.

5) REBOQUE 1369


Data: desconhecida

Local: alguma rua na Zona Sul.

Vítimas: desconhecido.

Dinâmica: Essa foto foi obtida na Internet, sem qualquer indicação. Apesar de ter pesquisado bastante, nunca consegui obter informações sobre esse acidente.

6) BONDE 1887


Apesar de a foto não ser das mais impressionantes, o acidente foi bastante inusitado, como descrito a seguir.

Data: 10/05/1959

Local: Esquina das ruas Uruguai e Conde de Bonfim.

Vítimas: vinte e oito, algumas em estado grave, entre passageiros, transeuntes, motoristas e o próprio motorneiro, que teve as duas pernas fraturadas.

Dinâmica: Há mais de uma versão para o acidente. Uma delas diz que o bonde 1887, da linha 67 - Alto da Boa Vista, vinha descendo lotado a avenida Edison Passos, cerca das 8 horas da manhã quando, já chegando na Usina, o motorneiro percebeu que estava sem freios. Um caminhão com material de obras estava estacionado na rua, parcialmente sobre os trilhos, e foi colhido pelo bonde e jogado para o lado. O bonde prosseguiu no seu trajeto usual pela rua Conde de Bonfim, que apresenta um declive constante até o cruzamento com a rua Uruguai, motivo pelo qual a velocidade do bonde não diminuía. O motorneiro tentou pará-lo acionando a roda do freio de estacionamento, sem sucesso. Em desabalada carreira, o bonde continuou descendo pela rua Conde de Bonfim. Desesperado, o motorneiro acionava continuamente a sineta para alertar quem estivesse à frente do bonde. Heroicamente, ele não abandonou os controles em nenhum momento, correndo sério risco de vida. Ao aproximar-se do cruzamento com a rua Uruguai, o sinal estava fechado e havia uma fila de veículos parados. Em consequência disso, o bonde chocou-se sucessivamente com uma caminhonete (capotando-a), com um táxi, com um carro particular e finalmente com um lotação da linha Usina x Leblon que estava parado no sinal da rua Uruguai, quando então cessou sua corrida.

OBSERVAÇÃO ADICIONAL: Esse bonde 1887 era aziago. Em 29/01/1954 o Diário da Noite noticiou que ao sair das Barcas, fazendo a linha 75 - Lins de Vasconcellos, o motorneiro imprimiu velocidade ao bonde e ao fazer uma curva o reboque 1206, tracionado por ele, tombou de lado, matando um passageiro e ferindo 34, vários com gravidade.

Em 1965 ele foi vendido a museus norte-americanos e até hoje não foi recuperado, tendo sido canibalizado ao longo das décadas. Não tem mais como colocá-lo em tráfego.

7) REBOQUE 1363


Data: 05/03/1959

Local: Largo do Catumbi, em frente à igreja de Nossa Senhora de Salete.

Vítimas: quatro, com escoriações. Foram socorridas por uma ambulância da Casa de Saúde Santa Rita de Cássia, que passava no local, e levados ao Hospital Souza Aguiar.

Dinâmica: O reboque 1363 era puxado pelo bonde 1921, da linha 45 - Itapiru x Barcas, quando de repente descarrilou e se chocou com o bonde 1871, da mesma linha, que vinha em sentido contrário.

 8) BONDE 1829

(não consegui mais localizar a foto, que pertencia ao acervo do jornal Ultima Hora)

Esse foi o acidente mais horripilante de que tive conhecimento, embora somente resultasse em uma vítima.

Data: desconhecida

Local: Esquina das ruas Barão do Bom Retiro e General Belegard.

Vítimas: o motorista de um caminhão de feira, morto no acidente.

Dinâmica: No fim da madrugada do dia fatal, o bonde 1829, linha 68 - Uruguay x Engenho Novo, ao entrar na rua General Belegard vindo da Barão de Bom Retiro, topou com um caminhão de feira vindo em sentido contrário. No choque que se seguiu, o bonde destruiu a cabine do caminhão e esmagou o motorista. O Arquivo Público do Estado de São Paulo, que detém o acervo de fotos do jornal Última Hora, tinha essa foto disponível na Internet, mostrando a cabeça esmagada do motorista, quase imperceptível no meio dos destroços da cabine do caminhão. Embora muito chocante, gostaria de postar essa foto aqui, porém ela não se encontra mais disponível para acesso, talvez por ser horripilante.

                             ----------  F I M  -----------

O "Saudades do Rio", mais um vez, agradece a contribuição do Helio Ribeiro.

terça-feira, 18 de julho de 2023

PALACETE D. JOÃO VI



O Palacete Dom João VI, também conhecido como Palácio Dom João, foi erguido no começo do século XX para ser a sede da Inspetoria dos Portos. Ficava localizado na Praça Mauá.

Os passageiros que chegavam de navio no Rio, no início do século passado, tinham esta vista. Destaque, à direita, para o Palacete D. João VI. Ao fundo, o Morro da Conceição.


O prédio de arquitetura eclética, após anos desativado, foi desapropriado pela Prefeitura em 2009 e no ano seguinte foram iniciadas as obras de revitalização.


Após sua restauração, o Palacete passou a fazer parte do complexo que compõe o Museu de Arte do Rio (Mar).

Devido aos amplos pés-direitos em seus andares e uma planta com estrutura mais livre, o Palacete Dom João VI foi escolhido para abrigar a função de museu. Seus quatro pavimentos passaram a sediar salas de exposição, permitindo que o contato com a história fosse além das obras de arte, mas também com a arquitetura histórica do edifício. 


Nesta foto encontrada e melhorada pelo Nickolas vemos, à esquerda, o Palacete Dom João VI nos anos 60. Ao fundo está o transatlântico Giulio Cesare atracado no cais da Praça Mauá.  

segunda-feira, 17 de julho de 2023

INCÊNDIOS


Vemos o antigo prédio da Camisaria Progresso, construído nas reformas urbanas de Passos quando do alargamento da Rua da Carioca, na Praça Tiradentes.

Por volta de 18h30min de 31/12/1957, Geisa Martins Rocha e Laurênio Fontes, que se encontravam na Praça Tiradentes, alertaram um funcionário da Camisaria Progresso sobre fogo no prédio. Foi acionado o Corpo de Bombeiros, que prontamente acudiu. Mas houve problemas com a falta de água para o combate: era como um exército preparado para a guerra, mas sem munição, disse o proprietário da Camisaria Progresso.

O fogo, iniciado com a casa já fechada, começou pelos andares mais altos e, por conta da mercadoria extremamente inflamável e da estrutura interna em madeira, rapidamente se alastrou e colapsou a estrutura interna, causando o desabamento do prédio.

O incêndio da Camisaria Progresso, na Praça Tiradentes, foi de uma violência incrível, atingindo a altura de 50 metros, enquanto grossos rolos de fumaça acompanhados de fagulhas que se elevavam ao céu. Segundo o "Correio da Manhã", não obstante a pronta e verdadeiramente titânica intervenção dos bombeiros para impedir que o fogo se alastrasse, este atingiu prédios vizinhos como os das firmas “A Escolar”, “Casa Oliveira”, “Bombonière Gaby”, “Centro Paulista”, “Casa Barbosa” e “Lojas Americanas”.



Em novembro de 1952 outro incêndio aconteceu no Edifício Delamare, situado na Av. Presidente Vargas nº 446, no Centro.

Oito pessoas ameaçadas de perder a vida por asfixia foram salvas pelos bombeiros. O fato se verificou no 6º andar. Às 8 horas da manhã um funcionário da firma Otto Marinetti, depósito de materiais plásticos, notou fios de fumaça dentro de um armário. O incêndio e a fumaça se propagaram rapidamente e muitos conseguiram fugir pelas escadas e pelos elevadores.

Outros, mais lentos, ficaram retidos, pois logo os elevadores foram interditados. O fogo teve origem na sala 603, propagando-se às salas 604, da Organização Joaquim Figueiredo, Representações, Loteamento e Depósito da “Globo Filme” e 605, da Impex, Importação e Exportação Ltda., enquanto a fumaça enchia todas as salas do 6º andar.

A atuação dos bombeiros do quartel central, sob o comando do Capitão Abel, permitiu salvar todos os envolvidos. Compareceram ao local guarnições do Serviço de Rádio-Patrulha, autoridades do 8º Distrito Policial e uma equipe do Gabinete de Exames Periciais.

A jovem de 20 anos, Carmem Lima Dias, que trabalhava na sala 605, foi impedida de se jogar ao solo por um dos bombeiros. O bombeiro Oswaldo Batista da Silva, nº 1109, foi retirado por um colega, já sufocado, apesar de ter utilizado a máscara contra gases.

O Sr. Militão dos Santos foi o último a ser retirado, pela escada Magyrus, e retornou à sua residência, na Rua Visconde de Pirajá nº 153, em Ipanema, são e salvo.