“Sorria,
você está na Barra!”
Hoje temos
uma foto da Barrinha em 1972, com destaque para o restaurante La Violetera da
Barra da Tijuca que há décadas está por lá e para o caminhãozinho da Fink. O local
é a Praça Desembargador Araújo Jorge. Por aí ficam a 16ª DP e o Bar do Oswaldo.
Talvez a Barrinha e o Jardim Oceânico sejam o que de melhor há na Barra, aquele
estranho bairro da cidade que provoca tantas polêmicas.
Tudo
depende de carro, o transporte é ruim, o metrô mal alcança a Barra, gigantescos
condomínios por toda parte, um jeito diferente de viver, onde muitos pensam
estar em Miami. As lagoas onde se devolveriam polos náuticos e marinas se
transformaram em cloacas.
Tudo bem
diferentes do que dizia o Plano Piloto de Urbanização para a Barra, de 1969: "Começa
a erguer-se na Baixada de Jacarepaguá a mais bela cidade oceânica do mundo. O
Rio do futuro nasce com filosofia própria, planejado, medido, calculado,
imposição e consequência do Anel Rodoviário e das obras do DER na região. Traz,
também, no seu bojo conceito nosso de que tal planejamento não poderia resultar
do raciocínio frio de computadores. Daí a presença de Lucio Costa. Dele, a
idéia, a formulação, o equacionamento. Trouxemos Lucio Costa com a certeza de
que o seu gênio criaria um Rio mais humano, aliando a beleza selvagem da
Baixada às necessidades e ao progresso da cidade que explodirá nos próximos 30
anos. Foi uma verdadeira conspiração de esclarecimento de Governo, na qual
também participaram decisivamente o Eng. Segadas Vianna, o jornalista Luiz
Alberto Bahia e o Prof. Rodrigo de Mello Franco. Ao Governador Negrão de Lima
coube o toque soberano. Acolheu a idéia, deu-lhe asas. Começou então a surgir a
cidade com que ele sonhava para a população desde os primeiros dias de seu
Governo. É a transformação em realidade do sonho da "Cidade
Maravilhosa".”
Nosso saudoso
AG era radical: “O símbolo disso tudo é aquela estátua da liberdade erigida em
frente ao shopping: um monumento ao mau gosto, ao “macaquismo de imitação” e à
vaidade que só a classe “merdia” sabe ter com proficiência. Vou muito pouco à
Barra e, quando vou, me sinto parte de um projeto que alguém jogou na lata do
lixo numa empresa de arquitetura dos anos 50. Aí, alguém foi na lata, pegou
aqueles papéis, passou a mão por cima alisando como um ferro de engomar e pau
na máquina. E ficou essa mistureba de estilos, tendências, formas, todas com
uma só característica: tremenda cafonice.”
Quem
frequentou aquela Barra antiga, quase deserta, com boates e bares discretos,
praias e lagoas limpas, sente uma imensa saudade. Do Tarantella, do Farol da
Barra, do Sobre as Ondas, do Convés, do Bar dos Pescadores, do Dina Bar. E das
boates como a Flamingo e a Macumba (havia uma chamada Calypso?), onde se bebia
Cuba-Libre ou Hi-Fi, comendo pipoca ou amendoim salgadíssimos (para dar sede e
aumentar o consumo de bebidas).
Chegava-se
lá, vindo da Zona Sul, pela Estrada do Joá com destino aos inúmeros motéis da
região. Quem frequentou o Barra Tourist, o Serramar, o Hollywood, o Cha-Cha-Cha,
o Playboy, o ótimo Mayflower, o Orly, o Socorpios, o barato Tokyo, o Seven to
Seven?
E
você, acha a Barra da Tijuca o máximo ou não?
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