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sábado, 23 de abril de 2022

DO FUNDO DO BAÚ - FLIT


 Hoje é sábado, dia da série "DO FUNDO DO BAÚ".

O anúncio dizia: “MAIS DO QUE CONHECIDO! Ele é o sentinela de milhões de lares em todo o Brasil. Insuperável na sua fórmula concentrada. Insubstituível na desinsetização doméstica. Prolongados efeitos imunizantes. Exija o único e legítimo FLIT.A marca que o tempo consagrou.”

Nas décadas de 50 e 60 o FLIT reinou absoluto nos lares do Rio. Era uma época em que havia uma quantidade enorme de moscas e o arsenal doméstico incluía mata-moscas de cabo de madeira e extremidade de plástico; uns papéis com cola onde as moscas ficavam grudadas; uma armadilha de vidro que tinha uma isca e da qual as moscas não conseguiam escapar. Mas a bombinha de FLIT era insuperável.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

MATADOURO


Segundo I. Mota o Matadouro de São Cristóvão foi inaugurado em agosto de 1853, depois que o antigo, aos pés do Morro do Castelo, foi desativado. Ficava em frente a um largo na Rua de São Cristóvão (Radial Oeste), onde a Rua do Matoso e a Rua Nova do Imperador (Mariz e Barros) se encontravam. O lugar ficou conhecido mais tarde por Largo do Matadouro, depois Praça da Bandeira.

A entrada era um pórtico neoclássico com uma inscrição no alto: “A Ilma. Câmara Municipal, que serviu do ano de 1844 a 1848, fez construir este edifício”

O matadouro fornecia as “carnes verdes”, do gado recém-abatido, que deveriam ser consumidas até 24 horas após a compra. Nos primeiros tempos os restos da matança não aproveitados eram lançados ao mar. No mangue de São Cristóvão, de águas paradas, os rejeitos apodreciam a céu aberto.

Em 1881 o matadouro foi transferido para Santa Cruz. Hoje, o único vestígio é a parte central do pórtico, tombada pelo governo do Estado e que faz parte da Escola Nacional de Circo.

 

quinta-feira, 21 de abril de 2022

IPANEMA - ANOS 70

Esta foto dos anos 70, de Piotr Ilowiecki, mostra a Rua Visconde de Pirajá quase esquina de Farme de Amoedo. Era ainda um tempo em que estacionar em cima da calçada era comum, raramente havendo multas.

Esta esquina pouco mudou nestes últimos 50 anos. O imóvel mais distante continua o mesmo, funcionando um concorrido “galeto”, o Galitos Grill Ipanema. O prédio da esquina mais próxima abriga atualmente uma padaria “chic”. Há uns 20 anos, quando ali funcionava uma loja de sucos, a marquise desabou numa manhã e feriu várias pessoas, inclusive uma prima que quebrou o fêmur. Demorou mas recebeu uma boa indenização.

O pedacinho da marquise que aparece à direita da foto era onde funcionava o Chaplin, famoso bar dos anos 70, cuja foto de propaganda aparece abaixo.


A lanchonete Chaplin fez história em Ipanema, tornando-se um “point”.  Sanduíches caprichados, doces, sucos, sorvetes eram deliciosos. O sundae de baba-de-moça era do outro mundo. Ficava na Rua Visconde de Pirajá nº 187.

Passou por uma reforma na segunda metade da década de 70 e encerrou suas atividades no início da década de 80. O espaço da Chaplin foi dividido em três lojas, sendo uma a Bum-Bum, de biquínis, e outra a Sorveteria Itália que está lá até hoje. As duas outras lojas atuais, ao lado da Sorveteria Itália, são da iDream e da Subway. 

Vemos os postes em estilo colonial, cercados por um banquinho de tijolos onde a turma sentava, comia, bebia e conversava na calçada.  Ficava aberto de 10 da manhã até 2 da madrugada. Aos sábados até às 4 da madrugada.

Era um local badalado com sanduíches como “Filé com Bacon”, “Lombinho com Ameixa”, Presunto à Califórnia”, “Maionese de Siri”, “Mustafá” (pão sírio, presunto tender, pernil, galinha), “Salada de Ovos”, “Hamburgão”.

 

 

quarta-feira, 20 de abril de 2022

TRAMPOLIM DO DIABO









 Relembramos hoje aspectos do “Circuito da Gávea”, o “Trampolim do Diabo”, com fotos do acervo do "Correio da Manhã".

A partida era no final do Leblon, em frente ao Hotel Leblon, subia pela Av. Niemeyer e descia pela Rocinha e Marquês de São Vicente, com a chegada no ponto de partida, 20 voltas depois (223,2 km).

A 1ª corrida foi em 1933, sendo vencedor Manoel de Tefé, com a impressionante velocidade de 67 km/h. Anos depois, em 1937, quando a largada já era na Rua Marquês de São Vicente, Irineu Correa, o vencedor de 1934, morreu na 1ª volta ao chocar-se contra uma árvore, em frente ao Jockey Club.

Chico Landi foi o maior vencedor. Carlo Pintacuda era outro famoso vencedor. Fangio correu uma vez, mas só completou duas voltas. 1954 foi o último ano de corridas naquele local.

PS: não achei o “link” para a narração de uma corrida no “Trampolim do Diabo” (ou “Três pulinhos do Diabo) no programa PRK-30 de Lauro Borges e Castro Barbosa. É engraçadíssima. Talvez o Helio Ribeiro consiga achar e colocar por aqui.

terça-feira, 19 de abril de 2022

FEIRA DA PROVIDÊNCIA


O cartunista Ziraldo é quem faz todos os cartazes da Feira desde a primeira edição em 1961. Ele foi convidado pessoalmente por Dom Hélder para fazer o material principal de divulgação.

Esta pequena flâmula da Feira da Providência de 1964 é do acervo da tia Nalu. Esta edição aconteceu no Parque Lage.

A primeira foi em 1961 dentro do clube Piraquê (não havia muita gente e fazia muito frio na noite em que fui). Em 1962 foi no clube da Hipica, a de 1963 foi no Iate (quando aproveitei para subir no Pão de Açúcar, a de 1964 foi no Parque Lage (onde pela primeira vez colaborei, numa barraca de venda de Coca-Cola, e de 1965 em diante foi nas margens da Lagoa. Inicialmente ficava no trecho entre a Hípica e o Piraquê. A partir de 1972 foi realizada na “Belém-Brasília”, trecho da Borges de Medeiros construído entre o Estádio de Remo e o Piraquê, ao lado do Jockey Clube.

Mais de uma vez fui responsável por uma barraca que sorteava discos (comprava-se um número de 1 a 20 e rodava-se uma roleta que era usada nas quermesses do Santo Inácio. Quem acertasse o número podia escolher o LP). Na ocasião fiz parceria com uma loja famosa que existia na sobreloja do Centro Comercial de Copacabana e, com uma carta de D. Helder, cederam-me centenas de LPs em consignação. Vários namoros e alguns casamentos tiveram seu primeiro encontro naquela barraca que atraía o público jovem.

No período pré-feira conseguimos vender mais de 1000 rifas nos colégios católicos da Zona Sul para concorrer a 5 LPs importados, coisa difícil de conseguir na década de 60. Entre eles, lembro-me bem, "Revolver", dos Beatles.

Gente muito fina dirigia a Feira naquela época: lembro-me do Orlando Travancas, grande amigo da família D´, responsável pela parte financeira e que na primeira metade da década de 60 foi "o nome" do Imposto de Renda. D. Marina Araújo foi a incansável diretora da Feira por décadas. A responsável pelo Setor Jovem era D. Ilma. Desde o final dos anos 70, com a mudança para o Riocentro, nunca mais fui.


Esta foto do acervo de O Globo mostra um aspecto da Feira da Providência de 1966. Perto da igreja de São José da Lagoa havia este "barco" que funcionava como uma pista de dança. Era a área do Setor Jovem, onde ficava nossa barraca de sorteio de discos.


Esta foto do acervo de O Globo mostra a Feira da Providência em 1974, já no trecho da Borges de Medeiros entre o Estádio de Remo e o Piraquê. Neste ano a avenida já estava asfaltada e em bom estado. No ano de 1972 ainda havia muita lama neste local, o que complicou muito o conforto dos visitantes.


Piotr Ilowiecki, um grande fotógrafo amador que tem muitas fotos do Rio da década de 70, fotografou as barracas que ficavam junto ao muro do Jockey Clube durante a Feira de 1974.

segunda-feira, 18 de abril de 2022

IPANEMA - CASA BARREIRA VIANNA

Com a ajuda do GMA, que enviou a maioria das fotos da coleção de José Baptista Barreira Vianna, do acervo do IMS, e com a foto colorizada pelo Achilles Pagalidis, vemos a Ipanema da virada do século XIX para o século XX. Muitas informações são do Sindegtur.

Há provas que os primeiros agrupamentos indígenas assentaram naquela região por volta do século VI. Um mapa francês de 1558 situa duas aldeias tamoias naquelas plagas, uma em Ipanema (aldeia “Jaboracyá”) e outra no Leblon (aldeia “Kariané”). Ambas sobreviveram aos primeiros anos da cidade, mas foram eliminadas em 1575 pelo “Governador da Parte Sul do Brasil”, Antônio de Salema, que desejoso daquelas terras, em seu mandato de três anos (1575-1578) mandou colocar roupas de doentes nas matas da região, eliminando os índios por contágio. 


Após passar por diversos proprietários, no século XIX toda a orla marítima da Zona Sul, possuía então o nome de “Fazenda de Copacabana”. Em 1845 o empresário francês Carlos Leblon (Carlos, e não Charles, como muitos afirmam) comprou as terras e instalou no final da praia sua fazenda e empresa de pesca de baleias, a “Aliança”. Carlos Leblon vendeu suas terras da “Fazenda Copacabana” em 1857 ao tabelião e empresário Francisco José Fialho, que adquiriu a parte que ia da atual rua Barão de Ipanema, em Copacabana, até o pico dos Dois Irmãos. Fialho, envolvido em vários negócios (dentre eles a restauração do “Passeio Público”), vendeu suas terras em 1878, divididas em dois grandes lotes. A área do lote um, correspondendo ao atual bairro do Leblon foi retalhada em três grandes chácaras, vendidas a particulares, um deles o português José de Guimarães Seixas, famoso por manter um quilombo em sua chácara no “Morro Dois Irmãos”, onde hoje está o Clube Federal. O lote dois, que era o maior, ia desde a atual Rua Barão de Ipanema ao que é hoje o Canal do Jardim de Alá, abrangendo desde o atual posto 5 em Copacabana até toda Ipanema, foi adquirida pelo fazendeiro e Comendador José Antônio Moreira Filho, que logo pensou em criar ali um novo bairro, que batizou de “Vila Ipanema”, em homenagem a seu pai, o 1º Barão e Conde de Ipanema.

 

Em 1902 existiam cinquenta casas próximas ao Arpoador, com, aproximadamente, quinhentos moradores. Em 1906 já residiam em Ipanema 1.006 moradores, em 118 residências. Quatro anos depois, em 1910, eram 175 residências. Entre as pioneiras a da família Barreira Vianna.

O comerciante português José Baptista Barreira Vianna (1860-1925), chegou ao Rio de Janeiro em 1875. Trabalhou no comércio antes de abrir uma loja de produtos importados da Europa no Largo da Carioca. Morava na Tijuca com a esposa, Laura Moreira e seis filhos. A foto mostra os muros de sua nova casa em Ipanema.


No final da década de 1890, Barreira Vianna adquiriu um terreno do loteamento do Barão de Ipanema (Villa Ipanema), exatamente na esquina da atual Avenida Vieira Souto e Rua Francisco Otaviano, exatamente ao lado de onde seria construído mais tarde o Colégio São Paulo. 


O projeto e a construção da nova residência, que seria a primeira na praia e uma das primeiras do bairro, foram confiados ao arquiteto Rafael Rebecchi, ficando pronta a tempo de a família passar a virada do século em seu novo endereço. 

Em sua oficina, que ficava ao lado da casa, Barreira Vianna construiu uma miniatura de bondinho elétrico, que corria em trilhos que ficavam no jardim e atravessava uma ponte sobre um lago. Anos depois, devido a problemas financeiros, ele vendeu a casa para o Conde Modesto Leal.

O senador João Leopoldo de Modesto Leal, Conde de Modesto Leal pela Santa Sé (1860?-1936), e que tendo começado na vida como vendedor de sucatas, chegou a ser o homem mais rico da “República Velha”. Basta dizer que ele era o maior contribuinte do Imposto Predial da Capital da República, de 1902 a 1918. Era também Diretor da “Companhia Jardim Botânico” e grande acionista de outras empresas de bonde. Foi um dos fundadores do “Clube de Engenharia” em 1884. Foi dos primeiros “aventureiros” de Ipanema. 


Data de 1894 a fundação da Vila Ipanema, porém somente com a chegada do bonde, em 1902, o bairro tomou impulso. Os primeiros bondes chegavam à Praça General Osório pela Rua da Igrejinha (a Francisco Otaviano) e pela Avenida Vieira Souto, até a estação na esquina da hoje Rua Teixeira de Melo. Somente em 1914 as linhas de bonde iriam chegar no Bar 20, ao final da Rua Visconde de Pirajá. Em 1938, com o abandono da linha da Igrejinha, os bondes passaram para a Rua Francisco Sá.

O Arpoador visto da casa dos Barreira Vianna. 

O primeiro bonde a chegar a Ipanema era uma linha particular do Barão de Ipanema, em trilhos de madeira. Pertencia ao ramal da Igrejinha e saia da Praça Floriano e ia até Ipanema, onde já exisia o restaurante do Coronel Antônio José da Silva, com o claro intuito de vender terrenos.


A casa vista desde a Praia de Ipanema.