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sábado, 26 de agosto de 2017

DO FUNDO DO BAÚ: FILME





 
Hoje é sábado, dia da série “DO FUNDO DO BAÚ”. E de lá saem estes fotogramas do filme/documentário, garimpado pelo Nickolas Nogueira, chamado “Men of Brazil”, de 1960.
O Nickolas recomenda assistir à íntegra do filme, que está disponível em: https://vimeo.com/177637834 (assistir em HD).
Os especialistas poderão identificar os automóveis.
Quanto ao ônibus da linha 64, fazia o trajeto Leopoldina-Ipanema e era um dos que levavam os alunos do Santo Inácio de Ipanema e Copacabana para Botafogo, via Túnel Velho. Era uma opção ao bonde 14 – General Osório, na minha época de colégio.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

NAUFRÁGIO DO SAN MARTIN




O “post” de hoje tem texto do prezado Roberto Tumminelli e as duas primeiras fotos foram feitas pelo bisavô dele, William Nelson Huggins. Trata-se do encalhe do navio San Martin na Praia de Copacabana, em março de 1918.

No verso de uma das fotos está escrito: “San Martin stranded at Rio de Janeiro in a dead calm night, carrying grains to the Allied Armies. Taking with a Graflex at 5 am- about sunrise – f4.5 1/10sec.(W Nelson Huggins – Rio de Janeiro)”

O San Martin era um navio argentino que vinha de Buenos Aires e teria como destino final o porto de Sète (Cette na grafia de 1918) no Mediterrâneo. Levava um carregamento de milho para as tropas aliadas. Estávamos em fins da 1ª Guerra. O comandante do navio era o dinamarquês Keneldoin. No fim da madrugada de 18 de março, com mar calmo, o San Martin encalhou em Copacabana a mais ou menos 20 metros da Av. Atlântica.

Houve na época três hipóteses para o acidente:

O Capitão estava no leme, bêbado, e acabou perdendo o rumo indo parar na praia; o Capitão não conhecia bem a entrada do porto e confundiu as luzes do Morro da Babilônia com as do porto; o Capitão recebera uma quantia de milhares de marcos dos alemães para, propositalmente, encalhar o barco e perder a carga que era destinada aos aliados.

A segunda hipótese é a mais aceita. Mas curiosamente minha tia-avó, Edith Huggins, hoje com 101 anos, filha de William Nelson, contou que o pai sempre falava da embriaguez do capitão.

Durante dias o trabalho para a retirada do barco foi contínuo. Os rebocadores da Marinha do Brasil, “Laurindo Pitta”, “Audaz” e “Tenente Claudio”, e mais os rebocadores da Cia. Costeira, “Tito Brito” e “Standart” se revezavam na tentativa de desencalhe do San Martin, mas em vão.

Decidiram então retirar a carga de milho do navio para deixá-lo mais leve e tentar rebocá-lo na maré alta. A carga foi retirada (não toda. Muito milho ainda ficou nos porões do navio). A autoridade policial era responsável pela segurança dela que era depositada na areia, a pedido do Inspetor alfandegário Vossio Brigido, para salvaguardar os interesses do Fisco. Essa manobra para desencalhar o navio não adiantou nada.

O tempo foi passando, interesses de firmas seguradoras e marítimas em resgatar o navio e seu conteúdo foram se desenrolando e nada foi sendo feito de concreto. Enquanto isso o navio continuava encalhado na praia, o milho já apodrecido ia parar nas areias, levado pelo mar.

Certa vez a ressaca fortíssima, em maio ou abril, partiu o já fragilizado casco do San Martin fazendo com que o milho apodrecido, que ainda estava em seus porões, se espalhasse nas areias, e que o cheiro que estava relativamente “preso” no navio se espalhasse pelo ar, para desespero dos moradores de Copacabana.

Aí começava o apelo dos moradores de Copacabana às autoridades. Mas a nossa velha conhecida atitude dos órgãos públicos apareceu: o jogo de empurra. A Saúde Pública dizia nada poder fazer porque o navio estava sob a responsabilidade do Ministério da Marinha, que por sua vez nada podia fazera respeito… e o fedor aumentava a cada dia.

A “Revista da Semana”, aproveitou em uma de suas edições para provocar a cia. City Improvements (que era responsável pela coleta de esgoto do Rio). Com a grafia original:

“Está de pêsames a City Improvemnts. A cintura de ouro do campeonato de mao cheiro, que lhe pertencia indisputadamente, há muitos annos, foi-lhe arrebatada pelo veleiro San Martin (…) cuja carga apodrecida ao contato da água do mar espalha pela Av. Atlântica um cheiro nauseabundo. (…) A poderosa empresa ingleza considerava-se a monopolisadora do fedor no Rio. Ella, só ella, poderia espalhar pela cidade cheiros pestilenciaes. A concorrência que está lhe fazendo o San Martin, é, além do mais, illegal. Esse navio á vella não tem o direito de empestar a cidade. Esse direito cabe, legalmente, á City Improvements (…).”

E assim o tempo foi passando, o navio cada dia mais destruído pelo mar, pondo em risco os banhistas com seus destroços presos na areia e os que se soltavam do navio, como vigias, pedaços de madeira, etc. O jornal “A Noite” foi categórico em uma matéria que em certa passagem dizia assim: “Houve alvoroço, mas logo foi cercado da benevolência infinita de nossas autoridades públicas. Simularam inquéritos, procedimentos judiciaes (grafia da época), etc., e, dentro em pouco tudo jazia no esquecimento. Ninguém mais se lembrava da “esbórnia” do San Martin.”.

Em 1919, o que restou do navio seria dinamitado. Era a única solução. Mas pelo visto não foi… Os destroços do San Martin permaneceram na arrebentação por muitos anos. Em fins dos anos 60 a tão sonhada dinamitação do San Martin aconteceu. Durante os estudos de levantamento topográfico para a duplicação da Atlântica e a implantação do Interceptor Oceânico (sob o atual canteiro central), verificou-se que o que restou do San Martin estava bem no caminho do Interceptor. E assim um dia ele foi dinamitado. Certamente pedaços do que restou desta explosão estão hoje sob o canteiro central da Av. Atlântica.

Nunca ninguém foi responsabilizado pelo ocorrido. Nem o capitão, nem a empresa dona do San Martin, como também nunca foi conclusiva qualquer uma das três hipóteses do acidente.

PS: às duas fotos do bisavô do Tumminelli adiciono foto do Correio da Manhã mostrando o navio sendo dinamitado.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

BONDE 13 - IPANEMA


 
Recentemente discutimos no “Saudades do Rio” sobre o itinerário do “bonde 13 – Ipanema”.
Comentei que me lembrava do “13” sempre com reboque, indo e voltando pelo Túnel Novo. O Joel, depois corroborado pelo Helio Ribeiro, afirmou que nos últimos tempos dos bondes, por volta de 1963, esta linha passava pelo Túnel Velho. O Joel estava certo.
Aqui está a prova, na primeira fotografia. Vemos o “bonde 13 – Ipanema” saindo do Túnel Velho, em direção à Rua General Polidoro. Havia acabado de passar pelo Mercado de Flores que ficava ali atrás, onde estão aquelas pessoas no ponto de ônibus. Esta rua é a Dr. Sampaio Correia.
A segunda foto mostra o Túnel Velho, ainda do lado de Botafogo, com esta passarela que leva da Rua Real Grandeza à Rua Vila Rica.
Justo antes da passarela da segunda foto, na Rua Sampaio Correia, mais ou menos onde está o bonde, de ambos os lados havia paradas de bonde. Era aí que, quando íamos ou vínhamos do Colégio Santo Inácio no “bonde 14 – General Osório”, tínhamos que pagar outra passagem, pois se encerrava uma “seção”.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

ENGARRAFAMENTOS




Hoje vemos três fotos que mostram algo em que o Rio sempre esteve na dianteira: engarrafamentos.
Seja por uma engenharia de trânsito deficiente, desrespeito às leis ou “jeitinho carioca”, o Rio é um caos nesta área.
Estacionamento proibido, “paradinha rápida” em fila dupla, ultrapassagem pela direita, bloqueio de cruzamento, excesso de velocidade, dirigir alcoolizado, ultrapassar final vermelho, não respeitar a faixa obrigatória, ignorar ciclista, são dezenas de irregularidades que vemos todos os dias e que contribuem para os engarrafamentos.
A primeira foto parece ser num acesso ao Aterro, nas vizinhanças do Aeroporto Santos Dumont.
A segunda é num trecho que já apareceu diversas vezes aqui no “Saudades do Rio”, no Humaitá, nas vizinhanças da Casa de Saúde São José.
A terceira provavelmente é numa das pistas da Praia de Botafogo, em direção ao Pasmado.
Os automóveis mais destacados serão identificados pelos especialistas.
Fotos: acervo Correio da Manhã.
 

terça-feira, 22 de agosto de 2017

INCÊNDIO EDIFÍCIO ASTÓRIA







Nosso amigo Andre Decourt fez uma série sobre o impactante incêndio do Edifício Astória, na Rua Senador Dantas nº 14, que é um primor de pesquisa. Pode e deve ser vista em
http://www.rioquepassou.com.br/2013/06/29/incendio-do-ed-astoria-50-anos-parte-i/

Adiciono hoje mais algumas fotos do acervo do Correio da Manhã junto a trechos de reportagens sobre esta tragédia onde muitos foram heróis.
 
Com o título de “Cidade parou em suspense durante nove horas de fogo, morte e pavor”, o jornal dá conta de que duas mulheres e dois homens morreram, 27 pessoas ficaram feridas, prejuízo de cerca de dois bilhões de cruzeiros e ameaça de desmoronamento foi o resultado do incêndio iniciado às 10h30 de sexta-feira, 28/06/1963. As labaredas provocadas pelo curto-circuito de um ar condicionado no laboratório cinematográfico de Herbert Richers, no 14º andar, deram início ao incêndio (reportagem de dia posterior dá conta que o fogo teve início atrás de uma tela de cinema que, por ser de nylon, queimou-se produzindo as chamas).
 
Na febre de interromper o curto-circuito, alguém desligou a chave geral do edifício o que causou a queda do elevador no poço, além de interromper as bombas de água do circuito de combate ao incêndio.
 
Com as pessoas desesperadas tentando escapar, abrigadas nas últimas janelas do prédio de 22 andares, os bombeiros se viram impotentes, pois as escadas Magirus só alcançavam o 10º andar. Uma senhora, viúva, projetou-se do 13º andar indo cair em frente à Casa Tavares, fronteira ao Ed. Astória. Logo após, outra morte, esta de um protético que tentou passar pelo lado externo do prédio e despencou.
 
Os bombeiros subiram então ao terraço do edifício do Hotel OK, fronteiro ao prédio em chamas, atiraram cordas e mangueiras finas em direção das janelas. Um deles passou para o Edifício Astória para ajudar os que estavam encurralados e as pessoas começaram a dramática travessia.
 
Dentro do prédio em chamas, usando o método de ação conhecido como “linha” – uma fila de soldados, um molhando continuamente o outro para permitir o avanço em meio ao calor – conseguiu arrombar uma sala salvando quase 10 pessoas.
 
Logo a seguir estava reservada para enorme multidão o mais trágico quadro da sucessão de lances contristadores: uma moça loura, no 15º andar, no meio da travessia parou de avançar e desprendeu-se, caindo sobre a marquise da Casa Tavares.
 
Flashes:
- 8 funcionários da Art Filmes fizeram um buraco e escaparam pelo vizinho Hotel Serrador.
- O governador Carlos Lacerda (diferentemente de nossos atuais governantes) foi para o local acompanhar o incêndio.
- Os bombeiros usaram 20 milhões de litros de água.
- As cordas usadas nos salvamentos eram de matéria plástica.
- O Exército juntou-se aos bombeiros no controle do local.
- 16 grupos de escoteiros também compareceram para ajudar.
- O Hotel Serrador tinha 275 hóspedes.
- O prédio Astória era do grupo Novo Mundo.
- Herbert Richers perdeu Cr$ 250 milhões.
- O bombeiro Napoleão Pereira Cavalcante, o primeiro a usar a corda sofreu fratura da coluna. Este bombeiro já havia fraturado costelas quando do incêndio do Hotel Vogue.
- Faleceram Zita Couto, Sebastião Pereira, Elizabeth Araujo e outro homem (que não consegui identificar).
- A Marinha disponibilizou 3 helicópteros que, não podendo auxiliar na remoção de pessoas, foram utilizados no transporte de material para os bombeiros.
- Em declaração ao Correio da Manhã o Sr. Herbert Richers disse que “o fogo não teve início nos seus próprios e que caberá à Perícia comprová-lo”.
- Segundo o jornal o proprietário do prédio foi acusado por inquilinos com referência à distribuição de água.
- Muito se falou sobre a obrigatoriedade de escadas de incêndio nos prédios. Projetos foram apresentados, mas não foram adiantes (típico do Brasil).
- Dois soldados PM que montavam guarda no Edifício Astória após o incêndio foram acusados de roubo de material fotográfico de uma das salas, no valor de 3 milhões. O proprietário da sala flagrou-os ao observar a própria sala com um binóculo.
- Em 1964 foi anunciado Leilão Judicial do Edifício Astória, marcado para 17 de junho: 22 pavimentos, 2 lojas e sobreloja, com 329 metros quadrados por andar num total de 7500 metros quadrados. Entretanto, o imóvel não foi vendido neste leilão por não alcançar valor superior a Cr$ 600 milhões. Mais adiante o grupo de Administração e Participação Acre S/A arrematou o prédio por Cr$ 550 milhões.
- Em 1966 houve o julgamento e todos os réus foram absolvidos, pois não ficaram provados nos autos, pela Perícia, onde teria se iniciado o incêndio (mais uma vez os culpados ficaram impunes).
 
Enfim, posso comentar que assisti, ao vivo e depois no “Repórter Esso”, pela televisão, cenas deste pavoroso incêndio e me impressionaram muito. As reportagens das revistas semanais da época, como Manchete e Fatos & Fotos também deram muito destaque a este incêndio.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

LAPA



 
Vemos o cruzamento da Avenida Mem de Sá e Rua Visconde de Maranguape, em 1908 em foto de Malta.
A primeira  foto é a original. A segunda é um detalhe de um morador olhando para a rua desde a sua janela. A terceira é a foto colorizada pelo craque Reinaldo Elias,
À direita, ao fundo, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro.
Acho muito simpático este aspecto da Lapa naqueles tempos, com destaque para os sobrados e o belo poste de iluminação à direita.
Nossos valorosos Lulu & Dudu puxam o bonde nº de ordem 141. E ali vai a caleça do Professor Pintáfona, conduzida pelo fiel Álvaro.
E, pela foto, constatamos que os cariocas daquela época não gostavam de andar pelas calçadas, preferindo caminhar tranquilamente pelo meio das ruas.

domingo, 20 de agosto de 2017

PIPAS

 
Domingo em Copacabana na década de 60 era assim.
Pipas, típicas do Rio, expostas pela areia, um marinheiro americano comprando um exemplar, a moça passeando tranquilamente chupando um Chica-Bon, as pessoas calmamente sentadas na areia em suas toalhas ou esteiras, nenhum sinal da ocupação da areia por barracas e barracas de vendedores de bebida.
A Avenida Atlântica ainda com mão-dupla, calçada da praia estreita, talvez na esquina da Rua Figueiredo Magalhães na foto do americano.