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sábado, 1 de abril de 2017

DO FUNDO DO BAÚ: PELADA DE RUA


Hoje é sábado, dia da série "DO FUNDO DO BAÚ". E de lá sai esta foto de uma "pelada" de rua, coisa que já quase não se vê pelo Rio.

Quando era garoto ainda conseguíamos montar uma na Rua Cinco de Julho, em Copacabana, entre Dias da Rocha e Raimundo Correa.

As regras variavam mais algumas delas eram comuns à maioria das "peladas":

- Em três vira e em seis acaba. Ou acaba quando não há mais luz, ou estão todos cansados, ou quando a mãe chama para tomar banho e jantar.
- Um par ou ímpar decidia quem escolhia primeiro.
- Os dois melhores não podem jogar do mesmo lado.
- Era uma vergonha ser escolhido por último.
- Um time joga com camisa e outro sem camisa.
- Penalty em gol é gol.
- Se não tinha quem quisesse jogar de goleiro tinha rodízio ou o pior ia para o gol.
- O dono da bola joga no time do melhor jogador.
- Na hora do penalty podia trocar o goleiro.
- Não havia juiz. Esperava-se honestidade por parte dos jogadores.
- Bolas duvidosas eram ganhas "no grito". O "é nossa!" era famoso.
- Bola prensada é da defesa.
- Chuva não atrapalha.
- Quem "isola" a bola tem que ir buscar.
- Duro era quando a bola caía na casa de um vizinho mal-humorado.
- Às vezes, mesmo com uma goleada, a "pelada" acabava com um "quem faz, ganha". Se estava empate o jeito era o "vai a dois".

PS: os "peladeiros" podem lembrar outras regras.










sexta-feira, 31 de março de 2017

RUA SÃO CLEMENTE



A foto 1, enviada pelo JBAN, mostra a calçada da Rua São Clemente nas imediações do Colégio Santo Inácio, em 1940. Nesta calçada ficavam os alunos na saída do Colégio, aguardando o bonde. Aí também marcavam ponto, nos anos 50 e 60, o “Madura”, sorveteiro da Kibon, e o “seu” Manoel, o pipoqueiro.
 
Os automóveis estão estacionados bem em frente ao Palacete Joppert, que aparece na foto 2. Este palacete abrigou a PUC na década de 40, época de sua fundação pelo Cardeal Leme e pelo  Padre Leonel Franca. A PUC funcionou nesta instalação até 1955, quando se transferiu para a Gávea.
 
A próxima esquina à direita é a da Rua Dona Mariana. Este trecho da São Clemente em frente ao Colégio, salvo um imóvel no local do qual foi construído um edifício de apartamentos, sobrevive do mesmo jeito há décadas. No meu tempo de colégio havia num deles uma “vendinha”, onde era possível tomar refrigerantes como o Guaraná Caçula da Antarctica. Na época, o bar mais próximo ficava depois da esquina da Rua Eduardo Guinle.
 
Na esquina da Rua Dona Mariana há um imóvel que está cai / não cai há anos. Ali funcionou uma Clínica de Pronto-Socorro nos anos 60.
 
A Rua Dona Mariana era o local do “acerto de contas” após as aulas. “Te espero na Mariana” era o código para o desafio entre alunos em caso de discussão. A turma toda ia para lá após as aulas, os dois “brigões” trocavam uns empurrões e uns poucos socos, eram separados pela turma do “deixa disso” e, com a honra lavada, iam todos para casa para no dia seguinte reatarem a amizade.

quinta-feira, 30 de março de 2017

LAGOA





A foto 1, garimpada na Internet, mostra um intrépido escalador no costão do Cantagalo, talvez do lado de fora da Chaminé dos Morcegos. Pelo aspecto de Copacabana a foto é anterior a 1947, pois o Edifício Colona, na Praça Eugenio Jardim, ainda não tinha sido construído. Mas o Quartel do Corpo de Bombeiro já estava firme ali.

 

Escalar este morro era uma diversão e tanto para os garotos que moravam nas vizinhanças, com acesso pela Rua Gastão Bahiana. Um deles é eventual comentarista do “Saudades do Rio”, o Roberto (Rockrj), membro do S.E.M.P.R.E. É ele o autor da foto 2 e é quem aparece na foto 3, ambas dos anos 50.

 

Nestas fotos vemos o esqueleto do que seria um hospital, na antiga Praça Corumbá, que ficava junto do Corte do Cantagalo, do lado da Lagoa, região onde está hoje a Fundação Eva Klabin.

 

Esta obra do hospital nunca chegou a ser concluída, vindo o esqueleto a ser demolido no início da década de 1960. Bem à direita, na foto 2, vemos o então confuso cruzamento do Corte do Cantagalo com a Epitácio Pessoa. Vinham automóveis de Copacabana, pelo Corte, que podiam entrar à direita e à esquerda na Avenida Epitácio Pessoa. Os automóveis vindos de Ipanema podiam dobrar à direita e subir o Corte ou seguir em frente, pela própria Avenida Epitácio Pessoa, em direção a Botafogo. Os automóveis que vinham pela Lagoa em sentido a Ipanema, também podiam dobrar à esquerda para pegar o Corte ou seguir em frente em direção a Ipanema, pela Avenida Epitácio Pessoa. Somente no início dos anos 70, quando da duplicação das pistas da Epitácio Pessoa, o Viaduto Augusto Frederico Schimidt iria resolver este problema.

 

As esquinas da Avenida Epitácio Pessoa com o Corte do Cantagalo de um lado tinham uma praça (a Corumbá) e do outro o Posto Ipiranga, de combustíveis. No local da pedreira da Lagoa, vista nas fotos, depois existiu uma concessionária de veículos da Volkswagen e depois uma concessionária Honda. Hoje há prédios de apartamentos luxuosos. Nos anos 60 o trânsito na Epitácio Pessoa era interrompido por 10 minutos no final da manhã e no final da tarde para explosões na pedreira.

 

Este costão do Cantagalo deu muitos problemas nos anos 60, pois de um dia para o outro começaram a cair pedras. Uma delas, enorme, caiu e destruiu o carro de meu vizinho, o Almirante Álvaro Alberto. O barulho foi tamanho que achei que o prédio em que morava estava caindo. A seguir, durante meses, a Geotécnica fez um trabalho espetacular removendo ou fixando as pedras soltas. Nunca mais ocorreu este problema.

quarta-feira, 29 de março de 2017

terça-feira, 28 de março de 2017

COPACABANA PALACE




A primeira foto, enviada pelo F. Patrício, é do Acervo do Silva e mostra os fundos do Copacabana Palace à época de sua inauguração.  Foi obtida a partir do atalho que liga a linha de bonde regular aos fundos do Cassino. Provavelmente, durante a construção,  foi instalada uma linha provisória de carris por aí. O ramal do Leme havia sido inaugurado em 1900, ligando o ponto terminal da Gustavo Sampaio com a Praça Malvino Reis ( atual Serzedelo Correa).
 
A foto 2 é de um postal editado pela Casa J.F.N. por volta de 1930. Situado na Av. Atlântica, à beira-mar, destaca-se, ao centro, o suntuoso edifício do Copacabana Palace Hotel. Uma Copacabana ainda não tomada pela Selva de Pedra, com muitas casas. Uma grandiosa festa de gala marcou a inauguração do imponente edifício do Copacabana Palace Hotel, projetado pelo francês Joseph Gire, em 1923. A partir daí, os visitantes da cidade que nele se hospedassem poderiam desfrutar de uma deslumbrante vista da praia, que pouco a pouco caminhava para seu apogeu. Na década de 1930, com a moda dos cassinos, o Copacabana Palace, ponto de convergência da alta sociedade carioca, atingiu fama internacional. Vê-se, ainda, na foto, a Pedra do Inhangá, logo após o Copacabana Palace, dividindo a praia: para a esquerda, Praia do Leme; para a direita, Praia de Copacabana. Esta pedra, que inicialmente ia até a areia, foi posteriormente removida no trecho da praia, liberando espaço para a Avenida Atlântica. A Pedra do Inhangá atualmente está cercada por prédios de apartamentos.
 
A foto 3 é de Malta, mostrando o Grande Hotel Balneário e Cassino - o Copacabana Palace , em final de construção. Foi inaugurado em 1923. A Revista Beira Mar, de 19/08/1923, escrevia assim: "Copacabana, este lindo recanto do Rio, emoldurado por maravilhosas praias e montanhas cobertas da mais luxuriante vegetação, dia-a-dia transforma-se. As suas incomparáveis belezas naturais, casando-se com as fantásticas obras do homem, tornam-na o mais encantador lugar do mundo. Agora mesmo, graças a um punhado de brasileiros, que preferem ligar patrioticamente seus nomes à grandeza, ao progresso da sua terra, a fazer, como tantos outros, viver desfrutando os juros das suas fortunas, deve Copacabana hoje ostentar aos olhos maravilhados dos estrangeiros, que nos visitam, e aos dos próprios brasileiros, o majestoso monumento de arte, que é o "Copacabana Palace Hotel".
(...)
Penetramos no amplo vestíbulo onde estão os serviços de recepção e dali galgamos a escadaria de pedra mármore e chegamos ao hall, uma maravilha de bom gosto e extraordinário conforto. À direita fica a sala de visitas e à esquerda, a sala de leitura, mobiliadas com arte, distinção e simplicidade, e as paredes decoradas com lindos afrescos dos festejados patrícios Thimóteo e Chambilland. Passamos em seguida para o salão de festas, um dos mais belos que temos visto. A sua decoração sob o branco e o ouro, deslumbrou-nos. E deste, segue-se o salão dos concertos, onde notamos a mesma arte. Do lado direito, fica o restaurante. Neste mesmo andar ficam a barbearia, coiffeur pour dammes e os petits magazins. Nos cinco andares estão situados os aposentos, num total de 250, todos amplos, confortáveis.
(...)
O majestoso hotel é encimado por um terraço, destinado a festas ao ar livre, donde se descortina um panorama de tal beleza, que não tentamos descrevê-lo. Este terraço está dividido em dois centros de tênis, o elegante jogo britânico. Todo o mobiliário vem da Suécia, com exceção dos aposentos que foram fornecidos pela conhecida casa "Red Star". A prataria é de Mappin Webb; os cristais de bacarat, as porcelanas de Limoges, os tapetes oriundos de importantes fábricas inglesas, o trem da cozinha e demais aparelhamento vieram de Paris, da Casa Charles Blanc. Visitamos a seguir o Cassino, anexo ao hotel, onde se acham instalados, os grandes salões de diversões, o Teatro, o grill room.
(...)
Ainda anexo ao hotel, há o balneário com 250 cabines, perfeitamente aparelhadas. Da importantíssima Cia. Hotéis Palace, fazem parte os Drs. Octávio Guinle, Francisco de Castro Silva, barão de Saavedra, Francisco Marques,.
(...)

segunda-feira, 27 de março de 2017

AV. PRESIDENTE VARGAS


Esta foto mostra a Avenida Presidente Vargas defronte à igreja da Candelária. Os automóveis serão identificados pelos especialistas.
 
Como conta P. Berger, a Presidente Vargas começa na Doca da Alfândega e termina na Praça da Bandeira. Pelo decreto de incorporação de logradouros 7635, de 10/11/43, foram-lhe incorporados a Av. Lauro Muller, o Largo de São Domingos, a Praça Lopes Trovão, as ruas General Câmara, São Pedro, Senador Eusébio, Visconde de Itaúna e Travessa Bom Jesus.
 
Foi na administração do Prefeito Henrique Dodsworth que se iniciou a abertura da Av. Presidente Vargas. Assim, no início de 1941 começaram as derrubadas dos prédios, resultando no desaparecimento de vários logradouros e demolição de quatro igrejas: de São Pedro, do Bom Jesus do Calvário, de São Domingos e de N.S. da Conceição. Ao todo foram demolidos 525 prédios.
 
O primeiro trecho da nova avenida, entre a Av. do Mangue e a Praça da República foi inaugurado em 1942. No ano seguinte era inaugurado o segundo trecho, entre a Praça da República e a Rua Uruguaiana. Finalmente, em novembro de 1943, foi terminado o último trecho, até a Praça Pio X, que rodeia a igreja da Candelária.
 
A avenida tem 2.040 metros de extensão no trecho realmente aberto (entre a Praça Onze e Rua Visconde de Itaboraí), continuando, porém, pela Av. do Mangue até a Praça da Bandeira, com a extensão total de 4 quilômetros.

domingo, 26 de março de 2017

DOMINGO EM COPACABANA


Resumo da crônica de ontem da Rosiska:

“Carmen Lucia perguntou: “E agora, brasileiros? O que vocês, incluindo todos nós, vão fazer para mudar? Este é o momento de despertar, como em outras oportunidades que tivemos”.

A apresentação da lista de Janot é um destes momentos raros na vida das nações em que sentimos com um misto de exaltação e inquietação que a história se acelera e que estamos jogando o nosso destino. À frente, uma encruzilhada: um salto em direção ao futuro ou a regressão ao charco em que o país agonizava sem que soubéssemos. Chegou a hora da verdade.

A denúncia do procurador-geral revela a metástase da corrupção que devastou o Brasil. O sistema político implodiu, fez-se um campo de ruínas. Exacerba-se o desespero dos políticos que, desmascarados, não pensam em nada senão em salvar a própria pele, custe o que custar. Da tentativa de aprovação a toque de caixa de uma autoanistia à adoção do voto em lista fechada para assegurar sua reeleição e foro especial, as tramoias urdidas no Congresso provocam uma sensação de náusea.

O Brasil tem um vasto capital de homens e mulheres dignos. A respeito da autoanistia, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Ayres Britto foi cristalino: “Não existe a figura da autoanistia. O Estado não pode perdoar a si mesmo, é inconcebível, um disparate, um contrassenso, uma teratologia. É a negação do estado de direito”.

A introdução do voto em lista fechada, controlada pelos caciques dos partidos e com lugar reservado para os detentores de mandato, expropria o eleitor do seu direito de escolha e os cidadãos do direito de se candidatar. Garante a esta gente seu foro privilegiado ainda que à custa de mumificar a representação política, impedindo toda e qualquer esperança de renovação. É este objetivo escuso que está por trás da manobra, e não qualquer preocupação com a reforma do sistema eleitoral.

O desfecho do processo de reconstrução nacional, que é o sentido profundo da Lava-Jato, está à vista. A afirmação de que ninguém está acima da lei vence a descrença e muda o Brasil. Daí a violência da reação destes que sentem seu poder e seus privilégios ameaçados. Já não têm mais nada a perder, nem honra, nem dignidade. Em suas próprias palavras, sua única preocupação é “estancar a sangria”. Comportam-se como feras acuadas, dispostas a tudo.

A desfaçatez dos políticos à cata de impunidade contém outro imenso risco, o de deixar intactos os múltiplos esquemas de corrupção ainda não alcançados pela Lava-Jato. É provável que o que já veio à tona seja apenas a ponta de um iceberg cuja parte ainda submersa se espraia por todos os níveis da administração pública, estatais, fundos de pensão, agências reguladoras, enfim, por todo e qualquer espaço em que haja recursos públicos a serem saqueados.

Atenção às palavras da ministra Cármen Lúcia. “Acho que talvez estejamos quase na ruptura de um modelo político-institucional em que se passavam coisas que não vinham a público e, se viessem, dava-se um jeitinho. Agora, não. Agora o jeito é aplicar a lei, e será aplicada! Há juízes no Brasil para aplicar a lei, e ponto. Podem acreditar nisso!”

Acreditamos. Agora, mais do que acreditar, é preciso agir. Os que queremos a redenção do Brasil não podemos ser espectadores, temos que ser protagonistas. Cada gesto conta, cada palavra dita ou escrita, cada opinião compartilhada em conversas, redes e blogs, cada protesto público. Se assim for, a impunidade não passará.”

Hoje, então, é dia de ir a Copacabana, às 10 horas, na altura do Posto 5.