No "Do fundo do baú" de hoje vemos antigos anúncios (reclames é coisa daquela estranha cidade do Sudeste) publicados pelo prezado Tumminelli.
Qual seriam os três automóveis que você escolheria?
No "Do fundo do baú" de hoje vemos antigos anúncios (reclames é coisa daquela estranha cidade do Sudeste) publicados pelo prezado Tumminelli.
Qual seriam os três automóveis que você escolheria?
As fotos de hoje foram enviadas pela Cristina Pedroso e mostram o trecho da Rua Real Grandeza, entre Voluntários da Pátria e São Clemente, em meados dos anos 50, época em que a rua ainda era em mão dupla.
Esta rua já se chamou Rua Demétrio Ribeiro, Rua Sergipe e Rua Almirante Wandenkolk. Foi aberta na Fazenda da Olaria, de propriedade de Joaquim Marques Batista de Leão, adquirida em 1820, recebeu o nome em homenagem a Dom João VI. Do mesmo modo que a Rua Nova de São Joaquim, atual Rua Voluntários da Pátria, deve ter sido aberta em 1826 (segundo Paulo Berger).
As fotos mostram a saída de um casamento. Segundo a Cristina, o
casamento foi realizado na Igreja de Santo Inácio e a recepção aconteceu na
casa da família, na Rua Real Grandeza.
Era comum amarrar latas na traseira do carro dos noivos. Alguns logo as retiravam, outras seguiam por bastante tempo na brincadeira e eram saudados com toques de buzinas de outros automóveis.
Segundo consulta ao Dieckmann, os carros são: Austin A-40 (1948-1951), Buick 1951 e Ford 1951 (de traseira). De perfil é possível reconhecer um Chevrolet 1950 e um Oldmobile 1951.
P. Stilpen lembra que “Neste
trecho fica a Igreja Anglicana (Christ Church), onde estão as pessoas e o recuo
onde estão os carros estacionados (ali, nada mudou). Do lado direito, em
frente, ficava o Colégio Santo Alberto Magno (o qual foi demolido, passando a
instalar-se na Rua Camuirano).
Mais acima, onde está um
carro pequeno e um outro visto parcialmente, está o prédio nº 100, o Edifício
Ford, e subindo, em direção à São Clemente, a garagem Mucisa (onde funcionou
uma revendedora Fiat).
A grande mudança na Real
Grandeza se deu no lado direito da foto entre a São Clemente e o prédio nº 45
(todas as casas de 2 andares foram demolidas, sendo ocupadas pelo 2º Batalhão
da PM). No trecho entre o nº 45 e a casa da British School (ao lado da Igreja),
construíram um recuo e plantaram árvores, cujos galhos quebram facilmente e
sujam e destroem a calçada, com suas raízes fortes.
Entre dois edifícios de 3
andares (são 5 de frente para a Real Grandeza), bem em frente da Rua Miranda
Valverde (onde na esquina há o Colégio Rebeca) há o Jardim Montevidéo (também
chamado de vila), onde há edifícios de 2 andares (apelidados
"casas"), de 3 andares e um só de 4 ou 5 andares. As
"casas" são compostas de 4 apartamentos imensos para os padrões de
hoje (cerca de 150 m2) e quase ninguém as vende, passando de pais para filhos.
Nota do Editor: ver
https://saudadesdoriodoluizd.blogspot.com/2018/12/jardim-montevideo.html
No quartel da PM (atualmente desativado) já houve as "clarinadas", às 5 h da manhã. Perto da esquina da Voluntários havia dois grandes concorrentes em termos de confeitarias: a Bragança, que ficava no atual prédio (consultórios médicos e de dentistas, em sua maioria) localizado na esquina, entre a Real Grandeza e a Voluntários da Pátria e sua forte concorrente, a Confeitaria Imperial ("A quem serve, prudência; a quem é servido, paciência").
Nota do Editor: ver
http://saudadesdoriodoluizd.blogspot.com.br/2017/05/padarias-de-botafogo.html
Cristina Pedroso lembra que inspirado na Padaria Bragança, em 1932, Nássara compôs para um cliente do “Programa Casé” o que pode ser considerado o primeiro jingle da publicidade brasileira. Tudo aconteceu quando Casé foi buscar a esposa Graziela na escola em que trabalhava como professora, na Rua México. Na volta para casa decidiram descer do bonde para comprar pão numa padaria da esquina das ruas Voluntários da Pátria e Real Grandeza. À noite, ao comer o pão, Ademar ficou maravilhado. Um dos melhores que já havia experimentado. Passando no outro dia pelo local, decidiu descer e conversar com o proprietário. Alegava que um estabelecimento que fazia um pão tão bom quanto aquele, não poderia se furtar a anunciá-lo no rádio. Como o português se mostrava incrédulo, Casé ainda argumentou que o pão dali já estava fazendo fama e que, apesar de ser em Botafogo, o pão já era conhecido em Copacabana. "Seu" Albino não quis fechar o negócio, dizendo que nunca ouvira falar de padaria anunciando em rádio e que não valia a pena. Como Casé estava decidido a dobrar o cliente fez a seguinte proposta: "O preço é o seguinte: vou colocar o anúncio no ar. Se o senhor gostar, paga, senão fica de graça", finalizou Ademar. Nássara, ao ouvir a história se inspirou na nacionalidade do cliente e fez três quadrinhas em ritmo de fado, que foram ao ar na voz de Luís Barbosa (imitando o sotaque português), acompanhado por um coro. O refrão era repetido três vezes, intercalado com as duas quadras. "Seu" Albino ficou exultante com a propaganda e no dia seguinte, fechou um contrato de um ano de publicidade com Casé.
Jingle da
Padaria Bragança (refrão)
"Oh, padeiro desta
rua
tenha sempre na
lembrança.
não me traga outro pão
que não seja o pão
Bragança."
Depoimento de Lucia
Milanez no site "Um balcão na Capital"
Vemos, novamente, o carro dos noivos, devidamente "batizado", na saída da recepção de casamento, defronte à casa da família.
Na época a Rua Real Grandeza era de mão-dupla e o cruzamento
que vemos logo após o automóvel dos noivos é o da Rua Voluntários da Pátria.
Também de se notar: a placa do automóvel (Distrito Federal 1459), as lâmpadas
da rua, o lotação, os trilhos de bonde (trajeto do "nosso" 14, que
vinha/ia da/para Praça General Osório e transportava os alunos dos inúmeros
colégios de Botafogo).
Confirmando a identificação feita pelo Dieckmann, o Rouen acrescenta que o Ford 1951 é o modelo Custom Fodor Sedan com carroceria de luxo número 73B.
O carro está no que hoje seria contramão, mais ou menos em frente à Rua Camuirano. Em direção à Voluntários, na esquina à esquerda, do mesmo lado, ficava a Padaria Bragança e do outro lado da rua a Imperial, até hoje funcionando no lugar mas já totalmente descaracterizada.
Perto da Camuirano, o prédio da Telefônica ainda está de pé, mas com alguns andares a mais, acrescentados no começo da década de 70.
O clube Germânia/Beira-Mar/Germânia e uma ou duas casas entre Mena Barreto e Henrique de Novais foram abaixo para Furnas construir sua sede. Todas as casas, na mesma quadra, entre São João Batista e Real Grandeza, também foram abaixo pelo mesmo motivo.
O carro e as pessoas estavam ao lado da antiga Confeitaria Bragança, que ficava logo após a casa de nº 129 (hoje em dia, foi construído um edifício recuado, com inúmeros consultórios). Mais adiante, à esquerda, após o cruzamento da Voluntários da Pátria, está a Confeitaria Imperial.
O cruzamento da Voluntários com a Real Grandeza era caótico. As duas ruas eram de mão dupla, com bondes nas 4 direções, e fazendo conversões de uma para a outra rua.
Conta o Decourt que o famoso Café Lamas, que
ficava na Rua do Catete nº 295, no Largo do Machado, foi fundado em 1874 e logo
se transformou num dos pontos mais frequentados do Rio, ficando aberto 24
horas. Com as obras do metrô, em meados da década de 70, o prédio foi demolido e o Lamas se mudou para a
Rua Marquês de Abrantes.
J.M. Bello, em
"Memórias", conta que "o Lamas era um infalível ponto de reunião
de estudantes, boêmios, literatos em embrião ou já em desenvolvimento
autônomo...
Era sempre o mesmo
ruidoso debate em torno das cousas da inteligência, entremeado de pilhérias,
troças e trocadilhos que, na época, pareciam a mais alta prova de
espírito".
Manuel Bandeira citava em crônica que o Lamas
foi o único que sobreviveu a outros restaurantes "ouverts la nuit" da
época, como o Stadt Munchen, o Critério, a Castelões, o Café do Rio, o Java.
O prédio do Lamas está assinalado pela seta vermelha. Ele ficaria ao lado do cinema São Luiz (que foi inaugurado em 1937).
Luís Edmundo escreveu: "Quando
conheci o Lamas havia um salão grande com mesas de tampo de mármores,
rabiscadas com caricaturas e versos, a caixa situada próximo à entrada e, no
fundo, uma divisória separando um outro ambiente, onde existiam numerosas mesas
de bilhar e sinuca.
Tomava-se café, bebia-se
chope, jogava-se sinucas, descontavam-se cheques no caixa, pendurava-se a
despesa, deixavam-se e recebiam-se recados. Comia-se o melhor bife com fritas
do Rio.
Mas o Lamas era sobretudo
o lugar de encontro, de conversa, de ouvir boatos, de saber novidades. Em que
jovens calouros encontravam-se com intelectuais já famosos e depois de alguns
chopes todos confraternizavam.”
Nesta foto vemos o Café
Lamas em seu primitivo endereço, com seu balcão de frutas na porta e um
espírito muito mais boêmio que o de hoje, já que ele fecha atualmente muito
mais cedo que seus frequentadores desejariam.
Ao lado podemos ver a
porta do pitoresco estúdio fotográfico Hollywood e, à direita, o caixa cheio de
tabaco, de charutos a cigarros, como se convém numa casa de alma boêmia .
Conta o Luis Edmundo em seus “Cadernos do Edmundo” que o Lamas tinha a tradição de nunca fechar suas portas, tradição tão levada a sério que nas três vezes que precisou, no seu primitivo endereço, cerrá-las teve que chamar especialistas, no início carpinteiros, quando da Revolta da Vacina e morte de Getúlio, e depois de um serralheiro, quando da entrega do imóvel para o Metrô para sua posterior demolição nos anos 70.
Entre os frequentadores do Lamas estavam os estudantes da Faculdade Nacional de Medicina que moravam nos fundos da faculdade. Chegavam ao Largo do Machado, onde havia uma estação de bondes. Ao lado dela ficavam a Confeitaria Francesa e o Cinema São Luiz.
O
Lamas foi fundado no século XIX por Constantino Lamas.
Este era o aspecto do Lamas quando o conheci. O famoso filé à francesa era, realmente, fantástico.
Vemos o salão de sinuca
com seus lustres, o grande relógio, o ventilador de parede.
Quando do primeiro alargamento da Rua do Catete, o saudoso General Miranda, cruelmente assassinado pelo Tumminelli, enviou uma carta ao "Correio da Manhã":
"Seria feliz se mais
uma vez acolhessem esta despretensiosa missiva que tenho tentação de assignar
visto a vossa habitual gentileza.
Muito freqüentei o Lamas em companhia de amigos. Na occasião em que foi approvado o plano para o
alargamento da rua do Cattete, um verdadeiro assalto á fortuna particular dos
infelizes moradores da região e a mim em particular que então ali residia, logo imaginei o desastre.
Era por todos sabido, e era questão de simples inspecção, que a rua do Cattete,
nas partes mais estreitas e acanhadas, tinha mais de 12 metros de largura, de
modo que bastava que os prédios fossem recuados na proporção de eventual avanço
e não desapropriados integralmente, como queria a Prefeitura.
Foram noites e noites de discussão no Lamas, tentando nos defender do Sr.
Prefeito, que não admittia restricções à sua vontade, criticas a seu saber,
limites ao seu poder.
Os Miranda nunca contestamos a utilidade dos melhoramentos a executar na cidade e o embellezamento que se dê e se procure dar as nossas velhas praças e tortuosas ruas. Sempre achamos que um governo não se recommenda somente por grandes obras que faça; mas também e essencialmente pelo modo e pela forma por que as faz.
Se tal não fosse, deixaria de ser immoral o apophtegma dos jesuítas – o fim
justifica os meios.
Os Miranda lideramos, a partir das mesas do Lamas, a opposição aos modos por
que procedia o Sr. Prefeito, para não perdermos os nossos direitos, os nossos
dinheiros, num dever cívico de defender uns e acautelar outros.
Como sempre, devemos
reagir contra o arbítrio em má hora creado pelas autoridades e contra qualquer
esbanjamento das rendas do município arrastado á bancarrota."
Fotograma de reportagem do Arquivo Nacional justo antes da demolição do prédio da Rua do Catete.
Há algumas décadas a mão de direção da Figueiredo Magalhães era em direção à praia. Mas o trânsito sempre foi um inferno.
À esquerda vemos uma das entradas das antiquíssimas, neste local, Lojas Americanas. A outra entrada era pela Av. N.S. de Copacabana.
A rua já estava alargada, o que fez com que em alguns trechos a calçada fosse muito estreita.
Esta esquina é considerada uma das maiores da cidade quanto ao ruído. Hoje em dia, com duas pistas da N.S. de Copacabana reservada para ônibus e com o estacionamento irregular na pista da esquerda, este cruzamento é complicado e o sinal para cruzar a Figueiredo Magalhães demora uma eternidade.
Na década de 1920 o colégio se
mudou para a Rua da Estrella nº 63.
Em 1926 o colégio se transferiu
para um palacete à Rua Santa Carolina, esquina da Rua São Miguel nº 58, “no
alto e salubre bairro da Tijuca, com grandes accommodações de hygiene, refeições
fartas e variadas, grande jardim arborizado e cercado de montanhas, matta
virgem, pomar e linda vista para a cidade. Mobiliario esplendido e completo. Não
tem enxoval, nem uniforme. Bondes Tijuca e Alto da Boa Vista. Entrada para automóvel.
Pagamento mensal e adeantado. Telefone 8-1797”
No dia 20 de dezembro de 1926 o colégio comemorou seu Jubileu com uma grande festa com “cançonetas, comedias, dansas, gymnastica sueca e escada da vida pelos alumnos e alumnas, terminando com um baile ao ar livre, abrilhantado pela banda de musica do Corpo de Bombeiros”.
Na foto acima aparecem os diretores na ocasião: Deolinda e Estevão Campiglio, descendentes
da fundadora.
Em 1932 houve mudança da
numeração, passando o endereço do colégio para Rua São Miguel nº 652.
Em 1940 o Colégio se transferiu
para Rua Valparaizo nº 80.
Em 1943 faleceu Deolinda Campiglio.
Não sei até quando o colégio funcionou, mas, certa ocasião, o Menezes comentou: “Cheguei ao Rio
de Janeiro em julho de 1956 portanto 3 anos depois desse registro acima. A
família foi morar na Rua Santa Carolina, transversal da São Miguel, bem próximo
a este Colégio. Lembro-me ainda que meu pai foi comigo até esta escola na
tentativa de me matricular, mas como estávamos no meio do período letivo não
foi possível. Tenho ainda a lembrança da fachada do Colégio.”
Registro do fornecimento de marterial escolar em março de 1938, da aluna Moema Leite.
De Leticia Carvalho recebi, há uns dez anos, as
duas fotos acima, com o seguinte texto: "Meu avô José Alves Magalhães e
seu irmão Ari Alves Magalhães estudaram no colégio interno “Nossa Senhora da
Estrela”, de 1950 a 1956. O colégio era na rua Valparaiso nº 80, na Tijuca.
Os meninos e as meninas dormiam na casa do diretor que era na mesma rua no nº 45. Meu avô mora em São Paulo, mas sempre procuramos os amigos que ele tinha na infância. Procuramos perfis de pessoas com o mesmo sobrenome, mas as buscas foram infrutíferas. Inclusive encontramos uma senhora parecida com a D. Bonel que na época era a supervisora da escola do senhor Mario Novaes e sua esposa D. Hebe. Seus filhos eram Mario Novaes Filho, Marcia Novaes e a Sonia Novaes.
Estamos enviando essa foto que é uma relíquia, para relembrar da escola que não existe mais e, quem sabe, encontrar agora depois de muitas procuras, algum amigo de infância apareça e que possamos nos reencontrar. Aqui estão os nomes de alguns alunos da época:
Mario Novaes Filho - (filho do diretor)
Marcia Novaes
Sonia Novaes
Paulo Kengi
José Takachi
Olympia Rosa Lemos
Ieda Vanderlei Costa
Rui Seraphim
Elizabeth
Lucival
Cidinei (apelido “Mico Estrela”)
Aurea
Celso Baleia
Irmãos Inacio e Fabiano
Irmãos Sergio Moreira e Sandra Moreira
Denise
e as professoras: D. Lear, D. Dalva, D. Elza.
Obrigada
pela atenção."