A
foto de hoje foi publicada no antigo “Saudades do Rio” do UOL com o seguinte
texto: “Vemos a Rua Constante Ramos, entre Domingos Ferreira e Av. N.S. de
Copacabana, na década de 50, quando a mão de direção ainda era da praia para o
interior. O Triumph Mayflower, vulgo Galocha, é o carro que aparece na foto. Nesta
época a feira acontecia da Domingos Ferreira e adjacências, se não me engano,
às quartas-feiras. Era meu caminho obrigatório da Barata Ribeiro para a praia:
saía de casa, passava pela pensão do 593, dobrava na Dias da Rocha em frente do
prédio da esquina onde morava D. Isa e seu filho Arnaldinho (filha e neto de
João Pessoa), depois o Colégio Vitória Régia numa casa enorme na Dias da Rocha,
até chegar à esquina de Copacabana com a Sapataria Polar, logo após à loja do O
Globo. Via o filme em cartaz no cinema Copacabana, notava o movimento do
Mercadinho Azul do outro lado da rua, mas seguia à direita na N.S. de
Copacabana, passava pela José Silva, até chegar na Constante Ramos que tinha numa
esquina o Ao Bicho da Seda e na outra a Ducal. Atravessava quando o sinal
fechava e pegava este trecho da foto. Depois de passar em frente À la Cloche
D´Or, que era um restaurante no nº 22-A da Constante Ramos, observava a vitrine
da loja que aparece parcialmente na direita da imagem, com a bicicleta
encostada. Como conta o Decourt, era a Casa Beatrice, comandada pela eslava
Dona Anna, que fornecia frios, pães integrais, mel, carnes para datas festivas
como peru no Natal e rosbife e lombinho no Ano Novo, bem como saladas,
salsichões, etc…Depois atravessava a Domingos Ferreira, cortava caminho pelo
jardim do edifício Guarujá e ia à praia ali em frente. Ou também podia ir
apenas assistir a jogos nos campos do Dínamo e do Maravilha ou ainda um bom
filme no Rian.”
Pois ontem recebi email do Ricardo
Leitner, que transcrevo aqui:
“Prezado Luiz,
por acaso li o seu
(extinto) Blog onde está publicada uma matéria sobre a Rua Constante Ramos e a
também extinta "Casa Beatrice", ponto gourmand, que iniciou muitos
cariocas numa forma mais europeia de apreciar "sabor". Quantos
aprenderam sobre infinitos queijos, vinhos, "Schlagobers" (Creme
Chantilly) e Mayonnaise feitos à mão, frios da (extinta) Santo Amaro de São
Paulo, peixes defumados, arenques, pães, tortas, chocolates da (extinta)
"Sönksen".
Gostaria que
fizesse, porém, uma correção: meu pai, Fritz Leitner, montou esta loja para sua
tia, a Sra. Anna Hausegger. Nós somos uma família austríaca - e não
"eslava" como você diz! Não existe nem problema, nem preconceito
nesta afirmação. Gostaria só de "corrigir" um erro, uma questão
histórica! O irmão dela, Franz Leitner, meu avô, era dono do (ainda existente)
"Bar Brasil", na Lapa (a quem o jornal "O Globo" se referiu
como alemão (nazista), ignorando o fato que era austríaco e que ficou durante
todos os anos de guerra como apátrida por se negar a receber a nacionalidade
alemã (quando a Áustria foi anexada à Alemanha), por questões de princípio!
Ah, e sim... Estou
de pleno acordo com você quando diz que ela "comandava" a "Casa
Beatrice". Ela oferecia alta qualidade à sociedade carioca - e isto não
era nada fácil com os empregados sem "cancha" daquelas épocas.
Como era difícil se conseguir nos anos 60 "Port Salut", arenques
frescos, pepinos em conserva, etc. Ela ensinava o ofício e depois eles sumiam
para trabalhar em outros estabelecimentos, se passando por (pseudo) "connoisseurs"
em lojas na Galeria Menescal ou no "Messer" da Santa Clara. Muitos
tentaram voltar - mas Dona Anna (apesar de ser minha tia avó sempre a chamei de
"Dona") era mais do que implacável!
Bem, gostaria
MUITO de lhe pedir este favor para colocar a "Austríaca Dona Anna" e
não a Eslava!
Muito Obrigado.
Melhores
cumprimentos
Ricardo
Leitner”.
|