Hoje abro uma exceção publicando foto que acabei de tirar na Lagoa. Não parece uma cidade civilizada, tranquila, em paz e linda?
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sábado, 6 de janeiro de 2024
sexta-feira, 5 de janeiro de 2024
AVENIDA PAULO DE FRONTIN
FOTO
1: Hoje, “with a little help from my friend”
Andre Decourt, vamos ver algumas fotos da Avenida Paulo de Frontin, antiga
Avenida Rio Comprido, Rua Batista das Neves e Rua da Luz, antes da construção
do viaduto, do seu desabamento e reconstrução na década de 70, que serão objeto
de outra postagem. Foto do acervo da Light.
A região, bucólica, foi morta pelo Túnel Rebouças e esquartejada pelo
elevado. A visão rodoviarista, que sobrepujou no século passado qualquer
iniciativa de um sistema de metrô eficiente, destruiu a aristocrática avenida.
FOTO 2: Esta bela foto de Malta, de 1915, mostra a Padaria Maia, no Largo do Rio Comprido. Podemos ver o poste com a marca branca, bem na esquina, indicando a parada do bonde. Chamam a atenção a fiação exposta, o bem cuidado gradil do 2º andar, o traje dos passantes (o do menino, à direita, é especial: chapéu, paletó, calças curtas, meias altas e sapatos), os trilhos de bonde, inclusive com desvio de linha. O calçamento era de paralelepípedos.
A caixa presa na parede era uma caixa onde se lia "Socorros
Policiaes", coisa da virada para o século 20. Foram todas roubadas porque
a fiação - para os contatos com a polícia - era de platina, o que valia e vale
muita grana. Só os "fiscais de quarteirão" tinham a chave. Abriam a
caixa e chamavam a polícia em caso de necessidade.
Conta a Sheila Castello: “Os trilhos do bonde, vão observar que eles
estão em linha reta, estão vindo da Rua Itapiru. A esquina da Padaria Maia é a
da Rua da Estrela. Aquelas casas ficam na mesma calçada da Escola Pereira
Passos, a padaria era onde hoje é o prédio da Lanchonete Ondina. Voltemos aos
trilhos, eles vinham reto, no sentido contrário ao atual trânsito, chegavam no
Largo pela calçada da farmácia Max, entravam na Av. Paulo de Frontin,
circulando a praça e paravam em frente à Escola Pereira Passos, onde ficava o
ponto final. Agora percebam que entre os trilhos retos, há dois em curva: são
os que iam e vinham da Rua Santa Alexandrina e que também circulavam a praça
antes de seguir seu itinerário.”
FOTO 3: Em foto de Malta vemos a então Rua Rio Comprido, aberta durante o Governo Delfim Moreira (1918-1919) por Haddock Lobo. O rio que vemos retificado corria pelos fundos de muitos quintais da Rua Aristides Lobo. Tempos depois recebeu o nome de Avenida Paulo de Frontin, um lugar agradabilíssimo para se morar até a construção do Elevado.
Da rua de urbanismo refinado, com belas pontes,
arborização de oitis nas calçadas dos lotes e cássias junto ao rio, sobrou pouca coisa. Os oitis teimosamente, mais por força da sua
resistência a condições adversas (tanto que foi a árvore preferida de Pereira
Passos para arborizar a cidade nas suas reformas) ainda sobrevivem, tentando
ultrapassar o viaduto, mas as cássias foram cortadas nos anos 60 e as pontes
foram sendo destruídas e tendo suas muretas trocadas por comuns de alvenaria.
FOTO 4: Foto de Malta, de 1928, do Acervo do IMS. Esta obra na Avenida Paulo de Frontin tinha a função primordial de regularizar o curso do Rio Comprido até sua foz no antigo Mangal de São Diego na época já drenado e conhecido como Canal do Mangue. Além disso criou a penetração que faltava para que aquela região entre a Cidade Nova e a Tijuca ganhasse um impulso grande em seu desenvolvimento.
A avenida antes da construção do monstrengo era um das mais elegantes e
sofisticadas da zona Norte da Cidade, com bons prédios e belas casas.”
FOTO 6: O sumido Mauro_AZ, lá dos States, comentou: "Dá vontade de chorar quando vejo a decadência do bairro, provocada, sem dúvida, pelo elevado, ou viaduto, como quiserem chamar. O Rio Comprido era um bairro muito aprazível, fresco, com muitas árvores frondosas cheias de passarinhos. Meus avós moraram lá entre 1940 e poucos e 1960 e poucos. Moravam numa ruazinha sem saída chamada Tenente Vieira Sampaio e na esquina dessa rua com a rua Aristides Lobo ficava o hospital SAMDU, que nem deve existir mais. Perto dali, num prédio grande até certo ponto luxuoso numa esquina da Av. Paulo de Frontin, morava um dos maiores craques de todos os tempos, o Ademir. Era o ídolo da meninada do bairro (inclusive a minha mãe), que ia esperá-lo na porta da entrada majestosa do prédio após os jogos, nos domingos à noite."
FOTO 7: Na década de 1960, talvez já com a perspectiva de construção do viaduto, começou o abandono da Av. Paulo de Frontin, Alguns, nesta época, adversários da construção, diziam que iria destruir lares, dignidades, histórias, tudo em nome de um progresso tacanho, exclusivista, egoísta, que premiaria a circulação viária individual, esquecendo o transporte de massa.
Mas acho que com a opção anterior de não construção do metrô a cidade ficaria inviável sem os túneis. E como dar vazão ao tráfego do Rebouças sem o viaduto?
FOTO 8: Impressiona, nesta foto de 1961 do "Correio da Manhã", o pouco movimento na área. Muitas casas, muitas árvores, uma tranquilidade.
FOTO 11: Cartão-postal da Av. Paulo de Frontin com a Igreja da Venerável Irmandade do Príncipe dos Apóstolos São Pedro.
FOTO 12: Esta fotografia mostra o Trevo das Forças Armadas por volta do final da década de 60. O mais notório é inexistência do Viaduto Paulo de Frontin, que dá acesso ao Túnel Rebouças. Além de mais algumas alças no viaduto houve uma transformação enorme no trecho à direita da foto. Nesse local foram construídos os edifícios dos Correios e da sede da Prefeitura além de, mais à direita ainda, o grande edifício sede da Sul América.
A foto parece ser de 1969 em razão do canteiro de obras onde foi
construído um conjunto residencial do B.N.H que ficou pronto em 1971 ou 72. Ali
funcionava uma garagem de bondes da Light. Nesse mesmo espaço e quase na
esquina da Joaquim Palhares foi construído o Colégio Estadual Martin Luther
King.
Também foi por ali que ficariam as instalações do metrô.
Na foto não ainda não há vestígios do acesso ao viaduto da Paulo de
Frontin, que seria entregue em 1972, mas devido ao desabamento só foi
inaugurado em 1974.
terça-feira, 2 de janeiro de 2024
TABULEIRO DA BAIANA REVISITADO
A postagem de hoje é sobre o “Tabuleiro da Baiana”. Achei aqui no meu arquivo uma série de fotos que não constam como publicadas no “Saudades do Rio”.
FOTO 1: O “Tabuleiro
da Baiana” foi criado na prefeitura de Henrique Dodsworth, em 1937, juntamente
com mais uma ampliação do Largo da Carioca em direção a Almirante Barroso e com
o alargamento da Rua 13 de Maio com a demolição da velha Imprensa Nacional,
tendo em vista a desativação, para posterior demolição, do Hotel Avenida e Galeria
Cruzeiro, por onde passavam os bondes.
Nesta foto do
Tabuleiro da Baiana podemos ver na esquina da Rua Senador Dantas o Liceu
Literário Português, projeto em estilo neo-manuelino do arquiteto Raul Penna
Firme. O Liceu foi a primeira instituição de ensino no Brasil a promover cursos
profissionalizantes noturnos e gratuitos.
Foto do acervo da Light.
FOTO 2: O “Tabuleiro da Baiana” era o ponto final da maioria dos bondes que vinham e iam para a Zona Sul do Rio. Havia algumas linhas que não circulavam por aí, como o "Circular", linhas 20 e 21, o "Marquês de Abrantes", linha 24, e o "General Polidoro", linha 9, como conta o Helio Ribeiro.
Os bondes que faziam o trajeto para a Zona Norte paravam no Largo de São Francisco, Praça Tiradentes, Praça XV, Lapa, Praça Mauá.
Sua
construção implicou na demolição do Teatro D. Pedro II, inaugurado em 1871
(antigo Teatro Lírico).
FOTO 3: Nesta foto vemos que houve uma época, na década de 60, em que o “Tabuleiro da Baiana” funcionou como ponto final de ônibus elétricos, após a desativação dos bondes no governo Lacerda. Acabou sendo demolido no início da década de 70, quando da abertura da Avenida Chile.
O prédio da Caixa Econômica
ainda estava em construção e os trilhos dos bondes ainda estavam aparentes.
FOTO 4: O apelido de "Tabuleiro da Baiana" deve-se à cobertura de concreto em formato retangular lembrar as mesinhas usadas pelas baianas para vender seus quitutes nas ruas da cidade. Entretanto, talvez a origem do apelido pode ter sido influenciada por uma música de Ary Barroso, que tinha este mesmo nome e foi sucesso na década de 1930.
FOTO 5: Fotograma garimpado pelo Nickolas Nogueira mostrando um bonde entrando no "Tabuleiro da Baiana".
O que seria "Riópolis", visto no cartaz ao fundo? Um bar?
FOTO 6: A passagem subterrânea que era muito utilizada. Segundo a tia Milu, citando reportagem da Revista Ilustração Brasileira de 1959, “O novo abrigo que substituiu a tradicional Galeria Cruzeiro, na sua função de estação terminal de todas as linhas de bondes da zona sul da cidade, é uma das mais recentes realizações da Municipalidade e veio beneficiar grandemente o público, resolvendo, com sua passagem subterrânea, o problema do trânsito nas ruas 13 de Maio e Bettencourt da Silva.”
FOTO 7: Na mesma edição da Revista Ilustração Brasileira, o Prefeito era elogiado: “A tarefa do Sr. Henrique Dodsworth, á frente da Prefeitura, não se tem limitado á organização do apparelhamento burocratico e ao saneamento das finanças, mas tambem se tem estendido a obras de real valor urbanistico.
As demolições que se têm feito no centro da cidade, ao mesmo tempo que melhoram extraordinariamente o trafego de vehiculos e pedestres, ampliam o horizonte, rasgam descortino, dão perspectiva e grandeza aos panoramas.
Pelas iniciativas que têm sido tomadas, podemos confiar na energia constructora do novo Prefeito, certo de que elle levará por deante os planos grandiosos que já estão traçados e que são de molde a satisfazer a todos os amigos sinceros da esthetica urbanistica.”
FOTO 7: Na época desta foto vemos uma das poucas iniciativas de construir uma praça com árvores no Largo da Carioca.
Conta o
Decourt que coube ao engenheiro e arquiteto Mauro Viegas, então diretor do DPJ,
fazer uma implantação relâmpago de um jardim, com espécies adultas na
arborização e um paisagismo defensivo e até agressivo nos jardins. Para
implantar esse projeto a execução também deveria ser diferenciada.
Em 19/9/1956
as obras começaram prometendo a PDF que um novo jardim seria entregue em menos
de 3 dias à população, logicamente com incredulidade por parte de todos. O modo
de plantio do jardim foi realmente revolucionário, máquinas de engenharia
emprestadas de outros órgãos da prefeitura foram usadas, como tratores e
guindastes para plantar as árvores todas já jovens e com mais de 3 metros,
rolos compressores foram usados para fixar profundamente as placas de grama no
solo fofo, fora britadeiras e pás mecânicas para revirar o endurecido solo.
Para espanto
de todos os jardins foram inaugurados com menos de 3 dias e eram cercados por
altos aramados, com estacas metálicas para impedir o trânsito pelos gramados
bem como espinheiros para defender do vandalismo os canteiros de flores. Foi um
grande sucesso, e a técnica foi usada em outros trehos do Largo que ganharam
jardins menores nos dias seguintes em menos de 24 horas.
Esse
ajardinamento ficou praticamente intacto, com as árvores grandes até as obras
do Metrô quando desapareceram.
FOTO 8: Nesta foto de 1967 vemos o "Tabuleiro da Baiana" em seus últimos tempos, pois o novo traçado da Avenida Chile exigia sua demolição.
FOTO 9: Foto de 1970 com o novo aspecto da região, após a demolição do "Tabuleiro da Baiana".
Hoje em dia acho a região muito mal resolvida. Um espaço enorme, árido, sem nenhum charme. Camelôs, passantes apressados, rodinhas de gente que não tem mais o que fazer olhando algum "artista" de rua fazendo malabarismos com uma cobra ou com uma bola de futebol, malandros atrás de incautos em algum jogo de azar e por aí vai.
domingo, 31 de dezembro de 2023
31 DE DEZEMBRO
O MACAQUINHO NO SÓTÃO, texto de uma pessoa querida.
“Será que este é o último que o senhor vê?”
Hoje, por exemplo, é fim do ano. Chegarei ao próximo?
Apenas vou contando o tempo, enquanto essa contagem puder ser feita.
Tenho a consciência tranqüila para ser julgado pelo que fiz ou deixei de fazer em prejuízo de alguém.
Nada me acusa a esse respeito. Sempre procurei dar alguma ajuda, a quem eu pressentia dela precisar.
Nesta foto de 1959, de autoria de Frank Scherschel, vemos um grupo de pessoas levando oferendas a Iemanjá, cena típica nas praias cariocas até alguns anos atrás. Hoje em dia, pelo menos no dia 31 de dezembro nas praias mais famosas da Zona Sul, são relativamente poucos os que mantêm esta tradição. O "reveillon" das milhões de pessoas, com fogos e música, acabaram com este costume. Os tempos mudaram.
Os bailes, como este do Jockey, não têm mais este formalismo. Smokings e vestidos compridos estão em desuso.
Para levantar o astral terminamos o ano com esta foto da anônima musa do "Saudades do Rio", desejando a todos um 2024 de muito sucesso e de muita saúde.