Em mais uma estupenda colorização do Reinaldo Elias vemos o Graf
Zeppelin em 25 de maio de 1930, há pouco mais de 86 anos, pousado no Rio. Foi a primeira viagem entre a Alemanha, de
onde decolou de Friedrichafen no dia 18 de maio, e a América do Sul. Após
pousar em Recife no dia 21, chegou ao Rio no dia 25, onde pousou no Campo dos
Afonsos. Os alemães construíram o campo de pouso de 80 mil metros quadrados em
Santa Cruz, onde edificaram um hangar de 270 metros de
comprimento, cinquenta de altura e outros cinquenta de largura. Recebeu o nome
de aeroporto Bartolomeu de Gusmão, atual Base Aérea de Santa Cruz. No local
instalaram-se, ainda, uma fábrica de hidrogênio para abastecer os dirigíveis e
uma linha ferroviária, ligando-o à estação D. Pedro II.
O hangar
de Santa Cruz teve sua construção iniciada em 1934 e já em 1936 abrigava o Zeppelin. Tinha
213 m de
comprimento, 5 motores, transportava 24 passageiros e cerca de 45 tripulantes e
um volume de 105.000 m³,
sendo o maior dirigível da história até a data de sua construção em 1928. Sua
estrutura era baseada numa carcaça de alumínio, revestida por uma tela recoberta
por lona de algodão, pintada com tinta prata, para absorver o calor. Dentro
dela, existiam 60 pequenos balões inflados com gás hidrogênio, juntamente com os seus 5
motores Maybach, com 12 cilindros, desenvolvendo
até 550 HP (máximo) cada, alimentados com um combustível leve, o Blau Gas
e gasolina, que o mantinham no ar, a uma velocidade de até 128 km por hora. Tinha
capacidade de carga para até 62 toneladas.
Quem
observava de fora a silhueta elegante e inconfundível do Graf Zeppelin, não
imaginava o conforto que a gôndola proporcionava para os passageiros. Possuía
banheiros, sala de jantar e estar, cozinha, e salas de rádio e navegação. O
Graf Zeppelin, contava ainda com 10 camarotes, com dois beliches cada um, que
confirmavam a fama de "hotel voador". A passagem, na época, custava
6.590 réis. Não era permitido fumar a bordo durante toda a viagem. Era
verificado no embarque se nenhum passageiro portava isqueiros ou fósforos.
Os números da obra para a construção do aeroporto em uma área de cerca
de 80.000 m²,
doada pelo Ministério da Agricultura, no bairro de Santa Cruz, eram faraônicas:
o hangar, assentado sobre 560 estacas de sustentação, media 270 m de comprimento e tinha 52 m de largura interna, todo
ele construído com peças de aço trazidas semiprontas por navio desde a
Alemanha. O vão livre central tinha 70 m. Os portões, em ambas as extremidades,
eram constituídos de duas folhas. O portão principal, no setor Sul, podia ser
aberto em apenas seis minutos, com o auxílio de motores elétricos. Tudo isso já
estimando a sua utilização para a operação do Hindenburg D-LZ129, de dimensões
ainda mais extravagantes do que as do já extraordinário Graf Zeppelin.
Cerca de 5.000 homens trabalharam
alternadamente na construção do complexo aeroviário do hangar. Um terço da mão
de obra era de origem alemã. O brasileiro Augusto Mouzinho Filho, que esteve
presente desde o início das obras e durante todo o tempo em que o Zeppelin
frequentou o Brasil, contava que a Luftschiffbau Zeppelin pagava um tostão para
cada metro quadrado do terreno e 16 contos de réis para cada viagem que
realizasse para o Rio. Uma espécie de taxa de utilização do aeroporto,
estipulada de "pai para filho", e que servia para amortizar os 30.000
contos de réis que o governo havia adiantado à própria empresa, encarregada ela
mesma de construir o hangar via Companhia Construtora Nacional Condor.
As
novas instalações previam ainda a construção de uma usina com capacidade de
produzir 3.000 m³
de hidrogênio por dia, além de depósitos de gasolina e óleo, mastro de
amarração e outras instalações. No ano seguinte, graças aos recursos
financeiros liberados pelo governo brasileiro, somados à preciosa tecnologia
alemã, o Aeroporto Bartolomeu de Gusmão, como seria batizado, em Santa Cruz,
estava praticamente concluído. No momento do pouso, mais de uma centena de
homens postavam-se disciplinadamente espalhados pelo terreno, aguardando
ansiosamente pelo momento em que os cabos de bordo fossem lançados. A proa era
então atracada a uma torre de amarração telescópica de até 21,5 m de altura e a popa
era engatada em um carro gôndola, que trazia o dirigível para o interior do
hangar, onde então os passageiros podiam desembarcar em total segurança.
|
Que facada no JBAN logo cedo e ainda por cima colorida. O Zeppelin era impressionante mas não devia ter rentabilidade pois levava muito poucos passageiros. Mas a viagem devia ser extraordinária. É difícil imaginar que este monstro naquela época atingia mais de 100 km/h. Gostaria muito de ter podido fazer uma viagem destas e ainda por cima observar o Rio de 1930 de cima.
ResponderExcluirEram 2 tripulantes por passageiro. Isto é que era luxo.
ResponderExcluirBom dia. Em uma época em que a "cooperação" entre o 3º Reich e o Brasil de Vargas era uma constante, esse projeto primava pela excelência e pelos detalhes de uma obra que é possível perceber após 80 anos. A longo prazo, não teria uma lucratividade que permitisse seu funcionamento durante muito tempo. Sem contar que o poder aquisitivo do brasileiro na época era muito aquém do desejado. Como já foi abordado em uma edição do SDR na semana passada, a região atualmente é repleta de favelas como Cesarão, Antares, Rola I, Rola 2, Rola 3, entre outras, com traficantes fortemente armados com fuzis de última geração, sendo portanto uma das mais perigosas do Rio. Em 2002 eu tive oportunidade por duas vezes de voar em um dos dirigíveis da "GoodYear" que atuavam aqui. A sensação é indescritível, não há cabine pressurizada e tem-se a oportunidade de perceber o quanto somos insignificantes diante da grandeza do universo. No final daquele ano, devido à uma contingência de alianças políticas, e em um dos mais lúgubres acontecimentos políticos de que se tem notícia, ocupou a governança do Rio de Janeiro figura totalmente desqualificada, que resolveu utilizar um desses dirigíveis na segurança pública para vigiar o tráfico nas favelas. Com um custo astronômico e com resultados pífios, a iniciativa foi abandonada.
ResponderExcluirConforme podemos ver nos jornais da época, em arquivos na internet, a chegada do Graf (Barão) Zeppelin foi um grande acontecimento tanto para o povo em terra quanto par os passageiros que queriam ver a Cidade Maravilhosa do alto. Mas ele passou à noite pela orla.
ResponderExcluirCorreção: Conde Zeppelin, a tradução correta.
ResponderExcluirJoel, todas essas favelas que você citou ficam "do outro lado" de Santa Cruz, relativamente longe da Base Aérea. A comunidade mais perto dali é o conjunto João XXIII, bastante pequena e relativamente calma. Rapaz, fico imaginando a "loucura" desses caras na época em enfiar hidrogênio numa trapizonga dessas e cruzar um oceano...
ResponderExcluirAnônimo, conversei com o piloto do dirigível sobre a segurança da aeronave e ele me disse que se ela fosse atingida por um projétil, demoraria cerca de três horas para que a mesma esvaziasse totalmente, devido ao gás Hélio ser mais leve do que o ar. Nas um tiro de fuzil atinge alvos a cerca de 3000 Metros e o piloto e os passageiros ficam expostos, já que não existe blindagem. Não há espaço aéreo no Rio de Janeiro que seja seguro, já que todas as favelas existentes na cidade dispões de fuzis automáticos de cal.556 pol. e 7,62 MM.
ResponderExcluircorriginso 5,56 MM
ResponderExcluirApenas nos EUA há reservas de gás hélio conhecidas e está acabando. Recusaram-se a fornecer aos alemães, o que contribuiu para a tragédia do Hidenburg.
ResponderExcluirBom Dia ! Até onde sei, a cobertura metálica trazida para o Zeppelin,ainda está viva. Foi dividida em duas partes, e remontada como cobertura nas estações de Deodoro e Eng.de Dentro.
ResponderExcluirViagem muito arriscada mas que devia ser impressionante.
ResponderExcluirBom dia a todos.
ResponderExcluirAté o Malta registrou a passagem do zepelim pela capital federal. Há algum tempo, apareceu na mídia um projeto para o entorno do hangar, que acabou de completar 80 anos.
Bom dia a todos. Aqui é o Voando para o Rio? Bem depois da crise com as Cias. Aéreas, o JBAN agora só rema e anda de bicicleta. Como já disse anteriormente, altura e voar não são das coisas que mais me agradam, não é a toa que meu nome é Coelho, se gostasse de voar, seria Passarinho e teria asas. Olhando pelo lado científico e da engenhosidade deste bólido, reconheço que é uma obra magnífica e para os amantes de alturas, deve ser um espetáculo ver o mundo do alto. Aliás estar por cima, sempre foi o sonho da humanidade.
ResponderExcluirBela postagem apesar da facada.Realmente chama a atenção a pequena quantidade de passageiros e concordo com o Plinio no que diz respeito a velocidade.
ResponderExcluirBoa tarde a todos.
ResponderExcluirEssa é única coisa que nos coloca em uma condição superior dos outros seres vivos: O cérebro.
O problema é quando ele começa a falhar.
Magnífico invento como muitos outros realizados ao longo do tempo por mentes produtivas. Gosto muito disso.
Por algumas vezes, conversando com especialistas do ramo de aviação, eles disseram de que o avião é algo totalmente frágil. Basta retirar dos motores e essa fragilidade fica mais exposta.
Acredito de que nesse ponto, não diferencie tanto assim do Dirigível.
A História no texto é bem interessante e me leva a refletir de como o Brasil já teve parcerias mais interessantes do que as que começaram no Governo FHC ou Lulla para cá.
Houve um tempo em que os parceiros do Brasil era a Inglaterra, a França, a Alemanha, e os Estados Unidos.
De um certo tempo começou a ter Cuba, Bolívia, Equador, África, Venezuela.
Isso pode não parecer nada, mas causa enorme impacto na sociedade.
Vou me abster a nível econômico, pois não cabe aqui relatar, mas a nível social causa grande impacto.
Antigamente, gostávamos de nos espelharmos naqueles que estavam acima de nós ou que fossem melhores que nós em muitas coisas.
Isso é algo normal pois em nossa vida privada fazemos isso desde a mais tenra infância, nos espelhando em nossos pais, irmãos mais velhos, tios, e mesmo heróis da ficção.
Hoje não. Hoje em dia parece de que a sociedade brasileira passou a gostar de se espelhar nos piores e isso tem deformado e muito a capacidade evolutiva, crítica e de sonhar de nosso povo.
É uma pena!
Talvez tenha faltado um "não" no texto do Luiz, a cor prata não seria exatamente para diminuir a absorção de calor? Pelo menos é isso que dizem dos carros com essa pintura, enquanto a cor preta obriga a aumentar em 30% o consumo do ar condicionado nos automóveis.
ResponderExcluirConsiderando que a altitude de cruzeiro era de 3000 pés não seria necessário absorver calor? Com a palavra os especialistas.
ExcluirTia Nalu jura que viu Geni no Zeppelin.
ResponderExcluirWolfgang, A minha Mãe em sua sabedoria Lusitana sempre nos dizia: - Aproxima-te de quem tem dinheiro e também tu o terás, ou junta-te aos pobres,e logo serás mais pobre que eles.
ResponderExcluirO Mauroxará tem razão. Se te juntares aos pobres, brevemente estarás morando na favela, com um monte de filhos, assistindo Faustão ou Silvio Santos aos Domingos, dirigindo um Fusca ou um Chevette, assistindo jogos do Vasco, falando a língua do gueto, e deixando seus rendimentos nas mãos de algum pastor espertalhão.
ResponderExcluir"Eu queria passear de zepelim, na cadeira ao lado do conde Ferdinando..."(Sá, Rodrix e Guarabyra) ** Peralta, ó hermético implicante, desenvolva...
ResponderExcluirMauroxará e Observador de pobre. Vocês estão certíssimos.
ResponderExcluirO ditado proferido pela mãe do Mauroxará e fantástico!
Para ser rico, tem que ser corajoso, destemido, voluntarioso, pragmático, determinado, inteligente, astuto, batalhador, empreendedor, tudo isso junto, misturado e aplicado a cada dia do ano, realmente é difícil ser rico, por isso existem poucos. Já para ser pobre, basta ser só descansado, é bem mais fácil ser pobre.
ResponderExcluirPara ser rico basta ser político.
ResponderExcluirBoa tarde a todos!
ResponderExcluirA maior "coisa voadora" do mundo pode ser vista em:
https://www.youtube.com/watch?v=WQFXHobP_gA
Acho que aqui neste espaço existem pessoas inteligentes, observadoras, e até sensíveis a vários aspectos da arte de viver. Mas suspeito que muito poucos realmente tentaram ser o que hoje se convencionou chamar de "empreendedor". Aliás eu arriscaria dizer que fui o único que declarou ter sido. Sem contar minha primeira experiência como sócio minoritário em uma empresa prestadora de serviços, fui empresário de 1978 a 1984 no então promissor ramo da informática. Posso afirmar que neste país é muito difícil ser bem sucedido quando se tem princípios, boa índole. Basta estar estabelecido que não faltarão ofertas e oportunidades de negócios obscuros, ilegais e, como sempre, visando o lucro fácil. Não digo que não existam empresários bem intencionados, que tentam ser corretos, mas o próprio cipoal legislativo, em especial o tributário, dificulta um trabalho escorreito. A atração pela fraude, pela sonegação, estará sempre presente. E nem mencionei a corrupção, se os negócios envolvem a administração pública. De advogado de algumas multinacionais, passando pela experiência de ser empresário, no final preferi ficar ao lado da lei. E jamais me arrependi.
ResponderExcluirAí estão alguns motivos para tanta informalidade. O governo em suas três instâncias, é um parasita, um cafetão que busca lucro fácil sem nada dar em troca. Essa realidade é que sustenta os "cabides de emprego", os "fantasmas", e obviamente os políticos. Custa muito caro ser empreendedor, patrão, ou mesmo microempresário. A carga tributária é escandinava, enquanto a contrapartida em serviços públicos é africana. É o chamado "custo Brasil"
ResponderExcluirComo ficaria este artefato se no seu caminho surgisse uma borrasca com granizo,como essa que acabou de passar por aqui?
ResponderExcluirInteressante, estou chegando à metade do livro A Carteira do Meu Tio, do Joaquim Manuel de Macedo, onde os personagens criticam duramente os políticos do império brasileiro, lá pela metade do século 19. Só não falou dessa corrupção descarada desses nossos tempos. Não ainda.
ResponderExcluir