A foto 1, garimpada na Internet, mostra um intrépido escalador no costão
do Cantagalo, talvez do lado de fora da Chaminé dos Morcegos. Pelo aspecto de
Copacabana a foto é anterior a 1947, pois o Edifício Colona, na Praça Eugenio
Jardim, ainda não tinha sido construído. Mas o Quartel do Corpo de Bombeiro já estava
firme ali.
Escalar este morro era uma diversão e tanto para os garotos que moravam
nas vizinhanças, com acesso pela Rua Gastão Bahiana. Um deles é eventual
comentarista do “Saudades do Rio”, o Roberto (Rockrj), membro do S.E.M.P.R.E. É
ele o autor da foto 2 e é quem aparece na foto 3, ambas dos anos 50.
Nestas fotos vemos o esqueleto do que seria um hospital, na antiga
Praça Corumbá, que ficava junto do Corte do Cantagalo, do lado da Lagoa, região
onde está hoje a Fundação Eva Klabin.
Esta obra do hospital nunca chegou a ser concluída, vindo o esqueleto a
ser demolido no início da década de 1960. Bem à direita, na foto 2, vemos o então
confuso cruzamento do Corte do Cantagalo com a Epitácio Pessoa. Vinham
automóveis de Copacabana, pelo Corte, que podiam entrar à direita e à esquerda
na Avenida Epitácio Pessoa. Os automóveis vindos de Ipanema podiam dobrar à
direita e subir o Corte ou seguir em frente, pela própria Avenida Epitácio
Pessoa, em direção a Botafogo. Os automóveis que vinham pela Lagoa em sentido a
Ipanema, também podiam dobrar à esquerda para pegar o Corte ou seguir em frente
em direção a Ipanema, pela Avenida Epitácio Pessoa. Somente no início dos anos
70, quando da duplicação das pistas da Epitácio Pessoa, o Viaduto Augusto
Frederico Schimidt iria resolver este problema.
As esquinas da Avenida Epitácio Pessoa com o Corte do Cantagalo de um
lado tinham uma praça (a Corumbá) e do outro o Posto Ipiranga, de combustíveis.
No local da pedreira da Lagoa, vista nas fotos, depois existiu uma concessionária
de veículos da Volkswagen e depois uma concessionária Honda. Hoje há prédios de
apartamentos luxuosos. Nos anos 60 o trânsito na Epitácio Pessoa era
interrompido por 10 minutos no final da manhã e no final da tarde para explosões
na pedreira.
Este costão do Cantagalo deu muitos problemas nos anos 60, pois de um
dia para o outro começaram a cair pedras. Uma delas, enorme, caiu e destruiu o
carro de meu vizinho, o Almirante Álvaro Alberto. O barulho foi tamanho que
achei que o prédio em que morava estava caindo. A seguir, durante meses, a Geotécnica
fez um trabalho espetacular removendo ou fixando as pedras soltas. Nunca mais
ocorreu este problema.
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Lembrança de um porto Gulf, acho que na esquina que está no canto inferior da foto. No filme "Os Dois Ladrões", a primeira tomada é nessa pequena reta quase em frente ao Corte. Grande Otelo morava em um estoque de manilhas. E Cyl Farney vem buscá-lo para mais um trabalho.
ResponderExcluirCom o transito descrito pelo gerente a salvação era o Posto Ipiranga....
ResponderExcluirIpiranga para os jovens...
ExcluirEscalada meio arriscada pelo que se vê nas fotos mas o panorama compensava o risco. Hoje em dia uma bela vista da Lagoa pode ser contemplada sem tanto risco subindo o parque da Catacumba. Lembro deste esqueleto do Corte e de um outro depois da Catacumba em direção à curva do calombo. Ficaram muito tempo manchando a paisagem da Lagoa.
ResponderExcluirMesmo com este cruzamento complicado não havia sinal de trânsito na Lagoa.
ResponderExcluirFeliz e digna de nota a referência ao filme nacional "Os Dois Ladrões", lançado em 1960 (*). As externas dos filmes dessa época hoje são úteis como um referencial para se observar as alterações sofridas pelos logradouros do Rio. Todavia, cabe um reparo. O ator Grande Otelo não trabalhou nessa película. Divertida comédia dirigida por Carlos Manga, os principais protagonistas foram Oscarito e Cyll Farney, ambos interpretando os marginais Jonjoca e Mão leve, respectivamente. Jonjoca habilidoso em disfarces e Mão Leve, tal qual um Robin Hood tupiniquim, com o hábito de distribuir o produto dos roubos entre os mais necessitados. Como curiosidades foi nesse filme a estreia no cinema da atriz de teatro Eva Todor.
ResponderExcluirClaro, Oscarito, ja vi o filme várias vezes (na idade adulta) e não deveria ter me confundido. Graves sinais. Quanto ao filme, a ótima imitação que o Oscarito fez da Eva Todor, inúmeras vezes revista em documentários sobre a chanchada.
ExcluirAli na pedreira ficava uma concessionária Tianá da Volkswagen se não estou enganado.
ResponderExcluirBom dia. Era um outro tempo! A ausência de sinal luminoso no cruzamento do corte com a Epitácio Pessoa é compreensível devido ao fraquíssimo trânsito na época. O local ocupado atualmente pela "pedreira" e pela favela da Catacumba, cujas casas aparecem no canto da segunda foto, é um dos mais valorizados do Rio e seu IPTU é altíssimo. Uma curiosidade: Não existe praticamente nenhum comércio na Lagoa, seja padaria, supermercado, farmácia, etc.
ResponderExcluirA grafia do Cyl, do saudoso Cilênio é um desafio. Já li de tudo que é jeito possível, com i, y, um ele, ou dois. Ele era um tremendo boa praça que se divertia com essa dúvida. Adotei a do cartaz de "Amei um Bicheiro", que pode ser vista aos 2'29"em https://vimeo.com/209022187
ResponderExcluirA grafia (Cyll) por mim adotada é a mesma dos créditos do filme.
ExcluirCyl e Dick Farney .Um era Cilênio o outro Farnésio.
ResponderExcluirPelo visto, os pais não gostavam deles...
ExcluirNo meu tempo de criança/rapaz, o Cyl (ou Cyll), morava em uma casa luxuosa em uma curva fechada, na rua Dr.Júlio Otoni, em Santa Teresa. Pelo menos é o que se dizia na época, mas eu nunca cheguei a vê-lo por lá...
ExcluirO Cilênio morou ali sim, e o Farnésio também. E o Jaguar de Amei um Bicheiro era da mãe do Cilênio. O Land Rover de Sansão e Dalila, da família. Era tudo emprestado porque a grana era curta. Em compensação, tinha a Ilka Soares.
ExcluirAs chanchadas da Atlântida eram inocentes, divertidas, e suas produções eram de baixo custo. Eram o retrato do Rio de Janeiro. Os estúdios da Atlântida eram pequenos e ficavam na Rua Haddock Lobo na Tijuca.
ResponderExcluirBom Dia ! Uma boa "dica" Vou procurar este filme. Se tiver filmagens nas ruas, vou tentar identificar alguns õnibus que passaram no momento. Cada maluco com sua mania.
ResponderExcluirNo começo dos anos 40, tempos da ditadura Vargas, um grupo de jovens montanhistas subiu até o lugar onde aparece o Roberto nessa fotografia. Com a intenção de fazer farol para as pequenas, como se dizia na época, ficaram piscando suas lanternas como se mandassem mensagens em Código Morse lá do alto. Acontece que na casa onde hoje funciona a Fundação Eva Klabin morava Filinto Müller, simplesmente o chefe da polícia política do governo, que julgou se tratarem de agentes de espionagem alemães, já que estava em curso a Segunda Guerra. Os rapazes, ao final da descida, foram detidos e levados para o xadrez, de onde saíram poucas horas depois sem nada a lamentar, além do susto.
ResponderExcluirA polícia de Filinto Müller era temida pela truculência e pelas maldades que praticava. Deram muita sorte os rapazes. Se tal fato tivesse ocorrido 25 anos depois, a estória não teria tido um final tão feliz...
ExcluirMuito boa essa, Candeias !
ExcluirJoel. Acredito que não. A Ditadura Vargas foi pior do que a Ditadura Militar.
ExcluirAliás, como ainda é obscuro quando se fala daquele período da História do Brasil, em particular do Rio de Janeiro.
Por exemplo: Dizem de que no antigo prédio próximo ao Morro de Santo Antônio, onde funcionava a Unidade da P.E.(Polícia Especial), havia de uma prancha onde aos prisioneiros que fossem decretado de sua pena de morte, geralmente comunistas, eles eram levados para uma sala em determinado andar, era lhes entregue um cigarro, vendado os olhos e enquanto fumava, acionava de algum dispositivo que fazia com que o acento do sujeito o derrubasse para fora do prédio, matando-o na queda. Se é lenda ou não, confesso de que não sei e confesso de que ouvi dessa estória por parte dos antigos.
Não vivi nessa época mas se tais fatos aconteceram no antigo DF, talvez fossem muito raros no restante do Brasil. Acho a tortura a pior das covardias praticadas pelo ser humano. Se na ditadura de 64 os militares tivessem se abstido dessas práticas condenáveis, a revolução teria tido uma melhor aceitação e quem sabe o país estivesse vivendo tempos melhores...
ExcluirJoel!!!!!! Você indo contra a tortura??? Mas como? Você sempre defende o Governo Militar por aqui, e vive dizendo de que seria a melhor coisa para o Brasil atual porque poderia defenestrar nosso país de tantos indivíduos da pior espécie.
ExcluirPor essa confesso de que não esperava como também não entendi.
Você mesmo já defendeu aqui algumas vezes da prática do "Pau de Arara".
E a gente pensa que já viu de tudo. Vá entender.
Só para se adiantar, amanhã completará 53 anos da Revolução.
Imagino que o "bar" nem abrirá tamanho será da confusão.
Sou contra tortura mas sempre achei que os militares deveriam ter eliminado sumariamente, mas não torturado.
ExcluirMas que "revolução" ?!!! Foi um golpe militar apoiado pelos Estados Unidos. E se houver alguma comemoração somente entre os militares que hoje ainda frequentam os seus clubes. Não haverá qualquer manifestação da oficialidade de alta patente na ativa. Discretos boletins internos podem circular. Nada mais do que isso. Agora por aqui nada é garantido. Só a tesoura da Gerência.
ExcluirHistoriador.
ExcluirUma das coisas que aprendi na vida é que a História é algo mentiroso.
Ela só é contada pelo lado vencedor e quem está no poder, portanto, estou pouco me lixando para termos.
Se te agrada ou não, não quero nem saber.
Bom dia a todos. Hoje o local é fora da minha jurisdição, indo a reboque do comentário do mestre Joel, penso aqui com meus botões, como deve ser horrível morar num lugar que não tem bar da esquina. Outra coisa que observei no texto, foi que a Pça Corumbá mudou da Lagoa para a Tijuca, bem ao lado de onde moro no cruzamento das ruas Andrade Neves e Visc. de Cabo Frio, aqui ela se tornou um rotunda.
ResponderExcluirFoi ali na Praça Corumbá que o baterista Marcelo Yuka do grupo O Rappa, ficou paraplégico devido a uma tentativa de roubo no ano 2000. Área atualmente "complicada".
ExcluirNão é na esquina mas o Bar Lagoa, quase na esquina da Montenegro, é um dos templos do S.E.M.P.R.E. São comuns as caminhadas sobre as águas do Bispo Rolleiflex após uma chopada ali. E quanto à segurança da Lagoa, após a implantação da operação Lagoa Presente, o entorno está muito tranquilo. O incidente com o Yuka, para que fique claro, foi na Praça Corumbá da Tijuca.
ExcluirDependendo de onde se more na Lagoa, o problema do Bar Urca está na hora de voltar para casa. No meu caso não teria muitos problemas, visto que não sou um A.A., na verdade sou um B.B.C. (bêbado bem conhecido), logo no pior dos casos, sempre aparece um amigo para me deixar em casa.
ExcluirNão sei o que o B.B.C. está bebendo mas deve ser bom. O Bar Urca foi para a Lagoa.
ExcluirLino está trebado.
ExcluirBom dia a todos.
ResponderExcluirFotos sensacionais.
Eu sempre penso nisso. Se o Rio de Janeiro pudesse ter seus espaços nos Morros recuperados, seria um lugar maravilhoso de ser visitado pois as imagens da cidade no asfalto seria fantástica.
Mestre Wolfgang, pura ilusão, se os morros não tivessem ocupados por favelas, estas estariam no chão, o visual seria talvez muito pior do que o de hoje.
ExcluirLino Coelho está certo. A existência de favelas se deve à miséria e pobreza da população e não em razão de sua de sua localização geográfica. É como se removesse o sofá da sala.
ExcluirBacana estas fotos. O cara da primeira foto gostava de adrenalina.
ResponderExcluirMauro, outro dia foi comentado aqui que o ônibus C10 (Mauá-Fátima) era o de trajeto mais curto da cidade. Você sabe qual era o de trajeto mais longo, ou como a gente falava o que "mais dá voltas"? Meu palpite era o 689 (Meier-Campo Grande).
Uma pergunta ao Mauroxará:Por que os ônibus elétricos não atravessavam o corte do Cantagalo?Por que os ônibus elétricos só circulavam em um dos lados da Lagoa?
ResponderExcluirOs ônibus elétricos não davam a volta na Lagoa porque na época não existia a "Belém-Brasília", parte da Borges de Medeiros entre o Flamengo e o Piraquê. Do outro lado da Lagoa passavam pela Jardim Botânico, que era paralela. Agora, por que não atravessavam o Corte não sei responder.
ExcluirCaramba vou lá no Posto Ipiranga.Tinha certeza que a Praça Corumbá era em Botafogo.
ResponderExcluirSegundo o Google Earth (Gogó da Ertha, como diz o Bispo Rolleiflex), a Praça Corumbá fica ali em frente à Favela Santa Marta, em Botafogo.
ResponderExcluirMestre Candeias, na Tijuca ela foi promovida a Barão de Corumbá, afinal de contas ela está na área nobre da Tijuca. kkkkkkkk
ExcluirBoa tarde a todos.
ResponderExcluirCorajosos os rapazes. Meu medo de altura inviabilizaria qualquer tentativa de foto parecida. A menos que tivesse vários equipamentos de segurança...
O maior trajeto de uma linha convencional de ônibus da cidade era da antiga linha 390 - Passeio X Sepetiba, extinta há alguns anos. Hoje deve ser alguma ligando o Centro a Campo Grande.
A "doutora" agora só entra no"bar" tarde da noite.Ficou com vergonha?
ResponderExcluirMandrix, melhor mudar para Doril. Faça como a "doutora":Sumiu!
ExcluirAlguém do grupo teria fotos do prédio da Av. Epitácio Pessoa junto ao Corte do Cantagalo, na Lagoa, que foi parcialmente destruído e refeito após deslizamento de pedra da encosta, nos anos 70? O prédio branco de listras lilases (agora verdes) que ficou parecendo ter levado uma "mordida" nos dois primeiros andares do lado esquerdo.
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