A foto 1 mostra uma vista do Largo da Carioca, provavelmente nos anos
50 (o Dieckmann ou o Gustavo datarão a foto pelos modelos dos automóveis). No
fundo, à esquerda o Tabuleiro da Baiana, de onde chegavam e partiam os bondes
para a Zona Sul. À direita vemos os contrafortes do Morro de Santo Antônio.
Naquele prédio com um letreiro do Café Globo funcionava uma empresa de
letreiros luminosos, a Empresa Masson, cujo endereço era Rua Senador Dantas
121. O Café Globo teve instalações na Rua da Guarda Velha (atual 13 de Maio) e
depois foi para o Santo Cristo. Boa parte da região funcionava como um grande
estacionamento. Sobreviveu até nossos dias o prédio do Liceu Literário
Português.
Este já era o terceiro prédio do Liceu, o segundo é o mostrado na foto
2. Uma curiosidade: no "Jornal do Brasil" de 03/05/1959 há um grande
agradecimento do Sr. Abilio de Almeida, empregado da Empresa Masson, ao Dr.
Campos de Rezende, oftalmologista, por ter diagnosticado e curado por meio de
uma cirurgia preconizada pelo Dr. Arruga, de Barcelona, a Sra. Maria Fernandes
de Almeida, sua esposa, criatura de ilibadas virtudes atingida por cruel
glaucoma. A reportagem é extensa e há até uma foto grande da paciente.
O Liceu Literário Português foi fundado em 10 de setembro de 1868 por
um grupo de portugueses, à frente dos quais estava o Conde de Alto Mearim, com
a finalidade de difundir a cultura e promover o ensino e a instrução,
principalmente junto aos portugueses mais jovens que chegavam ao Brasil com
conhecimentos limitados e ainda sem uma profissão definida. Era a época dos
Liceus de Artes e Ofícios. Além dos cursos do 1º e do 2º grau, ainda no século
XIX, o Liceu também ministrou cursos de Astronomia e Arte Náutica, valendo
registrar, por curiosidade, que o Imperador D. Pedro II chegou a freqüentar
algumas aulas desses cursos.
O Liceu funcionou inicialmente na sede instalada na Rua da Saúde, hoje
denominada Travessa do Liceu, tendo em 1915, sob a presidência de Faustino de
Sá e Gama, adquirido nova sede na Rua Senador Dantas, que foi destruída por um
incêndio em 1932. É, então, que se inicia no mesmo terreno a construção do
edifício atual, com nove andares, inaugurado em 1938, sob a presidência do
Comendador José Raínho da Silva Carneiro, que foi o grande responsável pelo
empreendimento.
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A primeira foto é uma maldade com o Gustavo e com o Dieckmann que terão que passar o dia descrevendo as marcas dos carros. O prédio antigo do Liceu era muito mais simpático do que o novo. Nunca tinha ouvido falar desta empresa Masson pois com este nome me lembro só da Casa Masson que vendia relógios.
ResponderExcluirBom dia. O Largo da Carioca foi totalmente desfigurado no correr dos anos, mas acredito que a sua melhor "configuração" ocorrer nos anos 50, época da 1ª foto. Meu pai tinha um escritório no edifício Itu, fora da foto à esquerda, e eu ainda bem pequeno, observava do 18° andar o movimento dos carros e dos bondes entrando no Taboleiro da Baiana. É inimaginável a possibilidade de estacionar no centro do Rio atualmente. Do contraforte à direita da foto e sobre a rua Senador Dantas é que se passam algumas cenas do filme "Orfeu Negro", cuja direção aliás cometeu "gafes" incríveis como as cenas em que o protagonista dirigia um bonde das Jardim Botânico e ao final da viagem, ao chegar na garagem, saltava de um bonde de Santa Teresa.
ResponderExcluirAcredito que a data da foto se situa entre 1951 e 1954, tendo em o lado direito do morro de Santo Antônio ainda está incólume.
ResponderExcluirem vista
ExcluirLembro vagamente do Tabuleiro da Baiana, mas já como terminal de ônibus, o que deve ter durado pouco. E pelo que aprendi em comentários de fotos anteriores, o prédio acima do letreiro do café era a sede da famosa Polícia Especial. E esse monte de carro em vaga "presa", o pessoal esperava até tarde para ir embora pra casa ou tinha serviço de manobrista? Quanto aos modelos aposto que tem um monte do famoso Chevrolet 1948.
ResponderExcluirPaulo Roberto, o prédio da Polícia Especial ficava fora da foto à direita, antes do letreiro.
ExcluirCorreto, vemos só uma parte do principal, mas o que vemos também devia ser da tal polícia. A história conta que inicialmente Luís Carlos Prestes ficou preso em um deles depois de capturado no Méier, ou arredores, em 1936.
ExcluirPrestes foi preso na Rua Honório, 270 em Cachambi, bairro limítrofe ao Méier.
ExcluirNegativo, o prédio da PE é aquele mesmo que pode ser visto à direita da foto, acima do anúncio do Café Globo.
ExcluirDe posse da foto com maior resolução, talvez fosse possível dizer mais. Há um Chevrolet Bel-Air, facilmente reconhecível por seu friso no paralamas traseiro, 1953, ou 54. Está atrás de um furgão escuro (Chevrolet também), onde se lê... Casa .... e à frente de um Ford 51. Aliás, há muitos carros entre 49 e 51. Não vi até agora nada mais recente e apostaria a data em 1954.
ResponderExcluirNaturalmente os especialistas devem falar em profusão de Chevrolet's que é o que parece,mas devem aparecer algumas raridades...Grande confusão e os flanelas deveriam estar presentes.Apesar dos pesares,esta região hoje não está pelo menos mais organizada?Aí parece terra de ninguém,com os autos tomando conta...Quanto ao café Globo,imaginei de início,alguma sucursal do jornal.....
ResponderExcluirNem tanto. Dois Morris, um Citroen, que nem são raridades e o resto é mesmo Ford, Chevrolet e Dodge.
ExcluirQue carro é aquele na frente do Bel Air?
ExcluirDepois do Chevrolet 40, com o motorista lendo O GLOBO no estribo, temos um Chevrolet 52, um Pontiac 51, a Chrysler 51 e, então, o Bel Air 53.
ExcluirAli ao lado do Chevrolet 52 seria um Dodge Bode Velho?
ExcluirBom Dia! Café Globo me lembra uns cartões com "pontos"que vinham dentro do pacote. juntando uma soma de pontos que não lembro mais quantos,podiam ser trocados por alguma "utilidade".A troca era feita no próprio carro de entregas ao varejo. Bastava pedir ao motorista a lista dos prêmios, escolher o que queria e ele o trazia na entrega seguinte. Ainda está "viva" aqui em casa uma chaleira Rochedo que minha Mãe trocou pelos cupons que juntou.Tinha também os chocolates Bering que acho que ainda estão sendo vendidos.
ResponderExcluirBom dia a todos.
ResponderExcluirMais à esquerda, fora da foto, estava outro Globo. O jornal...
A foto se fosse tirada uns 15 anos depois praticamente só mostraria fuscas.
O Largo da Carioca foi o logradouro mais mexido e remexido do século XX.
Bom dia a todos.
ResponderExcluirPergunta que não quer calar: Esse Café GLOBO era da família Marinho? Pode não ter nada uma coisa a ver com outra, mas o desenho da letra lembra muito do jornal O GLOBO.
O Liceu ainda era daquelas Instituições que nos dias atuais perderam completamente o sentido, fruto, principalmente a partir da década de 90 onde venderam da ilusão de que todo brasileiro deveria ter um canudo de nível superior debaixo do braço.
Mas, como admito, o mercado nos anos 90 para técnico, iniciante na área, estava uma droga, muito diferente de décadas anteriores.
É interessante ressaltar aqui que em algumas nações na Europa, o técnico e o tecnólogo é extremamente valorizado.
E como é bom falar de boas profissões e bons profissionais, o que parece que atualmente no Brasil está faltando, vale lembrar de que hoje é aniversário de Chu Ming da Silveira, a sino-brasileira responsável pela criação do chamado Orelhão.
O nome do meu bisavô paterno Euzébio Pires Ferreira consta na relação de doadores para a construção do Liceu Literário Português.
ResponderExcluirO prédio da Policia Especial ficava no Morro Santo Antonio e lá permaneceu mesmo após o mesmo ter sido arrasado. Creio que foi o último a cair. O maravilhoso jardim já estava pronto (feito em três dias ?) e foi depois destruído nas obras do metro.
ResponderExcluirCorrigindo:
Excluirmesmo após ter sido arrasado.
Obs: Dá para ver uma parte do prédio , no morro, quase em frente ao letreiro do Café Glogo.
Realmente o Largo da Carioca é um dos logradouros mais mexidos do Rio.
ResponderExcluirAo ler sobre o uso da marca Globo, no café e no jornal, lembrei de uma crônica interessante que li uma vez sobre as diferenças entre Rio e São Paulo. Dizia que São Paulo tende a olhar mais pra dentro do que pra fora.
Basta ver os títulos provincianos de seus jornais: Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo, Diário de S.Paulo, etc.
E ver alguns de seus canais de TV aberta onde todos os programas parecem ser sobre o estado, em sotaque paulista, com apresentadores apavorantes falando sobre crimes infindáveis — sempre cometidos em São Paulo, sem o menor esforço de cobrir, noticiar ou se comunicar com o resto do país.
Enquanto isso os principais jornais cariocas se voltam para fora: O Dia, Jornal do Brasil, O Globo. Esses títulos, bolados em épocas distantes, são reflexos de aspirações culturais profundas e reveladoras, cujos efeitos continuam sendo sentidos até hoje.
Talvez pelo Rio ter sido capital durante muito tempo.
ExcluirSão Paulo sempre foi uma grande nação amiga do Brasil... Enquanto o Rio é cosmopolita São Paulo, principalmente a capital, sempre exibiu um ranço bairrista.
ExcluirVai saber se não é porisso que São Paulo não está falida como aqui ?
ExcluirOutro Anônimo.
Bom dia a todos. Largo da Carioca em uma de suas inúmeras roupagens, somente o prédio do Liceu ainda permanece nos dias de hoje, porém para aqueles que conheceram, deixa saudades a Polícia Especial. Não vejo nenhuma baiana no tabuleiro, mas com certeza ela lá está, assim como os bondes para a zona sul. Já o Liceu de Artes e Ofícios, sucumbiu nos anos 70, sem atingir o seu objetivo de ensinar e formar mão-de-obra, assim como a educação no Brasil, que a cada década mais se afunda. Parece programa de televisão atual, a cada nova direção, troca de nome, porém a qualidade só piora. ontem ao completar mais um ano, vejo já sem qualquer esperança o sonho de infância e adolescência, do Brasil ser o País do futuro. Ainda me resta o SDR onde posso recordar e aprender alguma coisa dos tempos que o Brasil era um País da esperança.
ResponderExcluirApesar dos pessimistas a agricultura dá show na maior safra de todos os tempos. O problema está no transporte rodoviário, com as estradas em petição de miséria. 728 vagões ferroviários representam menos 300 carretas rodoviárias. Isto só para dar um exemplo.
ExcluirOtimista, não será o contrário ?
ExcluirOtimista reconheço que o Agronegócio é uma das poucas atividades que vem crescendo ano após ano no País, mas atividades primárias como extrativismo e agricultura, não enriquecem um País, nem o torna um País de primeiro mundo. Segue abaixo alguns valores de Países Exportadores, em comparação com o valor das exortações brasileiras.
ExcluirTotal das Exportações do Brasil em 2016= US$ 187 bilhões
China US$ 3,04 trilhões,
USA US$ 1,62 trilhões,
Alemanha US$ 1,51 trilhões,
Japão US$ 684 bilhões,
Holanda US$ 672 bilhões,
França US$ 583 bilhões,
Coréia do Sul US$ 573 bilhões.
Dados referentes ao ano de 2016, veja quantas vezes o Brasil teria que multiplicar as suas exportações para chegar próximo da Coréia do Sul. Isso sem considerar todos os demais fatores que implicam no desenvolvimento de um País, a grosso modo e mal comparando, continuamos sendo aquele País da época do Império e início da Republica baseado somente em plantation e monocultura.
Muito bom o detalhe do cidadão no cantinho esquerdo da imagem lendo seu jornal sentado no estribo de um carro.
ResponderExcluirO Gustavo esnoba a plebe ignara. Não consigo identificar nem o Bel Air, quanto mais o tal do outro carro...
O Bel Air é o carro mais visível da foto. Embaixo, de lado, com duas cores e bandas brancas nos pneus. Rs Rs.
ExcluirEspaços mal aproveitados e projetos viarios executados, fizeram daquela região uma grande bagunça, onde grandes vias levam do nada para lugar nenhum. A Avenida Chile e a Avenida Republica do Paraguai são exemplo disso. As construções na Avenida Chile deixam muito a desejar. A Catedral Metropolitana é uma obra digna de um aprendiz de arquiteto. A região é uma grande produtora de engarrafamentos.
ResponderExcluirO Liceu ainda mantém seus cursos sem fins lucrativos, o de Língua Portuguesa é gratuito.
ResponderExcluirNa Rua Pereira da Silva existe um Curso de Pós Graduação em Língua Portuguesa, ocupando um lindo chalé. Como faz parte do mesmo site não entendi pois tem o símbolo da UFRJ no alto da página. Talvez convênio.
Boa tarde !
ResponderExcluirNo lugar deste estacionamento é que, anteriormente,ficavam a Imprensa Nacional e o Teatro Lírico, não é isso ?
Joel, em fins dos anos 50 criaram a Avenida Chile "a toque de caixa"; cortaram um pedaço do morro de Santo Antônio e rasgaram o traçado para fazer a avenida. O objetivo era colocar rapidamente ali as sedes da Petrobras, BNDS (atual BNDES) e BNH. Não queriam que o Rio perdesse as sedes dessas instituições para a nova capital do país...
ResponderExcluirA avenida Republica do Paraguai termina abruptamente na rua da Carioca, fazendo um cotovelo, sem qualquer perspectiva de continuar. Arrasaram a Lapa inteira para isso? Aquele vazio que se formou serve apenas para reunir maconheiros nas noites de finais de semana.
ExcluirSugiro ler os posts do ótimo, mas abandonado, "Foi um Rio que passou", sobre a Ligação Norte-Sul, cuja avenida seria parte dela.
Excluirhttp://www.rioquepassou.com.br/?s=norte-sul
Por melhor que seja o ambiente por dentro da catedral, a visão da arquitetura externa deveria servir para os alunos de arquitetura como exemplo de como não fazer um projeto tão feio. Primeiro lugar entre os piores do Rio, claro, considerando-se apenas as construções relevantes.
ResponderExcluirPoderíamos fazer um post com todos os edifícios demolidos no Largo da Carioca...Olha que seriam muitos como: Liceu de Artes e Ofícios, Hotel Central e Galeria Cruzeiro, Theatro Lyrico, Hospital da Igreja, Edifício da Imprensa Nacional, Os três Chafarizes, etc...O que acham?
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