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quarta-feira, 6 de julho de 2022

PRAIA DE BOTAFOGO


A primeira vez que vi esta foto foi em P&B, no “Foi um Rio que passou”, enviada pelo prezado Carlos Paiva, habitual colaborador dos FRA-Fotologs do Rio Antigo.

A de hoje, colorizada, foi publicada pelo A.J.Caldas, em estupendo trabalho da Christiane Wittel.

 O Decourt, como sempre, deu uma aula ao falar sobre ela:

“Foto do início dos anos 1950 mostra os aterros para a construção da Park Way da Praia do Botafogo que teria a função de dar fruição de tráfego e embocadura ao Túnel do Pasmado e seu sistema viário.

Curiosamente, no início do século XX, em novembro de 1908 é publicado no Jornal “O Copacabana”, bem como divulgado por outros meios de comunicação e por folhetos distribuídos pela cidade, um plano para o saneamento da Enseada de Botafogo.

A autoria do plano pode ser especulada ao grupo de Alexandre Wagner e Otto Simmon, da Cia. de Construções Civis, que era um dos grandes patrocinadores da publicação.

O plano era descrito com a construção de uma larga avenida, de 100 metros de largura, que partiria do Morro da Viúva até a Praia Vermelha. Ela teria 3 pistas de 35 metros de largura e dois passeios de 4 metros. Contaria com tráfego de carris e um sistema de trens rápidos que poderia ser estendido ao resto da cidade.

Esta via melhoraria em muito o acesso à Copacabana prejudicado pela precariedade de trechos da Av. Pasteur junto ao Pasmado. Também lembramos que Alexandre Wagner esteve ligado a uma concessão de carris para Copacabana, que criou muita polêmica e brigas com a Jardim Botânico no final do século XIX.

Anos depois, Agache lançou os embriões do Aterro do Flamengo (Glória e Botafogo também) e do sistema dos túneis do Pasmado e Novo, que foram sendo modificados até chegarem à feição definitiva, executada nesta obra.

No fundo as sedes do Guanabara e do Botafogo de Futebol e Regatas ainda podem ser vistas. Infelizmente a imagem não permite ver as obras na embocadura do túnel, mas notamos que o Pavilhão Mourisco não está mais lá.

A foto também é muito feliz em retratar o belo trabalho urbanístico da equipe de Passos, 40 anos depois de realizado, árvores crescidas e muita proporção entre jardins e avenidas. Pela posição o fotógrafo estava no Edifício Corcovado, um dos bons endereços da orla, que foi avacalhada com a construção dos verdadeiros “balanças” no final dos anos 50.”

Nesta foto, também enviada pelo prezado Carlos Paiva, vemos o bairro de Botafogo no início do século XX, com destaque, ao fundo, para os prédios da City, do Clube Guanabara, da sede náutica do Botafogo, do Pavilhão Mourisco e do cinema Hight-Life, demolido nos anos 70 como cinema Guanabara. Vemos também a belíssima Avenida Beira-Mar e todas as mansões da orla de Botafogo. Junto ao mar, o Pavilhão de Regatas. Bem à esquerda temos a Praia da Saudade e os prédios da que depois comporiam a Universidade do Brasil na região da Avenida Pasteur. Há dois anúncios no Morro do Pasmado, num deles parece estar escrito "DORLY". Este cantinho de Botafogo, antes da abertura do túnel, era simpaticíssimo.


Podemos comprovar que a antiga sede do Botafogo de Futebol e Regatas ainda estava de pé após a inauguração do Túnel do Pasmado. Foto do “Correio da Manhã”. O Túnel do Pasmado foi projetado em 1938 pela Comissão do Plano da Cidade, chefiada pelo Eng. José de Oliveira Ries, porém só foi concluído em 1952. Consta que foi o primeiro túnel no mundo projetado por uma mulher, a engenheira Berta Leitchick.


Esta foto da Revista Municipal de Engenharia, de 1954, já mostra que a sede do Botafogo de Futebol e Regatas já havia sido demolida.


15 comentários:

  1. Olá, Dr. D'.

    Mais uma aula. Até 2017 frequentei muito a região por causa dos cinemas, livrarias e do shopping. Fácil acesso por causa do metrô, mas diversas vezes fui e voltei de ônibus.

    Vou acompanhar os demais comentários.

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  2. Na foto dois, o ônibus Aclo está na linha 12, e pelo número de ordem ainda é Limousine Federal.

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    1. Depois virou Viação Tarumã, número de ordem na faixa 180xx. Quando esta empresa acabou, eu vi muitos ônibus dela abandonados num terreno em Maria da Graça.

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  3. Fotos muito interessantes, especialmente a primeira, mostrando o aterro e o muro de contenção.
    Na foto 3, um caminhão Ford dos anos 40 está entre 4 carros, da esquerda para a direita, um Mercury 49, um Chevrolet 49, um Austin A-40 1952 e outro Chevrolet 49, este um sedanete preto.

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  4. A construção da "Park Way" na Praia de Botafogo e do Túnel do Pasmado alterou também o acesso da linha de bonde à Praia Vermelha e seccionou a rua General Severiano, bem como construiu o acesso para veículos e bondes sobre o túnel. Até a abertura da Park Way" e do túnel, o bonde Praia Vermelha seguia pela Rua da Passagem, entrava à esquerda na General Severiano, e em seguida entrava à direita na Avenida Pasteur. A partir da abertura da nova via e do Túnel do Pasmado, os bondes com destino à Praia Vermelha passaram a partir da Praia de Botafogo e não mais entrar na Rua da Passagem e virar à esquerda e passar sobre o túnel em nova pista e seguir em direção à Avenida Pasteur.

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  5. Para profundo desgosto do gerente, vou narrar minhas experiências com Botafogo. Meu contato com o bairro se dividiu em quatro fases separadas no tempo por muitos anos. Excluo as centenas de vezes que passei por Botafogo, bairro, via aterro do Flamengo, indo e voltando da praia do Arpoador ou de Ipanema, ou para ver filmes nos cinemas de Copacabana.

    1a. fase - década de 1950 ==> a família do meu tio (marido da minha tia) morava na rua Paulino Fernandes, quase esquina com General Polidoro. De vez em quando íamos (meus tio e tia, meu irmão, minha prima e eu) até lá, para encontrar alguns irmãos do meu tio. Dali partíamos a pé via General Polidoro, rua da Passagem, túnel Novo, até a praia do Leme, para tomar banho de mar, quase em frente à avenida Princesa Isabel. .

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    1. Por que desgosto?

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    2. Porque alguém comentou aqui, há muitos meses, que você não gostava de relatos pessoais. Prefere relatos sobre as fotos e os locais em si.

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  6. 2a. fase - anos de 1964 e 1965 ==> meu primeiro emprego foi como topógrafo numa firma que pegou a obra de canalização do rio Berquó. Construímos uma galeria de águas pluviais e uma de esgotos, desde a rua Visconde Silva até a praia de Botafogo, via Mena Barreto. Para isso, a atual rua Professor Álvaro Rodrigues foi aberta demolindo várias casas e passando por terrenos de outras. A galeria de águas pluviais media, no seu entroncamento com a já existente que atravessava as pistas da praia de Botafogo, 5,50m x 1,85m por dentro. Por fora, 6,20m x 2,10m. A de esgotos, no seu entroncamento com a linha que passava em direção à elevatória da Urca, tinha 1,20m de diâmetro.

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    1. Eu tenho uma foto de 1962 da esquina da Praia de Botafogo, Rua da Passagem, e com o casario da Professor Álvaro Rodrigues ainda de pé. A foto é a única que conheço mostrando a Rua da Passagem com bonde em circulação e com o cabeamento dos Trolley-buses instalado, sugerindo que havia a circulação simultânea dos dois sistemas. Salvo engano eu enviei essa foto para você há tempos...

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    2. Sim, recebi a foto.

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  7. 3a. fase - de 1999 a 2002 ==> trabalhei naquele prédio da IBM da avenida Pasteur. Saltava do ônibus na rua da Passagem, na ida; na volta, ia até a Voluntários da Pátria ou até a Lauro Sodré para pegar o ônibus para casa.

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  8. 4a. fase - anos de 2015 e 2016 ==> minha enteada alugou um apartamento para si, na praia de Botafogo, entre as ruas Voluntários da Pátria e São Clemente, e volta e meia minha esposa e eu íamos até lá visitá-la.

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  9. A enseada de Botafogo é realmente muito bonita, e isso desde o início do século XX. Pena que a praia seja poluída. Outra área muito bonita é a da Praça Paris. Lembro de passar nessa praça, há décadas, com os chafarizes jorrando água, iluminados. Uma visão linda. Passado que não volta mais. Como dizia a Segunda Lei da Termodinâmica, adaptada ao Rio de Janeiro: "Abandonadas à própria sorte, as coisas tendem a ir de mal a pior". CQD ou, para quem gosta de Latim, QED.

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  10. Helio, ao contrário. O que dá sabor ao SDR são os comentários sobre o Rio baseados nas experiências pessoais. É assim que ficamos conhecendo melhor a cidade, fora da versão "oficial".

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