Embora seja de Niterói o Canto do Rio participou do campeonato do Rio durante muitos anos e por isto tem vez no “Saudades do Rio”. Na adolescência foi a primeira “viagem” que fiz sozinho, indo ver jogos do Flamengo em Niterói, sem dizer nada em casa.
Além de jogos oficiais entre Flamengo x Canto do
Rio, cheguei a ir assistir um jogo amistoso. Lembro que o árbitro era o Amilcar
Ferreira, que tinha o apelido de “Robin Hood”, pois sempre apitava a favor dos “pequenos”
nos jogos contra os “grandes”. Nesta tarde expulsou o Gerson, que ainda jogava
pelo Flamengo.
Outro motivo para a publicação é que, embora não torça por nenhum time de futebol, o Helio Ribeiro acha o uniforme e o nome do Canto do Rio muito simpáticos.
O dia 14 de novembro de
1913 entra para a história do Cantusca como a data oficial da sua fundação. Atuou
na primeira divisão do futebol profissional, de 1941 a 1964, época em que ficou
conhecido como “O Mais Querido da Cidade Sorriso”.
Esta foto foi enviada
pela prezada Nema Kastrup, através de meu amigo Dr. Odone Bisaglia. A casa foi sede do Canto do Rio. Anteriormente era a
residência do avô dela, João Carlos Kastrup. Foi onde nasceu o pai da Nema, mas
a casa foi a leilão (por dívidas de jogo de cavalos). O belo casarão foi
demolido e a Nema participou da solenidade em homenagem aos filhos e netos antes
da demolição. A casa ficava na Rua Visconde do Rio Branco, em frente a Baía de
Guanabara. O clube funcionou lá durante muito tempo. Acha a Nema que a
demolição foi no início dos anos 60. O terreno era enorme, com baias e cocheiras
no fundo do terreno.
Vemos um dos uniformes do Canto do Rio num jogo no Maracanã. Não sei a data deste jogo, nem identifico os jogadores.
A única conquista do clube no futebol carioca foi a do Torneio Início, disputado no Maracanã. O torneio servia de apresentação dos times para o campeonato principal e reunia todas as equipes num mesmo dia e local disputando partidas eliminatórias de duração reduzida (na ocasião, dois tempos de 10 minutos). Em caso de empate, também nos anos 50, a vaga era decidida em séries de três pênaltis cobrados pelo mesmo jogador. O Cantusca superou São Cristóvão, Flamengo e Bangu nas penalidades, antes de decidir e vencer o título contra o Vasco.
Jogaram neste torneio pelo Canto do Rio:
No gol Celso.
Na zaga Nanatti e Charuto (Garcia).
Na linha média Cleuson, Waltão (Rubinho) e Zé de Souza (Heber).
No ataque Milton, Binho (Miltinho), Raimundo (Almir), Dodoca e Emanuel (Jairo).
Em certa temporada o Canto do Rio formou um bom time. O presidente do clube, Adolfo de Oliveira, bateu à porta do Fluminense e conseguiu contratar quatro jogadores: o goleiro Veludo (que defendera a seleção brasileira nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1954 e estivera ao Mundial da Suíça como reserva), o zagueiro Duque e os médios Vítor e Lafaiete. Do Vasco, trouxe Eli do Amparo (que retornava 12 anos depois ao clube em que fora revelado) e o médio Adésio. Outro ex-Flu e Seleção, o atacante Orlando “Pingo de Ouro” veio do Atlético Mineiro para uma passagem curta. A eles se juntava um grupo de bons jogadores já no clube, como o centroavante Zequinha (um dos maiores goleadores de sua história) e o ponta-esquerda Jairo.
Outra novidade naquela ocasião era a camisa, que substituía o modelo com listras verticais em azul celeste e branco adotada desde a estreia no Carioca (exceto em 1949, quando os niteroienses vestiram uma chamativa camisa quadriculada) e retomava o padrão original do clube, em azul num tom mais escuro com gola e punhos brancos, usado nos tempos do campeonato citadino.
Na foto acima vemos, além do Veludo (um senhor goleiro que teve a carreira abalada por acusação infundada de ter se vendido num jogo que o Fluminense perdeu de 1x6 para o Flamengo), o zagueiro Pinheiro (segundo de pé, da esquerda para a direita), também ex-jogador do Fluminense e da Seleção Brasileira.
O Canto do Rio, assim como muitos times "pequenos", revelavam grandes jogadores para os times "grandes" e, num movimento inverso, recebia craques em final de carreira (como Sinforiano Garcia, icônico goleiro do Flamengo). Acima vemos Pinheiro e Veludo. O meia Gerson começou no Canto do Rio, bem como um outro canhoto meio-campista, o Fefeu, que tinha um chute fortíssimo e que brilhou no Flamengo dos anos 60, junto com o goleiro Mauro, também oriundo do Canto do Rio, ao lado de craques como Murilo, Paulo Henrique, Carlinhos, Amauri, Almir e Silva.
O maior astro a aportar
em Caio Martins em 1957 estava fora das quatro linhas: era o
técnico Zezé Moreira, que dirigira a seleção brasileira na última Copa do
Mundo, só três anos antes, e já havia levantado os títulos cariocas de 1948 com
o Botafogo e 1951 com o Fluminense. O Canto do Rio programou uma excursão para a Europa.
Antes da excursão, o
clube se reforçou contratando o atacante Válter Prado, ex-Bonsucesso, além de
acertar a cessão do zagueiro Pinheiro, do Fluminense e da seleção brasileira,
para a viagem. A delegação embarcou em navio no dia 11 de março com destino à
Espanha, porta de entrada da turnê europeia. A equipe ainda jogaria na Bélgica,
Alemanha Ocidental, Suíça, Inglaterra (onde enfrentou Chelsea, Tottenham e
Leicester), Bulgária, Romênia, França e Noruega, disputando inclusive torneios
em Bruges e Berlim.
A foto, de Hugo de Souza, mostra um treinamento do Canto do Rio na Europa.
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirEu passei muito pela sede social do Canto do Rio entre 1990 e 1994, quando estudei na UFF. Ela fica no caminho entre os campi do Valonguinho e do Gragoatá / Praia Vermelha, na Visconde de Rio Branco. Acredito que no mesmo local da mansão da foto.
Normal o Gerson ter dado seus primeiros passos no Canto do Rio. Até hoje os clubes menores fornecem "pé de obra" para os maiores, várias vezes já nas categorias de base. Caso do Marcelinho, depois conhecido como "Carioca", saído das categorias de base do Madureira direto para as do Flamengo.
O ex-zagueiro Marcio Theodoro entrou na UFF no mesmo vestibular que eu e chegamos a fazer algumas disciplinas juntos. Algumas vezes nos encontrávamos na barca. Na época ainda estava no Madureira e podia estudar. Ao ser contratado pelo Botafogo, teve que trancar a matrícula e perdemos o contato.
Em 1996, um zagueiro do Botafogo de mesmo nome ficou conhecido pela torcida do CRF como Marcio "Teadoro" devido a um recuo de bola infeliz que resultou em gol do titulo da Taça GB do Romário. Pobre Marcio, foi vacilar logo na frente de quem...
ExcluirOnde lê-se 1996, leia-se 1995, ano do "sem ter nada" do flamengo. Taça GB não conta.
ExcluirEm tempo, outros clubes "menores" também faziam excursões ao exterior. Ficaram famosas a do Bangu e a do Madureira.
ResponderExcluirO Madureira tinha o empresário José da Gama que era famoso por organizar essas excursões de times brasileiros à Europa.
ResponderExcluirNunca entendi a razão de um time do antigo "Estado do Rio" disputar o campeonato do Distrito Federal e mais tarde do Estado da Guanabara. ## É comum até hoje jogadores famosos encerrarem a carreira em times de menor expressão. Em 1969 Garrincha defendeu o Olaria A.C. Não me lembro se marcou algum gol...
ResponderExcluirO gol marcado por Garrincha (quem, na minha humílima opinião, "carregou" a Copa de 1962 nas costas - mas isso será posterior assunto para os admiradores do ludopédio), o gol com a camisa do Olaria foi em jogo amistoso, contra o Comercial de Ribeirão Preto (terminado 2x2, em 22 de março de 1972, no estádio Palma Travassos [cognominado "Joia"], seu último gol como profissional).
ExcluirO atual comentarista Gerson, o Canhotinha de Ouro, foi a maior revelação do Canto do Rio
ResponderExcluirChama a atenção o caso do grande goleiro Veludo que vi jogar. Parece haver um racismo estrutural que acontece desde a falha do grande Barbosa em 1950 e impede a escalação deles. Dizia-se que goleiro negro não era confiável. Depois de Barbosa só me lembro do Dida no gol da seleção como titular indiscutível. Todos os outros eram brancos. Seria verdade?
ResponderExcluirRecentemente um então goleiro do Botafogo (Jefferson) teria sido preterido na seleção por ser negro. Ele inclusive denuncia um ex-dirigente da CBF por racismo.
ExcluirBom Dia ! Minha Madrinha mudou-se do Meyer para Niterói , quase perto do campo, das vezes que ia na casa dela, nunca tive curiosidade de ir até lá.
ResponderExcluirAos interessados o link explica a razão do Canto do Rio disputar o Carioca https://trivela.com.br/brasil/canto-do-rio-historia-de-um-forasteiro-por-mais-de-20-anos-no-campeonato-carioca/?amp=1
ResponderExcluirO Canto do Rio fazia parte do campeonato carioca como forma de homenagear Niterói, a pérola do sudeste, uma cidade com IDH europeu.
ResponderExcluirLembro que nos idos de 63 se não me engano o Flamengo comprou um jogador de meio campo do Canto do Rio chamado FEFEU. Baixinho e veloz com belo controle de bola não chegou a ser um titular absoluto. Aliás naquela época o times menores eram os responsáveis pelo aparecimento de muitos bons jogadores. O Olaria produziu um time inteiro de excelentes atletas: Ex: Murilo, Nelson( foram para o Fla) Haroldo, belo zagueiro central foi para o Santos, Cané( para Itália), Romeu( Botafogo). Quanto ao Canto do Rio, somente Fefeu me traz essa lembrança.
ResponderExcluirOutro dia comentei que o sogro de uma das minhas tias foi o único torcedor do Canto do Rio que conheci. Pelo que lembro de ouvi falar ele passou grande parte de sua vida em Niterói.
ResponderExcluirBom dia Saudosistas. Assisti a um jogo do Canto do Rio X Botafogo lá no Caio Martins, quando meu filho era pequeno fomos assistir um jogo do Botafogo lá no Caio Martins com o meu filho, que ainda era pequeno, o Botafogo perdeu para o Goiás, ele falou que nunca mais iria assistir jogo do Botafogo no Caio Martins.
ResponderExcluirAs flamulas que era um brinde dado pela cerveja Caracu nos anos 60, eu tive todas as flamulas dos times Cariocas, meu pai colocou uma barra de madeira no meu quarto com ganchinhos para pendurá-las, eu fazia a mudança das flamulas de acordo com a posição dos clubes no campeonato Carioca.
Quando leio alguns comentários fico com pena do gerente. Nota-se que o comentarista não leu a legenda das fotos. Deve preferir livros com pouco texto.
ResponderExcluirLuiz, obrigado pela postagem e citação do meu nome. Realmente, nunca torci para nenhum time. Minha simpatia pelo Canto do Rio se devia ao nome e cores do seu uniforme.
ResponderExcluirMeu tio costumava levar meu irmão e eu ao Maracanã, em alguns jogos do Botafogo e em Torneios Início. Mas minha emoção durante o jogo era semelhante à que eu sentiria assistindo a uma partida de xadrez. Já meu irmão se tornou torcedor do Botafogo, daqueles que levam bandeira para o estádio. Certamente por influência daquele tio, que era seu padrinho.
ResponderExcluirO único momento da minha vida em que vibrei intensamente com uma partida de futebol foi com a derrota do Brasil perante a Alemanha, por 7 a 1. Felicidade total e dupla: ver a derrota do Brasil (que eu detesto desde a adolescência) e a vitória acachapante da Alemanha (que eu admiro desde a mesma época).
ResponderExcluirIsto posto, falecem-me conhecimentos para redigir novos comentários sobre o Canto do Rio e sobre futebol.
ResponderExcluirImpressionante a memória e o acervo que Luiz tem sobre futebol. Só lamento ser rubro-negro. O Canto do Rio merece créditos por ter apresentado ao Brasil , Gerson, Veludo, Pinheiro e Zezé. Hoje os olheiros fazem isso antes de jogarem profissionalmente por seus times. Outra coisa são as escolinhas dos grandes times, aonde os meninos vão para qubrar etapas.
ResponderExcluirConde, Veludo, Pinheiro e Zezé já eram astros consagrados quando jogaram no Canto do Rio. Gerson, sim, foi revelado pelo Cantusca.
ExcluirOs mais velhos hão de se lembrar que tempos atrás era moda tomar Caracu com ovos, batida no liquidificador. As cascas também faziam parte do pacote. Era o estimulante da época. A Caracu com dois ovos era chamada de Caracálcio.
ResponderExcluirÉ verdade! Caracu com ovos faz "tudo subir". Tem muito comentarista que conhece essa mistura muito bem.
ExcluirCaracu é uma cerveja preta, forte, nutritiva e com sabor altamente encorpado. Tem aroma de malte torrado, teor de amargor acentuado e médio teor alcoólico. Como não é filtrada, contém levedura, e, por isso, é considerada um poderoso complemento alimentar. Graduação alcoólica 5,3%vol. Essa cerveja é rica em ferro, o que fortalece o sangue e previne a formação de coágulos. Ela também é uma grande fonte de energia, já que possui baixo teor alcoólico e componentes que dão disposição para o corpo. Além disso, auxilia o bom funcionamento do coração e hidrata a pele.
ResponderExcluirPor falar em Canto do Rio o Candeias certa vez falou sobre um jogador desse time. De nome Carango. Fui dar uma pesquisada hoje e vi que jogou certo tempo no Fluminense e acabou voltando para o Canto do Rio, onde virou massagista do time, para não abandonar a ligação com o futebol.
ResponderExcluirO estádio Caio Martins fica num pedaço de bairro pouco definido, entre Icaraí, Santa Rosa e Centro de Niterói.
ResponderExcluirSobre o Veludo, além do problema dessa suspeita de favorecimento, custou muito mais caro à sua carreira o seu problema com alcoolismo.
ResponderExcluirNunca conseguiu de fato se livrar desse vício maldito.
Na Copa de 1954, aconteceu um fato inusitado e talvez único na história dos mundiais: os dois goleiros eram do Fluminense!
Mais inusitado ainda o fato do Veludo ser reserva do Castilho...
A postagem de hoje ressuscitou comentarista fake...
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