Esta fotografia, do
Acervo do Museu da Imagem e do Som, de autoria de Malta, mostra a nova Casa de
Saúde Dr. Pedro Ernesto, que tinha como endereço a Rua Henrique Valadares nº
101-107. Ali operavam médicos famosos na primeira metade do século passado, como
o próprio Dr. Pedro Ernesto, Dr. Arnaldo de Moraes e o Dr. Augusto Paulino (pai
de outros notáveis cirurgiões, que tive o prazer de conhecer já na segunda metade
do século XX, os doutores Fernando Paulino e Augusto Paulino Filho).
Anteriormente esta
Casa de Saúde funcionou na Rua do Riachuelo nº 161.
Em 17/05/1923 o “Jornal
do Brasil” já dava conta da inauguração na nova Casa de Saúde Dr. Pedro Ernesto,
na esplanada do antigo morro do Senado, à Rua Henrique Valadares nº 101-107, de
um moderno pavilhão, chamado de Secção Agrolongo, em homenagem ao grande benfeitor,
Conde de Agrolongo.
Na década de 40 foi diretor
desta Casa de Saúde o Dr. Armando Amaral que foi colega de turma de meu pai. Coincidentemente,
o filho dele foi meu colega de turma – mundo pequeno! Nesta época ali clinicava
o famoso ortopedista Dr. Mario Marques Tourinho.
Mais adiante, entre
1938 e 1939, a
Sociedade de Beneficência do Servidor Municipal adquiriu o edifício da antiga
Casa de Saúde Dr. Pedro Ernesto, na Rua Henrique Valadares, para prestar
assistência médica aos servidores municipais. Em meados da década de 50 o “Jornal
do Brasil” noticiava o envio de um memorando ao Prefeito Alim Pedro solicitando
que o atendimento dos servidores municipais passasse a ser realizado no moderno
Hospital Pedro Ernesto, em Vila Isabel, na Av. 28 de Setembro. Na Casa de Saúde
seria instalada a Maternidade para atendimento dos servidores.
No local da foto existiu,
anos depois, o Hospital Central do Instituto de Assistência dos Servidores do
Estado do Rio de Janeiro, em instalações construídas na década de 60.
A assistência da Prefeitura,
em 1932, na época em que o Rio de Janeiro era Distrito Federal, transformou-se
em Sociedade Beneficiente do Servidor Municipal, como se fosse uma policlínica,
e a contribuição que a mantinha era voluntária até 1944. Decreto do Prefeito
Henrique Dodsworth encampou a Sociedade, transformando-a no Departamento de
Assistência ao Servidor da Prefeitura, dando-lhe o nome de Hospital do
Servidor.
O nome IASEG aparece
em 1960, com a criação do Estado da Guanabara (Instituto de Assistência aos
Servidores do Estado da Guanabara) e o nome IASERJ aparece em maio de 1975 (com
a fusão dos Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara). Finalmente, há poucos
anos o Hospital do IASERJ na Rua Henrique Valadares foi demolido para a expansão
do INCA.
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O Iaseg e posteriormente Iaserj era um hospital por excelência. Possuía verba própria, tendo em vista que o servidor descontava 2% de seus vencimentos. A qualidade do atendimento era notável, bem como a a excelência dos médicos. Minha mãe foi operada de emergência por duas vezes nos anos 70, uma vez para a retirada da vesícula e outra vez devido a uma infecção intestinal, lá ficando internada, e nos dois casos a recuperação foi ajudada pelo excelente serviço de enfermagem. Mas nos anos 80 o hospital sofreu um grande baque quando Leonel Brizola assumiu o governo do Rio de Janeiro e o Iaserj passou a adotar sistema de "caixa única", ou seja que o desconto mensal dos servidores estaduais e municipais passaram a ser utilizados para "outras finalidades". O resultado não se fez esperar e passou a faltar tudo, desde médicos até gaze. Hoje em dia o Iaserj só possui um pequeno ambulatório no Maracanã e não sei informar se ainda atende em alguma especialidade. O Prefeito Eduardo Paes em 2009 instituiu planos de saúde para os servidores municipais ativos e inativos, estabelecendo convênios com algumas operadoras e subsidiando mais 90% do custo mensal. Só para se ter uma ideia, minha mãe com Oitenta e Dois anos, desconta mensalmente de seus proventos cerca de R$ 110,00. Quanto ao Estado, não possui qualquer hospital e nada oferece ao servidor.
ResponderExcluirTia Nalu é chique. Se precisa,vai pro Albert Einstein.
ResponderExcluirBom dia a todos.
ResponderExcluirVou ficar acompanhando os comentários.
É triste constatar que já tivemos serviço público de saúde com qualidade. O sistema de caixa único e a unificação dos antigos institutos foi o início da decadência.
ResponderExcluirDepois da unificação dos Institutos o atendimento amplo e irrestrito a quem não contribuía, pelo Sarney, golpe sujo nos contribuintes, piorou ainda mais a situação.
ExcluirUm pensamento desses me faria ter calafrios no tempo em que eu vivia no mundo da fantasia. "Tadinho, ele foi tão bom com os necessitados".
Mamãe, diria, cumprimentar com o chapéu alheio é fácil, compre vc o seu chapéu.
Verba da União para hospitais da União Seria o certo.
A última vz que passei em frente havia inúmeras faixas e funcionários faziam um protesto à porta. Gostaria de conhecer o Anexo. Se a qualidade do serviço for a mesma demonstrada nas últimas obras será um monstruoso ralo para o qual seguirá nosso dinheiro.
ResponderExcluirDerrubar um imóvel, já construído com a finalidade de Hospital, para substituí-lo por um Anexo, no mínimo é temerário.
Bom dia a todos. Quando foi que se deu a demolição deste prédio e a construção do prédio novo já demolido do IASERJ? A saúde pública do País se resolveria simplesmente com uma lei, nenhum servidor público poderá ter plano de saúde pago pelos cofres públicos, mesmo sendo descontado do seu salário, isto vale do Presidente ao atendente.
ResponderExcluirMesmo pq já é descontado do seu salário. O que se recebe é uma "mirreca" a título de auxílio. O servidor pode escolher um dos planos cadastrados em sua Organização. Não vejo vantagem nisso. A mensalidade para o Serviço Público Federal é maior do que a praticada às Empresas Privadas.
ExcluirNosso Plano de Seguridade Social (PSS) não possui rede hospitalar, médicos, postos. Somos atendidos pela mesma rede do INSS.
Quando falam de servidor generalizam. Legislativo e Judiciário nada tem a ver com o Barnabé do S.P.F. Um certo presidente tornou ainda mais desiguais aos iguais criando inúmeros Planos de Carreiras e gratificações distintas a partir da Unidade que o mesmo trabalha e mesmo dentro de uma mesma Unidade. Sorria, seria "cômico se não fosse sério".
Sensacional esta fotografia de Malta. E o fotolog está cada vez melhor com nitidez nas fotos e uma pesquisa muito interessante. Acho que o Luiz se aposentou e está se esmerando nos textos. Quanto à Saúde conforme foi dito acima a extensão de atendimento a todos mesmo sem contrapartida de contribuição como era até o final dos anos 80 liquidou com os hospitais federais. Além é claro da lambança e roubalheira dos governantes do Rio aí incluídos governadores e secretários de Saúde.
ResponderExcluirEsse território do antigo Morro do Senado é um dos menos fotografados do Centro e arredores. Antes do desmonte então... quase nada.
ResponderExcluirCaríssimo luiz,
ResponderExcluirNão conhecia essa Casa de Saúde, mas achei estranho que o homenageado com o nome (Pedro Ernesto) fosse muitíssimo mais novo do que o próprio fotógrafo (cerca de 20 anos mais novo) e que, pelos modelo dos carros teria pouquíssimo tempo de formado. Sempre soube que o nome do Hospital Universitário fosse em homenagem ao "prefeito" e não ao médico (já que não teve uma carreira médica das mais reconhecidas), por isso fiz uma pequena pesquisa e, com o intuito de acrescentar mais algumas às suas preciosas informações, descobri que a propriedade da Casa de Saúde era do próprio médico e que era mais usada por ele como refúgio e reuniões com seus correligionários políticos revolucionários contra o governo federal.
Acrescentando....pelo rol dos cirurgiões citados como do seu conhecimento pessoal imagino que também tenha conhecido aquele que foi meu mestre e ídolo e que não podia deixar de homenagear, o Dr. Darcy Monteiro.
ExcluirNão cheguei a conhecer o Dr. Darcy Monteiro. Trabalhei quase 30 anos no "Souzão" mas ele já não estava mais lá.
ExcluirImpressionante como não conseguimos instituir um sistema de saúde decente no Brasil. Países como Cuba, México, Panamá, Chile, Argentina e Uruguai, só para citar a América Latina, tem sistemas de saúde melhores que o nosso. Só quem tem dinheiro e pode pagar bons planos tem alguma assistência decente. E quem tem mais dinheiro ainda vai logo para o Albert Einstein.
ResponderExcluirE o pior (não querendo ser prolixo) é que pioramos a cada ano...
RETIFICAÇÃO: o cirurgião-geral que conheci no Souza Aguiar era o Augusto Paulino Neto, sobrinho de Fernando Paulino.
ResponderExcluirUm exemplo bem próximo é o Chile, país beirando o comunismo e à beira da falência, quando Pinochet em 1973 "pôs ordem na casa". Só que o Chile, ao contrário do Brasil" aprendeu a lição e tornou-se um país quase modelar, possuindo sistemas de saúde, educação, e de segurança, em níveis europeus. O que faltou ao Brasil? Vergonha na cara,"componentes étnicos adequados", e pelo menos mais dois mandatos de Médici...
ResponderExcluirAli no terceiro andar,uma exaltação ao JBAN:varanda/puxadinho.
ResponderExcluirLembrei imediatamente do Miguel Falabella e os puxadinhos nos quais diz ter trabalhado.
ExcluirEu quis dizer que serviço médico particular só poderia ser contratado por pessoa física individualmente, diretamente com o médico ou plano de saúde. Nem as empresas particulares ou públicas poderiam contratar serviço médico particular.
ResponderExcluirO servidor que aderir a Plano tem o valor descontado no contracheque, se assim escolher, e trata diretamente com o médico de sua preferência dentro do menu oferecido pelo Plano.
ResponderExcluirO que exite no SPF são as perícias, Juntas Regulares de Saúde que constatam se o servidor deve ou não ser aposentado. Licenças até 120 dias devem ser homologadas por médicos das suas instituições. Após o prazo acima os servidores serão encaminhados a JRS.
Lembro dos médicos que atuavam nas farmácias, Dr. José em Higienopólis, Dr. Paulo Guapiassu, na Ilha e em consutórios como Dr. Mauricio Brykman e o prezadíssimo Dr. Nerval, na Rua dos Chichorros, 5 no Catumbi, este, médico da nossa família.
Não existia a quantidade de exames que existe hoje, a quantidade imensa de especialidades, o diagnóstico era coisa bem simples. Dificilmente, apos auscultar o pulmão o médico solicitava um Raio X, o que chamávamos de "chapa do pulmão." Quando a doença era grave e necessitava de tratamento hospitalar ou cirurgia recorria-se aos hospitais públicos. As beneficências eram tb um grande apoio.
Creio que a saúde da população era bem melhor.
Trabalhei muitos anos com o Dr. Paulo Guapyassu.
ExcluirLembro do Silvio, dono da farmácia na qual ele trabalhava. Encontrei-o não faz muito tempo em lugar próximo quando procurava um envelope que havia perdido e chegamos a conversar sobre os velhos tempos. Bons tempos.
ExcluirAcredito que a média de idade no Brasil aumentou por conta dos recursos tecnológicos e aperfeiçoamento dos profissionais da medicina. Essa média pode abaixar se boa parte do povo não tiver mais acesso a tudo isso?
ResponderExcluirAcredito que as pessoas sempre acham um jeito. Consumo e consumidor criam sempre novas fórmulas.
ExcluirNão conheci o local do prédio para localizá-lo com precisão, mas quero crer que o morro atrás do hospital é o começo de Santa Teresa e a serra atrás é a montanha que separa Santa Teresa do Catete, o Nova Cintra. Gostaria que outros comentaristas julgassem se poderia ser o Morro do Senado.
ResponderExcluirFui pesquisar no Google. O Morro do Senado fez parte da obra do Porto e foi demolido entre 1900 e 1903. Pelo mapa que vi, de 1906, a Rua Henrique Valadares, projetada, ficaria dentro do Morro do Senado, que se estendia entre a Rua do Resende e a Rua do Senado; e entre a Riachuelo e a Rua da Relação.
ResponderExcluirO mapa está em:http://www.riodejaneiroaqui.com/pt/planta-centro-do-rio-1906-com-morros-do-castelo-santo-antonio-e-senado.html
Mesmo que algumas datas estejam imprecisas, não há como coexistirem a Rua Henrique Valadares e o Morro do Senado e, portanto, o morro atrás é mesmo Santa Teresa.
A primeira Casa de Saúde construída pelo Dr. Pedro Ernesto foi em 1910 na Rua do Riachuelo. Nada entendo de carros mas achei os da foto bem antigos. O local da Casa de Saúde na Rua Henrique Valadares parece bem diferente. Esta aí parece estar em uma elevação. Achei no Google,
ResponderExcluirUm bom estudo sobre o Dr. Pedro Ernesto:
https://books.google.com.br/books?isbn=8570414056
Os carros são dos anos 20.
ExcluirObrigada.
ExcluirBelo Hospital mas em Niterói existiam belíssimas clinicas e casas de saúde.Não é preciso mencionar que o Antonio Pedro é o melhor hospital do Rio de Janeiro.
ResponderExcluirEm a madrugada de 23 de maio de 1928, o Presidente Washington Luís foi internado à pressas nesta Casa de Saúde. Segundo os boletins médicos, tratava-se de urgente retirada do apéndice. Na verdade, W. Luís fora alvo do violento ciúme da "marquesa" italiana Elvira Vishi, seu amante, quem, durante una discussâo num quarto do Copacabana Palace, lhe deu um tiro no ventre. Quatro dias despois, a marquesa, de 28 anos, se suicidou.
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