Hoje temos quatro fotos da Lagoa dos anos 60.
Na foto 1 vemos a quadra de futebol de salão que existia em frente ao edifício nº 834, hoje nº 2120, na Av. Epitácio Pessoa, entre as ruas Montenegro (atual Vinicius de Morais) e Gastão Bahiana, na década de 60, antes da duplicação daquela avenida. Pode-se ver a fiação dos ônibus elétricos e, ao fundo, a pedreira da Lagoa, uma das casas ao lado da pedreira e a Favela da Catacumba. Nesta quadra, todos os dias a turma comandada pelo "Broa" jogava futebol - a bola, sistematicamente, caía na água e sempre havia um herói que se jogava dentro da lagoa para buscá-la (exceto quando ventava de sudoeste, que trazia a bola de volta e o jogo continuava até a chegada da chuva).
Na foto 2 temos a Favela da Catacumba, o esqueleto de um prédio que por anos permaneceu intocado e a demolição do morro junto à curva (em toda esta área, após a remoção da Favela da Catacumba, foram construídos enormes edifícios - exceto na parte central de onde está a favela, local hoje do Parque da Catacumba).
Na foto 3 vemos a praça que existia em frente ao Corte do Cantagalo. Vê-se a pista da Av. Epitácio Pessoa, ainda não duplicada, em frente à curva da Rua Gastão Bahiana, com um ônibus e um lotação das poucas linhas que serviam à Lagoa. Ao fundo, junto ao Corte do Cantagalo, a Praça Corumbá, ainda com poucas casas (uma delas do Senador Filinto Muller) e muita mata. No cruzamento, complicado, do Corte, ficava um posto de gasolina Ipiranga. Nesta época, de pouco movimento na Lagoa, neste trecho só passavam três linhas de ônibus: uma era a Rocinha-Mourisco, via Corte; outra a Ipanema-Estrada de Ferro, também via Corte; e a Jacaré-Ipanema, que fazia ponto final na Praça Corumbá, mas não cruzava o Corte. Ía e voltava por Ipanema. Quanto aos lotações, somente duas linhas: a Largo do Machado-Ipanema, circular, e a Estrada de Ferro-Ipanema. A linha Lins-Lagoa, ideal para se ir ao Maracanã, não passava por aqui - fazia ponto final junto da garagem de barcos do Botafogo, perto da Curva do Calombo. Posteriormente, o lotação Largo do Machado-Ipanema foi substituído pelo ônibus elétrico do mesmo nome. A bela e grande praça em frente ao Corte do Cantagalo seria destruída para construção do Viaduto Augusto Frederico Schmidt. Junto da margem da lagoa, todo carnaval, era construído um palco para bailes infantis. Também ali eram realizados espetáculos de fogos de artifício, geralmente patrocinados por Abrahão Medina, dono do "Rei da Voz". Ao fundo, a pedreira (duas vezes por dia soava uma sirene e o trânsito era interrompido por cerca de 10 minutos para as explosões de dinamite).
As 3 fotos iniciais foram tiradas da janela de casa. Já a foto 4, do Rockrj, mostra a região da Lagoa nas vizinhanças do Corte do Cantagalo no final da década de 50. Eram comuns as escaladas do costão junto à Rua Gastão Bahiana pela garotada da região.
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Bom dia. O crescimento do trânsito nos últimos 50 anos faz com que essas fotos sejam quase inacreditáveis. Conversando com um casal de jovens outro dia, falei da Lagoa e das favelas que lá existiam e eles riram e acharam que era brincadeira. Quando lhes mostrei algumas fotos, ficaram impressionados com a mudança. O único ponto em que a comparação passado/presente é favorável à atualidade é o da inexistência de favelas na região. No mais, é incomparável a vantagem do passado. A inauguração do túnel Rebouças, do Elevado Paulo de Frontin, as Linhas Vermelha e Amarela, e da Ponte Rio Niterói foram determinantes para o aumento do trânsito na região. Hoje em dia, ir à Ipanema e Leblon via lagoa é uma aventura que requer paciência.
ResponderExcluirNo sitio da Tia Nalu tem lagoa.E pedalinhos.
ResponderExcluirBom dia a todos. As mudanças ocorridas na Lagoa tornaram o bairro uma via de passagem, porém se não tivessem sido realizadas com certeza hoje teríamos o Complexo da Lagoa que seria bem pior a situação.
ResponderExcluir"Complexo" é um eufemismo deplorável criado pela mídia e usado de forma incompleta: No sentido que é empregado, se refere ao conjunto de antros. Deixaram o monstro crescer e agora o poder público prefere associar-se à ele, perdendo no passado a oportunidade de cortar-lhe a cabeça...
ResponderExcluirBom dia a todos.
ResponderExcluirSalvo engano, essas fotos - ou a maior parte delas - já foram postadas nas antigas versões do SDR. Só que agora podemos vê-las melhor. O local fica fora da minha jurisdição e ficarei atento aos comentários.
Para não fugir ao tema, hoje no Globo tem uma reportagem com o idealizador da Cidade Alta, que recebeu moradores removidos de favelas da Lagoa.
As três grandes favelas situadas na Lagoa: Ilha das Dragas, Praia do Pinto e a Favela da Catacumba eram prioridades da CHISAM, órgão criado para este fim. Foram transferidos para a Cidade de Deus e Cidade Alta, em Cordovil, local que anteontem foi palco de um grande confronto.
ResponderExcluirO incêndio da Praia do Pinto, cuja remoção foi apresentada como sinal do ímpeto remocionista das autoridades estaduais e federais do período, funcionou, paralelamente, como aviso para as outras favelas da cidade. A utilização da força do então governo militar, permitia esta ação. Creio que hoje, diante da tolerância que se estabeleceu, é muito difícil a remoção.
O interessante é o registro da imprensa de um depoimento de uma moradora da Catacumba na época, Dona Margarida, antes da remoção: "A gente ouvia falar em São João de Meriti, Caxias, uns lugares que... meu Deus do céu! De repente eu estava fazendo parte dessa coisa horrível!".
Pra se pensar...
Bom dia ! Remover favelas não melhora a situação geral da cidade. Pode, sim, melhorar a situação do local específico, onde se situava, temporariamente, porém para a cidade, como um todo, só muda o problema de lugar. Para resolver essa situação, só cabe uma medida, que é a inclusão social.
ResponderExcluirDo que adiantaram as UPPs, por exemplo, que, segundo o seu idealizador, teriam que ser seguidas de inclusão social, o que, todavia, não foi feito, resultando no que acabou acontecendo...
O que adianta você ter uma zona sul do Rio maravilhosa (sem favelas), se você, vindo de fora da cidade, não consegue atingí-la ? E, igualmente, se você, carioca, deseja sair e entrar na cidade, não consegue fazê-lo, sem passar por um enorme stress ? Vale à pena uma cidade nessas condições ?
Bonita região do Rio,mesmo com os problemas citados.
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ResponderExcluirBoas tardes,
ResponderExcluirAinda bem que não é proibido mudar o conceito e, consequentemente, a opinião sobre os assuntos. Já diziam os antigos, é apanhando que se aprende.
Custei, mas aprendi. Será?
Deixo aos especialistas, ou aos sofredores como eu, a análise de um problema que até hoje me divide.
Belíssima Lagoa!
Walter, o problema da criminalidade e das favelas no Brasil e em especial no Rio é moral e político. No passado e em especial no regime militar, não havia a associação entre crime e poder público. O célebre bandido Lúcio Flávio já dizia que "bandido é bandido e polícia é polícia"! Já comentei aqui que após a abertura política e a saída dos militares do poder, políticos passaram a ser parte integrante de um crime organizado onde o tráfico de drogas e de armas passou a ser um "negócio da China" e o lugar ideal para concentrar "curral eleitoral", tráfico de drogas, e armazenar drogas e armas, é a favela! Daí a sua multiplicação e a lenda de que são "inexpugnáveis", e de certa forma tem grande fundo de verdade. A UPP foi um projeto criado por um falastrão e servia apenas de fachada para um tráfico camuflado e atuante, pois era anunciada a ocupação com um mês de antecedência. Após a ocupação, o contingente militar dividia com o tráfico a ocupação da favela, pois era comum policiais que "não podiam passar por determinado ponto". A presença de Polícia Militar inibia a invasão de facções rivais, garantindo a rentabilidade do projeto. A proteção do poder político e da mídia mídia tendenciosa faz com que praticando uma odiosa política de inversão de valores, transformem qualquer morador de uma favela em "herói", sempre desqualificando o agente público por razões óbvias. Associado à essa conjuntura e agravando ainda mais esse quadro, o enfraquecimento das leis penal e de execuções penais tornaram a prática criminosa um grande negócio para marginais e seus "sócios ocultos". Por tais motivos, a erradicação de favelas é um sonho distante, enquanto "poder público e crime organizado" forem entes quase indivisíveis". Em 1948, uma lei do antigo Distrito Federal proibia a construção de casas d alvenaria nas favelas existentes na cidade, sob pena de serem sumariamente demolidas. Notava-se aí o interesse do poder público na não proliferação desse tipo de concentração populacional. Atualmente são muitos os projetos de "urbanização" de favelas , notando-se aí o forte interesse do Estado no fortalecimento dessas aglomerações.
ResponderExcluirMesmo sem saber verbalizar da mesma forma acredito que o conteúdo é bastante conhecido dos cariocas.
ExcluirDiscordar de algo, no meu caso, não é criar caso e sim a necessidade que tenho de entender.
Por que, então, todo o litoral do Zona da Leopoldina, Ramos, Olaria e também grande parte do litoral da Ilha do Governador foi abandonado, invadido em pleno governo militar? Pense bem, muitas autoridades importantes não só do MAer, mas as outras tb, o permitiram.
Sofro muito com a perda de nossas praias suburbanas, Tubiacanga, linda, Praia de Ramos com seu Iate, frequentado por comodoros, Praia da Rosa, virando uma Sapucaia e a dos Bancários, todo o bairro, sem comentários.
Acredito, que quando o homem "chega lá" o importante mesmo é o exercício do Poder.
Vivi bastante bem durante o período militar. Não faltavam escolas, postos de saúde. médicos no INSS, respeito às leis, o básico e bom.
Você presenciar área do COMAER ser invadida ao lado da Vila Militar e as autoridades completamente alheias, é triste.
Totalmente sem explicação. Não precisavam de votos.
Desculpe Joel, não é implicância. Mas nem tudo é simples neste Brasil.
Em 1963 já prescava na Lagoa, num pequeno cais que já apareceu aqui. Havia um parquinho com bonde e brinquedos . Acompanhei a evolução do local e o TÚnel Rebouças sem dúvida multiplicou o movimento. Segundo a história a Lagoa de Sacopenapan já teve profunidade de 30 m. e hoje o máximo é 4. Defendo ardorosamente o uso de transporte aquaviário na Lagoa em barcos movidos a energia solar. Pontos no Corte do Canatagalo, perto do Caiçaras, do Piraquê e no Flamengo e Botafogo (ou Vasco). Dia desses quis contratar um prescador da Colônia de Pescadores do Parque dos Patins para um passeio turístico (sei que a água fede aas vezes), mas soube que "é proibido pela Prefeitura." Pena! Nas poucas viagens ao exterior constatei aproveitamento turistico civilizado de lagos. Aliás, Prefeito (???!!!), tomou posse? Péssima figura. Um engodo.
ResponderExcluirNão me arrisquei a mudar meu nome para GMA, pois outro dia , após escrever post enorme fui tentar por nome correto e apaguei tudo.Portanto é o GMA, sem numerologia.
ExcluirA Ilha poderia ter fácil acesso ao Centro com o antigo Porto da Freguesia funcionando, o do Cocotá e mais um que poderia ser no Jardim Guanabara com pequenas lanchas ou outro lugar que os insulanos escolhessem, porém a bendita "sociedade" de mais de meio século com a Paranapuan e a Ideal não permite.
ExcluirCaríssimo Moleque Travesso, a pobre tia Nalu não tem sítio e nem um cafofo para chamar de seu. Lagoa, só quando chove. Pedalinhos... só se forem de algum amigo.
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