Mapa da região do Largo do Machado com a localização da garagem Largo do Machado da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico.
A garagem está indicada pela seta vermelha. Ficava entre as ruas Machado de Assis e Dois
de Dezembro, com entradas pelo Largo do Machado e também pela Machado de Assis.
A área foi bastante ampliada em relação a esse mapa, ia de uma rua à outra. Na
Machado de Assis ainda pode ser visto o muro original e um portão por onde
saíam os bondes.
A garagem com parte de sua estrutura original é hoje o Instituto dos
Arquitetos do Brasil - IAB, ao lado do Centro Cultural Oi Futuro. Há uma
portão na Machado de Assis, assim como um muro, bem em frente ao Hortifruti. Há
diversos veículos no interior da área, de aparência oficial, do Estado ou da Prefeitura. O IAB ocupa sómente uma parte do terreno das
instalações da CCFJB, assim como o prédio da Oi, que era a usina de força
movida a vapor. A garagem chegou a ocupar praticamente todo quarteirão entre as
duas ruas.
Nunca é demais lembrar que é nessa região que mora o Prof. Pintáfona.
Vemos a estação de bondes do Largo do Machado depois de reconstruída em 1891 (a inicial é da década de 1860). Em 1877 a "Botanical Garden" fora autorizada a desapropriar os prédios de nº 223, 225 e 227 da Rua do Catete, em frente ao Largo do Machado, para ampliar sua estação de bondes. Por esta época as reclamações eram muitas contra a cocheira ali existente, com centenas de animais. Com a nova estação ficaram prontos o grande compartimento destinado à armazenagem da forragem, as cocheiras e as oficinas de conserto do material rodante, de pintura e de correieiro.
Esta fotografia é do início do século XX, por volta de 1910, e mostra a região do Largo do Machado. À direita, olhando a foto em alta resolução, vemos detalhes do prédio da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico, com seu relógio marcando 10h35min. Junto ao prédio da Ferro Carril vemos um enorme "out-door": "A belleza depende da saúde. Viñol dá saúde".
Ao fundo, no alto do sobrado, na direção do
grupo de palmeiras, o anúncio "Usem só calçado Rocha". Nesta calçada,
em frente dos "Calçados Atlas", na porta da sapataria um grupo de
alunas de colégio em seu uniforme branco, com chapéu e barras escuras ao nível
da cintura. Atravessando a rua, à esquerda, duas lavadeiras com suas trouxas na
cabeça. Uma carroça puxada por cavalos segue um "moderno" automóvel
de placa 528.
Os anúncios nas grades que protegem as árvores da ilha são da loja "Parc Royal". A ilha é a famosa "Ilha dos Prontos", tão falada por Luiz Edmundo, que surpreendentemente sobreviveu no meio dos automóveis até os anos 50, talvez por ficar desalinhada com a Rua do Catete. Um belo poste de iluminação está semi-escondido pelas árvores, sendo que, encostado na primeira delas, um provável funcionário do Lamas, com avental, descansa na sombra. Vários funcionários da companhia de bondes podem ser vistos pela rua. Sob o anúncio de "Vinol" há um anúncio de água mineral e, pregados no tapume, cartazes de cinema onde se pode ler: "King of entertainers and entertainer of kings".
Foto do acervo do Correio da Manhã. Cariocas protegem-se da chuva na "Ilha dos Prontos". O local, na realidade, era um canteiro central que tinha a função de segmentar o tráfego, separando os bondes que saíam ou aguardavam a entrada na garagem do resto dos veículos que seguiam pela Rua do Catete.
O interessante é perceber que os trilhos
ficavam todos concentrados de um dos lados da "ilha" sendo o outro
lado da Rua do Catete completamente livre deles.
Outra"ilha" dessas existia também em frente ao Palácio do Catete, aí
perto (há uma foto famosa do bonde Águas Férreas no local).
Para encerrar reapresentamos uma das aulas do Helio Ribeiro:
"Seguem algumas características dos bondes da Jardim Botânico, que era uma empresa à parte porém controlada pela Light:
a) TODOS os carros motores médios, como os da
foto, tinham um letreiro de grandes dimensões e um pouco recuado, em cima da
capota, e isso desde o início de circulação deles, por volta de 1906/1907.
Havia muitos carros motores com essa característica na Light propriamente dita,
porém nesta também havia dois outros tipos de letreiro. Ou seja: na Jardim
Botânico havia uniformidade de letreiro; na Light, diversidade.
b) alguns carros motores médios da Jardim
Botânico tinham em seus truques duas rodas de menor diâmetro que as outras duas
componentes do truque. Esses bondes eram chamados de "pé-de-anjo"
porque diziam que seu rodar era mais macio que o daqueles com 4 rodas de mesmo
diâmetro nos truques.
c) exceto em seus primórdios, a Jardim
Botânico nunca teve carros motores pequenos. Somente os bondes muito antigos
eram de pequeno porte, porém deixaram de circular no início da década de 1920.
d) os carros motores médios da Jardim Botânico
SEMPRE tiveram para-brisa como proteção ao motorneiro. Já os da Light somente
adotaram isso por volta de 1940/1941, sendo que até então o motorneiro e os
passageiros sentados no primeiro banco ficavam expostos às intempéries,
principalmente a chuvas. Tanto é que os motorneiros da Light são vistos, em
algumas fotos, trajando uma capa impermeável preta".
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirFui algumas vezes no Oi Futuro. Infelizmente não pude ir na época do Museu do Telephone. Sempre tive curiosidade, mas era contramão. Muitas vezes descia do metrô no Largo do Machado para ir no IPP, na Gago Coutinho (no mapa aparece com outro nome). Uma vez já fui a pé da estação até o palácio do Catete, mesmo tendo outra estação literalmente ao lado. Tinha descido no Largo e a distância não é grande.
Quando conheci a garagem do Largo do Machado ela já era utilizada pelos Trolley-buses, mas a estrutura ainda era a mesma. Embora a Cia. Jardim Botânico mantivesse em operação a garagem da Rua Voluntários da Pátria, imagino que garagem do Catete fosse a principal. Mas deixo essa dúvida com o Hélio, pois ele pode ter essa informação. A garagem do Largo do Machado foi utilizada pelos Trolley-buses após sua implantação mas o período compreendido entre 03 Setembro de 1962 e 21 de Maio de 1963 foi compartilhado na zona sul por bondes e Trolley-buses e pude apurar que os bondes utilizavam a garagem da Voluntários da Pátria e os Trolley-buses nudes utilizavam a do Largo do Machado. Mas ainda há pontos obscuros: as primeiras linhas de Trolley-buses tinham como destino a Urca, o Morro da Viúva, e a Rua Inhangá, pois os bondes foram desviados para o Túnel Velho mas continuavam a operar. Onde eram guardados os Trolley-buses se as linhas de bonde continuavam a operar? Após 1° de Março de 1963 apenas circularam na zona sul cinco linhas de bonde que utilizavam a garagem da Voluntários da Pátria e isso é certo, mas ainda há muitos pontos a serem esclarecido nesse período de transição. FF: Na publicação de ontem fim um breve esclarecimento ao Anônimo sobre a operação das milícias e que pode dirimir algumas dúvidas...
ResponderExcluirOlhar a última foto em tela cheia é um deleite por conta dos detalhes, principalmente o emaranhado de fios de alimentação dos bondes...
ResponderExcluirSe destacam também as propagandas no bonde e a indicação de "parada" do bonde. O homem vendo um jornal tranquilamente na saída da garagem.
Os carros motores pequenos, da CFCJB, a partir de 1922 vieram a circular na ilha do Governador e aqui permaneceram até 1965.
ResponderExcluirInfelizmente tive muito pouco contato com os bondes da Zona Sul, porque meu interesse por bondes começou em agosto de 1962, quando os da Zona Sul já estavam em processo de extinção desde 01/01/1961, completada em 21 de maio de 1963. Só vim a conhecer a garagem do Largo dos Leões através de fotos, já nos anos 2000, embora ela já existisse pelo menos nos anos 1910. Mas a estação do Largo do Machado era a principal.
ResponderExcluirQuando em morei na Voluntários da Pátria em 1965 tanto a garagem da Voluntários da Pátria como a do Largo do Machado funcionavam a todo vapor. As antigas garagens de bondes da Penha e de Vila Isabel também passaram ao controle da C.T.C em 1° de Janeiro de 1964, sendo que a primeira abrigou os Trolley-buses que passaram a operar na Penha em Setembro de 1965 e a segunda abrigou ônibus a diesel da C.T.C.
ExcluirA garagem de bondes de Jacarepaguá ainda existe na rua Nerval de Gouveia em Cascadura e serve como depósito. Em 1965 Lacerda realizou obras de modernização no Largo de Cascadura, demoliu ali diversos imóveis, e retirou os trilhos que davam acesso à garagem. Com isso o terminal de bondes passou a funcionar na Ernani Cardoso em local onde existe atualmente o Fórum de Cascadura onde ficou precariamente até o dia 10 de Janeiro de 1966, data em que as linhas de Jacarepaguá foram extintas.
ExcluirFórum de Madureira.
ExcluirOs dois estão certos...
ExcluirSobre o terreno na Nerval de Gouveia, fica ao lado de onde era nos anos 80 um supermercado no qual fui algumas vezes com a minha mãe. Não sei a situação atual.
A garagem de Vila Isabel, na 28 de Setembro, hoje é a quadra do G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel e por algum tempo o uso foi compartilhado.
ExcluirNa última foto dá para ver um funcionário da JB de costas, passando na frente do bonde. Pelo tipo de boné, devia ser inspetor ou despachante. Já o homem lendo jornal também era funcionário, e seu uniforme parece indicar ser um operador de desvios. Esses operadores existiam nos pontos em que havia tráfego grande de bondes de linhas diversas e era necessário mudar a agulha do desvio para direcionar o bonde para o caminho correto. Ou seja, trabalhavam nos cruzamentos ou entroncamentos de ruas. Havia em alguns desses pontos chaves elétricas, que o motorneiro podia usar para colocar a agulha na posição correta. No meu site explico como isso era feito.
ResponderExcluirHoje temos uma grande aula, inclusive com trabalho "de campo" sobre a situação atual do local.
ResponderExcluirNa última foto vemos a Tia Nalu com guarda-chuva debaixo do braço, aguardando a saída do bonde para acabar de chegar ao ponto.
Na última foto o motorneiro parece estar olhando para trás, como se o bonde estivesse de marcha-a-ré. Embora pouco visíveeis e meio embaçados, os dois últimos algarismos do número de ordem do bonde parecem ser 53, indicando se tratar do bonde 1853.
ResponderExcluirApenas a título de rubrica à bela e rara terceira foto (a objetiva do fotógrafo visou a direção da Glória, um ângulo incomum), acrescento que o prédio com o grande frontão decorado, à esquerda da garagem, na esquina com a rua do Catete, abrigava o Café e Bar Lamas, o qual tinha como réclame “jamais fechar as portas”. Na verdade, exatamente ao contrário do templo de Jano – que só cerrava seus umbrais em tempos pacíficos - fê-lo duas vezes: durante a Revolta da Vacina e na comoção que se seguiu ao suicídio de Getúlio.
ResponderExcluirA coexistência dos sistemas de bonde e de Trolley-buses na mesma via era perfeitamente exequível e isso foi constatado em Niterói, onde os dois sistemas operaram na mesma via entre 1953 e 1964. Na Guanabara só há comprovação disso através de uma foto na Rua da Passagem e em um período exíguo de pouquíssimos dias. Apesar de pesquisar não consegui encontrar nenhum outro registro fotográfico que comprove a circulação de bondes e Trolley-buses na mesma via no Estado da Guanabara.
ResponderExcluirEssa região mudou muito com a construção do Metrô.
ResponderExcluirEsta era a região do antigo Lamas, do cinema São Luiz, do Politheama, do Colégio Estadual Amaro Cavalcanti. E também da Casa Sion, que vendia um creme de leite fresquíssimo. Pertinho desta garagem, funcionou na década de 1920 os estúdios do Rádio Club do Brasil.
ResponderExcluirAmigos, recebi uma msg para retirada do Livro "Zona portuária do Rio de Janeiro: multiplos olhares sobre um espaço em mutação ". Caso queiram mande e-mail para portomaravilha10anos@gmail.com.
ResponderExcluirHoje, recebi a noticia que posso tirar o meu exemplar!
Mensagem de retorno:
Prezado Ricardo,
A retirada do exemplar pode ser feita qualquer dia no endereço:
Rua Barão de São Francisco 212, Andaraí.
(edifício residencial ao lado do shopping Boulevard Rio, antigo Shopping Iguatemi).
Peço que me informe na véspera do dia da retirada para que a cópia fique disponível na portaria do prédio.
Caso seja impossível a busca do livro no endereço indicado, podemos pensar outra forma de entrega (como o serviço Uber Flash, por exemplo).
Qualquer dúvida, me escreva por Whatsapp: XX XXXX-XXXX
Saudações,
João Carlos.