Homenagem ao "Carioca da Gema", blog do Tumminelli:
"Hoje mostro a Casa Marú, um armazém que durante anos abasteceu os
moradores da Aires Saldanha e redondezas. A Casa Marú existia desde o final dos
anos 50 e tinha 3 proprietários.
João, naquela época vendia frutas numa banca na esquina da Av.
Copacabana com Djalma Ulrich. A Casa Marú não vendia frutas nesta época. Um dos
proprietários convenceu ao João de entrar como sócio na Casa Marú e com isso
passar a vender frutas e legumes. Ele não tinha capital para entrar e foi dada
a ele a opção de entrar com o pagamento de sua parte a perder de vista. João
aceitou e sua antiga clientela não o abandonou.
A Casa Maru passou então a fornecer hortifrutigranjeiros para muitos
moradores dos arredores. Com o passar dos anos João foi comprando a parte dos
outros sócios e terminou sendo o único proprietário da Casa Marú.
Lembro da escada de madeira presa a um trilho que corria por toda a
pequena loja para que o João pegasse as mercadorias nas prateleiras mais altas.
Lembro do antigo lustre de metal de quatro luzes, tipo fria, que ficavam na
posição vertical (igual aos lustres do Bar do Mineiro em Santa Teresa). Lembro
das vassouras penduras, dos "tamancos portugueses" (esses vemos na
imagem acima), do baleiro de 4 "andares".
No fim dos anos 80 ela fechou por causa da concorrência dos super
mercados e dos "horti-frutis" que começavam a pipocar no bairro.
Poucos estabelecimentos como esse ainda sobrevivem em Copacabana. Um
atendimento mais humano, bem diferente da frieza dos grandes mercados.
Um detalhe na imagem, a casa que aparece à esquerda é a parte de trás
da antiga casa da Help, cujos moradores eram clientes do João, como bem lembra
ele.
Curiosamente o número da Casa Marú era 23-C, mesmo estando na Aires
Saldanha, este número era relacionado ao prédio que tinha sua entrada na Djalma
Ulrich.
O telefone era: 255-1780 Havia três lojas neste prédio. Uma na Av.
Atlântica que foi uma concessionária Dodge e anos depois foi uma loja da VASP.
Hoje é o Bob's. Já na Djalma Ulrich, na esquina da Aires Saldanha, havia um
açougue e a terceira era a Casa Maru (23-C).
Atualmente as duas últimas, o antigo açougue e a Casa Maru, se
transformaram numa só. Derrubaram parede unidos ambas e fizeram um bar
xexelento, ponto de encontro de uma gentalha sem limites."
|
Posso falar do Bar do Mineiro. Era um açougue (grande) e, que eu me lembre, não tinha lustre. O açougueiro chamava-se Arnaldo, tinha uma cabeleira cheia de Glostora, ou algo brilhante, e gabava-se de conquistas amorosas das clientes. Hoje seria preso em 15 dias.
ResponderExcluirCasa Maru rima rica com Tia Nalu..
ResponderExcluirMarú é um nome de navio japonês.A Casa Marú vendia comida japonesa?Esses caixeiros não tem nada de japonês?Seriam tamancos pendurados no teto?Nesse caso então seria uma casa de portuguêses?
ResponderExcluirÉ, Biscoito. A mudança está aí.
ResponderExcluirGentalha, gentinha, burro sem rabo / outras expressões como estas não são mais bem recebidas. Pena que o ser humano precisou de lei. Deveria fazer parte da educação.
Gente laboriosa, trabalhadora, que proporciona emprego, que paga aluguel, proporciona bons colégios aos filhos deveria , sempre, ter sido respeitada.
Considerei a foto de hoje uma homenagem a esse tipo de cidadão e independe de qual seja a nacionalidade.
Muito bem colocado. Concordo com vc.
Excluirárea muito simpática. em determinado momento acometida por tráfico de drogas. ainda assim a ilegalidade da época é fichinha perto do crime organizado de hoje. uma copacabana ainda viçosa. e o Gaio Marti?
ResponderExcluirRegistro: É uma alegria frequentar o SDR. Fotos originais, fruto de trrabalho dedicado e sério do Luiz, lembranças de lugares que trazem mais que simples lembranças; sensações que ficam na memória, pessoas, a juventude bem vivida que hoje nutre e conforta a visão de um século 21 preocupante. Vida que segue!
ResponderExcluirGaio Marti? Bem lembrado, eram uma espécie "Horti-Fruti" do passado. Estavam espalhadas pela cidade. Lembro-me de duas em Ipanema: Rainha Elizabeth e Visconde de Pirajá; e duas na Tijuca: Haddock Lobo em frente ao Club Municipal e Conde de Bonfim com Marquês Valença. Quase em frente à última, havia as "Casas do Charque".
ResponderExcluirBoa tarde a todos.
ResponderExcluirÁrea fora da minha jurisdição e ficarei acompanhando os comentários. O tipo de escada descrito no texto também era visto em farmácias.
Boa tarde a todos. Não conheci esta casa, não era na minha jurisdição. Os armazéns, quitandas, açougues, armarinhos, infelizmente não sobreviveram aos grandes mercados, visto a concorrência violenta dos supermercados e agora do hortifruti, embora estes sejam uma marca com pequenos representantes. Porém o que quero enfatizar é o pequeno comércio e comerciante de bairro, que desapareceram da cidade, são os grandes empregadores de mão de obra.
ResponderExcluirJoel o Gaio Marti, ficava na esquina da R. Afonso Pena com a Haddock Lobo.
ResponderExcluirLembrando da Gaio Marti, recordei do Lidador e da Casa Vilarinho ou Vilariño, como era escrito nos idos 1953,quando foi fundada por espanhóis, que ainda subsistem. A Vilarinho no mesmo local e o Lidador na Primeiro de Março.
ResponderExcluirLembro também do Armazém do Antero na Rua São José.
A derrubada do Mercado Municipal foi muito providencial. Logo depois vieram os grandes mercados. Super, Hiper, impondo seus preços.
Mas, um grande azeite, como o Mondegão e o Paesano vc só encontra no Lidador e casas do tipo.
Em frente ao Municipal. Cansei de fazer compras lá com minha avó. A outra ficava na Conde de Bonfim com Marquês de Valença.
ResponderExcluirUma coleção de tamancos originais pendurados na porta. Mercadoria do fundo do baú. Uma dos sobrinhos diria que ficaram encalhados desde que a Tya mudou dali pertinho.
ResponderExcluirPrecisamos ler ou reler mais Os Sertões, de Euclides da Cunha.
ResponderExcluirAssisti, durante mais de vinte anos, botas, óculos, luvas, aventais, de proteção serem rejeitados por profissionais de serviços gerais e obras que teimavam em não usá-los porque incomodava.
Aos bons tamancos portugueses de madeira e couro Dr. School colocou outros melhores, os ortopédicos, que viraram moda entre as meninas. Caríssimos!
Mas a ideia... Se fosse hoje teriam que pagar pela apropriação cultural.
Se eu tiver que usar um lenço será à moda portuguesa. Não quero me endividar.
Muito bem lembrado, Elvira. Poucos brasileiros conhecem a obra de Euclides da Cunha, especialmente quando ele descreve com crueza o tipo nordestino, sem "tirar nem por". Se tais impressões fossem escritas na atualidade, ou não seriam publicadas ou Euclides seria preso e processado. Enquanto ele andava em "terras longínquas", alguém estava "trabalhando nas suas", e o resultado é conhecido de todos...
ExcluirSe fosse uma "talba de tiro ao Álvaro"... rs
ExcluirNa bucha, Joel. A crueza é exacerbada e ele era um deles. Poderia ter colorido, mas não o fez.
Quando descreve o filho, o milharal no meio do trigo, tb.
Um Homem. Apenas um Homem. É preciso mais?
A propósito, ainda sobrevive, na Rua Bolívar, a loja Fimo, armarinho com pelo menos 60 anos!
ResponderExcluirAto falho? rs
ResponderExcluirSei qual expressão trouxe à lembrança a tYa. Já doeu, não dói mais.
Meu lado espanhol não reage (mãe), mas o orgulho do meu sangue português (pai) é enorme! Ô gente boa, honesta, inteligente, hospitaleira, desbravadora. Espanhol tb, mas é um pouco bravo. Vide as danças e touradas, completamente diferentes.
Foto indica meados dos anos 70 penso eu.Na época,perto de onde morava existia um similar,tremendo quebra galho para miudezas e pequenas compras.Deve ter durado uma década e pouco e sucumbiu tal como outros.Era conhecido pelo nome do dono,Odilon,não mais.Bons tempos,de fato...
ResponderExcluirDe acordo com a obra de Euclides e outros testemunhos da época, o Exército só venceu a turma do Conselheiro depois de providenciar o que hoje chamamos de logística, que foi comandada pessoalmente pelo Ministro da Guerra, morto pouco tempo depois da vitória. Planejamento, transporte e distribuição de armas, munição e alimentos para a tropa. Por melhor que fossem, só as estratégias no front não eram suficientes, naquele sertão e contra um pessoal que conhecia bem o terreno e fanáticos dispostos a matar e morrer por seu líder. Mais ou menos como os muçulmanos radicais que têm a promessa de paraíso para os que matam "infiéis".
ResponderExcluirHistoriador. A ironia do destino é que Euclides da cunha terminou também fuzilado em um crime passional. E sua esposa, Ana de Assis, terminou casando com o assassino. Um drama suburbano ocorrido em Piedade.
ResponderExcluirUnknown,
ExcluirAssassino dele e de seu filho o que aconteceria anos depois.
Ana, traída mais tarde, ficou refugiada em Paquetá e se recusou a recebe-lo. "Você era o único homem que não poderia ter traído."
Tenho tudo o que foi escrito sobre Dilermano. Ana, sua segunda esposa, sua filha com ela que é a autora de O Pai. Sobre Euclides e sua magistral obra, que tentaram ridicularizar em obra ganhadora, salvo engano, de Oscar de Literatura. Também a tenho. Mas, ao que é mais sutil, deixo para a turma. Ele registra "sertanejo é, antes de tudo, um forte". Mas não é tudo.
ResponderExcluirForam necessárias quatro expedições, a última preparada para uma guerra.
Gosto muito mais de Literatura do que de Política, inclusive acredito que lendo aprendemos a pensar os dois ou mais lados de uma mesma questão. A conviver com elas, a aceitar as contingências da vida. O leitor que escolhe só o que gosta se priva de conhecer o lado mais obscuro da vida, aquele que o seu cérebro se recusa não a aceitar, mas a conhecer.
A literatura forma homens não doutrináveis. O que é o único proprietário de seu cérebro.
Corrigindo, Dilermando.
ExcluirMoral da estória:"Chifre nunca é um bom negócio"...
ExcluirInício dos anos 70,também conheci um açougueiro como o tal Arnaldo,citado pelo Biscoito.Cabelo gomalina,muita conversa e referencia de muitas conquistas entre clientes.Mas a verdade é que parecia o ônibus publicado aqui no dia de ontem:um chifrudo.Enquanto contava suas marras,sua madame fazia a alegria da rapaziada.Sem nenhum espanto era o próprio boi dentro do açougue....
ResponderExcluirDizem as más línguas, que o maior prazer do homem é o contar.
ExcluirOuvi isso muito criança e jamais esqueci. Precaução pouca é bobagem!
É...Pode ser... Mas conheci um sujeito que dizia que a maior vingança era sair com a mulher de um desafeto e ninguém ficar sabendo. Mas o risco existe. E se a própria mulher for uma inconfidente?
ExcluirUnknown,
ResponderExcluirAcho que nascemos no melhor dos tempos. Boa música, bons filmes, grandes autores, grandes sentimentos, tudo envolto em uma magia que fazia um relacionamento valor a pena. Hoje me assusto com o que vejo.
Como já cantaram "esses moços, pobres moços, ah, se soubessem o que eu sei..."
Tenho três netas. Me preocupo bastante. Sempre peço a Deus por elas, mas o mundo em que eu vivi é totalmente incompreensível para elas. E só vai piorar.
Mulher inconfidente só quando o sujeito é rico e ela pretende se aproveitar. Só conheço de "ouvir falar". rs