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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

ESCOLA ARGENTINA

OBS: como o tema é Educação provavelmente o nome de Paulo Freire será citado, como tantas vezes anteriormente. Face às divergências de opinião entre os comentaristas, já devidamente discutidas por aqui, não serão publicados comentários que envolvam este educador brasileiro.

Foto de Malta mostrando o prédio da Escola Argentina, construído em 1929. A Escola Argentina foi fundada em 1924 por Carneiro Leão, mas somente em 1929 mudou-se de uma casa na Rua Jockey Club, nas imediações da Rua São Francisco Xavier, para instalações condignas na Rua 24 de Maio, no Engenho Novo. À época o endereço era Rua 24 de Maio nº 595. O prédio foi construído pela firma Meanda, Curty & Cia, teve como engenheiros fiscais Nerê & Fernandes, com doze salas com a capacidade para 40 alunos em cada. Tinha duas oficinas, salas para museu, biblioteca e cinema escolares, gabinete médico e dentário, pavilhão de ginástica, etc.

Com uma arquitetura neocolonial, a nova escola foi inaugurada em 03/12/1929. Durante a gestão de Anísio Teixeira torna-se experimental em 1932. Esta escola-modelo muda de endereço em 1935, indo para a Av. 28 de Setembro, em Vila Isabel.

Segundo M. W. Chaves I(Doutora em História da Educação pela PUC-RJ), a Escola Argentina é uma escola do Rio de Janeiro que, apesar de ter sido inaugurada na gestão de Carneiro Leão, em 1924, ganha visibilidade quando, em 1929, durante a administração de Fernando de Azevedo, adquire um prédio próprio em estilo neocolonial na Rua 24 de Maio, no Engenho Novo, e posteriormente, com Anísio Teixeira no Departamento de Educação, quando adota o Sistema Platoon5, torna-se experimental e transfere-se, em 1935, para um outro edifício inspirado em uma concepção arquitetônica moderna e arrojada, em Vila Isabel, mais exatamente na Avenida 28 de Setembro.

O sistema “platoon5” era constituído de salas de aula comuns e salas especiais para auditório, música, recreação e jogos, leitura e literatura, ciências, desenho e artes industriais; e o seu funcionamento dava-se pelo deslocamento dos alunos, através de “pelotões”, pelas diversas salas, conforme horários pré-estabelecidos.

Nos anos 30 a escola publicava a “Revista Escola Argentina” que funcionava como um ótimo veículo de propaganda, tanto da Escola Argentina quanto das Administrações Públicas a que se vinculava; principalmente a de Anísio Teixeira, já que é durante a sua gestão que a revista ganha força e amadurece.

 Anísio Teixeira foi personagem central na história da educação no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, difundindo os pressupostos do movimento da Escola Nova, que tinha como princípio a ênfase no desenvolvimento do intelecto e na capacidade de julgamento, em preferência à memorização.

O prédio ainda existe e hoje abriga a escola Sarmiento. Tem na fachada uma curiosidade que poucos conhecem, que é um mapa de parte do entorno da baía de Guanabara onde está registrado o contorno original, sem os aterros.


Foto encontrada na Internet com marca d´água do site Cascadura. A Escola Argentina funcionava num prédio de três pavimentos, em uma grande área, tendo ao fundo belo campo arborizado. Na fachada principal tem dois belos mosaicos com os mapas do Distrito Federal e do Brasil.

Em 1929 o “Correio da Manhã” descrevia o prédio da escola como “amplo, confortável, arejado, com todos os requisitos que a moderna hygiene impõe. É um palacio onde mais de um milhar de creanças irá diariamente receber o pão do espírito.”

Como o local sofria com alagamentos a Prefeitura realizou obras para canalizar o excesso de água para o rio Jacaré, com manilhas de 0,60, além de abrir quaro bocas de lobo no muro da Central do Brasil.

Aos interessados no tema recomendo o artigo “A Escola Argentina no antigo Distrito Federal durante nos anos de 1930: um torrão argentino em solo brasileiro” de Miriam W. Chaves em

https://www.scielo.br/j/rbedu/a/PZLLbGGgqnsgvFbkBQ6WtvH/?lang=pt

17 comentários:

  1. Olá, Dr. D'.

    Quase comentei sem ler o texto e já ia repetir informação.

    Tenho quase certeza de ter visto um prédio muito parecido com esse (podia ter sido um prédio padrão) na rua Itapiru. Mas como tem mais de dez anos que não passo por lá posso ter feito alguma confusão.

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  2. FF: desde a madrugada acompanhando os acontecimentos na Europa, esperando uma solução rápida, mas infelizmente já com perdas humanas.

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    1. Já se vão os tempos em Errol Flynn e David Niven atuaram bravamente na "Brigada Ligeira" na Criméia de outrora. A "Balaclava moderna" (se houver) nada terá de poética.

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  3. A antiga Escola Argentina se encontra em uma região que está atualmente bastante degradada no Engenho Novo conhecida como "Rato Molhado". Minha mãe lecionou por breve período na atual Escola Argentina em Vila Isabel e o motivo foi a "readaptação em serviços leves e próximo à residência". Na época nós morávamos na 28 de Setembro e eu era recém-nascido. ## Anísio Teixeira foi um grande educador que teve um grande papel na Educação Pública brasileira, ocupando inclusive diversos cargos inerentes à função. Sua morte ocorreu em circunstâncias misteriosas em 1971 quando seu corpo foi encontrado no poço do elevador do prédio em que morava no "Morro da viúva". Suspeita-se que sua morte tenha relação com o Governo Militar...

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    1. Uma série exibida no canal History sobre mortes suspeitas no período da ditadura abordou a morte de Anísio Teixeira e descartou relação com o regime. A porta do elevador estava aberta e ele, distraído, não teria percebido e caiu no poço.

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    2. A continuidade da investigação sobre a morte de Anisio Teixeira foi aceita, e estava em curso, em
      agosto de 2019, a cargo da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, da Presidência
      da República, quando, apenas por distração, quatro dos sete integrantes do colegiado foram substituídos
      por nomes ligados ao conservadorismo.

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    3. Conservadores não, admiradores do covarde Ustra. Aliás a Arg. vez escola lá torturadores estão presos. Aqui são aplaudidos.

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    4. Não tenho por que suspeitar dos legistas que apresentavam a série, que refutou várias "versões oficiais".

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  4. A escola Sarmiento fica na rua 24 de Maio, quase esquina com rua Bela Vista. É onde eu voto nas eleições, desde 1973.

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  5. Minha enteada mais velha estudou lá durante 1 ano, por volta de 1992. Saiu porque um garoto tentou agarrá-la no banheiro e ela passou a ter medo de ir às aulas.

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  6. Bom Dia! Minha Mãe estudou nesta escola quando era no Eng.Novo.

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  7. Estudei nessa escola em 1957. Nesse tempo era o chamado curso de admissão ao ginásio. Uma fase com o objetivo de preparar os recém egressos do primário para uma espécie de mini vestibular da época mas que assustava às crianças que estavam habituadas às normalmente amáveis professoras primárias. As próprias capas dos livros utilizados nesses cursos mostravam o que estava por vir, com imagens que formavam a sequência de matérias típicas daquela época no ginásio. Lembro que uma das curiosidades dessa escola era a obrigatoriedade de cantar o hino da Argentina junto com o nosso hino. Também eram comuns as provocações de alunos de outras escolas : "Escola Sarmiento, entra burro sai jumento."

    Um fato que marcou esse ano de 1957 foi o surto de gripe asiática que interrompeu as aulas nos educandários. No ano seguinte me tornei aluno do ginásio no Colégio Visconde de Cairú.


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  8. Boa parte de seus alunos é da favela Céu Azul e do morro São João, Antes tinha um muro baixo, sem grades. Agora, seguindo a moda vigente no Brasil, tem muro alto com grades, escondendo o prédio, que desde que o conheço é de uma cor ocre ou amarronzada.

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  9. Aparentemente o prédio ainda é o original.

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  10. Bom dia Saudosistas. Hoje é dia de acompanhar os comentários.

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  11. No blog de Inhaúma tem a história da escola Ceará. A escola é do período de Anísio Teixeira.

    Pesquisando nos jornais antigos, consegui um documento onde consta todas as mudanças das escolas.

    Nesse documento tem a escola Argentina.

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  12. Link da escola Ceará.

    https://historiasdeinhauma.blogspot.com/2020/10/escola-ceara.html?m=1

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