ESCOLA SOARES PEREIRA (parte 2 de 2), por Helio Ribeiro.
Esta é a segunda e última parte do texto sobre a Escola Soares Pereira, onde estudei desde o jardim da infância até a quarta série primária, período de 1953 a 1957. A primeira parte foi publicada ontem. Esta parte contém impressões e opiniões pessoais.
Ao Lino Coelho e ao Docastelo: vocês vão se surpreender com algo que anexei nesta postagem, embora um pouco fora do tema dela.
VII) A ESCOLA DA MINHA ÉPOCA (1953-1957)
Abaixo vemos fotos atuais da escola, vista pela lateral da avenida Maracanã e pela da rua Pinto Guedes. A cor da pintura, ao que me lembro, ainda é a mesma da década de 1950, quando lá estudei.Havia
um gabinete dentário, a biblioteca, a sala das professoras e o temido gabinete
da diretora. O pátio tinha um galpão coberto, sem paredes, onde era servida a
merenda escolar. Havia na parte traseira do terreno um pavilhão sanitário, com
as toaletes e bicas.
VIII)
UM DIA TÍPICO DE AULA
Meu
turno era o da manhã, iniciando às 7 horas. Entrávamos, uma campainha tocava, as
turmas formavam no pátio e depois se dirigiam para suas respectivas salas.
Quando a professora entrava, todos se levantavam e se postavam ao lado das
carteiras individuais. Cumprimentavam a professora, sentavam-se e a aula
iniciava.
O
livro adotado era o "Meu Tesouro", de Helena Lopes Abranches e Esther
Pires Salgado. Havia uma edição para cada série. Abaixo, foto de uma delas.
No
meio da manhã soava a campainha do recreio. As turmas saíam para o pátio e os
que desejassem ingeriam a merenda escolar, em grandes mesas debaixo de um
galpão coberto. Eu levava uma lancheira com garrafa térmica contendo café com
leite, pão com manteiga ou com goiabada e queijo minas ou manteiga e açúcar.
Após
a merenda todos se dirigiam ao pavilhão sanitário, para lavar as mãos e escovar
os dentes.
Um
novo toque de campainha encerrava o recreio. As turmas voltavam para as salas e
a aula continuava.
Ao
final do turno, novamente a campainha tocava. Os alunos arrumavam suas
carteiras, alinhavam-nas umas às outras e saíam da sala. Agrupavam-se no hall
ou na parte externa da escola, cujo portão era guardado por um funcionário. As
mães chegavam e pegavam seus filhos.
Volta
e meia havia brincadeiras orientadas pelas professoras, no pátio traseiro, onde
havia algumas árvores de porte. Brincávamos de roda, de lobo mau, de
passa-anel, etc. Ninguém virou gay por causa disso.
Quinta-feira
era dia de folga geral.
Num
determinado dia da semana, havia hasteamento da bandeira simultaneamente com o
canto do Hino Nacional. Eu fui escolhido como o aluno que hastearia a bandeira,
não sei por que. Minha mãe teve de me comprar luvas brancas. Lá ia eu,
envergonhado, para a frente das turmas formadas e ia hasteando lentamente a
bandeira, de modo a sincronizar sua chegada ao topo do mastro com o fim do
canto do hino.
IX) PRÊMIO PARA OS PRIMEIROS COLOCADOS
A
dona Marina (foto já mostrada ontem) foi minha professora na quarta série
primária. Tinha o estranho costume de dar presentes ao primeiro e ao segundo
colocado em cada prova mensal. Todo mês eu disputava com uma colega, de nome
Cármen Lúcia Terra de Farias, a primeira colocação. Praticamente revezávamos
nisso. Lembro de ter ganho um jogo de boliche de madeira como prêmio, certa vez.
Num dos meses, o primeiro colocado iria ganhar o jogo "O Céu é o
Limite", sensação na época. Eu estava doido para ganhá-lo, mas naquele mês
fui o segundo colocado e a Cármen Lúcia levou o desejado prêmio.
Foto
parcial da turma, em 1955, com a Cármen Lúcia em destaque.
Nessa
mesma quarta série, houve o concurso de melhor aluno do Distrito Federal, já
citado por mim aqui no SDR. Havia duas turmas de quarta série. Eu fui o
primeiro colocado na minha, e um colega chamado Reinaldo foi o primeiro na
dele. Empatamos em nota, porém ele havia apagado com borracha algo na prova e
ficara borrado o papel. Assim, eu fui o escolhido para representar a escola no
concurso. A mãe dele se dava com a minha, mas ao saber da escolha ficou com
raiva e nunca mais falou com minha mãe. O Reinaldo era o meu melhor amigo.
Depois disso, me virou a cara. E ainda espetou meu braço com a ponta fina de um
lápis, como vingança. Besteira, não?
Foto
parcial da turma, com Reinaldo no centro.
X) FATOS
MEMORÁVEIS
a) Suicídio
do Presidente Getúlio Vargas
Lembro-me
perfeitamente desse dia. Na época eu cursava o primeiro ano primário e a
professora era a dona Alayde. Em determinado momento ela saiu de sala e quando
voltou estava chorando. Avisou que as aulas estavam suspensas. Não sei como
voltei para casa, pois na época acho que ainda não havia telefone na minha residência
que pudesse servir para a escola comunicar a suspensão das aulas.
b) Festa
junina
Não
me lembro do ano em que ocorreu essa festa, mas ela foi muito grande, com
quadrilhas, comida à vontade, participação dos pais e alunos. Lembro que na
hora da quadrilha, sem querer eu deixei meu chapéu de palha cair no chão e dali
em diante tive de evoluir sem chapéu. Fiquei super-envergonhado com o fato.
Abaixo,
foto do pessoal da quadrilha, eu dentro da elipse vermelha. Acima de mim, entre
os dois garotos de cartola, Vânia, que será citada no tópico seguinte. A noiva,
facilmente vista na foto, se chamava Vera Lúcia. Ela sofria de paralisia
infantil e andava de muletas.
c) Recebimento
de medalhas
Todo
final de ano os três melhores alunos de cada turma (ou série, não me lembro
bem) recebiam medalhas: de "ouro", de "prata" ou de
"bronze". Da primeira à quarta série, eu recebi a de ouro, exceto na
terceira série, que foi a de prata. Havia uma cerimônia de entrega das
medalhas, à qual os pais deveriam comparecer. Minha mãe ia até lá muito
envergonhada, porque era tão tímida quanto eu. E lá ia eu, também envergonhado,
receber a medalha do ano, perante aplausos das mães e após breve locução da
professora. Até há pouco tempo eu ainda tinha algumas guardadas, mas as joguei
fora. Lamento.
Na
foto abaixo, tirada em 1957, na quarta série primária, estou eu com várias
medalhas no peito.
XI) MINHAS
"NAMORADINHAS"
Este
tópico talvez não seja do agrado de algumas pessoas, que podem ver nele
manifestação de presunção ou de gabolice, mas vou em frente assim mesmo.
Durante
minha vida escolar (exceto na faculdade), todo ano eu escolhia uma "namoradinha".
Em virtude de minha extrema timidez, nunca elas souberam disso. Vou postar aqui
as fotos delas, ano a ano, durante o primário. As fotos nem sempre correspondem
aos anos, em virtude de algumas delas estarem muito esmaecidas. Escolhi assim a
foto do ano em que a menina está mais nítida.
No
jardim de infância eu gostei de uma garota chamada Sônia, mas não tenho fotos
da turma daquele ano nem da primeira série. No ano seguinte não mais a vi. Não
sei se saiu do colégio ou se mudou de turno.
a)
Primeira série primária, ano 1954, eu com 7 anos de idade ==> também se
chamava Sônia, mas não era a mesma do jardim de infância. Por acaso, nesta foto
eu estou logo abaixo dela.
b)
Segunda série primária, ano 1955, eu com 8 anos de idade ==> a princípio,
Regina Coeli, uma garota muito bonitinha, que quando sorria mostrava covinhas
no rosto. A Regina Coeli tinha um algo a mais que me encantava. Reencontrei-a anos
depois no Colégio Pedro II, porém ela era do turno da manhã e eu do turno da
tarde.
Mais
à frente fiquei atraído pela Lia, cabelos e olhos cor de mel. Mas não deixei de
gostar da Regina Coeli. Era bígamo (kkkk).
c)
Terceira série primária, ano 1956, eu com 9 anos de idade ==> comecei com a bigamia
do ano anterior, até que me encantei com a Vânia, alourada, olhos azuis. Morava
no famoso edifício Del Monte, na rua Uruguai, 339 e que ainda existe.
Interessante que eu lembro de todos os seus sobrenomes, mas não da ordem deles.
Eram Pimenta, Leitão e Bueno. Mas não sei se era Vânia Pimenta Leitão Bueno, ou
Vânia Leitão Pimenta Bueno, ou outra sequência qualquer.
Foi
a primeira garota de quem gostei com mais intensidade. Tanto que minha filha se
chama Vânia, e não é por coincidência.
d)
Quarta série primária, ano 1957, eu com 10 anos de idade ==> continuei com a
Vânia durante bastante tempo, mas depois passei para a Diana. Bem morena,
cabelos negros, jeito de índia, olhos escuros, bem magra. Era sobrinha da
professora.
Tenho
gratas lembranças de todas e não sei quais ainda estão vivas. Mas quem
conquistou e depois despedaçou meu coração eu só conheceria em 1959, no Colégio
Pedro II. Aos meus 12 anos de idade, ora vejam só!! Prova de que amor não tem idade.
------------------- FIM DO TEXTO -------------------
Eis
que termino aqui meu longo texto. Agradeço a quem teve a paciência e
curiosidade para lê-lo de fio a pavio. Espero que sirva de incentivo para
outros visitantes fazerem o mesmo com relação a suas escolas.
BÔNUS
PARA O LINO COELHO E PARA O DOCASTELO
Embora
não se refira à Escola Soares Pereira, aproveitei esta postagem para inserir
aqui duas fotos das turmas do meu irmão, no Colégio Estadual Souza Aguiar. Não
sei o ano exato, mas devia ser meados da década de 1960. Talvez o Lino e o
Docastelo reconheçam pessoas nas fotos.
Gostaria
de agradecer ao Helio Ribeiro pela lembrança da Escola Soares Pereira, bem como
por todas suas outras colaborações com o “Saudades do Rio”.
Desta
forma, e com os comentários diários dos ilustres comentaristas, vamos
recontando a história da cidade por quem nela viveu. Fica bem diferente do que
vemos nos livros de História, mas não menos interessante.
PS:
se alguém ficar desconfortável por aparecer nas fotos é só enviar um email ou
comentar no blog que farei uma edição.
Essa descrição mostra a rotina diária em uma Escola Pública do antigo Distrito Federal e dispensa comentários, e essa rotina se manteve praticamente inalterada mesmo após a criação do Estado da Guanabara, tal como havia no Instituto de Educação onde estudei. As atividades curriculares e o seu conteúdo didático davam ao aluno uma sólida base em linguagem (português), matemática, História, Geografia, Moral e Cívica, música, e Igreja Católica se fazia presente com a "primeira comunhão", dando ao aluno um certo "arcabouço religioso". O salário dos (as) professores (as) era excelente, e nesse ambiente escolar eram inadmissíveis condutas "antissociais" ou que desprezassem ou vilipendiassem os símbolos nacionais.
ResponderExcluirOlá, Dr. D'.
ResponderExcluirE também para o Helio.
Bateu uma ponta de inveja ao ver essas fotos de turmas. Não consegui nenhuma dos meus tempos de escola. Só tenho aquelas individuais com o fundo temático, assim como meus. Eu lembro de ter tirado pelo menos duas fotos de turmas, mas nunca as vi.
Sobre premiações de turma, na quarta série ganhei um poster do corpo humano, enquanto as garotas que ficaram acima ganharam outros prêmios como uma enciclopédia.
Na oitava série os três melhores alunos levavam as bandeiras do Brasil, do estado e do município no desfile de Sete de Setembro e em solenidades. Do quarto ao sexto eram os "guardiões" das bandeiras. Eu seria o guardião da bandeira brasileira, mas por algum motivo não desfilei.
Em tempo, também tive minhas "eleitas" durante o primeiro grau. A maioria platônicas mesmo...
ResponderExcluirPS: fiz um comentário ontem de noite e pode ter acontecido algum erro de envio.
Em primeiro lugar os agradecimentos ao colega comentarista Hélio Ribeiro pelas referências e aproveito para cumprimentá-lo pelo trabalho nessas postagens, talvez das mais detalhadas já apresentadas.
ResponderExcluirEstudei no Colégio Souza Aguiar nos anos de 1962/63 em razão da mudança da família do Engenho Novo para a Esplanada do Castelo. Foi natural estranhar no início a mudança de um colégio super equipado, como então era o Visconde de Cairú, no Méier, para um acanhado Souza Aguiar, que nem instalações para a prática esportiva tinha. Sem contar que o educandário estava em obras de restauração, com seu pátio principal inacabado, onde os alunos eram obrigados a praticar educação física. Como seguir para as salas de aulas sujos, sem banho e pior, sem poder reclamar? Eram tempos em que não havia como reclamar e não haviam movimentos de pais ou responsáveis para a defesa dos alunos. Lembranças de uma certa época.
Ainda tenho algumas fotos desse tempo guardadas em algum lugar, particularmente de uma viagem a São Paulo em 1963, cujos objetivos só se revelaram em plena viagem. Tratava-se de uma excursão política de direita em um ano agitado por manifestações que redundariam no golpe militar no ano seguinte, 1964.
Quanto às últimas fotos não consegui identificar algum colega contemporâneo, apesar de na foto superior a figura do jovem, último à direita, na parte de baixo, me trazer uma leve lembrança.
Em tempo: Na última foto os alunos estão posando sobre um piso de paralelepípedos. Esse espaço não fazia parte das instalações do Colégio Souza Aguiar e sim de uma rádio oficial (salvo engano a Roquete Pinto), com entrada pela Av. Gomes Freire, fundos do colégio. As instalações estavam desativadas e serviam como depósito de material da rádio.
ExcluirAinda sobre o tema. Seria interessante se o Hélio pudesse precisar o período em que seu irmão estudou no colégio. De todo o modo pode-se observar que nas duas últimas fotos os alunos são do sexo masculino. Isso certamente ocorreu até o ano de 1962, quando as meninas estudavam em um turno e os meninos em outro. No ano seguinte surgiu a primeira turma mista (a minha).
ExcluirAgora uma curiosidade. Como alguns relataram suas "paixões juvenis" não vou me furtar de comentar. Havia uma aluna de nome Jean Elizabeth Siqueira, filha de importante autoridade administrativa do governo federal, Belmiro Siqueira, que foi fundador e diretor do DASP. Era especialmente protegida pela coordenadora do colégio de nome Dafne, uma mulher de aspecto masculinizado, mas respeitada em suas iniciativas, com a fama de ser uma pessoa justa. Agora a coincidência: Belmiro e meu pai foram amigos de infância e juventude desde os tempos de sua cidade de origem, Ubá, MG. E mais. A mãe da Jean foi namorada do meu pai. E a moça foi praticamente a minha primeira grande paixão.
Docastelo, infelizmente meu irmão morreu em 2015. Mas achei uma carteira escolar dele do Souza Aguiar, referente à 4a série ginasial, ano de 1966. Como ele era dois anos mais novo do que eu, provavelmente entrou no Souza Aguiar por volta de 1961 ou 1962.
ExcluirQuem não teve uma "namorada" que ignorava o fato?
ResponderExcluirAs Escolas Públicas do D.Federal possuíam recursos abundantes e a situação se manteve no Estado da Guanabara, já que a condição de "Cidade-Estado" lhe dava uma certa "abundância financeira". Com recursos aplicados com honestidade e com gestores sérios, o Ensino Público do passado era incomparavelmente superior. Hoje em dia além décadas de amplo sucateamento, o quadro foi agravado pela implementação de "agendas da esquerda" como práticas LGBT, consumo de drogas, e "doutrinação política".FF: um mega protesto de usuários do BRT que fecharam as vias paralisou o trânsito na região do Magarça e "cercanias". É o efeito "Dudu Paes". Em uma nação onde analfabetos e analfabetos funcionais tem acesso ao título eleitoral nada surpreende.
ResponderExcluirBom Dia! O livro Meu Tesouro era o livro adotado pelo Colégio Dois de Dezembro. Tive todos desde a primeira série que iam sendo passados para minhas irmãs. Faz alguns anos vi um da terceira série em uma loja de antiguidades,mas meu interesse não resistiu ao preço que foi pedido.
ResponderExcluirUma característica do ensino (e eu diria da sociedade em geral) dawuela época era a disciplina. Isso se perdeu completamente. Em nome da liberdade, agora foi adotado o laissez faire. Ninguém tem deveres, só direitos. De fazer o que quiser.
ResponderExcluirEntão os alunos rabiscam as carteiras, espancam os professores, tudo sob a aprovação dos pais.
Excelente texto. Parabéns para o Hélio Ribeiro.
ResponderExcluirE eu que pensava que só a minha mãe preparava de merenda pão com manteiga e açúcar....
Kkkk. Pão com manteiga e açúcar era bom. Hoje seria inadequado. Apesar de tudo, eu era muito magro e de pernas arqueadas, e a professora chamou minha mãe perguntando se eu não comia direito. Depois mudou bastante meu físico. Só a altura é que não: continuo baixinho. Mas na fase adulta fiquei mais troncudo.
ExcluirEm 1965 fiz algumas sessões de halterofilismo no Colégio Santo Inácio, com o campeão brasileiro Lincoln de tal, e peguei corpo. E em vários períodos pratiquei sozinho ginástica calistênica. Agora estou um pouco barrigudo. Mas a estrutura muscular se manteve razoavelmente intacta. Bem diferente do magrela da infância.
Bom dia Saudosistas. Mais uma vez parabenizo o mestre Helio pelo brilhante documentário da sua escola primária, contando uma história com riqueza de detalhes e fatos que foram comuns a muitos dos comentaristas do SDR. Eu estudei o primário na Escola 3-1 II Tiradentes (62/66) e o Ginásio até o 2º ano Científico no Colégio Souza Aguiar(67/72). Hélio as turmas das fotos são bem anteriores a minha época no Colégio. No primário tive também minhas paixões, a Angela (2º ano), Rosane (4º), Emília (5º), no ginásio a Vânia(1ºG), Lenyr (2ºG), Heloísa Helena (3º e 4ºG) esta já não foi um amor platônico. Também tenho somente algumas poucas fotos de colégio quase todas individuais e uma de uma festa junina creio que do 2º ano primário. Já do meu filho tenho vários álbuns de fotografias, desde o Jardim até o 3º ano do 2º Grau do Colégio Cruzeiro, fotos de festas, de premiações dele ao final do ano (o moleque é um C* de Ferro danado), festas juninas. Parabéns mestre Helio, obrigado por nos oferecer este belo documentário. Um grande abraço.
ResponderExcluirMeu irmão era danado. Um dia o colégio Souza Aguiar ligou perguntando a minha mãe por que ele estava faltando. Aí ela deu um imprensa nele e descobriu que ele saía para o colégio mas ia jogar pelada num campo de terra na avenida Chile, em construção na época.
ExcluirHélio era o campo do VM, também poderia ir para o Campo de Santana, que na época o pessoal ia para lá jogar bola.
ExcluirQuando eu estava na 3a série ginasial, no Pedro II, chegou o dia da prova final de Desenho Geométrico. Minha turma entrou na sala mas a professora estava atrasada. Não demorou muito, os bagunceiros saíram da sala e foram fazer algazarra no corredor. De repente chegou o bedel, de nome Helio Limp, um cara baixinho e troncudo, com cara e porte de boxeur. Ele mandou todos entrarem e a seguir todos saírem e entrarem em forma. Conduziu a turma até o portão do colégio, esticou o braço apontando para a saída e berrou: "Rua!".
ResponderExcluirSaimos todos. Por sorte havia na turma um colega de nome Sérgio Salvador, que era sobrinho da professora de Desenho. Ele foi até o telefone de uma padaria próxima, ligou para a tia e explicou o caso. Ela então resolveu não ir ao colégio, evitando que nós tirássemos zero na prova.
Se o Helio fizesse isso hoje em dia, seria demitido por justa causa ou a bem do serviço público e ainda apanharia dos alunos.
Hélio, no meu tempo de Instituto de Educação a diretora, D.Helena, era uma figura que parecia saída de um "camafeu" do início do Século XX: alta e distinta, usava seus cabelos grisalhos amarrados em um coque no alto da cabeça à moda da "Belle epoque", dirigia um DKW alemão, e morava em um casarão na rua Moura Brito. Uma figura que impunha respeito e que só pode "ser vista" em fotografias antigas e na memória de cada um.## O Pedro II está sendo destruído atualmente por ativismo político que pretende "plantar" na sua grade curricular agendas absolutamente inadequadas e inadmissíveis como a "linguagem neutra". Na sede do Engenho Novo é permitido aos alunos do sexo masculino frequentar as aulas usando "saias e/ou sutiãs" e consumo de drogas "é tolerado", bem diferente do passado. É um caso "caso perdido".
ExcluirQuando eu soube dessa história ridícula de gênero neutro mandei um email esculhambando o Pedro II seção Engenho Novo. Eles cagaram bombom.
ExcluirEu só me lembro do saudoso "Muçum" dos Trapalhões quando ouço esse deprimente linguajar. Muçum falava jocosamente dessa forma sem saber que no futuro sua fala seria mal empregada. Duvido que ele tenha pesquisar nas raízes do Latim, já que ele era super espontâneo.
Excluirido
ExcluirDisciplina é fundamental.
ResponderExcluirPostagem primorosa.
ResponderExcluirParabéns ao Helio e por extensão ao blog.
Essa postagem é uma deliciosa crônica! Muito boa! Me lembrou de muitas histórias dos meus tempos de colégio. Estava no primeiro ano ginasial quando um inspetor entrou na sala e disse alguma coisa em voz baixa ao Major Veloso, professor de Desenho Geométrico, que então dirigiu-se aos alunos anunciando a morte de Getúlio e comunicando estarem suspensas as aulas.
ResponderExcluirHelio, o professor do Santo Inácio era o queridíssimo Lincoln Julio Mesquita, o "Brucutu" ou "Maciste". Grande figura. Em 1965 eu ainda estava no colégio. Não sabia desta aula para externos.
ResponderExcluirO Lincoln foi na nossa festa de 40 anos de formatura em 2006. Morreu poucos anos depois.
Era numa construção minúscula do lado direito do terreno do colégio. Tinha um cubiculo para mudança de roupa e uma sala com uma barra e alguns halteres. Além de uma mesa onde o Lincoln ficava, quando estava por lá. Quem me levou lá foi um colega de trabalho, de nome Gérson, que suponho ter sido aluno do Santo Inácio. O pai dele era diretor ou algo assim do Jockey Club e a família morava numa casa dentro do Jockey. Pelo menos assim dizia ele.
ExcluirNo Jockey há muita gente morando, embora agora com os centros de treinamento na Serra isto tenha diminuído.
ExcluirUm treinador que treine vários cavalos tem uma casa junto às cocheiras.
Com frequência os proprietários dos cavalos organizam churrascos neste espaço.
Engraçado que o nome Regina Coeli não me é estranho. Só não sei de onde ouvi (ou li).
ResponderExcluirCarteiras rabiscadas ou até com entalhes "criativos" existem desde pelo menos os anos 70.
Como sou ruim de transa para fazer amizades, por causa da timidez, tive poucos amigos no primário: apenas o Amílcar (que aparece ao meu lado na foto da minha namoradinha Sônia), o Reinaldo (já citado no texto e mostrado em foto) e o Luís Allan. Este jogava num time chamado Estrela Verde, lá da área dele. Gostei tanto desse nome que quando eu tinha de inventar um nome para algum time de botão eu escolhia o tal.
ResponderExcluirMuito boa postagem. História vivíssima, necessária. Sem Google. Só Mágica do Saber!
ResponderExcluirNenhuma dessas amizades resistiu após o fim do primário. Exceto o Fernando Fraga Pereira, que entrou direto na 4a série vindo de uma escola de Bonsucesso, pois havia se mudado para a rua Mário Barreto, próximo à escola. Essa amizade durou até a década de 1980, quando perdi contato. Ele ia até lá em casa e junto com meu irmão nós jogávamos bola e jogo de botão. Depois passamos também a jogar buraco, junto com meu padrasto, até altas horas da madrugada. O Fernando ia sozinho para casa, nas ruas desertas, sem correr perigo. E no verão mantínhamos as janelas da casa abertas diretamente para a rua, assim como a porta de casa, enquanto jogávamos. Nunca houve nada. Hoje isso seria impossível.
ResponderExcluirE tem gente que acha a vida de hoje melhor que a de antigamente.
Parece que todos nós fomos autênticos Casanovas durante o primário e o ginasial. Aí vem a pergunta que não quer calar: será que o mesmo acontecia com as meninas? Infelizmente já não há comentaristas do sexo feminino aqui no SDR. E mesmo que houvesse, acho difícil alguma delas se manifestar. Mas a esperança é a última que morre.
ResponderExcluirAlguém exagerou nos delírios radicais hoje. Mas não é novidade...
ResponderExcluirDocastelo, vide resposta minha ao seu questionamento das 17:49h.
ResponderExcluirObservando agora a foto da turma que está agrupada nas escadas de acesso ao 2º e terceiro andar, verifiquei que é uma turma do 2º ano ginasial, devido as duas fitinhas no ombro dos alunos, como a turma é somente de homens, como disse o mestre DoCastelo é uma turma anterior a 1962.
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