Há 100 anos comemorava-se o centenário da Independência do Brasil com uma grande exposição no Rio. O presidente Epitácio Pessoa atribuiu ao prefeito do Distrito Federal, Carlos Sampaio, a organização de uma exposição, inicialmente nacional e posteriormente internacional, comemorativa do centenário da Independência do Brasil, a ser realizada em frente ao antigo bairro da Misericórdia, embora os pavilhões das grandes indústrias estrangeiras, à exceção das de Portugal, se instalassem perto da Praça Mauá.
A comissão de engenheiros
e arquitetos incumbida de projetar e coordenar a construção da exposição foi
composta por Nestor de Figueiredo, Adolfo Morales de Los Rios, Francisco
Cuchet, Arquimedes Memória, Celestino Severo de San Juan e Edgard Viana.
Logo após ao arrasamento
do Morro do Castelo nos anos 20 para a montagem da exposição de 1922, uma
grande explanada se formou em pleno centro da cidade (hoje a região conhecida
como Castelo). A região aparentemente não teve um prévio planejamento urbano
ficando abandonada por alguns anos até a exata formação que conhecemos atualmente.
Hoje é comemora-se o
bicentenário da Independência do Brasil com eventos mais modestos em relação aos
de 100 anos atrás.
Mais abaixo temos os cartões-postais da coleção de meu amigo Klerman W. Lopes sobre a Expo de 1922.
Por oportuno registro que os símbolos da pátria pertencem a todos os brasileiros.
Esse ano era para ser algo bem legal, deveria ser apolítico uma festa ncional. Uma commemoração de Estado e não de quem está no poder. Mas nem isso conseguimos.
ResponderExcluirVerdade. As comemorações de 1908 e 1922 foram portentosas, como já foi mostrado aqui várias vezes. A de hoje também deveria sê-lo. Mas o (falso) patriotismo foi usurpado por uma minoria. No meio deles há os inocentes úteis de sempre, que serão descartados na hora apropriada, quando cairem em desgraça. Tal como o Policarpo Quaresma do livro.
ExcluirOlá, Dr. D'.
ResponderExcluirEspero que os comentários não descambem para o nível rasteiro. Era muito novo (meses) no sesquicentenário em 1972. Peguei mais as efemérides da década de 80, como os centenários da abolição e da república. Em 2000 presenciei o fiasco dos 500 anos do descobrimento oficial do Brasil. Em 2008 vi o bicentenário da chegada da família real. Em 2015, ficou mais marcado os 450 anos do Rio do que o bicentenário da elevação do Brasil a Reino Unido com Portugal, quando de fato deixamos de ser uma mera colônia...
Hoje chegamos à comemoração oficial do bicentenário da independência, quando na verdade há muitas outras datas até mais factíveis.
Há algum tempo os símbolos e cores nacionais foram sequestrados por um grupo que faz muito barulho. Hoje nem se pode andar na rua com camisa da seleção brasileira que já vem alguém te chamando disso ou daquilo...
Verdade, Augusto. Inaceitável este sequestro dos símbolos nacionais.
ExcluirEm 1922 a realidade brasileira era outra. O mundo vivia um clima de "pós guerra" e o clima era de reconstrução. Com esse pano fundo a Exposição de 1922 pretendia mostrar ao mundo o progresso do país ao longo de cem anos após a proclamação da independência. Entretanto em 2022 as manifestações cívicas irão mostrar bem mais do que uma exposição ou um desfile militar e sim uma grande manifestação de apoio popular ao Presidente de República. A expectativa é de que seja a maior manifestação popular comemorativa de 7 de Setembro dos últimos 200 anos, e além do tradicional desfile na Presidente Vargas as manifestações ocorrerão também em Copacabana.
ResponderExcluirO pavilhão da Dinamarca era muito simples.
ResponderExcluirEm tempo, uma pequena parte dos pavilhões chegou aos tempos atuais. Outros foram sendo derrubados ao correr dos anos. O pavilhão de Portugal foi desmontado e reerguido lá, sobrevivendo até hoje, salvo engano da minha parte.
ResponderExcluirAlguns pavilhões eram prédios já existentes que foram adaptados.
Reerguido em Portugal, certo?
ExcluirSaberia aonde ?
PS: não deixa de ser irônico a capa de um "Álbum da Cidade do Rio de Janeiro" mostar uma gravura ambientada na "estranha cidade".
ResponderExcluirÉ mesmo, para nós a melhor ilustração seria a da D. Leopoldina com o José Bonifácio no palácio da Quinta, despachando a carta que enviaria ao D. Pedro em sua viagem ao "estranho estado do sudeste".
ExcluirSensacional a coleção.
ResponderExcluirEu não tinha ideia da escala da exposição, que as fotos evidenciam.
A quantidade e diversidade dos países representados chama atenção, Japão e a "Tcheco Slovaca" por exemplo.
Já não se faz centenário como antigamente.
ResponderExcluirDe memória eu arriscaria dizer que só o pavilhão que foi da França está inteiro atualmente. É o da ABL.
O consulado dos EUA está no mesmo local de seu pavilhão, mas em prédio reconstruído.
O da Inglaterra durou bastante mas acho que foi "ao chão".
Pelo visto na foto o Pavilhão da Indústria foi feito de um jeito apropriado para esconder o Mercado Municipal.
Já que o mote de hoje é o patriotismo, falso ou não, relembro passagens do livro "Triste Fim de Policarpo Quaresma", que acabei de ler. Pensei que o conteúdo seria sobre o delírio dele de transformar em tupi-guarani a língua oficial do Brasil. Para minha surpresa, isso é só o início do livro. Depois não se toca mais no assunto.
ResponderExcluirOutra coisa que me surpreendeu foi a crítica ferocíssima que o autor faz ao Floriano Peixoto. Tendo este saído do governo em 1894, quando Lima Barreto só tinha 13 anos de idade, e tendo o livro sido escrito 17 anos depois, gostaria de saber como o autor obteve tantas informações sobre o físico, a moral e o comportamento do marechal nos diversos cargos que ocupara antes.
ResponderExcluirIdem para as informações nada lisonjeiras sobre o transcorrer dos entreveros durante a revolta de 1893.
ResponderExcluirDe qualquer forma, realmente foi triste o fim do Policarpo, que em seu patriotismo pueril, inocente e sincero serviu literalmente de bucha de canhão, comandando um grupo de praças de artilharia e ao final sendo preso e, supõe-se, fuzilado por discordar de medidas do governo a que serviu. Mas este é o fim dos patriotas úteis: serem usados e depois descartados.
ResponderExcluirComo disse Samuel Johnson: "O patriotismo é o último refúgio dos canalhas". Hoje vemos tantos "patriotas" baterem no peito dizendo que dão a vida pelo Brasil. Aí ficamos imaginando-os de arma em punho enfrentando os marines americanos que se atreverem a invadir as costas brasileiras. Mas na pratica
ResponderExcluirNenhuma surpresa sobre o rumo que está tomando a comemoração de hoje, afinal aquele que deveria se comportar como um estadista preferiu manter-se como candidato (dessa vez à reeleição), desde a noite de 28/10/2018.
ResponderExcluirQuase a metade da população não toma partido, apenas quer saber quem pode resolver seus problemas nos próximos 4 anos e inclusive muitos desses vão decidir com o "estômago roncando", totalmente indiferentes à ideologia dos candidatos.
Fora os que não têm esperança de que nada vai mudar, seja qual for o vencedor, não comparecendo ou não votando em ninguém, o que pode levar a um desequilíbrio nos percentuais dos votos chamados úteis.
Alguns insistem em falar em ponto de "ruptura", qualquer coisa do tipo que normalmente acontece em republiqueta das bananas, com seus paramilitares e milicianos, mas o que o povo quer mesmo é que quem deveria estar quase a romper é seu estômago. Por arroz, feijão e carne.
Como diz um amigo meu, "peão" de verdade só entra em grandes movimentos quando as latas de mantimentos começam a ser tombados pelo vento, de tão vazias.
Meu comentário das 10:35h saiu truncado. Foi enviado antes da hora, por eu ter apertado algum botão indevido.
ResponderExcluirMas voltando ao assunto: em contraste com o Policarpo, que se apresentou para lutar e acabou morrendo, vemos um bando de "patriotas" arrotando em redes sociais que dariam a vida pelo Brasil. Aí você os imagina de arma em punho arrostando os invasores estrangeiros. Quiçá os marines, nas costas brasileiras; ou tropas de selva, com esses "patriotas" com roupas camufladas, rosto pintado de preto e verde, ar decidido. Mas na prática, o que vimos foi um ministro do STF pegar sua caneta BIC (ou Mont Blanc, não faz diferença) e, à vista dela, os "patriotas" tomarem suas decisões:
1) um deles fugiu para os EUA na calada da noite, protegido por um documento fajuto emitido pelo PR. Por sorte ainda havia vaga no avião, senão ele iria mesmo dependurado no trem de pouso.
2) o outro também fugiu para os EUA, onde está escondido (mas nem tanto) na Flórida, com o visto de permanência vencido.
3) um terceiro desafiou um ministro a prendê-lo na avenida Paulista. Lançou o desafio mas estava escondido no México, ora vejam!
4) um quarto, cantor famoso, ao saber da BIC caiu em depressão, chorou e se disse arrependido do que dissera.
5) um quinto, canta marra escondido na Costa Rica.
6) um sexto posou de armas em punho, se disse disposto a morrer pelo país, mas quando a BIC funcionou e foi para o xilindró alegou que não poderia ficar preso porque tinha problemas renais.
7) um sétimo conclama seguidores armados a se tornarem voluntários, mas ao invés de se postar à frente desses voluntários fica em casa sentado no sofá.
8) um oitavo, vejam só, diz que seu exército é o povo e que fará o que o povo ordenar. É o primeiro caso mundial em que um sujeito que se diz comandante de um exército, ao invés de dizer o que seus comandados devem fazer, inverte tudo e pede que estes lhe digam o que fazer.
Ah, se os marines invadirem o Brasil não vai ter rede de esgoto que dê vazão aos excrementos desses patriotas.
Sensacional o teu comentário, Hélio.
ExcluirO tal patriotismo descamba para o nacionalismo exacerbado.
O patriotismo é uma coisa, é bom, mas o nacionalismo é muito perigoso.
O verdadeiro patriota é aquele que, além do amor e da defesa da sua pátria, também fica contente em ver o desenvolvimento de outras. E entende que todos os filhos da sua pátria devem ser valorizados e queridos.
O nacionalismo é o oposto do patriotismo, pois associa-se a um amor cego ao Estado, tudo em nome do "povo" e da "vontade geral", mas que, na verdade, representa a vontade de "alguns".
Se toda nação é feita mais de esquecimentos do que de lembranças, o discurso nacionalista pode ser utilizado pelo Estado ou pelas classes dominantes para dizer que essas diferenças, explorações e violências não existem.
Some-se a isso o uso constante dos símbolos nacionais, como a bandeira e o hino, e a tentativa de exclusão das diferenças por meio de uma inclusão disfarçada. É complicado classificar nosso nacionalismo à brasileira. Outra particularidade, sobretudo neste atual governo, são as referências constantes, até com uso de bandeiras, aos Estado Unidos e a Israel. ???
Por fim, aos que se reivindicam patriotas, vale a reflexão que não há problemas em buscar sua “identidade étnica, linguística e religiosa”, mas “se minha identidade odeia sua identidade, se transforma em algo muito perigoso”.
A história nos conta isso tudo...
Disse tudo, prezado Hélio.
ResponderExcluirmagnífica apresentação, Luiz! Parabéns!!!
ResponderExcluirNão entendi: esses pavilhões eram desmontáveis ou não?
ResponderExcluirO pavilhão de Portugal está no Parque Eduardo VII em Lisboa. Entre os pavilhões sobreviventes além do que abriga a ABL está o que abriga o Museu Histórico Nacional. Acho que o do Museu da Imagem e do Som também.
ResponderExcluirO prédio do MHN já existia antes da exposição, sendo alterado para a mesma.
ResponderExcluirTem um outro pavilhão, acho que o de Estatística, que chegou aos dias atuais um pouco descaracterizado, próximo de onde ficava o Mercado Municipal (não é o atual MIS, também um ex-pavilhão).
A ideia de um desfile a beira mar não é de toda ruim. Pode usar, como hoje, as embarcações da Marinha, o que não é possível na Presidente Vargas, por exemplo. Quem sabe, nos 250 anos, podemos fazer um desfile sem uso político eleitoral.
Sim, descaracterizado. É o prédio onde funciona ou funcionou algo do Ministério da Saúde.
ResponderExcluirÀs vezes é preciso viver décadas para enfim tomar conhecimento de algo que esteve na nossa cara o tempo todo mas que nunca nos chamou a atenção. Hoje ouvi o Eduardo Bueno, jornalista e escritor, dizer que o sufixo EIRO, usado para designar como brasileiro quem nasceu no Brasil, não é um sufixo gentílico. Na língua portuguesa, sufixos gentílicos normalmente são ÊS (francês, holandês, norueguês), ANO (italiano, colombiano, peruano), INO (filipino, argentino), ENO (romeno, chileno). O sufixo EIRO é usado para profissões: padeiro, pedreiro, bombeiro. Então, originalmente BRASILEIRO não era quem nasceu no Brasil, e sim quem trabalhava com o pau-brasil.
ResponderExcluirEm outros idiomas, o gentilico para Brasil usa o sufixo normal que o idioma reserva para isso, como por exemplo:
a) em inglês, o sufixo IAN ==> Brazilian, Peruvian, Italian, Colombian.
b) em francês, o sufixo IEN ==> brésilien, italien, canadien, péruvien.
c) em alemão, o sufixo ER ==> Brasilianer, Französer, Holländer, Engländer.
d) em italiano, o sufixo ANO ==> brasiliano, italiano, peruviano, boliviano.
Helio, as opções seriam brasiliense (que hoje denomina quem é de Brasília) ou brasílico, como o mesmo Eduardo Bueno disse em entrevista ao Bial nesta semana.
ExcluirHá cem anos, durante a exposição do centenário, foi feita, experimentalmente, a primeira transmissão de rádio no país. No mesmo dia, nascia o ator Paulo Autran...
Em tempo, o Eduardo Bueno já abordava essa questão do gentílico nos livros lançados em 2000 em comemoração aos 500 anos do achamento do Brasil.
Excluir"Além do edifício da ABL [(Pavilhão da França)], cinco prédios da Exposição de 1922 ainda existem. No Rio de Janeiro, são o do Pavilhão da Administração e do Distrito Federal, atualmente uma das sedes do Museu da Imagem e do Som; o do Palácio das Indústrias, atual Museu Histórico Nacional; o do Pavilhão de Estatística, órgão do Ministério da Saúde, e o do Pavilhão das Indústrias Particulares, o restaurante Albamar. Este último já existia antes da Exposição e abrigava o Mercado Municipal. O Pavilhão das Indústrias de Portugal foi transferido para Lisboa e é o atual Pavilhão Carlos Lopes."
ResponderExcluirFonte: https://brasilianafotografica.bn.gov.br, verbete "A fundação da Academia Brasileira de Letras", 20/07/2022.