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quinta-feira, 10 de julho de 2025

LUTO

 

E o "Saudades do Rio" mais uma vez está de luto.

Faleceu nosso amigo Derani, companheiro de tantos chopes com o pessoal antigo dos Fotologs.

Irreverente, iconoclasta, parceiro no chope e em almoços no Centro, figura querida nas reuniões no Alto da Boa Vista.

Tinha dois blogs: "Rio de Fotos" e "O Pharol".

“Em homenagem ao Derani (YES! YES! YES!), o “Saudades do Rio” relembra “O PHAROL” e suas histórias.

Saudades de personagens como Ariovaldo Brochado, o redator-chefe, Dona Neuza, a secretária, Soninha, a estagiária, Aparecido, o motorista, Floriano Flores, o Flô-Flô, o piloto cego Jbandeira de Mello e do Abdullah o terrorista que tinha horror a sangu, o colunista social.  E da Perikitta Gladys, do Tonho Treispeidim, da Gabriela Portátil, a mulher-retrátil. Além da famosa C.M.I. – Clínica de Mamoterapia de Itaipava.

E os textos sobre o ANÃO DUARTE – o maldito em série. O Pharol em mais um furo de reportagem descobre como aparecem inexplicavelmente melecas coladas em baixo de mesas, nos cantos de móveis, em postes, viadutos e até em imaculados lenços de papel Yes.

O maldito, nauseabundo, jabulanesco e gererê-açu, o famigerado, pirotécnico Anão Duarte é, exclusivamente, o único responsável...

Quem de nós, em nossa mais tenra infância querida, em um momento de relaxamento e descontração não tentou colar uma meleca debaixo da carteira da escola e com o maior nojo e horror constatou que lá já existia uma?

Sim, o responsável é ele! O micro-crápula, nojento e vil!  O pulha lazarento!

Ele, o proprietário da Fábrica de Melecas Duarte Inc. é o autor da façanha.

Já denunciamos o fato às autoridades para que "estourem" a pornográfica fábrica.

Maldito, maldito e pegajoso Anão!”

Desta forma, o "Saudades do Rio" sairá do ar por alguns dias, num pequeno gesto de despedida do amigo.

PS: os comentários ficarão em aberto, mas eventualmente haverá remoções.

AVENIDA ATLÂNTICA

Com esta fotografia o saudoso amigo Richard ganhou um chope, pois havia apostado comigo que havia ônibus circulando pela Avenida Atlântica e eu não me lembrava disto.

Como era estreita a calçada da praia. 


Esta foto das obras de ampliação da Av. Atlântica é interessante por mostrar que a mureta junto à areia é exatamente onde, no futuro, acabaria a calçada dos edifícios. Ou seja, a antiga avenida virou calçada.


Antes do tal "beach-soccer" o futebol de praia raiz era jogado nas tardes de sábado, com grande frequência de assistentes. Na calçada estreita praticamente não se podia andar. Cansei de assistir aos jogos do "meu" time, o "Pracinha", sentado na beirada da calçada.

O "Pracinha", do antigo Posto 5, às vezes não jogava em seu campo, pois o mar engolia a areia ali. Lá na década de 60 foi campeão uma ou duas vezes, jogando contra os famosos "Lá Vai Bola" do Posto 6, "Dínamo" e "Maravilha" do Posto 4, "Radar" do Posto 2, "Guaíba" da Urca, "Tatuís" e "Lagoa" de Ipanema, "Columbia" do Leblon, etc.

O time do "Pracinha", se não me falha a memória, era: Castilho (João Luís), Eurico, Santoro, Brandão e Paulinho. Danilo e Nelito. Paulo Portugal, Ivan Portugal, Áureo e Nando Portugal.


A foto mostra uma brincadeira de futebol de praia nos anos 60. Havia um jogo em que dois jogadores ficavam no gol e outra dupla batia tiros livres de uns 15 metros de distância. Se houvesse rebote dos goleiros um deles ficava no gol enquanto a dupla atacante tentava fazer o gol driblando o outro que defendia. Outro jogo era a famosa "linha de passe" que, há alguns anos, foi adaptada para ser jogada perto do mar, a tal de "Altinha".

A casa que vemos era a do Dr. Cicero Penna, nessa época já funcionava como colégio, doada por ele à municipalidade. Nos anos 60 foi demolida e um dos colégios modulares do Estado da Guanabara foi construído no seu lugar na esquina da Rua República do Peru. 

O prédio que vemos em contrução é o Golden State, construído no local de um prédio déco. Segundo o Gustavo Lemos neste prédio morou o Walter Moreira Salles depois que saiu daquela casa onde hoje funciona o IMS. Foi para a Av. Atlântica, quando casou com a Lucia Curia, que foi a sua última mulher. No prédio também morou o Wilson Lemos de Moraes, fundador da Supergasbrás, também falecido. O prédio foi uma enorme colônia mineira e todos eram amigos. O Walther era de Poços de Caldas, o Tancredo Neves, que também morou lá, de São João del Rei e o Wilson de São Sebastião do Paraíso. Fechando o horizonte temos os Edifício Netuno um dos mais antigos da praia. O posto de salvamento seria o de nº 3.

quarta-feira, 9 de julho de 2025

ESCOLA ALEMÃ

 

A fotografia de hoje mostra o prédio do Colégio Cruzeiro nos anos 1940, na Rua Carlos de Carvalho, na região da Praça da Cruz Vermelha. Está neste endereço desde 1912. 


Com o nome de Deutsche Schule (Escola Alemã), começou a funcionar na Rua dos Inválidos nº 64 B, depois mudou-se para a Rua do Resende (foto acima) e agora está na Carlos de Carvalho. 

Em 1939 a Deutsche Schule passou a se chamar Ginásio Cruzeiro.


Anúncio do Ginásio Cruzeiro no jornal "Correio da Manhã" em 07/03/1943.

Em 1947 o nome mudou para  Colégio Cruzeiro, que mantém até hoje em dia.

Atualmente tem também uma unidade em Jacarepaguá.

A mudança do nome deveu-se a uma lei do Estado Novo que proibiu que estrangeiros fossem proprietários de estabelecimentos de ensino no país. Alguns fecharam, como foi o caso do Aldridge, e outros passaram a ser controlados por brasileiros. Vargas tinha como objetivo promover o nacionalismo. Lembremos que na época da 2ª Grande Guerra houve vários ataques a estrangeiros inimigos, como os casos de diversos bares e restaurantes alemães.


Aqui vemos alunos do Colégio Cruzeiro desfilando no Centro do Rio. No século passado eram muito comuns esses desfiles escolares.

Vemos uma foto mais recente do Colégio Cruzeiro. Alguns ilustres comentaristas estudaram neste colégio, de onde sairam falando fluentemente o alemão e o inglês, tal como na Escola Alemã Corcovado, que fica em Botafogo, na Rua São Clemente, onde era a antiga Embaixada Americana. A EAC foi fundada em 1965 e iniciou suas atividades na Urca. Em 1973 foi para o atual endereço.

Lembro no nosso querido Lavra contar que foi a uma festa no Colégio Cruzeiro em 1957. Para dançar, o rapaz devia comprar uma flor de papel e colocá-la na lapela do paletó. Um cartaz em alemão avisava "Ohne Blume kann nicht tanzen" (Sem flor não pode dançar), que sem a flor não podia dançar.

Nosso amigo Lino Coelho já contou que: "Durante 14 anos meu filho estudou neste colégio, onde formou as suas maiores amizades, as quais perduram até os dias de hoje. O Colégio oferece um ensino de alta qualidade, ensina disciplina, responsabilidade e desenvolve a personalidade de cada aluno, sempre com o sentido da amizade coletiva.

O Colégio segue regras de disciplina e organização, não tolera a quebra de suas regras em hipótese alguma, independentemente de quem o aluno seja filho. Se não se ajusta é convidado a se retirar da escola. Nos últimos anos tem se classificado nos primeiros lugares dos exames do ENEM. As instalações são muito bem conservadas e buscam manter a originalidade da sua arquitetura."

segunda-feira, 7 de julho de 2025

AVENIDA CENTRAL/ AVENIDA RIO BRANCO


Antigamente o centro da cidade era assim. De dar inveja, não?

Foi uma pena que não tivessem preservado o centro histórico do Rio com tantos belos prédios. Imagino que houvesse um eficiente serviço de limpeza para retirar os dejetos animais.

O quarteirão triangular onde se encontra o prédio fica junto às ruas Beneditinos e Mayrink Veiga, tendo ao fundo a Praça Mauá.O desenho das pedras portuguesas nas calçadas mostram que o urbanismo naquele tempo era muito mais caprichado do que hoje, fruto do trabalho de competentes calceteiros.

Neste prédio em primeiro plano funcionava a sede da Brazil Railway Company, do polêmico empresário americano Percival Farquhar. À esquerda do fotógrafo fica o prédio da Caixa de Amortização.

A Brazil Railway Company foi fundada em 1906 nos Estados Unidos, com o objetivo de construir e operar ferrovias no Brasil. Sob a liderança de Percival Farquhar, a empresa adquiriu e controlou diversas ferrovias no país, além de atuar em outros setores como exploração florestal e colonização. 

No entanto, a Brazil Railway enfrentou dificuldades financeiras, especialmente após a Primeira Guerra Mundial, e entrou em concordata em 1917. A partir daí suas operações foram gradualmente encampadas pelo governo brasileiro e suas subsidiárias foram vendidas ou nacionalizadas. 

No lugar deste prédio existe atualmente o "Edifício Unidos", no nº 26 da Av. Rio Branco, projeto de 1987 de Luiz Fossati, no estilo "Art-Déco". 



A IA me contou que este "Edifício Unidos" destaca-se pelas linhas horizontais bem marcadas e pela exploração de curvas nos balcões e emolduramentos das janelas. Sua localização, com todas as fachadas livres, permitiu uma valorização ainda maior de suas características artísticas. 

O estilo, que influenciou o edifício, é conhecido por sua elegância e modernidade, com forte presença de linhas retas, formas geométricas e ornamentação pontual. O "Edifício Unidos" incorpora esses elementos, combinando-os com a estrutura em concreto armado, comum na arquitetura Art Déco. Além disso, o edifício apresenta um volume simétrico e detalhes clássicos estilizados, como pilastras e motivos em ovo e dardo. 

O "Art-Déco", como movimento, surgiu na Europa no início do século XX, ganhando destaque com a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas em Paris, em 1925. Nos Estados Unidos, o estilo se popularizou na década de 1930, com a construção de arranha-céus icônicos como o Edifício Chrysler e o Empire State Building, ambos em Nova Iorque. 

Nosso amigo A. Decourt, há uns vinte anos, publicou este cartão-postal, com o seguinte texto:

 “O prédio mais alto, num estilo eclético que mistura gótico com mourisco, abriga a Companhia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, pertencente ao mega-empresário americano Persival Farquhar.

Ele era uma figura importante na Velha República e tinha diversos empreendimentos, como a estrada de Ferro Madeira-Mamoré, estações de rádio e empresas de geração de energia ( Light and Power do Rio e São Paulo) e mineradoras como a Itabira Iron Ore Company e a Cia Carbonífera Rio Grandense, além de portos como o de Belém e de Vitória, tendo sido dono inclusive da cidade do Guarujá, em São Paulo na década de 10.

O milionário também comprou do jornal “A Noite” e o prédio homônimo, na Praça Mauá, pois a construção do então maior prédio da América Latina estava levando o jornal à falência.

Em 1940, muitas das companhias do milionário foram estatizadas por Vargas, que via nele uma pessoa perigosa (a fama realmente não era boa). Dessas estatizações surgiu a Companhia Vale do Rio Doce.

Em 1937 o prédio foi demolido e em seu lugar construído o “Edifício Unidos” um dos clássicos do Art-Déco em nossa cidade.”

Para finalizar, publico abaixo duas imagens deste prédio da postagem de hoje que constam do estupendo livro "Avenida Central", de Marc Ferrez. Contém fotos, diagramas e informações sobre a construção da Avenida Central, de 08 de março de 1903 a 15 de novembro de 1906.




quarta-feira, 2 de julho de 2025

GREVES

 


FOTO 1: Greve dos bancários em 1963. Soldados do Exército de prontidão no Centro.

FOTO 2: Em 1963 carreata dos bancários grevistas na Cinelândia. 

FOTO 3: Greve das barcas. A Rádio-Patrulha e a cavalaria da PM.

FOTO 4: Em 1960 na Praça XV. Este armamento seria um elemento dissuasório, mas inadequado para efetivamente ser usado contra alguém.

FOTO 5: O que me surpreende nesta fotografia é a organização e a paz na fila durante greve nos transportes. E, também, a vestimenta do povão. Nada de camiseta regata, bermuda e havaianas.

FOTO 6: E a estação da Leopoldina ainda era uma estação de trem. Foto de 1961, após a renúncia de Jânio Quadros, patrulhada pelo Exército.


FOTO 7: Seria o nosso prezado e sumido Menezes surpreendido pela confusão na porta da sua querida "Bombonnière Pathé"?


FOTO 8: A tropa dentro da estação da Leopoldina, em 1959.


FOTO 9: Em 1959, patrulhamento durante uma greve, no Leblon, pelo Exército. Acho que estamos na Ataulfo de Paiva, em frente a uma antiga garagem.


FOTO 10: Outra greve dos transportes. Ali atrás, abaixo do enorme anúncio da "Gordura de Côco Carioca", uma loja das "Casas Pernambucanas",  na vizinhança da Central do Brasil.

Fotos do Arquivo Nacional, Acervo do Correio da Manhã.


segunda-feira, 30 de junho de 2025

FUNDÃO

 


A ideia de criar uma cidade universitária para a Universidade do Brasil (atual UFRJ) surgiu no início do século XX. Faculdades começaram a funcionar na área da Av. Pasteur e pelo Centro do Rio, mas a criação de uma cidade universitária era o sonho. Entre outros locais sugeridos foram citados a Lagoa Rodrigo de Freitas e Jacarepaguá. 

Em 1945 a Ilha do Fundão foi escolhida e um projeto de aterro sanitário foi iniciado para unir esta ilha a outras vizinhas, como as ilhas de Sapucaia, Bom Jesus da Coluna, Baiacu, Catalão, Cabras, Pindaí do Ferreira e Pindaí do França.

A partir da criação do Escritório Técnico da Cidade Universitária, o projeto foi realizado pelos arquitetos Jorge Machado Pereira e Lúcio Costa. A partir de 1953, após a inauguração da primeira unidade, o Instituto de Puericultura e Pediatria, novos edifícios foram concluídos, tais como: Faculdade Nacional de Arquitetura, Escola Nacional de Engenharia, Alojamento estudantil, Estádio Universitário, Escola de Educação Física, Centro de Letras e Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. 

Esta fotografia é de 1969.


Maquete do Instituto de Puericultura e Pediatria (1949/53) da Universidade do Brasil (hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro), localizado no atual campus do Fundão, pode ser considerado a obra mais madura e bem-sucedida de Machado Moreira - recebeu em 1953 o primeiro prêmio na categoria edificações hospitalares, na 2ª Bienal de São Paulo. Com sua horizontalidade, o prédio contrasta fortemente com a escala monumental dos outros edifícios da Cidade Universitária. 

Neste prédio do Instituto Martagão Gesteira, tive aulas de Pediatria com o magnífico mestre Dr. Cesar Pernetta, que foi o paraninfo de minha turma da Faculdade Nacional de Medicina.

É o hospital pediátrico da UFRJ, conta com residência médica, curso de pós-graduação stricto-sensu e é um referência da Pediatria do Rio de Janeiro. Foi inaugurado na Ilha do Fundão em 1953 e foi o primeiro prédio ali construído.


A Faculdade de Arquitetura foi das primeiras a funcionar no Fundão, no início dos anos 1960. Dois grandes comentaristas do "Saudades do Rio", tia Milu (embaixadora plenipotenciária da Urca) e o Lavra, cursaram esta faculdade, coincidentemente na mesma turma.

A Faculdade de Arquitetura tinha um laboratório de fotografia para uso dos alunos e, convidado, fui várias vezes lá revelar meus filmes e copiá-los em papel. Foi o que me animou a comprar meu próprio laboratório.


Esta fotografia do Hospital Universitário foi tirada por mim, no início dos anos 70, numa dessas idas ao laboratório da Faculdade de Arquitetura.

Chamado atualmente de Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, a sua construção durou quase 30 anos: foi iniciada nos anos 50, sob a supervisão do arquiteto Jorge Moreira, mas só em 1977 o regimento geral do HU foi aprovado pelo Conselho Universitário. Foi, finalmente, inaugurado em 1º de março de 1978.

O projeto previa uma área construída de 220 mil metros quadrados e o funcionamento de 1.800 leitos (muito acima dos atuais leitos disponíveis).  Lamentavelmente o hospital, que tem ilhas de excelência, enfrenta grandes problemas. 

No dia 19 de dezembro de 2010, uma ala do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho foi implodida. A ala sul passou por uma avaliação que revelou que a demolição seria mais econômica do que a manutenção. A implosão, que utilizou 900 kg de dinamite, exigiu a interdição da Linha Vermelha. 

A ala em questão, apelidada de "perna seca", sofreu um abalo estrutural e foi interditada pela Defesa Civil antes da decisão de implodi-la. 

Uma lástima.


O Centro de Tecnologia do Fundão em 1972, em foto do "Correio da Manhã".

 

O prédio da Faculdade de Engenharia. Aí se formaram dezenas de antigos colegas do Colégio Santo Inácio em 1971. Acho que o prezado Obiscoitomolhado já contou que se formou no Fundão em 1972.