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sexta-feira, 23 de abril de 2021

PAISSANDU ATLÉTICO CLUBE (3)

Em 1952, a Light & Powers, empresa parceira do Clube e detentora da sede na Siqueira Campos, precisou do espaço e mais uma vez o Paissandu ficou sem casa fixa. Finalmente, conseguiu uma área doada pela Prefeitura, no Leblon, junto à Lagoa, área aterrada que a Prefeitura disponibilizou. A "Pedra do Baiano", atrás do atual Teatro Scala, ficava quase dentro d´água. Com o tempo, os projetos de urbanização do então Distrito Federal foram se valendo de aterros, em sua maioria destinados "à construção de sedes e praças de esportes de entidades desportivas de primeira categoria", como previu a Lei 770. O terreno, na realidade, mal podia ser chamado de terreno, tal a quantidade de água que precisava ser aterrada. Havia lixo, lodo e brejo. Pelo lado da Lagoa havia a Favela da Ilha das Dragas, pelo lado da Rua Humberto de Campos, a Favela da Praia do Pinto. De resto, era um imenso alagado que tinha como referência a arquibancada do Flamengo.

Em primeiro plano o terreno onde seria construída a sede do Paissandu, nas vizinhanças da Av. Afranio de Melo Franco, após um longo período para aterramento do alagado e nivelamento do terreno. Logo após vemos a Pedra do Baiano e, mais ao fundo, o Conjunto dos Jornalistas, na Avenida Ataulfo de Paiva, no Leblon, sendo construído. Foto da década de 1950.

Vemos o terreno do Clube Paissandu, marcado com amarelo, ao lado do Flamengo e da Favela da Praia do Pinto, em foto do final dos anos 50.

Nesta foto, da década de 1960, vê-se, começando à esquerda, o final da Av. Epitácio Pessoa e o começo da Av. Borges de Medeiros, logo após a ponte do Jardim de Alá. À direita, a favela da Ilha das Dragas. Após a ponte, à esquerda, o Clube Monte Líbano e o Clube AABB (Associação Atlética Banco do Brasil), na própria Borges de Medeiros. Atrás da AABB o Paissandu Atlético Clube. Na mesma direção, no alto da foto, a Favela da Praia do Pinto ainda não removida, que daria lugar aos prédios da "Selva de Pedra", conjunto de edifícios para a classe média e média-alta, no Leblon. No canto direito, no alto, o terreno do Flamengo, já com a rua Gilberto Cardoso asfaltada, ligando a Av. Borges de Medeiros ao Leblon. Notar que o campo de futebol do Flamengo foi remanejado em algumas dezenas de metros em direção ao Leblon (vê-se que a antiga arquibancada, que tinha o seu meio bem no centro do campo, agora ficou deslocada para um dos lados, com o seu meio na altura da intermediária de uma metade do campo). Isto foi feito para permitir a abertura da rua Mário Ribeiro, importante artéria de ligação entre a Lagoa e a Barra da Tijuca, via de acesso ao túnel Dois Irmãos. O terreno do Flamengo, que era contíguo ao do Jockey, passou a ser separado por esta rua. A Av. Borges de Medeiros também tomou uma parte do terreno do Flamengo, junto à Lagoa. Foi então construída pelo Governo, uma nova garagem de barcos, subterrânea, que pode ser vista à direita na foto, com a avenida passando por cima da garagem. 

A foto mostra a sede provisória inaugurada em 1956. Somente em 1963 o clube inaugurou sua nova sede social projetada por Rolf Hütner e inspirada nas formas de Oscar Niemeyer. O terreno de 20 mil metros quadrados teve origem na Lei nº 770 de 24/04/1953, assinada pelo prefeito Dulcídio Cardoso, a qual estabelecia que "as áreas marginais da Lagoa Rodrigo de Freitas provenientes de aterro seriam destinadas exclusivamente à construção de sedes de esportes de entidades desportivas de primeira categoria." 

Pesquisa: livro "Paissandu" de A. Iorio e P. Iorio + postagens antigas do "Saudades do Rio".

 

quinta-feira, 22 de abril de 2021

PAISSANDU ATLÉTICO CLUBE (2)

Em 1931 acabou o aluguel do espaço em Laranjeiras onde o clube estava instalado. Os Guinle não renovaram o contrato. O Paissandu conseguiu então o direito de uso de um terreno em Copacabana, na Rua Siqueira Campos nº 143, de propriedade da Light, onde hoje funciona o “Shopping dos Antiquários”.

Em 1932 houve a mudança para este terreno de propriedade da Cia. Ferro-Carril do Jardim Botânico. Por estar completamente devoluto e se achar abaixo do nível da rua foi necessário aterrá-lo em diversas partes. Com a mudança, o clube perdeu o campo de futebol e o campo de "cricket". Com isso, os sócios tiveram que se contentar apenas com o tênis e o "bowls" (um jogo parecido com a bocha, jogado sobre uma grama especial). Na foto vê-se o campo de "bowls", tendo ao fundo os prédios da Rua Siqueira Campos e, mais além, a encosta da Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana.


Com o passar do tempo e o desenvolvimento de Copacabana o clube foi ficando cercado por grandes construções. O número máximo de sócios era de 500, a maioria ligados a empresas estrangeiras como a Shell, a Souza Cruz, a Light, a Leopoldina Railwa. Segundo V. Iorio e P. Iorio a construção era despojada. Tinha 5 quadras de tênis e uma de "bowls". Era considerado um "clube de adultos", pois as crianças, seguindo a cultura inglesa herdada da era vitoriana, "children are to be seen, not to be heard", às crianças só era permitido frequentar o "playground".



A foto mostra um grupo de senhoras repousando enquanto assistem ao jogo dos maridos. Estes tinham privilégios como um bar só para eles porque "não seria gentil tomar um "drink" depois do jogo, suados e de "short", junto às "ladies", nem sujeitá-las a ouvir suas piadas e as discussões sobre os mínimos detalhes do  jogo."

Em 31/10/1952 foram entregues as chaves do terreno. Após funcionar por 20 anos em Copacabana, o Clube Paissandu mudou-se para suas atuais instalações no Leblon, com veremos amanhã.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

PAISSANDU ATLÉTICO CLUBE (1)

Com informações de V. Iorio e P. Iorio vamos falar do Paissandu Atlético Clube, hoje localizado no Leblon, na Av. Afranio de Melo Franco. Nesta foto, datada de 1911, de dentro do Paço Isabel, vemos a Rua Paissandu com suas palmeiras imperiais e, à direita, o "ground" de "cricket" do Paissandu Atlético Clube. 

Este clube foi fundado em 1872, com o nome de Rio Cricket Club. Estabeleceu-se na Rua Berquó, hoje Rua General Polidoro, esquina de 19 de Fevereiro, em Botafogo. O Rio Cricket Club foi a primeira agremiação destinada à prática de esportes terrestres no Rio de Janeiro. Hoje é, também, o terceiro mais antigo clube social em atividade nesta cidade, superado apenas pela Sociedade Germânia, fundada em 1821, e pelo Real Sociedade Clube Ginástico Português, fundado em 1868. Só em 1880 o Rio Cricket Club saiu de Botafogo, indo para o terreno alugado da Rua Paissandu. Este terreno era propriedade do Conde D´Eu e ficava em frente ao Paço Isabel, residência da herdeira do trono do Brasil, a Princesa Isabel. Hoje, esta casa é o Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Em 1875 houve uma cisão entre os fundadores do Rio Cricket Club resultando na nova agremiação sob o nome de Paysandu Cricket Club, que veio a se tornar o Paissandu Atlético Clube. 

Uma panorâmica que mostra a posição das quadras, em 1902, ao lado do campo de "cricket" do Paysandu Cricket Club. Nos terrenos deste clube realizavam-se os BAAS (British Amateur Athletic Sports), uma série de competições esportivas, principalmente entre a colônia britânica do Rio de Janeiro. Com a queda do Império, em 1889, o clube passou a viver momentos de incerteza, pois foi proposta a desapropriação do Palácio Isabel e dos terrenos vizinhos.

Em 1906 o clube participou do primeiro Campeonato Carioca de Futebol (LMSA) e em 1912 foi campeão. Em 1914 abandona a prática oficial do futebol.


E. Pullen assim descreve o local do campo: "Vindo do mar, em 1899, o campo era situado no lado esquerdo do topo da Rua Paissandu. Suas fronteiras eram, ao norte, um pedaço de terreno baldio que, depois, tornou-se o campo de Flamengo; ao sul, a casa do Sr. De Lisle, gerente do London & River Plate Bank, que tinha um grande jardim; ao leste, a Rua Paissandu; e a oeste, a pedreira, que funcionava durante os dias de semana e impunha uma rotina constante de remover as pedras que, com a explosão, vinham parar dentro do clube. De cada lado da estrada, havia duas fileiras de palmeiras e, à direita, havia outro terreno baldio coberto de mato, que servia como depósito de lixo. O campo deste lado era limitado por uma cerca de arame (que não era farpado). Protegendo a pedreira e separando-a do nosso campo havia uma valeta rasa e, ao lado, arame farpado.

As belas palmeiras da região davam um charme ao local. O Rio Cricket, após a separação do Paissandu, mudou-se para Niterói. Ambos os clubes disputavam partidas no chamado "Clássico dos Ingleses".


Foto do campo de "cricket" junto à pedreira. A história continua amanhã com a mudança do clube para instalações na Rua Siqueira Campos, em Copacabana.

terça-feira, 20 de abril de 2021

FRESCOBOL

Flagrante da apreensão pela PM de raquetes de frescobol na praia, em 1969. Foi uma época em que o jogo acabava de ser banido do país. O frescobol teria aparecido por volta de 1948, em frente ao Copacabana Palace, derivado da peteca, então um esporte muito popular nas areias cariocas.  E a PM era muito rígida em aplicar esta lei. Tínhamos que manter um olho na bola e outro na eventual presença da PM. Ao se ver um policial todos corriam para o mar ou tentavam esconder as raquetes sob a areia ou sob toalhas. Houve muita confusão por conta disto, durante algum tempo. 

Estes esportes na praia são bastante polêmicos. É impossível caminhar pela beira do mar nas praias. Ali ficam muitos jogando frescobol e “altinho” (a antiga “linha de passe”) com as consequentes boladas nos que se arriscam a caminhar ou cruzar da areia para o mar. São boladas a toda hora e o mais que se escuta é um "foi mal" como desculpa. Pior é para as crianças. Deviam proibir estes jogos perto do mar. Que joguem lá na areia fofa e quente.

Nesta foto de Indalecio Wanderlei, publicada n´O Cruzeiro, enviada por Cristina Pedroso, vemos sua mãe Gilda preparando-se para jogar frescobol na Praia de Copacabana, na década de 50. Minha turma começou a jogá-lo no início dos anos 60, em Ipanema. Pegávamos bolinhas de tênis, que eram cuidadosamente descascadas, pois as bolas à venda para frescobol não eram boas como as de hoje.  Não tínhamos noção do desconforto que causávamos aos banhistas.


D. Pupy, amiga do Candeias, em foto de 1953. Por décadas jogou seu frescobol em Copacabana. Tinha 26 anos nesta foto, que foi enviada quando ela já tinha 90 anos. 

 

Esta tropa da PM, por conta de seus uniformes, era conhecida como “azulões”.

Segundo reportagens do início dos anos 60 o frescobol só poderia ser praticado depois da 14h e os que descumprissem esta ordem seriam “autuados por desrespeito à Lei e levados à Justiça”. Depois de algum tempo a proibição foi aumentada, proibindo o jogo durante todo o fim de semana. Os membros da PM que apreendessem mais raquetes receberiam um prêmio. A maior queixa dos PMs era com relação ao “sabe com quem está falando?”, chave de galão que levavam dos praticantes.

O “Correio da Manhã” de 16/01/1968 noticiou que a Secretaria de Segurança expediu duas notas enquadrando as punições para aqueles que não cumprirem a determinação. A primeira alerta do perigo que o esporte representa à integridade física dos banhistas, principalmente das crianças. A segunda dizia respeito ao tipo de infração em que incorriam e as consequências da desobediência.”

Naquela época a PM era muito rígida em aplicar esta lei e todos que jogávamos frescobol tínhamos que manter um olho na bola e outro na eventual presença dos policiais militares. Ao vê-los todos corriam para o mar ou tentavam esconder as raquetes sob a areia ou sob toalhas. Houve muita confusão por conta disto, durante algum tempo. E chegou a ser criada a profissão de “olheiro do frescobol” – por alguns trocados tinha gente que ficava vigiando a chegada dos PMs.

Ainda o “Correio da Manhã” de janeiro de 1968 noticiou que o coronel Elias de Morais, comandante do 2º Batalhão da PMEG, afirma ter “um plano secreto para combater o frescobol nas praias”. Também o tenente Romulo Rodrigues treinou a equipe de “azulões” em judô, para enfrentar a turma “barra pesada” que afrontava a polícia.

O pior veio em 1969, conforme conta o “Correio da Manhã” de 18/01/69: todos os presos por jogar frescobol irão para a Ilha Grande, enquadrados no AI-5.

Foi uma “guerra” que durou anos e ocupou páginas e páginas dos jornais.

Com o passar do tempo a fiscalização foi afrouxando e, atualmente há algumas regras, limitando o horário e local para esta prática, embora as transgressões ainda sejam frequentes.


segunda-feira, 19 de abril de 2021

ESCOLA DE CHAUFFEURS INTERNACIONAL

As fotos de hoje mostram a "Escola de Chauffeurs Internacional", de Urvalina Oliveira da Fonseca, ua Rua Evaristo da Veiga nº 147, telefone 42-2513. Foi neste local que o avô e o pai do JBAN aprenderam a dirigir e conseguiram as respectivas "cartas de condução". O luminoso sobre a porta da escola se destacava.

 

Nesta foto, colorizada pelo Nickolas, já publicada no "Saudades do Rio", vemos o jipe de aprendizagem em frente à escola. Obiscoitomolhado já identificou os automóveis como, além do jipe, um Chevrolet 51 Fleetline, de praça, um Chevrolet 1956 (não é Bel-Air, mas é um 210 com motor V-8, como demonstra o V no capô) e outro Chevrolet 1951, sedã De Luxe, o mais comum.

Logo ali ao fundo, subindo a Ladeira de Santa Teresa, se chega à "Portinha", que era o primeiro ponto dos bondes, de Santa Teresa, depois dos Arcos da Lapa, para quem vinha do centro da cidade. Ao fundo da Evaristo da Veiga temos o começo da Rua Joaquim Silva e a Ladeira de Santa Teresa. No alto o Convento de Santa Teresa.


Vendo a escola pelo ângulo oposto temos uma visão da Rua Evaristo da Veiga com inúmeros automóveis interessantes, para serem identificados.

A Rua Evaristo da Veiga já teve os nomes de Rua dos Barbonos, Caminho dos Arcos Velhos da Carioca e Caminho do Desterro. Foi aberta em fins do século XVII, uma estreita vereda em terrenos da chácara de N.S. da Ajuda para o Morro do Desterro.

Com a construção do primitivo aqueduto da Carioca passou a ser conhecida como Caminho ou Rua dos Arcos Velhos da Carioca. Em 1735, os padres da Terra Santa, esmoleres dos Santos Lugares, ou do Santo Sepulcro, ergueram um pequeno eremitério em terrenos próprios de uma chácara no Caminho da Ajuda, que veio a ser conhecido como o Hospício de Jerusalém de N.S. de Oliveira.

Desde que, em 1742, ali se instalaram os missionários barbadinhos italianos ou barbônios, a rua começou a ser denominada Rua dos Barbonos, nome que conservou até 1870, quando foi alterada para Rua Evaristo da Veiga.

Eis a foto anterior um pouco mais ampliada.

domingo, 18 de abril de 2021

IGREJA DE SANTA MÔNICA - LEBLON



Estas fotografias mostram a antiga igreja de Santa Mônica, no Leblon, na Rua José Linhares, hoje substituída por uma mais modernosa. A rua em primeiro plano, com os trilhos dos bondes, é a Ataulfo de Paiva. A primeira igreja a ser construída ficava na esquina da Ataulfo de Paiva com José Linhares (localização da foto de hoje). Posteriormente, reconstruída, a sua entrada frontal passou a ser pela José Linhares (o endereço atual é José Linhares nº 96). Na Ataulfo de Paiva há o prédio da Paróquia, usado para assuntos paroquiais e para fins comerciais. Esse prédio tem como endereço Ataulfo de Paiva nº 527.

Conta o Frei Enrique González O.A.R. que na década de 1930 os Agostinianos Recoletos adquiriram uma casa localizada na Rua Acaraí (atual Rua José Linhares), no Leblon, para ali construírem sua capela. No dia 20 de junho de 1931 deu-se a inauguração solene, com a celebração da primeira missa. Em 1942, face à necessidade de mais espaço para as atividades que ali seriam desenvolvidas, se começa a construir uma nova residência. Entretanto, mesmo com esta ampliação, a capela era pequena para um Leblon que crescia cada vez mais. Assim, em 1º de abril de 1962 é colocada a primeira pedra da nova igreja, numa cerimônia presidida pelo Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara. 

A igreja foi construída em duas etapas para que não fosse interrompido o funcionamento do culto. Em meados de 1967 já se usava o presbitério e uma pequena parte do corpo da igreja. Em 1969 era aberta a segunda parte: a igreja estava completa nas suas dimensões planejadas, 46 metros de comprimento e 24 de largura.