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sábado, 13 de março de 2021

BONDE 14 - GENERAL OSÓRIO

Vemos hoje fotos do bonde 14 – General Osório, a linha que mais utilizei, pois fazia o trajeto entre minha casa em Copacabana e o colégio em Botafogo.

Nesta fotografia vemos o bonde 14, com destino à Praça General Osório em Ipanema, trafegando pela contramão pela Av. N. S. de Copacabana. Até o início dos anos 60 o tráfego era muito complicado nesta avenida, pois além da contramão que os bondes faziam em toda a sua extensão, como ainda não existia o túnel no final da Rua Barata Ribeiro, havia um trecho também em mão-dupla para automóveis, entre as ruas Djalma Ulrich e Francisco Sá.

O trajeto do 14 era: Tabuleiro da Baiana - Senador Dantas - Luís de Vasconcelos - Augusto Severo - Largo da Glória - Russel - Praia do Flamengo - Tucumán - Senador Vergueiro - Praia de Botafogo - Marquês de Olinda - Bambina -São Clemente - Real Grandeza - Túnel Velho - Siqueira Campos - N. S. de Copacabana - Francisco Sá - Gomes Carneiro - Visconde de Pirajá - Teixeira de Melo - Praça General Osório.

Era o bonde que muitos amigos pegávamos ao sair do Colégio Santo Inácio. O Stross e o Zé Pedro nem pagavam passagem, pois saltavam logo ali na Real Grandeza. Passado o Túnel Velho descia toda a turma da Santa Clara e da Siqueira Campos, como o Padilha, o Guedes, o Jonas, o Belmiro. No último ponto da Siqueira Campos era a vez do Plinio e, às vezes, do Manoel e do Freddy (quando não queriam pegar o 21 - Circular). Ali perto da Figueiredo Magalhães descia toda a turma da Domingos Ferreira, como o Alexandre, o Pieranti, o Marcelo, o Bene, o Tuca, o Chico.  No ponto entre Raimundo Correa e Dias da Rocha, bem em frente à "Spaghettilandia", desciam o Bauer, os Falcão, os Araújo Pena, os D´. E ainda seguia muita gente até o final de Copacabana, como o Osvaldo, que não vejo há décadas. No ponto final, na General Osório, toda a turma de Ipanema: o Renato, o Severiano, o Sanson, o Arnizaut, o José Norberto, o Visconti, o Norton, o Fontainha. Infelizmente meia-dúzia dos citados já se foram.

Hoje vemos uma fotografia do bonde 14, com uma estranha abreviatura no título (PR. GENal. OSORIO), vindo de Copacabana em direção ao Centro da Cidade. A rua é a Real Grandeza, na lateral do cemitério. Os passageiros que vinham de Ipanema ou Copacabana tinham acabado de pagar a "segunda seção" ao condutor. A "primeira seção" ia de Ipanema até o primeiro ponto após o Túnel Velho, em frente a uma grande loja de flores (ali se faziam as coroas que ornamentavam os caixões). Como o bonde estava vazio e pelas sombras suponho que já fosse o meio da manhã e os alunos do Santo Inácio, do Jacobina, do Anglo-Americano, do Santa Rosa de Lima, do Imaculada Conceição e demais colégios de Botafogo já nas salas de aula. A Real Grandeza era uma típica rua em que se colocavam os automóveis sobre os trilhos de bonde para evitar a trepidação dos paralelepípedos. O problema era nos dias de chuva, pois a chance de derrapar era grande. Este trecho da rua atualmente parece ser mais largo, embora os imóveis baixos sejam ainda a predominância. Como terá se dado o alargamento? Às custas de terreno do cemitério? Foto: Arquivo Nacional

 

Nesta foto vemos o bonde 14 bloqueado pelos estudantes em frente ao prédio da UNE na Praia do Flamengo, por conta de uma greve contra o aumento das passagens. Provavelmente em 1957. O letreiro mantém a mesma estranha abreviação da Praça General Osório. 

Aqui vemos um grave acidente com obonde 14. O guarda de trânsito ainda usava aquele antigo uniforme com bonè e calças esverdeadas. O local parece ser a Rua Bambina, mas não tenho certeza. Foto da Última Hora.

Tenho ainda uma bela foto do bonde 14, colorida, mas sem autorização para postá-la. 

 

sexta-feira, 12 de março de 2021

HOTEL AZTECA




 O Hotel Azteca, vizinho do Palácio do Catete, ficava na Rua Correia Dutra nº 81, num prédio centenário, na esquina da Rua do Catete. O prédio do hotel era obra de arquitetura italiana datada de 1870 e foi desapropriado pela Companhia do Metropolitano em 1980.

Foi demolido em meados dos anos 80, mas já há algum tempo estava abandonado.Estava na rota do Metrô e foi prevista sua demolição.

Com auxílio da diretora do Museu da República a Associação dos Moradores do Catete tentaram salvá-lo. Entretanto a diretoria do Metrô afirmava que o estado do hotel estava tão precário que não poderia ser recuperado. 

O hotel era mais um dentre os tantos que existiam no Flamengo, pois a proximidade do Centro servia de atrativo para os que vinham de fora para negócios no Rio. Os dois maiores e conhecidos eram o Hotel Glória e o Hotel Novo Mundo. Até hoje, alguns como o Flórida, permanecem na ativa.

quinta-feira, 11 de março de 2021

PROJETO PARA AV. ATLÂNTICA

Nas fotos de hoje veremos o terreno de esquina da Av. Atlântica com a Rua Princesa Isabel. Ali à direita temos aquele terreno que abrigou o Posto de Gasolina e a Boate Fred´s, estruturas que foram  abaixo por volta dos anos 70.


Em detalhe o prédio que abrigou a boate Fred´s.



Nesta foto vemos o terreno já sendo preparado para a edificação do Hotel Meridien no início dos anos 70. Mas, como conta o Carlos Paiva, no ano de 1943 houve um projeto, felizmente não construído, dos arquitetos Roberto Lacombe e Flavio G. Barbosa para ocupar este terreno. Na foto abaixo vemos como seria este prédio, que lembra um edifício novaiorquino.


Teríamos 713 quartos assim disribuídos:

Do 3º ao 9º andar - 287 quartos.

Do 10º ao 11º andar – 66 quartos

Do 12º ao 25º andar – 238 quartos

Do 26º ao 31º andar – 102 quartos

Do 32º ao 33º andar – 20 quartos

Além destes o prédio teria no 34º andar uma seção de Educação Física, com sala de ginástica, duchas, massagens, etc. No 3º andar haveria uma estação de “broadcasting” com respectivo estúdio. Nos andares superiores ficariam os reservatórios de água, caixa de elevadores, estação meteorológica e farol rotativo.


Curioso ver que nesta planta a Rua Princesa Isabel ainda tinha o nome de Rua Salvador Correia, quando a mudança de nome ocorrera em 1938.


 

quarta-feira, 10 de março de 2021

RUA SENADOR EUZÉBIO - CENTRO

Vemos hoje aspectos da Rua Senador Eusébio, no Centro, desaparecida com as obras para a construção da Av. Presidente Vargas na década de 1940. A rua começava na Praça da República e terminava na Avenida Francisco Bicalho. Teve as denominações de Caminho das Lanternas, Rua do Aterrado e Rua São Pedro da Cidade Nova. Conta Paulo Berger que em tempos antigos aterrou-se a borda principal do perigoso mangue, fazendo-se iluminar à noite, de espaço a espaço, com lanternas especiais, pois era o caminho usado pela Família Real para chegar a São Cristóvão. Daí os nomes de Caminho das Lanternas e Rua do Aterrado. Mais tarde o logradouro ficou dividido em dois trechos: Rua de São Pedro da Cidade Nova, a parte compreendida entre as praças da República e Onze de Junho, e Rua do Aterrado, da Praça Onze de Junho até o fim. Em 1869 recebeu o nome de Rua Senador Eusébio.

Por esta região ficava "o bairro judeu", que era a região compreendida pelas ruas Senador Euzébio, Visconde de Itaúna, Santana, Marquês de Pombal, Benedito Hipólito, Julio do Carmo, São Leopoldo, General Caldwell, General Pedra, Marquês de Sapucaí, Machado Coelho, Carmo Neto, Salvador de Sá, Praça da República e a zona do atual SAARA. 

A Professora L. Silva levanta a hipótese de que "a drástica cirurgia da abertura da Presidente Vargas não foi tanto para dar passagem à avenida, mas para eliminar do coração da cidade um território que pulsava diferente daquele desejado pela ditadura do Estado Novo." Continua Silva: "O convívio dos diversos grupos naquele chão merece ser estudado, pois malandros, comunistas, sambistas, prostitutas, ioruba e iídiche, formaram um grande caldeirão cultural difícil de ser apreendido pelo Estado, principalmente porque os classificava como classes populares, cujo sinônimo era a barbárie e incivilidade, e, sob essa premissa atuava."


Vemos Cinema 11 de Junho, mais tarde Cinema Universal, depois Cinema Rio Branco, depois Cinema Bruni Rio Branco. Ficava na Rua Senador Euzébio nº 132, mais tarde renomeada Praça 11 de Junho nº 12-A, no Centro.



Esta foto, acho que enviada há muito tempo pelo Helio, mostra um ônibus "Chopp Duplo" entrando na Rua Senador Euzébio. O "Chopp Duplo"circulou de 1928 a 1948. Tinha chassis Guy, motor Daimler e a carroceria era fabricada pela própria Light. 

Em outubro de 1927, segundo Stiel, chegou um carregamento de ônibus de três eixos, que teriam dois andares “idênticos aos que trafegam em várias linhas de cidades da Inglaterra”. Os chassis vinham da Inglaterra e eram equipados com motores a gasolina, de 35cv a 90cv, fornecidos pela também britânica Daimler (que, a essa altura, já não tinha nada a ver com a homônima alemã). Já as carrocerias, de madeira, eram construídas nas oficinas da Light, na antiga Avenida Lauro Müller (ficava entre a Francisco Bicalho e a Praça da Bandeira).

A Light, que fundou a Viação Excelsior, “um serviço de auto-omnibus de alto luxo”, entrou em negociações com a “Empresa Nacional de Auto-Viação”, que na época era a maior empresa de auto-ônibus da cidade. Esta lhe cederia todo o seu material que seria substituído pelos novos veículos. Com a concordata desta empresa a Light adquiriu o seu acervo.

Em 04/11/1927, foi realizada uma experiência com dois dos novos auto-ônibus, repletos de jornalistas convidados e foram até a Gávea. Partiram às 16:15 horas, sendo o primeiro veículo dirigido por Silvester e o segundo por Charles A. Barton, ambos da cúpula da empresa canadense.

O GLOBO de 27/03/1928 relatou: “Examinámos o primeiro omnibus do tipo Imperial (...). Como se sabe, essa classe de veículos consta de dous pavimentos. No inferior vão distribuidos 12 bancos, oito dos quaes aos pares e quatro alinhados lateralmente (...). Na parte superior, isto é, na ‘imperial’, para onde se sobe por elegante escada de volta, há 17 bancos para dous passageiros (...). A instalação para o chauffeur é commoda e elegante. Como medida de previdencia, ha no vehiculo um extinctor de incêndio.”

Em 06/04/1928 foram inaugurados oito auto-ônibus de dois pavimentos no tráfego da Rio Branco com grandes festas populares.

Em 6 de dezembro de 1941, foi anunciado o fim iminente dos “Chopps Duplos”, o que ocorreria mais no fim da década de 40. Já considerados obsoletos e pesadões, estavam restritos às linhas Leopoldina-Arcos e Leopoldina-Clube Naval. Seus chassis passaram a vestir carrocerias convencionais e os motores foram convertidos ao gasogênio. Foi a saideira do double-decker carioca.




 


terça-feira, 9 de março de 2021

PIER DA URCA





 Hoje temos fotografias enviadas por Hugo Hamann, a primeira do Malta, do acervo do IMS.

Vemos o “píer” existente no Forte de São João na Urca, em quatro tempos, sendo que a última foto é de domingo passado.

Este “píer” servia de ancoradouro para embarcações tendo, na sua extremidade, um abrigo para embarque e desembarque.  

Na segunda foto vemos o “píer” cercado por banhistas, já com uma estrutura superior em concreto. Para desespero dos pais muitas crianças mergulhavam dali. Havia que se ter muito cuidado, pois era raso e o risco de acidente era grande.

Por causa da maresia, a estrutura em arco de concreto foi danificada, com ferragens ficando expostas, tendo sido então demolida como vemos nas duas últimas fotos.

Conta o Carlos Candeias, nosso comentarista que ora brilha no “The Voice +”: “Já tive uma carteirinha e frequentava as instalações do Forte. Eu era um dos garotos que mergulhava da estrutura de concreto e com certeza o mais desmiolado de todos. Mergulhava sempre do lugar mais alto e na hora em que a maré estava mais baixa. Claro que vivia de nariz arranhado. Bons tempos. Hoje, na condição de vovô, só de pensar nessas loucuras fico arrepiado. Sou um sobrevivente..."

Vemos nas fotos o prédio cinza atrás do “píer”, o da esquerda, cujo bar virou um "point", o Edifício Tabajaras, situado na esquina de Candido Gaffrée com João Luiz Alves. Ali funcionava antes do “Bar da Urca” o bar Tabajaras de propriedade do Sr. Pinto. O outro prédio fica na João Luiz Alves, ao lado do Tabajaras. Foi construído no terreno onde funcionou o falido Urca Praia Clube.

Quanto às praias do Forte a melhor é a “de fora”. Ela fica no sopé do Pão de Açúcar, do lado oposto ao da Praia Vermelha, e era, nos velhos tempos, tão pouco frequentada, que era rica em tatuís. A “de dentro”, sem ondas como vemos nas fotos, tem águas calmas, mas raramente limpas por causa da Baia da Guanabara.

Na foto em P&B vemos uma garotada de touca na praia e, provavelmente, era o grupo da Colônia de Férias que sempre acontecia no Forte. O uso da touca era obrigatório. O barco talvez estivesse ali para levar o grupo para um passeio na baía - um dos pontos altos da Colônia, junto com o passeio pela velha fortaleza histórica, subindo o morro.

segunda-feira, 8 de março de 2021

HOTEL OLINDA

O Hotel Olinda foi inaugurado em 1949, na Avenida Atlântica nº 522 (atual nº 2230), em Copacabana. Pertencia à Companhia Brasileira de Novos Hotéis. Hoje se chama Hotel Rio Olinda. A casa que vemos ao lado do prédio do hotel ficava bem na esquina da Rua Hilário Gouveia.

Segundo reportagem da época, “situado no ponto mais “chic” da Capital da República, com frente para o mar, o Hotel Olinda, instalado em imponente edifício próprio de linhas modernas e atraentes, está aparelhado com todos os requisitos mais recentes de conforto e elegância. Com 100 amplos apartamentos, ricamente atapetados e mobiliados com luxo, todo decorado com artísticos motivos inspirados na cidade de Olinda, como última homenagem de seu fundador, Sr. Othon Lynch Bezerra de Mello, à histórica cidade de Olinda e ao Estado de Pernambuco.

Com vasto e luxuoso “living-room”, perfeito serviço de bar, restaurante e cozinha da mais alta qualidade, o Hotel Olinda é ideal para viajantes e veranistas que desejem desfrutar as delícias da Praia de Copacabana no mais perfeito conforto e num ambiente de requintado bom gosto.

A solenidade de inauguração contou com a bênção do hotel pelo Ver. Padre Goes, estando presentes a Sra. Dona Maria Brito Bezerra de Mello, viúva do Sr. Othon Lynch Bezerra de Mello, os diretores da Companhia Brasileira de Novos Hotéis, Srs. Dr. Luiz Brito Bezerra de Mello, Dr. Othon Lynch Bezerra de Mello Junior, Dr. Arthur Brito Bezerra de Mello, Dr. Paulo Brito Bezerra de Mello e Dr. Dalmo de Vasconcelos Reis Pereira, bem como outras pessoas da família e diversos amigos.”

A casa da esquina, vizinha ao Hotel Olinda, segundo Maximiliano Zierer construída em estilo suiço-alemão é da primeira metade da década de 1910, e foi projetada pelo arquiteto Heitor de Mello. Sua proprietária era a Sra. Stella Pelew Wilson, que faleceu no ano de 1950. No local atualmente está o Edifício Solmar, Av. Atlântica número 2212, esquina com a Rua Hilário de Gouveia. 


Do acervo do Zierer, vemos a mesma esquina da Hilário de Gouveia em 1922, em foto da revista Fon-Fon. À direita vemos a igreja neogótica demolida em 1973, que ficava na esquina da Rua Hilário de Gouveia com Av. N.S. de Copacabana, em frente para à Praça Serzedelo Correia.