Total de visualizações de página

sábado, 29 de dezembro de 2018

FINAL DE ANO


 
Antigamente o final de ano no Rio era comemorado com uma grande chuva de papel picado no Centro, além de merecer uma decoração especial nas ruas. Não sei se ontem, último dia útil no Centro, isto aconteceu.
Ao apagar das luzes de 2018 nosso Prefeito proíbe os fogos com barulho. Será que esta ordem vai ser cumprida?
Segunda-feira, mais uma vez, Copacabana vai ficar sitiada, com seus moradores impedidos de ir e vir. Ano após ano a situação neste bairro não se resolve.
Com a promessa de bom tempo serão milhares que se deslocarão para o bairro. As pistas da orla de Ipanema e Leblon também serão interditadas dia 31.
Com o calor os vendedores ambulantes de bebidas farão a festa.
Qual será o grau de violência que teremos com a atual falta de civilidade e abuso de bebidas alcoólicas?

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

ATERRO - 1971

Esta foto de automóveis no Aterro é para o prezado obiscoitomolhado encerrar o ano com uma brilhante descrição. Ao fundo vemos o Hotel Glória.
 
Esta fotografia, que publiquei no FB Rio Antigo, gerou muita discussão sobre o exato local. A confusão se deu por conta do uso de lentes fotográficas que "achataram" a foto. De início surgiram palpites de gente que conhece o Rio de que seria na Praia Vermelha, na Barrinha, Urca, Lauro Muller, Jacarepaguá. Finalmente, após vários comentários, chegamos ao local correto: é no Aterro, com a Urca lá no fundo (Rua Marechal Cantuária - o prédio que aparece um pouquinho, à esquerda, é o Edifício Urca). O que ninguém descobriu até agora é que construção é aquela à esquerda das pessoas.
 
Nesta foto, que mostra as obras do Aterro, por volta de 1971, estamos exatamente no local onde irá ser construído o Restaurante Rio’s. O prédio que vemos na direita é o Ed. Hilton Santos, da Av. Rui Barbosa nº 170 e os apartamentos que aparecem são os de terminação 03 do Bloco B1. Ali funcionava a "sede nova" do Flamengo, na época. Este ano o Flamengo conseguiu vender o edifício, que será reformado, ficando o clube com parte dos apartamentos.
 
 
 
 
 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

AV. BEIRA-MAR

 
Um aspecto da Av. Beira-Mar, por volta de 1950, em mais uma estupenda colorização do Nickolas Nogueira.
 
Destaque para o lotação Chevrolet Gigante. O carro mais novo é um Hudson 1948, segundo o Jason.
 
Os demais serão identificados pelo obiscoitomolhado.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

BOIADAS


 
Descobri esta foto, do acervo do Correio da Manhã, nos arquivos e, pelos meus alfarrábios, não foi publicada ainda no “Saudades do Rio”. Entretanto, não sei sua origem, nem quem fez os comentários que veremos a seguir. Falha nossa. De antemão peço desculpas por não identificar a fonte.

Foto: Rua Visconde de Inhaúma- 1949 – Correio da Manhã 

Na época que se seguiu ao término da II Guerra Mundial, em 1945, os ônibus eram escassos e as passagens caras. À custa da mecânica desgastada, devido à falta de peças para reposição, era comum os veículos enguiçarem a cada momento.

O sistema de se utilizar de carros particulares para o transporte de passageiros, dando origem a época dos “Lotações”, estava no começo, pois os automóveis padeciam dos mesmos problemas da frota de ônibus, no que se refere à falta de peças. Por esta razão, a Prefeitura havia permitido as “Boiadas”, nome dos caminhões que transportavam para os subúrbios, passageiros nas suas carrocerias.

Estes viajavam sentados em longos bancos ou em pé, agarrados em varais que serviam também para esticar uma lona, imprescindível em dias de chuva.

Para fazer a cobrança e dar sinais ao motorista para paradas e partidas, acompanhava os passageiros um auxiliar com um apito, semelhante àqueles dos juízes de futebol.   

Gostava de esperar papai chegar do trabalho, vindo na carroceria de um velho Volvo, trajando um terno azul marinho e gravata, junto com outros vizinhos, incluindo o “seu”  Luiz, sempre de roupa  branca, gravata borboleta vermelha  e pasta na mão, todos descendo da escadinha na parte posterior da carroceria.

Na foto, o ponto de “Boiadas”, na Rua Visconde de Inhaúma, podendo se observar no centro e à esquerda duas delas com seus passageiros. Tal sistema de transportes foi utilizado até 1950, quando surgiram os primeiros “Lotações”.
PS: A FOTO E O TEXTO FORAM ENVIADOS PELO PROFESSOR JAIME MORAES, A QUEM O SAUDADES DO RIO AGRADECE.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

DO FUNDO DO BAÚ: NATAL


 
“Prezado Dr. D´,

Mais uma vez os incansáveis pesquisadores do vasto acervo do M.E.R.D.A. - Museu Eraldo de Relíquias, Descobertas e Alfarrábios - etc. etc. descobrem, numa feliz coincidência com esta época do ano, um LP (ou: elepê) do Elvis Presley cantando músicas natalinas.

No cantinho da capa lê-se LPM 1951, o que poderia significar long playing mono e o ano de edição (ou outra coisa qualquer), mas o cantor aparece novinho e, no verso, como bom patriota, prestando o serviço militar.

O curioso é que o disco, aparentemente importado, foi achado aqui no sítio Santa Bárbara, da dona Maria (minha sogra), em meio a outros vários, sabe-se lá o por quê.

Não chego a ser um fã de Elvis, nem ouvi o LP, mas fica o registro.

Como sempre, a imagem está à disposição do SDR.

 Abraços e um ótimo Natal

 Eraldo

Curador do Museu etc. etc.”

SIDE 1

Santa Claus is back in town

White Christmas

Here Comes Santa Claus (Right Down Santa Claus Lane)

I´ll be home for Christmas

Santa bring my baby back (to me)

SIDE 2

Oh little town of Bethlehem

Silent night

(There´ll be) Peace in the valley (for me)

I believe

Take my hand, precious Lord

It is no secret (what God can do)

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

DEZEMBRO / NATAL

 
Dezembro é uma maravilha!
Se você chegou incólume até hoje, véspera de Natal, parabéns.
Afinal, passou pelos engarrafamentos da Lagoa, pelas famigeradas "caixinhas" e "livros de ouro": do porteiro, do faxineiro, do lavador de carros, do frentista, do manobrista do estacionamento, do atendente do bar, do jornaleiro, do entregador de jornal, do entregador de revista, do carteiro, do lixeiro, do atendente do vestiário no clube, dos guardadores de carro, do garçon habitual, do vigia noturno e por aí vai. Não há 13º salário que consiga pagar todas essas despesas.
Sobreviveu ao trânsito infernal, às lojas entupidas, às compras de última hora, às festinhas das empresas e o tenebroso "amigo oculto". Conseguiu um gás com os almoços e jantares com ex-colegas de colégio e de faculdade, com companheiros do futebol e do vôlei, com a turma do clube e da praia.
E tudo isto é preparação para o dia de hoje, com o famoso jantar familiar, onde as crianças ficam enlouquecidas esperando os presentes, a sogra retardando a entrega para que a "galera" adolescente não vá logo para a "night", um calor infernal pois o ar-condicionado não dá vazão face à multidão familiar, a comida inteiramente de acordo com a tradição européia e "perfeitamente adequada" à temperatura do Rio, e, um caso à parte, os cunhados "malas", que acabam por estragar toda a noite.
Mas não se anime muito no final da noite: o pior ainda está por vir: o almoço do dia seguinte, com o "enterro dos ossos" e todo mundo reunido novamente, com cara de ressaca por conta dos excessos da noite anterior.
Ainda bem que não há mais que levar o filhinho para ver Papai Noel no Maracanã. Era assim: antes do clímax, milhares de puxa-sacos da Xuxa se apresentavam numa sequência abominável de mediocridades. As horas se passavam e nada do Papai Noel chegar. As crianças, a princípio felizes e com grande expectativa, começavam a ficar irritadas e impacientes. Não havia mais lugar para sentar. O calor é senegalês, ou carioquês, como se diz no Senegal. Não havia como levar as crianças para fazer xixi porque senão elas perdiam o lugar, então elas começavam a se aliviar ali mesmo. Era fácil reconhecer: elas ficavam subitamente quietinhas e os olhinhos ficavam virados pra cima e pro lado, como se quisessem disfarçar. E o xixi rolava arquibancada abaixo se juntando a outros afluentes numa cascata de espuma. Quando Papai Noel chegava as crianças já estavam chorando e com fome. Você jura nunca mais cair nesta furada, passa a mão nos pentelhos e os leva pra casa cansado, mas orgulhoso do seu diploma de Pai-Herói...
Alguém já contou que este Papai Noel descendo do helicóptero chamava-se Sérgio. A idéia de sua presença percorrendo depois as ruas do Rio de Janeiro foi de dois homens: Eugênio Severiano de Magalhães Castro, proprietário de uma importadora de cartões comemorativos e de folhinhas (inclusive a que trazia Marylin Monroe) por contrato firmado com a gráfica Brow&Bigelow, dos Estados Unidos, e o Walter Poyares, diretor comercial de O Globo naquela ocasião. Foram eles também os idealizadores da árvore de Natal, na Cinelândia, que deu origem àquela da Lagoa que, para gáudio de parte dos cariocas, foi montada novamente este ano.
Enfim, brincadeiras à parte, aproveite estar junto com a família e os amigos, desfrute da alegria das crianças, lembre-se só de coisas boas e que todos tenhamos muita saúde, sucesso e paz.
 
 

 

domingo, 23 de dezembro de 2018

DOMINGO DE VERÃO



 
Este domingo promete. Seja em Copacabana ou na Barra, o verão chegou com força então tem tudo para ser um dia maravilhoso, com muito sol, calor, água fria, alguns afogamentos e muitos aborrecimentos. Entre eles encontrar um lugar na praia, em meio aos milhares de banhistas, cercados de vendedores de todos os tipos de alimentos (inclusive os proibidos), bebidas, chapéus, biquínis, protetores solares, óculos, etc.
Estacionar e ser achacado por um "flanelinha", após enfrentar um engarrafamento de horas, com todos buzinando e reclamando, com o ar-condicionado do carro não dando conta da alta temperatura. Procurar chegar na areia atravessando pistas fechadas ao tráfego, mas ocupadas por maratonas, meia-maratonas, bicicletas em alta velocidade, espaços ocupados por barracas vendendo algo, colhendo assinaturas ou brinquedos armados como num parque de diversões.
Pisar na areia driblando as redes de volei, "beach-tennis", petecas, toalhas e quinquilharias como anéis, brincos e colares, expostos para venda. Constatar a inutilidade da Guarda Municipal com seus componentes sempre em grupos, na sombra, indiferentes a todas as irregularidades e preocupados somente em multar algum automóvel.
Buscar chegar mais perto da água, recusando ofertas de alugar cadeiras de praia e barracas, e achar um espaço longe de crianças mal-educadas e pais complacentes e omissos.
Tentar se refrescar após atravessar a barreira de jogadores de frescobol e de "linha de passe", depois de já ter sido atingido por uma bola de vôlei e escapar da guerra de areia de adolescentes à beira-mar.
Na água, enfim, relaxar se desviando das pranchas de surfe, dos "jet-skis" e das lanchas que teimam em navegar junto à arrebentação. Driblar os milhões de pombos (que já não se afastam ao serem enxotados), ter cuidado com os cachorros na areia e, principalmente, com seus donos. Achar um trecho que não esteja interditado para algum evento ou em que o som altíssimo esteja propagando músicas de qualidade mais que duvidosas.
Aguentar os pedidos e choros de crianças por mais sorvetes, biscoitos Globo, refrigerantes, além das brigas entre os irmãos. Ficar até tarde para observar como todos são bem-educados e deixam as praias do Rio com aspecto idêntico ao lixão de Gramacho.
E se tiver um "arrastão" o dia vai ser mais completo ainda. Encontrar o carro com o vidro quebrado, sem o rádio (provavelmente levado pelo "flanelinha" desaparecido) e voltar para casa. Na volta, o ar-condicionado não funciona, as crianças choram cansadas, o carro limpo durante horas no sábado já está imundo porque as crianças não tiraram a areia dos pés e de dentro dos calções e maiôs, e a "patroa" coroa tudo com um "eu não disse que seria melhor ter ido para a casa da mamãe em Maricá?".
Se escolher a Barra, teremos um programa sensacional, aguardado com ansiedade por toda a família, pela fama daquelas praias de mar aberto, numa região ainda pouco conhecida. Os preparativos se iniciaram ontem com consulta à previsão do tempo e o preparo do farnel. No domingo de manhã nunca se conseguiu sair no horário, seja por alguém que dormiu demais, seja porque a comida não ficou pronta. O problema já começa com as primeiras discussões das crianças sobre quem vai na janela, quem vai no meio. Enfim, a partida. Mal virada a esquina há que voltar, pois a esposa não tem certeza se desligou o gás ou se apagou as luzes e fechou as janelas. Tudo estava nos trinques, pode-se partir rumo ao posto de gasolina para encher o tanque.
Começam então as perguntas, constantemente repetidas: falta muito? Chegando à Barra um engarrafamento monstruoso. Após quase uma hora para andar poucos quilômetros, a batalha para se conseguir um local para estacionar. Afinal, uma vaga. Foi tal a dificuldade que o marido nem se aborrece muito com a extorsão do flanelinha.
Colocado aquele protetor de sol no para-brisa dianteiro e também no traseiro, todos para a areia. Mal conseguiram colocar a barraca e as crianças já pararam o sorveteiro, que cobra três vezes o preço normal. Ainda bem que há comida no isopor, bem como refrigerantes e cervejas. Pasta de Lassar no nariz, Rayito de Sol pelo resto do corpo.
Mamãe recomenda aos pimpolhos muito cuidado, pois as ondas estão fortes. A briga que era pela janela no carro agora é pela bóia de câmara de ar. Por fim faz-se um sorteio e quem perdeu nem quer entrar na água e fica emburrado sentado junto à barraca.
A água está gelada, as ondas fortíssimas, a praia cheia, a esposa leva uma bolada de frescobol, reclama, mas o marido deixa prá lá ao ver o tamanho dos jogadores.
Voltando para a barraca a família observa que tinham estendido toalhas quase dentro da barraca deles. Nova discussão, chega prá lá, chega prá cá, “mal-educado”, “grosso”, “esse pessoalzinho”, insultos vão e vêm.
Por fim a hora de ir embora. Alguém esqueceu a sandália e a areia queima os pés. O baldinho com água para lavar os pés chega quase vazio na calçada. Junto do carro, o flanelinha já desapareceu e um pneu está furado. Palavrões! Troca-se o pneu, entram no carro cuja temperatura interna está em uns 60º C. Nova briga para ver quem vai na janela. O pai histérico porque não lavaram os pés nem colocaram toalhas nos bancos, molhando o estofamento.
Mal saem da praia a esposa começa a reclamar do jeito que o marido olhou a vizinha de barraca, a morena de biquíni mínimo. Começa então a grande discussão do dia, entre marido e mulher. As crianças, no banco de trás, cansadas e irritadas, se estapeiam. Por fim chegam em casa e há um caminhão estacionado na porta da garagem que impede a entrada e nenhuma vaga na rua.
Um domingo perfeito!