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sábado, 2 de fevereiro de 2019

DO FUNDO DO BAÚ: CALOR


 
Do fundo do baú sai este postal, de fevereiro de 1908, enviado pelo prezado Francisco Patricio, a quem agradeço a gentileza.
111 anos depois a mensagem poderia ser a mesma, face ao calor que castiga o Rio.
A remetente, Juliette, escreveu em cartão endereçado a Mme. A. Camus, residente na Villa Ste. Foy, na Avenue Ste. Foy nº 2, em Neuilly, França:
“De ce moment Rio est un four, mais les beautés du pays font oublier le chaleur”. ("Neste momento o Rio está um forno, mas as belezas do país fazem esquecer o calor".)
O Patricio ainda mandou um texto de 1911 referente ao Edificio Jornal do Comercio, em grafia da época:
"A construcção do edificio, para a qual foi necessário fazer-se uma dispendiosa expropriação de terreno, foi contractada com os Srs. António Jannuzi, Irmão e Companhia, pelo preço de RS. 1.293:000$000.
A superfície total do terreno occupado pelo edificio do "Jornal" é de 1059 metros quadrados, estando o edificio dividido em sete pavimentos, além de tres que formam a sua torre, o que tudo sommado dá uma area de construcções superior a 6900 metros metros quadrados.
A disposição interna do edificio comprehende, no sétimo andar, um magnifico salão de festas e concertos. As communicações dentro do edificio são feitas por quatro ascensores electricos, para transporte de passageiros, e por um serviço especial de tubos pneumáticos para transporte dos originaes de composição, que são por esse meio transmitidos de um andar para outro, e da redacção para as officinas que funccionam num grande annexo do edificio na Avenida.

O serviço de illuminação electrica é feito por uma rêde de canalização de aço alimentando um total de 114 circuitos independentes. Para se formar ideia do pessoal effectivo do Jornal, é em muito superior, em numero, a 500 homens.

As edições da folha variam habitualmente entre 12 e 24 páginas de 08 colunnas com 230 linhas por coluna; as edições especiaes de anniversário e do Natal têm chegado a 80 páginas!”

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

RUA EVARISTO DA VEIGA



 
Os grupos do Rio Antigo no Facebook têm apresentado fotos e informações muito interessantes, tal como havia anteriormente nos blog e fotologs.
As fotos de hoje, do final da Rua Evaristo da Veiga, na Lapa, foram garimpadas pelo Reinaldo Elias, pelo M. Lobo e, uma delas, colorizada pelo Nickolas Nogueira. As duas primeiras mostram um sentido e a última o sentido inverso.
Um dos destaques é o letreiro em forma de estrela da Escola de Chauffeurs Internacional (o Jeep era um dos carros utilizados na aprendizagem). Ficava na Rua Evaristo da Veiga nº 147, telefone 42-2513.
Ao fundo da Evaristo da Veiga temos o começo da Rua Joaquim Silva e a Ladeira de Santa Teresa. No alto o Convento de Santa Teresa.
A Rua Evaristo da Veiga já teve os nomes de Rua dos Barbonos, Caminho dos Arcos Velhos da Carioca e Caminho do Desterro. Foi aberta em fins do século XVII, uma estreita vereda em terrenos da chácara de N.S. da Ajuda para o Morro do Desterro.
Com a construção do primitivo aqueduto da Carioca passou a ser conhecida como Caminho ou Rua dos Arcos Velhos da Carioca. Em 1735, os padres da Terra Santa, esmoleres dos Santos Lugares, ou do Santo Sepulcro, ergueram um pequeno eremitério em terrenos próprios de uma chácara no Caminho da Ajuda, que veio a ser conhecido como o Hospício de Jerusalém de N.S. de Oliveira.
Desde que, em 1742, ali se instalaram os missionários barbadinhos italianos ou barbônios, a rua começou a ser denominada Rua dos Barbonos, nome que conservou até 1870, quando foi alterada para Rua Evaristo da Veiga.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

ENTRADA DO GALEÃO






 
As fotos de hoje mostram a entrada do antigo Aeroporto do Galeão.
Em quase todas as fotos os fotógrafos estavam posicionados perto da entrada do estacionamento.
Tudo era menor e menos complicado. Era um tempo em que se ia para o aeroporto pela Avenida Brasil, sem nenhum receio de assalto. Chegava-se no acanhado terminal, estacionava-se sem dificuldade e entrava-se no saguão (é verdade que sem ar-condicionado fazia um calor insuportável no verão) e fazia-se o "check-in" manualmente, em balcões simples.
Apresentava-se o passaporte verde, de capa dura, emitido pela Secretaria de Segurança Pública - Instituto Felix Pacheco, além do Certificado de Vacina contra Varíola, obrigatória naquela época e feita "com vacina liofilizada ou líquida preparada conforme as normas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde". A vacina era aplicada pela Secretaria de Saúde - SUSEME, do Estado da Guanabara, credenciada pelo Ministério da Saúde de acordo com o Decreto nº 57.394/65.
O embarque era a pé, pela pista. Todos os acompanhantes podiam ir para o terraço aberto, para se despedir ou receber parentes e amigos, o que era muito simpático.
Para quem viajava para a Europa, havia uma escala em Dakar, no Senegal. Pelo menos até os anos 70 era assim.
Foto 1: acervo do Rouen
Foto 2: garimpada pelo Nickolas
Foto 3: não sei a origem.
Foto 4: acervo Correio da Manhã
Foto 5: acervo Correio da Manhã
Foto 6: acervo da família de Umberto Spilotros, publicada pelo Decourt, enviada pelo Jason.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

PRAÇA TIRADENTES





 
Nesta foto de Malta vemos a Praça Tiradentes por volta de 1915. Por esta época a Praça Tiradentes era o ponto de convergência dos transportes públicos existentes na época e, por isso, estabeleceram-se ali bares, teatros e cafés-restaurantes, consolidando-se a região como um polo de lazer e referência da boemia carioca.
O prédio maior, todo branco, é o do Rio Hotel, cuja inauguração ocorreu em 1913. Atrás do prédio do Rio Hotel um pequeno prédio com um "out-door" onde se lê "Crhen".
Em frente ao hotel, separado pela Rua da Carioca, o prédio da Camisaria Progresso, que desapareceu num grande incêndio em 1958.
 
A seguir dois pequenos sobrados espremidos entre a Camisaria Progresso e o antigo prédio do Derby Clube Paulista (neste local funcionava anteriormente o Teatro do Plácido, fechado em 1824, por ter sido a Marquesa de Santos impedida de assistir a um espetáculo. Nesta ocasião, para vingar sua amante favorita, D. Pedro I, apesar de seu apreço pela arte cênica, comprou imediatamente o teatro, destruiu as instalações com seus homens de armas, exigindo o despejo da companhia). Possivelmente nesta época o prédio do Derby já possuía outra finalidade que não a sede social, pois o prédio na Av. Rio Branco já estaria concluído.
Ao fundo vemos uma pequena parte do Morro de Santo Antonio, demolido em 1954.
 
O bonde de nº de registro 360, cujo letreiro talvez seja “Silva Manoel”, recolhe passageiros no meio da Praça Tiradentes.



terça-feira, 29 de janeiro de 2019

BONDE PRAIA VERMELHA


 
Um dos passeios que gostaria de fazer seria no bonde 4, Praia Vermelha. Ir da Urca até ao Tabuleiro da Baiana.
As duas fotos, de épocas diferentes, mostram o bonde na Urca e no Centro.
A primeira foto mostra o bonde de nº 1772, com anúncio do Sapólio Radium na dianteira. Notar o estilo do reboque. O bonde já fez o retorno em direção à Av. Pasteur e está saindo da circular que existia em frente à estação do bondinho do Pão de Açúcar, tendo o prédio do IME ao fundo.
Na segunda foto vemos o bonde de registro 184, "Praia Vermelha", na Av. 13 de Maio com Av. Rio Branco. À esquerda, na direção do poste com a faixa branca indicativa de "parada", a Biblioteca Nacional, concluída em 1910. O prédio do Supremo Tribunal Federal está encoberto pelo bonde. Ao fundo, as cúpulas do Colégio Militar e do Edifício Lafond, que foram demolidos.
A sensação de uma vida tranquila, correndo lenta, com todos os que aparecem na foto portando paletó, as mulheres com vestidos longos, são coisas de um outro mundo. Passageiros sobem e descem pelo lado direito. O lado esquerdo está com a barra de proteção e o estribo está recolhido. Algumas lonas de proteção contra sol e chuva estão arriadas.
O piso da Avenida Rio Branco era de asfalto importado da França. Foi a primeira aplicação urbana de asfalto do Brasil. Era de alta densidade e resistência, custando os "olhos da cara".
À direita está o prédio da Câmara dos Vereadores, vulgo "Gaiola de Ouro". Devia estar em início de construção na época da foto.
Salvo engano, esta linha de bonde foi a primeira a ser extinta por Carlos Lacerda, em 1962.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

LARGO DO MACHADO




 
Esta fotografia, do início do século XX, provavelmente de 1910, e que mostra a região do Largo do Machado, é tão boa que permitiu uma série de detalhes, que estão expostos nas fotos secundárias.
À direita vemos o prédio da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico, com seu relógio marcando 10h35min. Ao lado deste local, talvez onde está a padaria e confeitaria (com persianas merecendo uma troca), seria construído, anos depois, o Cinema São Luiz, cuja inauguração se deu em 22/12/1937. O famoso Café Lamas era vizinho (uns dois prédios depois) do prédio da Ferro Carril e, já no final do século XIX, se notabilizava por ficar aberto 24 horas.
Junto ao prédio da Ferro Carril vemos um enorme "out-door": "A belleza depende da saúde. Vinol dá saúde".
Observem que a Rua do Catete "entrava" na direção do Largo, o que deu motivo para o Metrô devastar o lugar. Aliás o traçado sinuoso dessa rua dá pistas de sua origem relacionada ao braço do Rio Carioca que saía na Glória. Acho que alguns sobrados sobreviveram até os dias de hoje.
Ao fundo, no alto do sobrado, na direção do grupo de palmeiras, o anúncio "Usem só Calçado Rocha". Nesta calçada, em frente dos "Calçado Atlas", na porta da sapataria um grupo de alunas de colégio em seu uniforme branco, com chapéu e barras escuras ao nível da cintura. Atravessando a rua, à esquerda, duas lavadeiras com suas trouxas na cabeça. Uma carroça puxada por cavalos segue um "moderno" automóvel de placa 528 (é preciso aumentar bastante a foto para esta visualização).
 Os anúncios nas grades que protegem as árvores da ilha são da loja "Parc Royal". A ilha é a famosa "Ilha dos Prontos", tão falada por Luiz Edmundo, que surpreendentemente sobreviveu no meio dos automóveis até os anos 50, talvez por ficar desalinhada com a Rua do Catete.
Um belo poste de iluminação está semiescondido pelas árvores, sendo que, encostado na primeira delas, um provável funcionário do Lamas, com avental, descansa na sombra. Vários funcionários da companhia de bondes podem ser vistos pela rua.
Sob o anúncio de "Vinol" há um anúncio de água mineral e, pregados no tapume, cartazes de cinema onde se pode ler: "King of entertainers and entertainer of kings - Raym...".