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sábado, 17 de dezembro de 2022

DO FUNDO DO BAÚ - COMÉRCIO NAS CALÇADAS


Andam desaparecidas algumas figuras típicas de meados do século passado, que ocupavam as calçadas do Rio. Esta baiana ficou por muitos anos na Av. N.S. de Copacabana, quase esquina da Rua Constante Ramos, juntinho da loja "Ao Bicho da Seda". Na outra esquina ficava a famosa "Ducal".


Esta outra, com seu tabuleiro, acho que estava no Centro, perto do Passeio Público. Lembro com saudade de uma vendedora que ficava com seu cesto de vime nas imediações do Metro-Copacabana, vendendo maçãs caramelizadas. Não que apreciasse as maçãs, mas as achava bonitas.


Quem não lembra dos vendedores de laranjadas que usavam copos de papel dentro desses copinhos de alumínio? Este estava na antiga calçada da Praia de Copacabana (não achei uma ótima foto colorida de uma carrocinha de laranjada no Passeio Público).


Esta baiana, estupendamente colorizada pelo Nickolas, trabalhava na calçada da Rua Araujo Porto Alegre.


Como se tomava laranjada naquela época na rua.


No Centro a carrocinha da Kibon dividia espaço com a de mate. "Mate Gel" seria "mate gelado"?

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

FACADA NO JBAN - ZEPPELIN


A foto, colorizada pelo Reinaldo Elias, mostra o Graf Zeppelin em 25 de maio de 1930, pousado no Rio.  Foi a primeira viagem entre a Alemanha, de onde decolou de Friedrichshafen no dia 18 de maio, e a América do Sul. Após pousar em Recife no dia 21, chegou ao Rio no dia 25, onde pousou no Campo dos Afonsos. Os alemães construíram o campo de pouso de 80 mil metros quadrados em Santa Cruz, onde edificaram um hangar de 270 metros de comprimento, cinquenta de altura e outros cinquenta de largura. Recebeu o nome de aeroporto Bartolomeu de Gusmão, atual Base Aérea de Santa Cruz. No local instalaram-se, ainda, uma fábrica de hidrogênio para abastecer os dirigíveis e uma linha ferroviária, ligando-o à estação D. Pedro II.

Passagem da viagem, em um Zeppelin, feita em 1933 pelo Sr. William Nordschild, proprietário da famosa “Casa Moderna”, situada na Rua Tonelero nº 138, obra do arquiteto Gregori Warchavchik.


Foto enviada pela Cristina Pedroso. O Zeppelin está nas imediações do Mercado Municipal da Praça XV. A cúpula parece ser a da Estação das Barcas. Vemos os seguintes anúncios: "Empréstimos a juros", "Chopp da Brahma", "Cerveja Fidalga Malzbier" e "Brahma Porter". 

Foto do livro “O Rio pelo alto”. O Zeppelin na altura da Pedra do Inhangá, em Copacabana.

Esse aí é o Graf Zeppelin - LZ127. Ele é mais alongado, a cauda termina em ponta e a gôndola abriga a cabine de comando e de passageiros. As chegadas do Zeppelin eram um acontecimento e tanto.

Zeppelin na Praia do Flamengo. O edifício da direita, o que se situa na esquina com Correia Dutra, acho que foi o primeiro edifício a ser construído na Praia do Flamengo. O edifício da esquerda parece ser o Ed. Seabra, vulgo Dakotta.

E terminamos com belas fotos coloridas do interior do Zeppelin, garimpadas pelo desaparecido Derani (provavelmente está no Catar assistindo à Copa do Mundo).





Para os interessados: O Zeppelin tinha 213 m de comprimento, 5 motores, transportava 24 passageiros e cerca de 45 tripulantes e um volume de 105.000 m³, sendo o maior dirigível da história até a data de sua construção em 1928. Sua estrutura era baseada numa carcaça de alumínio, revestida por uma tela recoberta por lona de algodão, pintada com tinta prata, para absorver o calor. Dentro dela, existiam 60 pequenos balões inflados com gás hidrogênio, juntamente com os seus 5 motores Maybach, com 12 cilindros, desenvolvendo até 550 HP (máximo) cada, alimentados com um combustível leve, o Blau Gas e gasolina, que o mantinham no ar, a uma velocidade de até 128 km por hora. Tinha capacidade de carga para até 62 toneladas.

Quem observava de fora a silhueta elegante e inconfundível do Graf Zeppelin, não imaginava o conforto que a gôndola proporcionava para os passageiros. Possuía banheiros, sala de jantar e estar, cozinha, e salas de rádio e navegação. O Graf Zeppelin, contava ainda com 10 camarotes, com dois beliches cada um, que confirmavam a fama de "hotel voador". A passagem, na época, custava 6.590 réis. Não era permitido fumar a bordo durante toda a viagem. Era verificado no embarque se nenhum passageiro portava isqueiros ou fósforos.

Os números da obra para a construção do aeroporto em uma área de cerca de 80.000 m², doada pelo Ministério da Agricultura, no bairro de Santa Cruz, eram faraônicas: o hangar, assentado sobre 560 estacas de sustentação, media 270 m de comprimento e tinha 52 m de largura interna, todo ele construído com peças de aço trazidas semiprontas por navio desde a Alemanha. O vão livre central tinha 70 m. Os portões, em ambas as extremidades, eram constituídos de duas folhas. O portão principal, no setor Sul, podia ser aberto em apenas seis minutos, com o auxílio de motores elétricos. Tudo isso já estimando a sua utilização para a operação do Hindenburg D-LZ129, de dimensões ainda mais extravagantes do que as do já extraordinário Graf Zeppelin.

Cerca de 5.000 homens trabalharam alternadamente na construção do complexo aeroviário do hangar. Um terço da mão de obra era de origem alemã. O brasileiro Augusto Mouzinho Filho, que esteve presente desde o início das obras e durante todo o tempo em que o Zeppelin frequentou o Brasil, contava que a Luftschiffbau Zeppelin pagava um tostão para cada metro quadrado do terreno e 16 contos de réis para cada viagem que realizasse para o Rio. Uma espécie de taxa de utilização do aeroporto, estipulada de "pai para filho", e que servia para amortizar os 30.000 contos de réis que o governo havia adiantado à própria empresa, encarregada ela mesma de construir o hangar via Companhia Construtora Nacional Condor.
 As novas instalações previam ainda a construção de uma usina com capacidade de produzir 3.000 m³ de hidrogênio por dia, além de depósitos de gasolina e óleo, mastro de amarração e outras instalações. No ano seguinte, graças aos recursos financeiros liberados pelo governo brasileiro, somados à preciosa tecnologia alemã, o Aeroporto Bartolomeu de Gusmão, como seria batizado, em Santa Cruz, estava praticamente concluído. No momento do pouso, mais de uma centena de homens postavam-se disciplinadamente espalhados pelo terreno, aguardando ansiosamente pelo momento em que os cabos de bordo fossem lançados. A proa era então atracada a uma torre de amarração telescópica de até 21,5 m de altura e a popa era engatada em um carro gôndola, que trazia o dirigível para o interior do hangar, onde então os passageiros podiam desembarcar em total segurança.

Original: http://aeromagazine.uol.com.br/artigo/a-memoravel-passagem-do-zeppelin-pelo-brasil_737.html#ixzz4VudeFkqf 
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

FACULDADE NACIONAL DE MEDICINA - TURMA DE 1972


Completamos hoje 50 anos de formados na Faculdade Nacional de Medicina. Este belíssimo prédio na Av. Pasteur, junto à Praia Vermelha, foi onde fizemos todo o curso.

Capa do livro comemorativos dos 50 anos.

Quando entramos na faculdade este era o símbo

lo: Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil.


Na metade do curso o nome foi mudado para Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro.


Por esta porta lateral, em março de 1967, entramos pela primeira vez na nossa querida universidade.


Foi uma honra envergar este uniforme da equipe de vôlei da Faculdade Nacional de Medicina nos campeonatos universitários.


O convite de formatura.

Colação de grau no Teatro Municipal.



O quadro de formatura.


Fotos da formatura em 1972.


Foto de 2022.

Discurso de David Capistrano, saudoso colega e orador de nossa turma: 

"A vida, que nos uniu, agora nos separa. Porém a unidade que formamos permanecerá em cada um de nós.

(...)

Recordemos estes seis anos em minutos. Lembremos os erros, as deficiências do ensino, o silenciamento da Universidade. Lembremos que não chegaríamos à metade do caminho se estivéssemos apenas nós unidos. Lado a lado conosco, estiveram nossos professores. Lembremos que não apenas se desdobraram para nos ensinar o que sabiam, mas arriscaram carreiras construídas em anos de trabalho para nos defender, para defender a Faculdade, a Universidade, a Liberdade.

A vida nos ensinou a importância da união. Fomos superando o que nos dividia, ressaltando as aspirações justas e comuns. Nós aprendemos que a união liberta.

A vida nos ensinou a importância da liberdade, para promover a união e o conhecimento.

(...)

A vida, que nos uniu, agora nos separa. Porém a unidade que formamos permanecerá em cada um de nós. O tempo de nossa convivência acrescentou-nos novas dimensões. Já não somos os mesmos de há seis anos. Já não somos tão diferentes. Completamo-nos. Cada um de nós não é somente uma história. Crescemos e na história de cada um de nós há capítulos comuns, memória coletiva, ideais de todos nós. 

FORMANDOS 1972"



terça-feira, 13 de dezembro de 2022

ALTO DA BOA VISTA - SACRÉ-COEUR DE JÉSUS

Ontem falamos do externato do Colégio Sacré-Coeur de Jésus, em Laranjeiras. Hoje o tema é o internato, que era no Alto da Boa Vista. 

Este tema sempre gera controvérsias. 

Por um lado o regime de internato atraía alunos de todas as partes do Brasil, em busca de bom ensino e boa formação, além de facilitar a vida de pais que viajavam muito. E era o destino para crianças "problemáticas" que, na visão dos pais, precisavam ser disciplinadas.

Por outro lado privava os adolescentes da liberdade e da companhia dos pais. Não seria melhor ter o carinho deles ao invés da rigidez dos regimes desses colégios?

Este postal, enviado pela tia Nalu, mostra o prédio da Rua Ferreira de Almeida, no Alto da Boa Vista. À esquerda podemos ver o Colégio São Bento, que também funcionou no Alto por uma época. 

Outro postal, enviado pela tia Nalu. O prédio era muito interessante e foi usado como cenário de novelas. Não sei como está hoje em dia. 

Como em quase todos os internatos da época, a disciplina era duríssima. Contam que era obrigatório o uso de camisolões na hora do banho. E que, muitas vezes, não havia água quente. Será verdade?


Conta a tia Nalu que este é o pátio do recreio:
“No meu "tempo" já estava diferente. Não lembro daquele galpão e a área era dividida em vários campos de vôlei. Acho que eram 4.

No recreio, lembro que não podíamos simplesmente ficar à toa, batendo papo; éramos obrigadas a jogar, gostando ou não.

Só consegui uma folguinha quando quebrei o dedo indicador na recepção de um saque venenoso. A freira da enfermaria (acho que era Mere Albaladejo) disse que era frescura minha e fiquei um bom tempo com o dedo roxo e inchado. O lado bom é que treinei escrever com a mão esquerda para fazer as provas. Conservo essa habilidade até hoje.

No prédio, à direita, se bem me lembro, as janelas envidraçadas são a "fontaine" (banheiros). 

Tia Nalu foi aluna do internato e do externato.

Nas primeiras décadas do século XX havia bondes especiais no dia da folga mensal das alunas do Sacré-Coeur. Eles faziam o trajeto da Rua da Assembleia, no Centro, para o Alto da Boa Vista.


O local da foto talvez seja na Usina.

Segundo o Helio este é o modelo mais horripilante de bonde que já circulou no Rio de Janeiro. É de um fabricante alemão, Van der Zypen & Charlier. Só foram comprados 55 exemplares do mesmo, segundo o site do Allen Morrison.

Alunas do Externado Sacré-Coeur de Jésus


A sala de estudos do Alto da Boa Vista.



segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

MORRO DA GRAÇA - SACRÉ-COEUR DE JÉSUS


Postal colorizado, de uma foto de Malta, da Coleção de Klerman W. Lopes. Nesta região, em 1905, começou a funcionar o Colégio Sacré-Coeur de Jésus.

A Praça Cabral, na Glória, com a estátua de Pedro Álvares Cabral, obra de Rodolfo Bernardelli, no seu primitivo local. Ao fundo, o Hotel Suíço, originariamente residência familiar, na esquina da Rua Cândido Mendes, ex-Dona Luísa. Na casa anexa funcionou, no final do século XIX, o Clube Beethoven, do qual fez parte Machado de Assis, em que tinham lugar concertos de música erudita e também reuniões sociais, casa essa transformada em pensão antes de ser incorporada pelo Hotel Suíço, como anexo.

Não há mais vestígio de nada disso, inclusive do prédio que, pouco à esquerda, abrigou o externato Sacré-Coeur de Jésus, 1905 até a década de 30.

O Colégio Sacré-Coeur de Jésus no Rio de Janeiro teve sua origem no colégio criado no início do século XIX em Amiens, na França. 

O objetivo do colégio era "transformar meninas em damas com forte capacidade reflexiva", baseado nos princípios da religião católica e com grande influência francesa (praticamente todas que ali fizeram todo o curso saíam falando fluentemente o francês).


Nesta foto de 1968, de Lygya Giordano, vemos o aspecto do Morro da Graça, com o colégio Sacré-Coeur de Jésus. Ali funcionou o externato deste colégio, de 1935 a 1969, quando o prédio foi vendido para uma firma de engenharia. Atualmente há um condomínio de prédios no local.

O Morro da Graça, no bairro de Laranjeiras, é limitado pelas ruas Pinheiro Machado, Laranjeiras, Soares Cabral e Moura Brasil.

O local foi adquirido em 1878 pelo comerciante Manoel F. C. Graça, que deu o nome ao morro. No final do século XIX foi comprado pelo senador Pinheiro Machado. 

A partir de 1935 o colégio começou a funcionar no Morro da Graça, ao lado do palacete de Pinheiro Machado, cuja lateral vemos nesta foto.



Um dos aspectos mais bonitos do colégio era o belo jardim de São José, lado de onde ficava a sala de costura.


Nesta foto, colorizada pelo Nickolas Nogueira, vemos uma festividade no Colégio Sacré-Coeur de Jésus. 


A capela existente dentro do colégio, no Morro da Graça.


A turma de minha mãe. Além dela aparecem a madrinha de meu irmão, duas futuras freiras e várias amigas de vida toda dela. Três gerações da família D´ frequentaram o SCJ do Morro da Graça.


A turma da tia Nalu.


Os uniformes das escolas católicas por volta da metade do século passado eram super-conservadores. Até os uniformes de ginástica e o do famoso time de volei do SCJ eram com saiotes abaixo do joelho.


Foto, como as duas anteriores, enviadas pela tia Nalu. Outra característica marcante das "Enfants du Sacré-Coeur" era a caligrafia. Por ser exigido, com rigor, que todas usassem a caligrafia ensinada no colégio, sempre foi fácil identificar quem estudou no colégio desde o Jardim de Infância.
Eram outros tempos.