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terça-feira, 17 de setembro de 2024

RESTAURANTE TOQ???

Há 5 anos foi publicada a foto acima como sendo do Restaurante TOQ, em São Conrado. Parecia tudo certo, com os automóveis estacionados e as placas certinhas (a do fusca escuro à esquerda termina em 3475 e a do fusca escuro à direita termina em 2204).

Eu não conhecia, nem me lembrava deste restaurante. O Augusto, o Lino, o Wagner e o Waldenir também não conheciam. O Masc e o GMA lembravam do POT e do BEM, este também lembrado pelo Joel. O Anônimo disse que o BEM era na esquina esquerda da subida da Estrada da Canoa e o POT na esquina da direita.

Isto posto, não é que recebo domingo passado uma mensagem de outro "Anônimo", dizendo que o TOQ nunca existiu? E a explicação está na segunda foto de hoje.


"Espelhei" a foto para justificar a explicação. O cartaz que parecia "TOQ" estaria sendo visto pela parte traseira. Assim, "espelhando" a foto, vemos que seria "POT" mesmo.

Existiu ou não existiu o "TOQ"?


As posições dos automóveis é a correta. As placas mostram isto. Esta foto não está espelhada.



O Restaurante POT é citado em reportagem sobre "pegas".


O Restaurante TOQ em foto do "Jornal do Brasil", garimpada pelo GMA, que matou a charada.


segunda-feira, 16 de setembro de 2024

PENSÃO SUISSA / HOTEL SUIÇO / PRAÇA CABRAL


FOTO 1: Postal colorizado de uma foto de Malta ou de A. Ribeiro, da coleção de meu amigo Klerman W. Lopes. A Praça Cabral, na Glória, com a estátua de Pedro Álvares Cabral, obra de Rodolfo Bernardelli, no seu primitivo local. Ao fundo, contra o maciço vegetal, a “Pensão Suissa”, depois “Hotel Suíço”, originariamente residência familiar, na esquina da Rua Cândido Mendes, ex-Dona Luíza. 

A "Pensão Suissa" é da primeira década do século XX, tinha 60 apartamentos, banheiros com água quente e um salão de jantar. Em 1917 mudou o nome para "Hotel Suíço" por ordem da Prefeitura. 

Na casa anexa funcionou, no final do século XIX, o "Clube Beethoven", do qual fez parte Machado de Assis, em que tinha lugar concertos de música erudita e também reuniões sociais, casa essa transformada em pensão antes de ser incorporada pelo Hotel Suíço, como anexo.

O “Clube Beethoven” foi fundado por Kinsman Benjamin, em 1882, sendo que ali muito se fez pela música. Foi fechado em 1889. O objetivo do clube era cultivar o gosto do público pela música de câmera e sinfônica. Inicialmente era exclusivamente para homens. Além de numerosos concertos que tiveram até a presença de Suas Majestades e Altezas Imperiais e alcançaram grande sucesso. Machado de Assis foi um dos diretores e tinha uma cadeira fixa na sala de concertos, vizinha à do Visconde de Taunay. No frontispício do prédio, no alto, havia um medalhão com a esfígie do compositor, esculpido pelo artista Rodolfo Barnadelli.

Não há mais vestígio de nada disso, inclusive do prédio que, um pouco à esquerda, abrigava o externato Sacré-Coeur de Jésus. Os tílburis conviviam com bondes a tração elétrica. Os jardins denotavam a marca do estilo Grandjean de Montigny. À direita o antigo cais da Lapa e obras do aterro para a Avenida Beira-Mar.

A “Pensão Suissa” ainda na primeira metade do século XX virou o Hotel Suíço, na Rua da Glória, esquina de Candido Mendes, antiga D. Luiza. Ao lado desse edifício, como seu anexo se encontra, bem ao fundo, um pavilhão onde funcionou o “Clube Beethoven”, em cujo frontispício, no alto, há um medalhão esculpido pelo artista Rodolfo Barnadelli.

O “Clube Beethoven” foi fundado por Kinsman Benjamin, em 1882, sendo que ali muito se fez pela música. Foi fechado em 1889. O objetivo do clube era cultivar o gosto do público pela música de câmara e sinfônica. Inicialmente era exclusivamente para homens. 


FOTO 2: Defronte ao monumento a Pedro Álvares Cabral e ao prédio da "Pensão Suissa" situa-se um antigo muro datado do século XVIII, que recebeu em 1905 uma balaustrada em granito removida da Praça Tiradentes pelo Prefeito Pereira Passos. Na mesma ocasião, ele implantou o primeiro relógio elétrico do Rio de Janeiro, situado no final da balaustrada.



FOTO 3: O prezado José Alberto C. Maia (um dos grandes pesquisadores do Rio Antigo e a quem o “Saudades do Rio” agradece) fez uma pesquisa aprofundada sobre a “Pensão Suissa/Hotel Suiço”, que vem parcialmente descrita a seguir.

Em 18 de junho de 1959, o jornal Correio da Manhã noticiava: "Hotel Suíço: Pedaço do Rio Antigo que vai desaparecer"

No corpo da matéria, Luiz Edmundo, relatava:

"Vão demolir o Hotel Suíço e assim desaparecerá um pedaço do Rio dos saraus, dos homens de chapéu de côco e das damas de vestido de filó.

O prédio onde funciona o Hotel Suíço é dos mais antigos do Rio. Não me recordo bem da sua história, mas estou bem certo que por seus salões desfilaram as mais ilustres personalidades do passado e aqueles cômodos hospedaram famílias tradicionais."

Segundo a reportagem o hotel ao longo de sua vida recebeu inúmeros artistas de renome como Caruso, Tita Rufo, Clara Bow e escritores como Humberto de Campos e Xavier Marques, além de políticos da Velha e da Nova República. Famílias inteiras se hospedaram ali, como a família de Ruy Barbosa. A derrubada de tão significativa edificação, ainda tão viva na memória dos antigos moradores da Glória, está bem definida e clara, será de Dezembro de 1959 até Fevereiro de 1960."


FOTO 4: Vemos alunas do Colégio Sacré-Coeur de Jésus próximas ao famoso e belíssimo relógio do bairro da Glória, quando se preparavam para tomar o bonde. O colégio funcionava em prédio ao lado da “Pensão Suissa”, depois “Hotel Suíço”, com os alunos do Externato. Durante certo tempo havia um bonde especial que levava alunas do Sacré-Coeur para o Internato, no Alto da Boa Vista, mas não sei se a partida era desta "ilha" na Glória ou se era do Centro.

Nos anos 50 o Prefeito Mendes de Morais mandou retirar aquela "ilha" de embarque em bondes da Cia. Jardim Botânico, perto do relógio da Glória. Então, para tomar-se bonde para a cidade ou se ía até à Rua do Catete, defronte da Santo Amaro, ou se era obrigado a ir até ao Largo Paula Cândido.

O Colégio Sacré-Coeur de Jésus no Rio de Janeiro teve sua origem no colégio criado no início do século XIX em Amiens, na França. 

O objetivo do colégio era "transformar meninas em damas com forte capacidade reflexiva", baseado nos princípios da religião católica e com grande influência francesa (todas que ali fizeram todo o curso saíam falando fluentemente o francês, língua estrangeira que dominou o Rio até meados do século XX). O externato do Sacré-Coeur de Jésus se mudou por volta de 1930 para o Morro da Graça, perto da Rua das Laranjeiras. 

FOTO 5: Uma imagem de meados do século XX com o "Hotel Suíço". A inauguração do relógio da Glória, um "Krussman" de quatro mostradores, tem uma história interessante:

Conta Dunlop que, como não havia eletricidade no bairro ainda, quando o relógio foi instalado no início do século XX, a Prefeitura apelou para a Cia. Ferro Carris do Jardim Botânico. Entretanto, a Companhia verificou que todo o dispositivo do relógio foi estabelecido de maneira a receber subterraneamente a corrente, o que diferia do modo pelo qual a eletricidade chegava aos bondes. 

Querendo colaborar com a Prefeitura, mas resguardando seus interesses, mandou a seguinte comunicação: 

"Para não atrapalhar a inauguração a Empresa fará uma exceção, em caráter provisório, uma vez que fique estabelecido que se houver algum transtorno na nossa linha, resultante da derivação subterrânea de energia elétrica para aquele ponto, reserva-se a Companhia o direito de desligar a corrente, avisando-vos, oportunamente, para que vos digneis providenciar a fim de que seja feita de outra qualquer maneira a iluminação do referido relógio.”

FOTO 6: Na "Pensão Suissa" moravam famílias, profissionais diversos, visitantes da cidade. Este anúncio de uma professora de inglês saiu no "Correio da Manhã".


FOTO 7: Anúncio publicado no "Correio da Manhã" em 1959. Prédio extremamente bem localizado, perto do Centro, apartamentos de dois quartos, dependências de serviço completas, vaga na garagem, em 80 prestações a preço fixo.

COMPLEMENTO: Em 1896, após o fechamento do "Clube Beethoven" por dívidas, Machado de Assis, nas páginas de “A Semana”, de 18 de julho, escreveu:

"Mas tudo acaba, e o Clube Beethoven, como outras instituições idênticas, acabou. A decadência e a dissolução puseram termo aos longos dias de delícias".

Após a devolução o prédio foi alugado para Silvestre Campos que aproveitando o nome do clube e a esfígie de Beethoven inaugurou a "Pensão Beethoven", que hospedou por um tempo, após o término de seu mandato, o ex-presidente Prudente de Moraes.

Silvestre aproveitou o pavilhão musical construído ao fundo e o transformou em restaurante aberto ao público.

No mesmo ano de 1897, Urbano alugou o sobrado da esquina da ´Rua de Dona Luisa para a suíça Bertha F. David que ali fundou a Pensão Suissa.

Em 1909, Bertha comprou a Pensão Beethoven que funcionou ainda bastante tempo com esse nome, pois era bem conhecido.

Posteriormente em 1915 ela uniu as duas e manteve o nome de “Pensão Suissa”. Por determinação da Prefeitura, Bertha em 1917 alterou o nome para “Hotel Suíço”.

Em 1922, já sob a administração de Carlos Peixoto, com projeto e supervisão dos engenheiros Rodolfo de Souza Dantas e Arthur Montresor, iniciou-se a ligação física entre os dois sobrados e a criação de um quarto piso, obra terminada em 1926, pois não houve paralisação das atividades do hotel.

Foram mantidos alguns acabamentos originais dos sobrados como escadas em mármore, vitrais franceses, azulejos e louças francesas, colunas em ferro e estátuas.

A partir de meados dos anos 40 o hotel começou a declinar tanto em termos de sua manutenção quanto no nível dos hóspedes que o buscavam até que em junho de 1959, foi anunciada a venda do imóvel, quando o hotel possuía apenas um hóspede.

Sua demolição ocorreu entre Dezembro de 1959 e Fevereiro de 1960. O Jornal do Brasil anunciava nos primeiros dias de fevereiro, a venda de objetos oriundos da demolição iniciada.

Quando foi vendido para a Construtora Camizão, o prédio pertencia à Equitativa do Brasil e sua venda feita de modo irregular foi motivo de inquérito criminal envolvendo toda a diretoria da empresa, que nessa época pertencia à União.

Hoje no local existe o edifício “Parque da Glória”.