Total de visualizações de página

sábado, 5 de novembro de 2022

PROJETO AQUARIUS



Uma grande inciativa iniciada nos anos 70 foi o Projeto Aquarius, criado pelo O Globo, através de Roberto Marinho e Péricles de Barros, junto com o maestro Isaac Karabtchevsky.

Embora muitos neguem, há estudos que comprovam que até a produtividade de funcionários de fábrica melhora com acesso à cultura. Abrindo a cabeça fica mais fácil compreender os objetivos da companhia e entender os próprios processos produtivos.

A primeira apresentação foi no Parque do Flamengo e teve uma assistência enorme de populares, desmistificando o tabu de que a música clássica seria reservada para a elite.

Participaram da apresentação a Orquestra Sinfônica Brasileira sob a regência de Karabtchevsky e os cantores da Associação de Canto Coral.

O Projeto Aquarius, certa vez, reuniu quase meio milhão de pessoas na Quinta da Boa Vista.


quinta-feira, 3 de novembro de 2022

CATEDRAL


Vemos um aspecto da região do Centro/Lapa no início dos anos 70. Passando de bonde pelos Arcos da Lapa, o fotógrafo nos mostra uma paisagem em mudança.

A sua frente, mais ao fundo, podemos ver o futuro, com o prédio-sede da Petrobrás ainda em construção, à esquerda, também inacabada está a nova Catedral da cidade, em formato de pirâmide circular e, por trás desta, o também inacabado prédio do BNH (extinto em 1986).

Já em primeiro plano podemos ver o passado.

O casario antigo já demolido, onde hoje se encontra o Circo Voador e, mais atrás um pouco, o prédio da antiga Fundição Progresso.

De 1881 até 1976, a Fundição fabricou fogões, cofres e vários outros artefatos metálicos e após seu fechamento o prédio ficou desocupado e quase foi derrubado, sendo salvo a partir de 1982 quando foi aproveitado para funcionar como um centro cultural e casa de espetáculos sob o nome de Fundição Progresso.

Foto de Gyorgy Szendrodi, de 1971.


Foto da construção de um dos monumentos mais feios da cidade: a Catedral do Rio de Janeiro, na década de 1970.

Nos primeiros 58 anos de sua história, a Catedral se instalou na igrejinha que Salvador de Sá mandara fazer de adobes e telha-vã, com três naves, no Morro do Castelo. Esta construção foi demolida em 1922, quando acabou o desmonte do morro.

Em 1734, a Catedral foi transferida do Morro do Castelo para a igreja de Santa Cruz dos Militares, onde permaneceu apenas três anos. Depois mudou-se para a igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, e ali ficou até a chegada da Família Real, em 1808, quando o Príncipe Regente de Portugal, Dom João VI, fez da igreja Nossa Senhora do Carmo, na Praça XV, sua Capela Real, logo elevada, por ele também, à categoria de Catedral.

Só em 1964 foi lançada a pedra fundamental da atual Catedral que foi formalmente inaugurada em 15/08/1979. O arquiteto deste monstrengo foi Edgar Fonseca. A Catedral tem as seguintes medidas: 75 metros de altura externa e 64 metros de altura interna, 106 metros de diâmetro externo e 96 de diâmetro interno, cada vitral: 64,50 x 17,80 x 9,60 metros; área de 8.000 m2, com capacidade para abrigar 20.000 pessoas em pé ou 5.000 sentadas.

O projeto é inspirado na pirâmide que os Maias construíram na Península de Yucatan, no México. Na base, a pirâmide é quadrada e larga, mas se estreita a medida em que sobe, até tomar, no topo, a forma de um platô. Diferentemente das pirâmides dos Maias, ela tem forma circular e cônica para significar a equidistância e proximidade das pessoas em relação a Deus, lembrando um pouco também a mitra usada pelos bispos nas cerimônias mais solenes.  

Os quatro vitrais, que nos dão impressão de estarem abraçados por fios de betão, são também uma afirmação da fé que está na origem e na finalidade maior da Catedral e estão posicionados conforme os pontos cardeais. Eles simbolizam as quatro notas características da Igreja: Una, Santa, Católica e Apostólica. 

PS: não se de onde tirei esta informação.


Esta cópia piorada da Catedral de Brasília é muito feia. Conforme conta Milton Teixeira, em 1953 houve uma tentativa de se construir a Catedral no Aterro do Flamengo. Entretanto, em 1963 era lançada a primeira pedra, durante o Governo Carlos Lacerda. Os autores do projeto foram os arquitetos Edgard de Oliveira da Fonseca (1963) e Padre Paulo O.S.B. (1971). A Catedral de São Sebastião já mereceu o apelido de "pudim de leite".


Nesta foto do Acervo Mills, vemos um aspecto das vizinhanças da Avenida Chile no final dos anos 60, com as obras de duas das mais feias (segundo alguns) construções de nossa cidade. Em primeiro plano vemos as obras do prédio da Petrobrás, um projeto do escritório Forte Gandolfi e inaugurado no início dos anos 70, tendo jardins de Burle Marx.

À esquerda, a construção da (feiosa) Catedral do Rio de Janeiro. 




quarta-feira, 2 de novembro de 2022

RUA BAMBINA (3)

Hoje, continuando o tema sobre a Rua Bambina vamos falar sobre três locais desta rua.

Vemos a casa onde funcionava o Aloisianum, local onde, antigamente, ficavam hospedados os que estudavam para ser padre jesuíta. Localizada na Rua Bambina nº 115, até 1957 funcionava neste casarão típico do bairro de Botafogo. Tinha sido fundado em 1940 para servir como extensão do Colégio Santo Inácio. Fui colega de muitos desses alunos.

Ali ficava a Biblioteca da Cúria Providencial dos Jesuítas, com acervo especializado em Teologia e obras sobre a Companhia de Jesus, inclusive com cartas originais do Padre Anchieta.


A seguir, acho que por volta de 1960, o casarão foi derrubado para dar lugar a este moderno edifício, mostrado na foto colorida. O terreno era imenso. Nos fundos havia um grande campo de futebol, mais de areia do que de terra batida.

Em 1969 perdeu o vínculo com o colégio, mas continuou ligado aos Jesuítas, ali funcionando o Instituto Aloisianum (Centro João XXIII e Ação Social – CIAS, e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento – IBRADES).

Vemos o prédio do Colégio José Bonifácio, na Rua Bambina nº 146. Inicialmente foi a casa do comerciante Abdon Batista e depois foi a casa dos avós do prezado Gustavo Lemos, Alberto Custódio de Almeida Magalhães e Isabel Barros de Figueiredo. A casa ficava ao lado da atual 10ª DP. 

O avô do Gustavo comprou a casa no início dos anos 30 e nela residiu com a família até o casamento da sua filha caçula (mãe do Gustavo) em 1950, quando se mudaram para a Praia do Flamengo. 

A casa foi então alugada para o Colégio José Bonifácio, que lá funcionou até os anos 80, quando foi demolida e em seu lugar construído um prédio dividido em dois blocos. 



O Colégio Resende ficava na Rua Bambina nº 134/136. Foi fundado em 1907 na Real Grandeza, indo depois para a Bambina. Suas fundadoras foram três irmãs, Marieta, Carmem e Silvia Maria Resende. Oferecia internato e externato. Na época chamava a atenção por ser um ginásio dirigido por moças para educação dos rapazes.


terça-feira, 1 de novembro de 2022

RUA BAMBINA (2)

Continuamos a série da Rua Bambina com as fotos em P&B, dos anos 30/40, de Dinah Soares da Costa Pinheiro e que foram cedidas ao JBAN. As fotos coloridas, de 2008, são do Rafael Netto, o Rafito. O fotógrafo continua no mesmo ponto da Rua Bambina (bem no meio da rua) e agora tira uma foto para cada lado (a 90 graus do eixo da rua), mostrando a calçada e seus imóveis.


Vemos nesta foto o lado ímpar da Rua Bambina. O açougue pertencia a parentes de Raul Bastos, casado com Angelina dos Santos Bastos e pai da Dra. em Física Nuclear, pelas Universidades de Bruxelas e Paris, Wilma dos Santos Bastos, aposentada pela CNEN.

Vê-se ao lado do prédio do açougue a barbearia, onde cortava os meus cabelos. Ao lado ficava a Leiteria Aliança que se estendia até a esquina da Rua Visconde de Ouro Preto. A Leiteria confrontava-se com a Farmácia Ouro Preto, cujo gerente era o pai da Ilka Soares (que ali morava), do lado da Rua Visconde de Ouro Preto.


Aqui vemos o local da primeira foto documentado pelo Rafael Netto em 2008. Conta ele: Sem grandes modificações e razoavelmente preservadas, as duas construções permanecem lá e têm suas características preservadas pela APAC. A casa da esquerda são os fundos do Mercadinho Bambina, no número 86 da Visconde de Ouro Preto, construção comercial com poucas portas laterais irregulares, atualmente todas fechadas, mas mantendo os vãos visíveis. A van está descarregando mercadorias para o estabelecimento.


Já a casa da Bambina nº 73 não sei o que abriga atualmente, mas preserva grande parte do trabalho em serralheria, inclusive as grades nas arcadas que não se veem na foto. Infelizmente o aspecto foi ferido com a construção de uma marquise e destruição das portas originais, algo muito comum nos sobrados comerciais do Rio.


Aspecto do local em imagem do Google Maps atual.


Vemos nesta foto o lado par da Rua Bambina, onde ficava a Padaria e Confeitaria Flor de Botafogo, no nº 80, e que foi a primeira padaria de Botafogo. A foto é da década de 30/40. Essa padaria era do avô de D. Dinah, Albino Soares da Costa, a qual foi inaugurada nos idos de 1920.

Conta D. Dinah que seu pai faleceu em 1941 e seu avô em 1945. Lembra ela, com saudade, dos pães que lá eram feitos, os doces, os biscoitos (rosquinha amanteigada) - não existem iguais. Lá tudo era feito com manteiga da melhor qualidade e ovos. O avô não admitia usar margarina e anilina como hoje usam. A moto era do pai dela, que sofreu um grave acidente na "Curva da Amendoeira".   As fotos foram tiradas pelo pai com uma máquina KODAK caixote.

A família de D. Dinah morou no nº 82, ao lado da padaria. Muitos anos depois ali funcionaram os estúdios da Atlântida.


Esta é a foto feita pelo Rafael Netto em 2008, do lado par da Rua Bambina. Ali ficava a Padaria Flor de Botafogo, segundo a D. Dinah a primeira do bairro, inaugurada na década de 1920. A casa funcionou como padaria até há poucos anos, e depois que a loja fechou, permanece abandonada. Ao fechar já havia se tornado uma "padaria moderna" como outras na região. O aspecto atual da construção vem da reforma que o estabelecimento sofreu para adotar esse perfil.

Completamente descaracterizada, pouca coisa na casa remete à original, praticamente só as quatro colunas que dividiam a fachada, mantidas apenas na parte de cima.

Os vizinhos da antiga padaria também se foram há muito tempo, do lado esquerdo havia até a década de 80 uma construção industrial estilo "pé-palito" que pertencia à Atlântida Cinematográfica, depois da demolição, o terreno permanece vazio e usado como estacionamento. Do outro lado há um edifício provavelmente dos anos 60 que abriga há muitos anos a Livraria Atheneu, referência na área médica.

 

Aspecto do local em imagem do Google Maps atual.

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

RUA BAMBINA (1)

Uma rua com muitos nomes.

A Rua Bambina, antiga Rua do Boi, Rua Comandante Tamborim, Rua Vicente Souza e Rua Timóteo da Costa, começa na Rua Marquês de Olinda e termina na Rua São Clemente, com conta Paulo Berger:

Rua do Boi quando foi aberta, porque nela pastavam bois e vacas.

Rua Bambina, em 1863, devido ao Ministro do STJ José Bernardo de Figueiredo que abriu várias ruas na sua chácara em Botafogo, sendo a Rua Bambina em homenagem à sua neta, Luísa Bambina de Araújo Lima, depois Viscondessa de Pirassununga.

Rua Comandante Tamborim, em 1868, em homenagem ao Major Sebastião Tamborim, morto pelos paraguaios quando comandava o 26º Batalhão de Voluntários da Pátria.

Em 1892 a rua voltou a chamar-se Rua Bambina.

Em 1910 mudou o nome para Rua Vicente de Souza, médico e jornalista, diretor da Imprensa Nacional no Governo Floriano Peixoto.

Em 1917 voltou a se chamar Rua Bambina, porém em 1934 recebeu o nome de Rua Timóteo da Costa.

Finalmente em 1937 voltou a receber o nome tradicional de Rua Bambina.

Veremos esta semana fotos referentes a esta rua.

As fotos em P&B, dos anos 30/40, são de Dinah Soares da Costa Pinheiro e foram cedidas ao JBAN. As fotos coloridas, de 2008, são do Rafael Netto, o Rafito.

As fotos foram tiradas do mesmo lugar da Rua Bambina, próximo à esquina da Rua Visconde de Rio Preto onde o Sr. Albino Soares da Costa, avô de Dinah era proprietário da Padaria Flor de Botafogo.

Esta primeira foto mostra a Rua Bambina em direção à Rua Marquês de Olinda. Ao fundo vemos o belo sobrado que foi um dos que mais resistiu à "modernidade".  


Esta foto foi tirada pelo Rafito há 14 anos. Na Bambina, como em todo o bairro de Botafogo, convivem construções do início do século 20, muitas hoje preservadas, com vários prédios mais recentes.

Comparando as imagens, vemos que pouca coisa sobrou. Do lado esquerdo todas as construções visíveis já não existem. Do outro lado, o grande sobrado em primeiro plano deu lugar a um edifício já antigo. A seu lado, na foto antiga havia tapumes que indicavam uma demolição recente, hoje existe ali o Motel Bambina. Apenas a construção seguinte ainda resiste, o grande sobrado que abriga uma das unidades do Colégio Dínamis. Ambos têm o mesmo estilo, mas a casa demolida parece ser mais alta e tinha um grande frontão decorado.

Ao fundo, pouco visível ainda se encontra o antigo sobrado com fachada de pedra na Rua Marquês de Olinda, e o Morro Mundo Novo hoje em dia está bem mais arborizado.



Girando 180º vemos o eixo da Rua Bambina em direção à Rua São Clemente. À esquerda vemos a entrada da Rua Visconde de Ouro Preto. Os dois imóveis de cada lado da esquina continuam por lá, um tanto descaracterizados. Mais adiante à direita, onde passa o bonde, é hoje o Hospital Samaritano. Bicicletas no meio-fio, poucos carros e passantes completam o cenário.

Na 1ª esquina, à esquerda, na Rua Visconde de Ouro Preto era o botequim do Sr. Coelho. No outro lado dessa rua estava o armazém do Sr. Aurélio e na esquina, à direita, isto é, Rua Marechal Niemeyer, onde tem uma grade com planta é hoje o Hospital Samaritano. 


Conta o Rafael Netto: Aqui as semelhanças são mais visíveis, as duas construções mais próximas permanecem de pé, uma de cada lado da esquina da Visconde de Ouro Preto. A mais distante abriga o Bazar Ouro Preto, de materiais de construção, e a mais próxima o Mercadinho Bambina, conservando inclusive a marquise em fer-forgé. Ambas estão preservadas pela APAC de Botafogo.