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sexta-feira, 17 de novembro de 2023

MIRANTE DONA MARTA

Hoje vamos falar do Mirante Dona Marta. 

E fica a pergunta aos comentaristas: Todos já foram aos principais pontos turísticos do Rio?

O local do mirante fica em terras que foram do Padre Clemente que, segundo texto do Sindegtur, ficou rico o suficiente para adquirir há alguns séculos a Sesmaria de Botafogo, cujas terras tinham como limite a Enseada de Botafogo, a “Lagoa de Sacopenapã” (rebatizada em 1703 para Rodrigo de Freitas, seu dono), bem como os morros que depois se chamarão de São João e Santa Marta.

Fundou Clemente a “Fazenda do Vigário Geral”, ou de “São Clemente”, numa imodesta homenagem ao seu santo onomástico. Não satisfeito, ergueu em suas terras uma capela dedicada a São Clemente, que existiu até o princípio do século XX no final da Rua Viúva Lacerda. Como se fosse pouco, abriu Clemente um caminho da enseada de Botafogo até sua capela, caminho batizado de São Clemente!

Em homenagem à sua veneranda mãe, que morreu no Rio de Janeiro em 1698 aos 92 anos (idade excepcional para a época), Clemente batizou o morro circundante de suas posses como “Morro Dona Marta”. Nome que ficou até época recente. Em 1980, os favelados da “Favela Dona Marta”, surgida em 1930 e hoje uma das mais conhecidas na cidade, em comum acordo, rebatizaram o morro para “Santa Marta”, o que deve muito ter agradado o Padre Clemente, esteja ele onde estiver.

Vemos o estacionamento do Mirante de Dona Marta. Foi construído a partir da administração Dodsworth, segundo Brasil Gerson, quando por um caminho precário, ainda de saibro, que vinha do Silvestre, se alcançava o alto do Morro de Dona Marta.

Segundo a Secretaria de Turismo, de carro, o acesso é feito pelo Cosme Velho. Siga a Ladeira dos Guararapes, na direção do Corcovado, até avistar uma placa indicando o Mirante. O acesso é fácil e há estacionamento no local.

A pé, o acesso é feito pelo Morro Dona Marta: suba até o topo da favela (é possível subir de elevador) e siga pela trilha que leva de 30 a 50 minutos. Íngreme, tem grau de dificuldade que pode variar de médio a alto. Contrate um guia especializado.

Nosso amigo Zé Rodrigo recomenda muito ir até lá de moto, pela Estrada das Paineiras. O desaparecido Rouen batia ponto com frequência no Mirante e garantia que era seguro ir até lá devido ao grande número de turistas e ao policiamento.

Atualmente há também por lá um heliponto.


Segundo outro desaparecido, o Rafael Netto, houve um projeto para construir um ramal da ferrovia até o Mirante, aproveitando os antigos trens aposentados em 1979. Mas ficou na intenção.

Durante meus tempos de aluno do Colégio Santo Inácio, todas as férias fazíamos uma caminhada saindo do Colégio de manhã bem cedo: passávamos pelo topo da então tranquila Favela Dona Marta, parávamos no Mirante para um lanche e seguíamos até o Corcovado. Descíamos de trenzinho, pois ninguém é de ferro...


Esta foto foi enviada, para o Decourt, em priscas eras, pelo sumidíssimo Carlos Paiva, colaborador notável de vários blogs do Rio antigo, como o “Saudades do Rio”.

Na época o mestre Andre Decourt assim a descreveu: “Nesta foto do meio dos anos 60 vemos a chegada ao Mirante D. Marta, talvez um dos mais belos mirantes da cidade.

Seu acesso foi em muito facilitado para o grande público nos anos 50, com a construção da “Variante Paineiras”, na realidade o caminho onde hoje chegamos, partindo da Rua Almirante Alexandrino,  ao Hotel das Paineiras, que vinha substituir a primitiva via aberta na época de Passos.

Com a construção da variante, o DER-DF, na gestão de Negrão de Lima como prefeito, começou a abrir um novo ramal, com as mesmas técnicas construtivas até o topo do Morro Dona Marta de onde se descortinava uma maravilhosa vista da Zona Sul.

No governo Lacerda o mirante ganhou suas primeiras obras de urbanização, já que o acesso estava feito, obras que foram complementadas no governo Negrão, agora governador da Guanabara.

Vemos o piso em placas de concreto armado e a cerca em gradil metálico tão típicas das obras de engenharia dessa época em nossa cidade. O mirante ficou com essa arquitetura básica durante décadas, foi ficando abandonado e perigoso nos anos 80. No início da década de 90 houve novas obras no local, mas o perigo de se frequentar o local, pelo menos de dia só diminuiu em muito com a instalação de um heliponto turístico no local.”



Foto publicada no "Saudades do Rio - O Clone", com a seguinte legenda: "Mostra, no morro em primeiro plano, uma vertente da Rua Mundo Novo praticamente vazia. Nota-se o ziguezague das ruas Jagua e Juçanã e, no fim dele, o pequeno mirante . Havia uma dúvida sobre a estrada que segue em destaque para o pé da foto. Parece que se trata da Rua Oswaldo Seabra."


O local tem uma vista tão bonita que era utilizado para propagandas de automóveis. Segunto obiscoitomolhado a foto foi publicada na revista "Quatro Rodas". Vemos um Karmann Ghia, talvez 63 ou 64.

Um antigo comentarista, fã de automóveis, apontou deficiências básicas no Karmann-Ghia: Motorização "anêmica" com seu propulsor inicial de 1200cc., mais tarde adotando melhorias e adaptações, até com motorização Porsche (Dacon). A inclinação lateral em razão do projeto obrigava ao fechamento dos vidros quando chovia, causando embaçamento pela ausência de ventilação forçada.

Os especialistas concordam com esta opinião?


Outra foto de propaganda, esta garimpada pelo M. Lobo. Vemos a foto de um anúncio da FNM - Fábrica Nacional de Motores, com um “JK” fabricado a partir de 1960, sob licença da Alfa Romeo.  

Esta foi garimpada pelo Augusto. Um casal foi comemorar o "Dia dos Namorados" no Mirante Dona Marta. Fonte: Arquivo Nacional.


Muitas autoridades eram levadas ao Mirante Dona Marta para ver o Rio desde o alto. Principalmente quando o Corcovado estava encoberto.

Vemos o Rei Juan Carlos, da Espanha, em visita ao Rio no início dos anos 80. Veio acompanhado da Rainha Sofia. Na época não havia como prever o escândalo em que se envolveria neste século, que o obrigou a abdicar em favor de seu filho Felipe VI.

Tia Milu garimpou esta foto e a publicou em seu "fotolog". Trata-se de um projeto de restaurante para o Mirante Dona Marta. Autoria do arquiteto Flávio Marinho Rêgo para a Secretaria de Turismo do Estado da Guanabara.

Solução circular com pilares ao centro, em vários níveis, livrando obstáculos que possam impedir a vista panorâmica. 

Marcelo M. Rego, filho do arquiteto confirmou que o projeto se destinava ao que hoje é o heliponto de helicópteros turísticos, no acesso ao Cristo Redentor, via Cosme Velho. O projeto é de 1968, condizente com sua época e com a finalidade a qual ele se destinaria. Fica acima do Morro Dona Marta.

Tratou-se de solução semelhante que deu Oscar Niemeyer, com quem Flávio trabalhou na decada de 50, ao fantástico projeto do MAC em Niteroi. 


Vemos a planta do empreendimento feito para a Secretaria de Turismo do Estado da Guanabara. Um bar-restaurante no Mirante Dona Marta.

O arquiteto Flávio Marinho Rêgo, segundo seu filho, além da reforma de 1997 da Praça XV e da revitalização da orla do Centro e de pontos turísticos como o Pão de Açúcar e do Cristo, contribuiu enormemente para a beleza do Rio, que ele tanto amava.  

Este projeto, se fosse realizado hoje, seria atualíssimo e em pouco tempo seria incorporado à cidade como mais um funcional ponto de contemplação.




segunda-feira, 13 de novembro de 2023

UM PASSEIO POR COPACABANA DOS ANOS 70

Como a maioria sabe o húngaro Gyorgy Szendrodi fotografou o Rio nos anos de 1970/1971. Nesta postagem faremos um passeio pela Copacabana de mais de 50 anos atrás através de suas fotos. Há muito o que comentar.


Vemos o aspecto da Av. N.S. de Copacabana na altura da Rua Sá Ferreira. Já havia uma marcação para pista exclusiva de ônibus.  À esquerda fica a Praça Sara Kubitschek. Mais adiante, entre Miguel Lemos e Xavier da Silveira, a Casa Tavares, tanto apreciada por alguns comentaristas.


Esquina da Av. N.S. de Copacabana com Rua Xavier da Silveira. Logo após a esquina, à esquerda, na Xavier, ficava a loja da Superball, onde eu podia comprar camisas de goleiro com os cotovelos acolchoados, joelheiras com várias tiras de feltro branco para proteger a face anterior do joelho, chuteiras com travas presas por pregos. 

Bola de couro havia a de nº 5, a mais desejada pelos "peladeiros". A G18 era só para profissionais. Pés-de- pato daqueles pequenos, sempre pretos, e as pranchas de madeira, com espaço vazado nos lados para as mãos e a frente ligeiramente arqueada. Raquetes de frescobol havia de dois tipos: as boas, de madeira compensada, e as ruins, mais baratas e mais frágeis. 

Na Superball também se podia sonhar com a desejada mesa de ping-pong ou a de botão, oficial. 

Os botões ali vendidos não serviam para nada, apesar de virem com os escudos dos times (os bons eram de osso ou improvisados com fichas de lotação/ônibus). Os goleiros dos times de botão vendidos eram ridículos: tinham um rabo de metal que passava sob a baliza de plástico - estas balizas eram logo substituídas pelas maiores, com traves de madeira e rede de filó, e os goleiros eram feitos com caixas de fósforo com chumbo dentro (para não serem derrubados naquele estilo de chute em que o botão, após tocar na bola, derrubava o goleiro antes que a bola chegasse ao gol). 

Na Superball vendia-se, também, aquele jogo de tamborete que todo mundo ganhava e todo mundo detestava. E os saquinhos de filó branco com bolas de gude.

Enfim, a Superball era o sonho de todo garoto.


Na esquina com a Rua Bolivar ficava o grandioso cinema Roxy, inaugurado em 1938, com mais de 1700 lugares. Sua escadaria interna, em estilo "art-déco" era sensacional. Ficou na memória a abertura da Rank Filmes, com a cena de um gongo sendo tocado. 

Após o cinema, era programa obrigatório fazer um lanche no Bob´s da Rua Domingos Ferreira e, mais raramente, ir comer uma pizza no Caravelle. 

Neste quarteirão da Av. N.S. de Copacabana ficava a Papelaria Iracema, referência na época, e, no próprio edifício do Roxy, alguns estúdios onde os copacabanenses posavam para fotos.

Quem se lembra da “Copadisco”, famosa loja de discos deste trecho? O vendedor “Pelé” encontrava qualquer disco em segundos (acho que depois ele foi para a “Modern Sound”. 

O Roxy acabou como cinema e está sendo preparado para se tornar uma casa de “shows” para turistas.


A Escola Cocio Barcelos, pública, se destaca, à direita, bem na esquina da Rua Barão de Ipanema. Em meados do século passado tinha um nível excelente. 

À esquerda ficava a famosa Confeitaria Colombo. Era o local de chá preferido de minha avó, fosse no salão térreo, fosse no segundo andar, e para desfrutar uma “coupe rêve d´amour”.  Depois do chá ela sempre ia na loja da Colombo que dava para a Barão de Ipanema onde comprava uma lata de "marmeladinhas" e outra de torradas que vinham num tipo de “bauzinho” de metal, em duas colunas, uma sobre a outra, acolchoadas com um papel branco franzido e, também, com um papel branco em tiras, para não se quebrarem. Estas torradas tinham um gosto todo especial. 

Nesta loja, como um armazém, os produtos eram embalados em papel cor de rosa ("pink", como costuma dizer o Conde) e os rolos de barbante ficavam pendurados numa armação de ferro, o que facilitava o trabalho de embrulhar. Era um ambiente bastante chique nos anos 50. 

Segundo uma comentarista do SDR, “o bolinho chamado “Rivadávia” era um sucesso, bem como o "Sacripantina". As latas redondas de "Leques Gaufrettes" para servir com sorvete, faziam sucesso.” 


Aqui vemos a esquina da Rua Constante Ramos, do lado ímpar da N.S. de Copacabana. Ao fundo, a saudosa Sapataria Polar. Nesta época ela já tinha se mudado da esquina da Dias da Rocha para este local. O fotógrafo estava na calçada da loja “Ao Bicho da Seda”. À direita, também do lado ímpar, a agência da Caixa Econômica, fora da foto.


O lado par da N.S. de Copacabana, na esquina da Constante Ramos, tinha a “DUCAL”. A propaganda dizia; “Só a Ducal tem roupa com duas calças. Uma calça para usar com o terno e outra para uso esporte. Em nycron ou tergal a roupa com duas calças da Ducal é mais elegante econômica, mais versátil e, pelo crédito profissional, basta trabalhar para comprar na Ducal, Ducal, Ducal".

A Ducal foi fundada em 1950 pelos primos Afonso Carvalho e José Luiz Moreira de Souza. O primeiro era filho do dono de “A Exposição” e irmão do famoso antiquário Paulo Afonso Carvalho. O segundo foi o construtor da Torre Rio Sul, o primeiro grande shopping da cidade.

Uma propaganda famosa da “DUCAL” era com o Pelé.


Vemos a Av. N.S. de Copacabana em seu trecho entre as ruas Dias da Rocha e Raimundo Correia. Podemos observar automóveis estacionados na calçada à esquerda e uma faixa seletiva para ônibus que, na época, não deu certo.  

Ali onde há a placa de "Táxi" ficava, até o início dos anos 60, o ponto do bonde que vinha pela contramão, em direção a Ipanema, bem em frente à Spaghettilandia. 

Do outro lado da rua, em frente à Dias da Rocha, ficava o Cinema Copacabana. Ao lado dele o Mercadinho Azul, onde se podia comprar de tudo um pouco - havia um balcão que vendia muitos tipos de macarrão e todas as formas de massa. Ali as massas eram pesadas naquelas balanças antigas em que se equilibravam os dois pratos com uma série de pequenos pesos que ficavam dentro de buraquinhos numa peça de madeira. Logo na entrada, à direita, ficava o posto de venda de café. Tanto de xícaras de cafezinho, para serem tomadas de pé, quanto de sacos de um quilo, que eram embalados na hora. Café Palheta ou D´Orviliers. As máquinas de moer, enormes, ficavam na parede colada com o Cinema Copacabana.

Bem na entrada do Mercadinho Azul havia uma loja que vendia as famosas e inesquecíveis calças Lee ou as Levi´s. E outra loja de venda de cigarros, isqueiros, baralhos e chaveiros. Na calçada à direita ficava a Casa da Borracha e, mais adiante, já perto do cinema Art-Palácio, que vemos na foto, a Casa São João Batista. 

O Art-Palácio era no nº 759-B e foi inaugurado em 21/10/1950. Ali passavam muitos filmes franceses e, antes dos “trailers”, havia o cinejornal “Actualités Françaises”. Logo antes do cinema havia uma agência da Caixa Econômica.

Vizinho ficava o sensacional Metro-Copacabana, inaugurado em 05/11/1941 e demolido em 26/01/1977, na Av. N.S. de Copacabana nº 749, em frente à Rua Raimundo Correia (na esquina desta rua, do lado par da Av. N. S. de Copacabana, ficava a famosa Casa Sloper). 

O Metro, além do ar-condicionado "com clima de montanha", tinha tapetes espessos onde os pés afundavam. Ali assisti à pré-estréia de "Ben-Hur", em benefício das "Missões" do Colégio Santo Inácio (há décadas que não ouço falar das "Missões").  Além dos filmes clássicos, havia o tradicional festival Tom & Jerry, no primeiro domingo do mês, às 10 horas da manhã.

Neste trecho ficava, também, o ponto de bondes (direção Centro). Por ali ficavam fotógrafos ambulantes à cata de casais enamorados e vendedoras de maçãs caramelizadas com seus tabuleiros.

Na calçada da esquerda, a partir da Dias da Rocha, ficavam lojas como a Hermínia no 776, a Nuance no nº 774, Casas Olga.

 Depois da esquina da Raimundo Correa, a Sloper, O Rei da Voz de Abrahão Medina e, na esquina da Travessa Angrense, as Lojas Brasileiras. 


Agora estamos na esquina da Santa Clara com N.S. de Copacabana. À direita,  vemos a loja “Barbosa Freitas”. Fora da foto, um pouco antes da esquina ficava a “Cirandinha” (grande saudade dela). O sobrado da outra esquina, embora modificado, sobreviveu até hoje. Logo depois dele fica o Hotel Canadá, cuja marquise desabou há alguns anos.

O fotógrafo estava na altura da Travessa Angrense, no lado par da avenida, em frente à “Lojas Brasileiras”.  Neste trecho entre a travessa e a Santa Clara ficava o estúdio dos fotógrafos Azsmann, que era o escolhido para muitos casamentos, e uma agência do BEG. A quadra terminava na esquina onde ficava o “Bazar 606” e, do outro lado da Santa Clara, a “Joalheria Krause”. 


Logo depois da Santa Clara, em direção à Figueiredo, no lado par da N.S. de Copacabana, ficava o “Cine Joia”, na galeria do Shopping 680. Foi inaugurado em 1970, no local onde funcionava o Cine-ora. O pequeno cinema é o que restou dos inúmeros cinemas de Copacabana.

Vemos também a “Importadora Guanabara”. Vendia de tudo um pouco, naquele tempo em que artigos importados eram difíceis de encontrar, como um aparelhinho japonês para ver no escuro, chamado “olho de gato”, “óculos antifarol”, “tesoura corta-tudo”, “esferográficas gigantes japonesas com diversas cores”.

Também do lado par, no nº 690 havia a Casa Mattos, do Zé Salinas, e o curso de inglês IBEU (Instituto Brasil-Estados Unidos). A Bemoreira ficava no 686.

No lado ímpar havia a “Casa Assuf”.


Anúncio no “Correio da Manhã” de dezembro de 1944 informava que a inauguração da “Galeria Menescal” se daria em 1º de agosto de 1945 (mas acho que só foi inaugurada mesmo em 1946). 

Dizia que seria “Galeria de grande luxo, com 6 metros de largura, fachadas de mármore e vão guarnecidos com grades artísticas. Todas as lojas têm jiraus e sobrelojas, escadas e instalações sanitárias próprias.”  Fica no nº 664 da Av. N.S. de Copacabana. Tinha, como era obrigado na época da guerra, um subsolo reforçado para aguentar bombardeios aéreos.

Entre as lojas antigas da “Galeria Menescal” podemos citar: A “Film Caneta Copacabana”, fundada por Klaus Scheyer, alemão que veio para o Brasil na época da 2ª Grande Guerra, e onde eu revelava os meus primeiros filmes. Depois mudou o nome para Ótica Karina. 

Outras lojas eam a “Sapataria Santa Fé”, a “Lucia Boutique”, a “Baalbek”, com a típica comida árabe, a “New Gipsy”, a “La Danse”, a “Suzette” de roupas infantis e para grávidas, a “A toca do coelhinho”, loja de brinquedos, a “Floricultura Belinha” em cuja vitrine escorria água, além de muitas outras.


Agora já estamos chegando à Praça Serzedelo Correa. O “Centro Comercial Copacabana, cuja entrada para o prédio é pela Rua Siqueira Campos nº 43, abriga escritórios e consultórios. O Conde di Lido e eu mesmo tivemos salas ali. A parte de lojas tem vários pisos.

Eu era freguês da loja “O DISCO DO DIA”, que vendia LPs e compactos, sempre com um LP em promoção diariamente.

Foi construído onde existia o "Ponto de 100 réis", local da ramificação dos bondes que vinham pelo Túnel Velho e se dirigiam para o Leme ou para a "igrejinha" do Posto 6. Ali ficava a Estação de Bondes de Copacabana.

Fora da foto, à direita, ficava a loja da Kopenhagen que, na época, vendia as saudosas balas de frutas e balas de hortelã especial, envoltas em papel celofane, além de chocolates em geral, como as “Línguas de Gato”.

Em frente ao Centro Comercial ficava o Café Pernambuco, na outra esquina da Siqueira Campos, durante anos o ponto mais movimentado do bairro.


Atravessamos a Praça Serzedelo Correa e chegamos à esquina da Rua Hilário de Gouvea. Não posso deixar de citar a “Corujinha”, na esquina da Praça com a Hilário, onde quase todo domingo comia uma pizza após o cinema com a namorada.

A antiga igreja de Copacabana, que ficava na esquina da Rua Hilário de Gouveia com Av. N.S. de Copacabana. Construída no início do século XX, sobreviveu até a década de 70, quando demolida para construção de um prédio comercial, que em parte dele abriga a nova igreja, modernosa, sem graça nenhuma se comparada com a da foto.

O fotógrafo estava na calçada onde funciona há muito tempo uma agência dos Correios.


Vemos a descida da Ladeira do Leme chegando na Praça Cardeal Arcoverde. O Posto Atlantic há tempos tem a bandeira da Petrobras. Neste posto há uma loja de conveniência com padaria. O pão costuma ser ótimo.

A Ladeira do Leme, antiga Rua Coelho Cintra, é um dos acessos mais antigos à Praia de Copacabana. Segundo P. Berger, recebeu esta denominação por ali se instalar o antigo Reduto do Leme, no tempo do vice-reinado do Marquês do Lavradio.


Agora estamos no Posto 6. À direita, o prédio onde funcionou a TV Rio (antigo Cassino Atlântico). Ao fundo, onde lemos no muro “Artilharia de Costa”, funciona hoje uma repartição da Aeronáutica. Ao lado existia até 1973 a pequena igreja do Forte, que tinha uma cruz com lâmpadas (não é a antiga igreja do Forte, que ficava sobre a pedra, junto ao mar). Atualmente há um grande apart-hotel no local.


Nesta foto vemos a antiga pista da Av. Atlântica ainda com tráfego. E constatamos que a antiga calçada acaba justamente no limite do estacionamento atual. Na foto vemos que a pista nova em direção ao Leme já estava em uso.


Terminamos com uma foto do “novo” calçadão de Copacabana, feito após as obras do interceptor oceânico e da criação das novas pistas da Av. Atlântica. Não havia a ciclovia. Junto ao meio-fio havia estacionamento para carros. À esquerda, as desaparecidas caixas de Coca-Cola em garrafas de vidro.

*** Um agradecimento especial ao Sr. Gyorgy Szendrodi pelo grande registro feito por ele do nosso Rio dos anos 70 ***