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sábado, 17 de junho de 2017

DO FUNDO DO BAÚ - CINZEIRO DO MOTEL PLAYBOY



Hoje é sábado, dia da série “DO FUNDO DO BAÚ”. E, da coleção do caro Rouen Michelin sai este cinzeiro do Motel Playboy (reparem a sutileza dos macaquinhos no fundo do cinzeiro).
 
A famosa rua dos motéis da Barrinha, que pode ser vista na terceira foto, fez um sucesso danado nos anos 60 e 70. O Motel Playboy era um dos destaques embora tivesse o grande inconveniente de estacionamento comum e aberto. Ao sair ficava-se na porta esperando o manobrista trazer o carro, exposto aos que chegavam e saíam, com os braços cheios de “souvenirs”. Entre eles o famoso plástico do coelhinho para ser colocado no parabrisa  dos fusquinhas.
 
O “roubo” dos cinzeiros era prática comum, entre outros itens (alguns chaveiros também, segundo já relatou aqui conhecido comentarista).
 
Nos primeiros tempos o acesso aos motéis a partir da Zona Sul era pela Estrada do Joá e, depois da inauguração do túnel, descia-se à direita após sair do túnel pela Rua Maria Luiza Pitanga ou dava-se a volta pela ponte da Barra. O destino podia ser o Xá-Xá-Xá, o Playboy, o Praiamar, o Serramar (Estrada da Barra da Tijuca 1020 CETEL 399-0150), o Mayflower (o melhor de todos, na Estrada da Barra da Tijuca 281, CETEL 399-1669).
 
Nas vizinhanças, entre outros, o Barra Tourist (Estrada da Barra 220, CETEL 399-0306), Viña del Mar (Estrada do Joá 1489 CETEL 399-0608), Hollywood, Havaí, o eterno Dunas (até hoje na ativa), Orly, Scorpios, Summertime, Elmo, Tokyo, Seventy Seven, Holliday (Rua Arabutã 126 CETEL 399-0650), Praia Linda (Av. Sernambetiba 1430 CETEL 399-0362). Para quem queria ir mais longe havia o Calipso (Estrada do Pontal 399).
 
Muitas vezes, antes, havia um “pit-stop” nas boates como Flamingo e Macumba. Ou outras mais ordinárias e baratas como Polvo e Piscina. Depois podia ainda se dar uma passada no Dina Bar, Convés ou Tarantela.
 
OBS: todos as informações acima são “de ouvir dizer”, é claro. E o cinzeiro Monsieur Rouen comprou na feira da Praça XV.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

CONGRESSO EUCARÍSTICO





Continuando com o tema “Congresso Eucarístico” vemos na primeira foto a placa comemorativa do XXXVI Congresso Eucarístico, realizado no Rio em 1955 na área recém-aterrada onde hoje está o Monumento dos Mortos da 2ª Guerra Mundial, que foi afixada na porta de milhares de casas do Rio de Janeiro de então. Na casa dos D´, na Rua Barata Ribeiro nº 589, não foi exceção.
 
Como minha mãe me explicou na época que a placa significava uma proteção para a casa, logo imaginei que funcionaria como algo semelhante a uma das marcas dos anéis do Fantasma, de Lee Falk, publicado pela Rio Gráfica Editora. Como vocês bem se lembram, o Fantasma, que montava o cavalo Herói e tinha como bicho de estimação um lobo chamado Capeto, namorava a Diana Palmer, sobrinha do tio Dave, e morava na selva protegido pelos pigmeus Bandar chefiados pelo Guran, tinha dois anéis, um com a marca do bem, que aplicava nas pessoas e lugares que queria proteger, e o outro com a famosa marca da caveira que ele aplicava no queixo dos criminosos com potentes socos. Pois bem, a placa do Congresso Eucarístico foi presa com 4 pregos na parede da frente de nossa casa mas, um dia, um ladrão entrou no pátio e roubou uma de nossas bicicletas. Perdi totalmente a confiança na tal Congresso Eucarístico...
 
Na segunda foto alguns itens de recordação do Congresso.

Na terceira foto vemos o projeto do Congresso de autoria de Lucio Costa, com algumas alterações, embora a essência tenha se mantido, desenvolvido por Alcides Rocha Miranda, Elvin Mackay Dubugras e Fernando Cabral Pinto.
 
Na quarta foto, da revista Manchete, vemos melhor o local do Congresso apresentado ontem.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

CONGRESSO EUCARÍSTICO






Conforme nos conta Carlos Reis, em Brasil Revista, o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional, que se realizou nesta mui leal e heróica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, de 17 a 24 de julho de 1955, foi a maior, a mais imponente das assembléias desse gênero, já efetuadas em todo o orbe católico.

A Prefeitura Municipal desta cidade, tomando de ombros um notável empreendimento, conseguiu construir, com desmontes do Morro de Santo Antonio, a magnífica esplanada, onde teve lugar o grande certame. Duvidou-se, de começo, que se pudesse fazer área, tão espaçosa, em tão curto tempo. Mas Deus, decerto, ouviu as preces dos que se interessavam pelo local. Levantou-se, no fundo, na parte que toca a orla do mar, o Altar-Monumento, que se protegeu por uma enorme bandeira pontifícia. Neste Altar, ardeu, por sete dias, um círio monumental. Para acomodação dos fiéis, fizeram-se bancos cuja extensão daria uma fila de 96 quilômetros de comprimento.

No dia 17 de julho, realizou-se a procissão soleníssima da imagem de N. S. Aparecida, a padroeira do Brasil, procissão esta que, partindo da gare da Estrada de Ferro Central do Brasil, se destinou à praça do Congresso. Este cortejo arrastou perto de um milhão de pessoas.

O céu era riscado pelos refletores da Marinha de Guerra, projetando-se no escuro da abóbada celeste as cores do arco-íris. A procissão marítima de transladação do S.S. Sacramento, de Niterói para o Rio, esteve deslumbrante. O ostensório foi conduzido a bordo do caça-submarino "Grajaú". Em 24 de julho encerraram-se os trabalhos do Congresso.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

TEATRO PHOENIX



Nas fotos de hoje, das décadas de 20 e 30 do século passado, vemos o Teatro Phoenix, que ficava na Rua Barão de São Gonçalo (atual Av. Almirante Barroso) nº 65, esquina da Rua México, telefone 22-5403. Foi o Cine-Teatro Phoenix de 1914 a 1932, transformou-se no Cine Ópera de 1937 a 1944 e voltou a ser apenas o Teatro Phoenix até a década de 1950, quando foi demolido. Em seu lugar foi construído o Edifício Cidade do Rio de Janeiro
 
Houve várias tentativas para acabar com o teatro: em novembro de 1940, os proprietários fizeram um contrato com a Cia. Imobiliária Rex para a sua demolição, mas ele foi rescindido. Em 1948, o empresário Vital de Castro quis expulsar a Companhia de Sandro Polonio e Italia Fausta, que ali se apresentava, para transformar o teatro em cinema. Italia Fausta, fez com que todos os artistas mudassem para os camarins, formando uma barreira e transformou a situação num escândalo. Com isto o advogado Clóvis Ramalhete ganhou a questão em juízo e a companhia permaneceu no teatro. Em 21/06/1951, a Câmara Federal autorizou o Prefeito a desapropriar o teatro, incorporando-o ao Patrimônio Municipal, para que não fosse demolido. Mas, por falta de verbas, a desapropriação não foi feita. O JB de 20/08/1957 noticia que “foi interrompido, com pedidos de vistas dos desembargadores Bulhões de Carvalho e Roberto Medeiros, o julgamento pela 4ª Câmara Cível do mandado de segurança impetrado pelo Sr. Guilherme Guinle para derrubar o Teatro Phoenix. O mandado foi impetrado contra a Prefeitura do Distrito Federal, pois pretende o impetrante demolir o prédio para construir outro no mesmo local”. O teatro finalmente foi demolido em 1958 para dar lugar ao prédio de 22 andares.
 
Em 1951 Otávio Rauge, diretor de cena do teatro, fez levantamento informando que no térreo havia um grande “hall” de entrada, escadaria de mármore e ferro para acesso ao 1º e 2º andares, banheiros e lavatórios laterais, “hall” do elevador. No 1º um grande salão central com 5 janelas e mais 2 salas laterais, “foyers” e galerias, além de 6 camarins com lavatórios. No 2º andar outro grande salão central e também 2 salas laterais, “foyers” e galerias, além de 8 camarins com lavatórios.. Havia ainda no térreo 2 chapeleiras com lavatórios e banheiros. Na sobreloja mais 2 chapeleiras com lavatórios e banheiros. Havia recinto para a orquestra, tinha uma boca-de-cena amplas. No 3º andar havia um salão, 3 camarins, lavatórios e banheiros. No 4º andar havia um salão para ensaios de balé e mais 5 saletas para vestiário.
 
A lotação era de 713 lugares: no térreo platéia com 320 poltronas estofadas e 6 frisas; na sobreloja, balcão nobre com 135 poltronas estofadas, 12 frisas nobres e 2 camarotes especiais com ante-câmara, destinados à Presidência da República e à Prefeitura; no 1º andar, balcões de 1ª com 115 poltronas, 10 camarotes e mais 2 camarotes com ante-câmara; e no 2º andar, balcão de 2ª com 105 poltronas e 4 camarotes, além de 2 outros camarotes com ante-câmara.
 
Neste teatro apresentaram-se artistas famosos como Bibi Ferreira em “Sétimo Céu”, de Austin Strong, com tradução de Elsie Lessa. Ou em “Que fim de semana!” de Noel Coward, com tradução de Tyndaro Godinho. Italia Fausta se apresentou com “Dona e Senhora”, de A. Torrada e L. Navarro, tradução de C. Bittencourt e J. Wanderley. “Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues, foi ali apresentado por Maria Sampaio, Stypinska, Carlos Perry, Stella Perry e Graça Melo. Zeni Pereira se apresentou em “Amanhã será diferente”, de Paschoal Carlos Magno.
 
A 3ª foto foi enviada pelo Francisco Patrício.
 

terça-feira, 13 de junho de 2017

BONDE


Esta foto do bonde de nº de ordem 6 foi enviada pelo prezado Helio Ribeiro. Vemos o bonde com reboque trafegando na esquina da Avenida Rio Branco com Rua Santa Luzia.

Curiosidade: em 15/04/1902, às 17h30, quando mais intenso era o movimento de bondes da Cia. Jardim Botânico, rompeu-se um fio da rede de tração elétrica, paralisando por completo o respectivo tráfego.

Ficaram então todos os bondes subitamente imóveis e nos largos da Carioca e do Machado o povo foi se aglomerando rapidamente. Houve esperança de que aquela interrupção fosse rápida mas tal não aconteceu.

De repente, do meio da multidão, veio o grito de "QUEBRA!".

Muitos bondes foram destruídos e veio, para conter a turba, numerosa força de cavalaria.

O tráfego foi restabelecido às 19h10, voltando os bondes a circular.

Mas a revolta continuou e um grupo queimou um bonde em frente ao Palácio do Catete, exigindo a intervenção do próprio Chefe da Polícia, Dr. Edmundo Moniz Barreto.

Outro incidente se deu na Rua Voluntários da Pátria exigindo do delegado Dr. Paulino de Carvalho, com auxílio da patrulha de cavalaria, intervir, não antes dos turbulentos destruírem o bonde.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

LEBLON

Sempre tive vontade de publicar esta foto do acervo da Myrian Gewerc, garimpada pelo Decourt para o “Foi um Rio que passou”.
 
 Vemos o Leblon  nos anos 50. Como conta o Andre Decourt, "Estamos na Av. Ataulfo de Paiva, praticamente em seu final, a primeira esquina que vemos é a da Rua General Artigas. Podemos observar um bairro praticamente horizontal, tranquilo e despretensioso, praticamente o final da cidade na época, lembrando uma cidade do interior.
 
Seria impensável nos dias de hoje a rua totalmente vazia, revestida de paralelepípedos, com calçadas ainda na terra e com residências de grandes quintais, sobrados comerciais e prédios espaçados e em grande parte com poucos pavimentos. O grande terreno ajardinado deu lugar no meio dos anos 70 a um dos grandes prédios comerciais com galerias do bairro, o “Vitrine do Leblon”. Já o pequeno sobrado comercial que vemos bem na esquina sobrevive até hoje, sem seus ornamentos art-déco e revestido de pastilhas, resultado de alguma reforma nos anos 60 ou 70 (atualmente no térreo funciona a Vezpa Pizzas).
 
O prédio de onde esta foto foi tirada ainda existe, sendo possivelmente o que fica ao lado da Padaria Rio-Lisboa e que abriga o Talho Capixaba.
 
Mais a frente, após a esquina da Rua Rainha Guilhermina, o grande prédio existe até hoje. É um dos pioneiros no bairro, com a típica arquitetura dos bons prédios da década de 50, sendo o número 1.165 da Ataulfo de Paiva.”
 
Leonel Salgueiro confirma a década da foto, “pois o prédio de número 1.165, foi uma incorporação feita pelo meu Pai, Leonel Nunes Salgueiro, mais o seu irmão José e outros dois sócios em 1949, sendo o 1° prédio de 8 andares do Leblon. Minha Mãe morou nele, exatamente 60 anos, de 1951, quando ficou pronto, até 2011 quando foi vendido. Acrescenta o Leonel que a casa na esquina da Rainha Guilhermina, era do Dermatologista Antar Padilha Gonçalves, colonial amarela e branca ficando ao lado da grande casa dos seus pais onde aparecem as árvores, o Sr. Manoel Gonçalves e a Dona Celina Padilha, onde hoje é a Vitrine do Leblon. No primeiro prédio de 2 andares, que ficava na esquina da General Artigas, era o antiga sede dos Correios do Leblon”.
 
Continua o Decourt: “Vemos o típico urbanismo das avenidas onde passava o bonde durante as reformas viárias de Henrique Dodsworth, luminárias pendentes no centro da via, no lugar dos postes de iluminação nos canteiros centrais ou dos postes padrão Light junto as calçadas, árvores que parecem ser cássias como as que arborizavam a Visconde de Pirajá e a Av. Copacabana e que foram sendo dizimadas pela poluição dos veículos a partir dos anos 50. Um detalhe interessante é que não vemos postes de ferro fundido, todos na imagem são de concreto armado, o que atesta a agressividade da maresia que, sem  a barreira de prédios, penetrava profundamente bairro a dentro.”
 
Meus comentários: este era o Leblon da minha adolescência. Por aí passavam os bondes 12 (Leblon), 21 (Circular) e uma outra linha que ligava o Leblon ao Jardim Botânico. Perto daí ficava o simpaticíssimo cinema Miramar (inesquecível o final de cada sessão quando as portas se abriam para a Praia do Leblon e seu fabuloso cenário). Nesta quadra, à direita, ficava o consultório do Dr. Helio Mauricio, grande amigo do “velho”, cirurgião-geral e presidente do Flamengo. Logo ali adiante o desaparecido Colégio St. Patrick´s (na esquina da Rainha Guilhermina). Na outra esquina, a da Aristides Espínola, o triângulo da boemia da época (anos 60) com o Real Astória, a Pizzaria Guanabara e o “nosso” Portinho (Café e Bar Porto do Mar) que há tempos se sofisticou e virou o Diagonal.