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sábado, 16 de janeiro de 2021

DO FUNDO DO BAÚ - JOGO DE BOTÃO

Texto do Helio Ribeiro.

Hoje tenho a satisfação de apresentar meu time de botão aos ilustres visitantes e comentaristas deste resiliente e famoso blog. Vou dividir o texto em blocos. Ao longo da descrição, sempre que eu usar a primeira pessoa do plural nos pronomes e verbos estarei me referindo ao meu irmão e a mim.

INTRODUÇÃO

Nossos primeiros times de botão datam talvez de fins da década de 1950 e eram aqueles times de plástico transparente, com jogadores em forma de cúpula e com o emblema do time afixado por dentro. Ao longo do tempo, acabamos ganhando os times do Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, América e Bangu. Não os tenho mais, há décadas.

O TIME DEFINITIVO

Como aquele tipo de jogador não me agradava, em princípios da década de 1960 optei por usar tampas de relógio de pulso, que eram denominadas de "vidrilhas", embora fossem de plástico. Consegui dezenas delas aporrinhando relojoeiros nas ruas da Alfândega e Senhor dos Passos. Com isso, meu time definitivo tinha 4 goleiros e 70 jogadores, sendo 63 vidrilhas e 7 botões de galalite.

OS GOLEIROS:

Apresento-lhes meus quatro goleiros. São caixinhas de fósforo preenchidas com pregos, pedaços de metal ou tarugos de chumbo das tarrafas que meu tio fazia em casa. O invólucro é papel de alumínio ou dourado da embalagem interna de maços de cigarro da época. Os brasões, faixas e listras que enfeitam o "peito" dos goleiros eram recortados de maços de cigarros. Por fim, um plástico envolvia o goleiro, para melhor conservação. Sejam sinceros: eu tinha bom gosto, não tinha?   

AS VIDRILHAS:

Eis aqui alguns dos meus 63 craques em vidrilhas. Após consegui-las dos relojoeiros, eu fazia uma seleção (algumas estavam rachadas ou opacas), pintava-as por dentro com spray prateado e colava na parte externa o número delas, obtido de algarismos em folhas de decalque compradas em papelaria. Havia vidrilhas de vários diâmetros e alturas. As mais altas davam "bombas" rasteiras a gol, as mais baixas encobriam o goleiro adversário. O 53 era temido pelo adversário, pois dava "bombas" fulminantes e rasteiras.

 OS BOTÕES DE GALALITE:

Foram as mais recentes aquisições do time. Eram em número de 7, sendo o 61 e o 63 os becões. Os demais, comprei-os por sua beleza. Mas não os usava muito. Preferia as vidrilhas. Os números estão quase apagados pelo tempo.

AS BOLAS:

Usávamos vários tipos de bola: miolo de pão, papel de alumínio de maço de cigarro, aqueles discos achatados que vinham junto com times comprados, e até mesmo contas de colar de umbanda, de preferência as brancas e as vermelhas. 

 O CAMPO:

Não tínhamos aqueles campos oficiais. Usávamos uma mesa de jantar desativada, na qual traçávamos a giz a linha de fundo, as áreas e o meio do campo. A desvantagem é que, por não haver borda protetora, os botões frequentemente caíam no chão após chutar a bola.

Eventualmente, cobríamos a mesa com um cobertor, simulando grama. Aí usávamos como bola as contas de umbanda e para chutá-las pressionávamos a borda do jogador contra ela, que dava um salto para a frente. A desvantagem é que não tínhamos como traçar as linhas do campo.

OS CAMPEONATOS:

Periodicamente realizávamos uma Taça do Mundo. Usando um Atlas Geográfico escolar, escolhíamos países dos cinco continentes e confeccionávamos as chaves, anotando tudo num caderno. Por meio de par ou ímpar, determinávamos quem jogaria com qual país. Como eu, desde o lagarto que foi meu ancestral, há 200 milhões de anos, sempre odiei o Brasil, quando por azar me cumpria jogar como Brasil eu fazia corpo mole e jogava com displicência, para perder a partida e tirar o Brasil do campeonato.

Nas Américas, minhas preferências eram o Canadá, Nicarágua e Uruguai.

Na Europa eram a Suíça, Áustria, Noruega, Rússia e Romênia.

Nos demais continentes, eu não tinha preferência alguma.

FF: No dia em que o Kennedy foi assassinado, nós estávamos em meio a uma partida de Taça do Mundo quando ouvimos pelo rádio a trágica notícia.

A TAÇA:

Infelizmente não tenho mais nenhuma delas para mostrar. Era confeccionada com papel de alumínio da embalagem interna dos maços de cigarro. Pegávamos o papel bem liso, colocávamos no centro uma moeda, para servir de base da taça, dobrávamos o papel e o enrolávamos em forma de parafuso (para formar a haste da taça) e usávamos a extremidade do cabo de uma vassoura para dar forma à taça em si. Ficava uma beleza!!

O RESSURGIMENTO:

Por volta de início da década de 1970, já não jogávamos mais botão. Mas na segunda metade dos anos 1980 fizemos um grande campeonato mundial, envolvendo também vários amigos e parentes, todos já marmanjões. Para isso compramos duas mesas de botão (uma grande e uma pequena) e disputávamos as partidas ali. Inclusive as mulheres participavam, embora só jogassem entre si e só usassem a mesa pequena. Havia até árbitro para cada partida, bem como súmula e controle de artilharia.

Porém a quantidade de partidas era muito grande, só jogávamos aos sábados de tarde, nesse ínterim minha esposa ficou grávida, e acabamos encerrando o campeonato pela metade.

De lá para cá, nunca mais meus craques entraram em campo.

O RETIRO DOS CRAQUES:


Hoje em dia, já aposentados, meus craques estão desfrutando um merecido descanso em um retiro, mostrado acima.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

POSTO DE GASOLINA STANDARD

A Standard teve vários postos de gasolina pelo Rio de antigamente. Este, do qual não me lembro, ficava na Av. Atlântica esquina com Siqueira Campos. Foi, como outros postos existentes nesta avenida, engolido pela especulação imobiliária, como já vimos em relação ao posto Texaco perto do Hotel Miramar e o posto da esquina da Av. Princesa Isabel, onde ficava a boate Fred´s.


Esta foto de outro posto Standard foi publicada pelo Decourt e enviada pelo Francisco Patrício. É de 02/01/1935. Contou o Decourt que a construção de postos de gasolina, pela Standard e Shell, estava mudando a forma de o carioca abastecer seus carros. À época se abastecia em grandes garagens ou então comprava-se gasolina em galões e abastecia-se em casa mesmo. Existiam prédios chiques que tinham bombas de gasolina em suas próprias garagens.

Quando da publicação desta foto não se chegou a identificar o local. Sugeriram Botafogo, Flamengo, Catete, Praça da Cruz Vermelha, Tijuca, etc.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

HOTEL ALLEN / HOTEL HUMAYTÁ

O “post” de hoje é colaboração do nosso prezado GMA. As fotos são da revista FON-FON.

O Hotel Allen´s ficava na Rua Humaitá nº 8, quase em frente à garagem de bondes, onde hoje funciona a Cobal Botafogo.

O anúncio enfatizava a boa localização, com transporte farto e banhos com água de nascente. O curioso é ser em inglês, talvez visando os estrangeiros que visitavam o Rio.

Anos depois, no mesmo local, funcionou o Hotel Humaytá, no mesmo endereço, porém com a numeração alterada para nº 30, telefone SUL 258, de propriedade de Malvina Chambau.  

Em outro anúncio dizia: “Situado no Largo dos Leões em chácara muito espaçosa, com abundante água de mina, tem cômodos confortáveis para famílias e cavalheiros”.



Este anúncio, ainda com a numeração de nº 8, afirmava: "Alugão-se aposentos com ou sem mobilia nesta aprazível residencia que acaba de ser completamente reformada e estando debaixo da immediata direcção da nova proprietaria, offerece excellente tratamento, bons banhos, optima cozinha e vinhos de primeira qualidade.
 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

HOSPITAL DA CRUZ VERMELHA



O prédio do hospital foi construído entre 1919 e 1924 por Leonídio Gomes a partir de um projeto de Pedro Campofiorito. Interessante notar que a curvatura desta construção acompanha parte do formato do diâmetro da praça. O período dessas obras coincidiu com a Primeira Grande Guerra, época que colocou a Cruz Vermelha no cenário mundial.

Além do pátio externo, cuja entrada era pela Rua Henrique Valadares, e onde ficavam as ambulâncias, um grande galpão e oficinas, havia uma espécie de pátio interno no miolo da construção.

Havia enfermarias de vários tamanhos, desde de dois leitos até algumas enormes, com mais de dez. É uma pena ver, numa cidade tão necessitada de hospitais, o fechamento de um hospital como este há mais de 40 anos.

A Praça da Cruz Vermelha surgiu no local onde ficava o Morro do Senado que foi desmontado entre 1880 a 1906. Com o produto do desmonte do Morro do Senado foi possível realizar o grande aterro na área do porto e construir as avenidas Rodrigues Alves e Francisco Bicalho.

A Cruz Vermelha Brasileira ("In pace et in bello caritas") foi fundada em 4 de dezembro de 1908 e seu hospital no Rio prestou bons serviços até o seu fechamento na década de 1970, embora o prédio continue lá, com funções não hospitalares, até hoje.

Teve em seus quadros grandes médicos como Vivaldo Lima Sobrinho, Afonso Teixeira, Moacyr Renault Leite, Arnaldo Bonfim, Newton Paes Barreto, Luiz Paulo Tovar, Orlandino Fonseca, Jamil Haddad, Almir Pereira e tantos outros.

No térreo do hospital funcionavam os ambulatórios de várias especialidades médicas (durante muitos anos o Serviço do Professor Joviano Resende, os "Oculistas Associados", referência nacional, ali funcionou) e o setor de Radiologia, do Dr. Thiers.

Nos andares superiores ficavam as enfermarias, algumas enormes (o hospital tinha centenas de leitos). No andar mais alto ficava o Centro Cirúrgico.

A Diretoria responsável pelo fechamento do Hospital, segundo jornais da época, em anos posteriores enfrentou vários processos na Justiça, por fraude e desvio de dinheiro de campanhas humanitárias. Não sei como terminou esta história, se houve inocentados ou condenados, mas há reportagens da revista Época muito comprometedoras.

Nos anos 40, como parte do esforço durante a Segunda Grande Guerra, a Cruz Vermelha organizou um Curso de Socorro Médico de Urgência para formar enfermeiras. Era presidente nesta época o General Tourinho, sendo diretor da Escola o Dr. Artur de Alcantara, e o secretário geral, Dr. Carlos Eugenio Guimarães. As más línguas diziam que era um curso “espera-marido”. Afinal, no Hospital da Cruz Vermelha, havia vários jovens médicos solteiros.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

RUA LEBLON

A foto de hoje foi pescada de uma publicação do “Saudades do Rio – O Clone “.

Mostra a Rua Leblon, no bairro do mesmo nome, no ano de 1962. É um local que passa despercebido para muitos. Tempos depois a rua foi transformada em um condomínio fechado em nome da "segurança" e da exclusividade pretendida pelos seus moradores.

Sua forma de implantação é de vila particular, tendo no meio do lote uma rua estreita, com unidades residenciais enfileiradas e voltadas para a rua, sendo nove unidades no lado ímpar e oito no lado par.

A rua fica entre as ruas Almirante Guilhem e Afrânio de Melo Franco, num sentido, e entre a Av. Delfim Moreira, onde a rua começa e a Rua General San Martin.

Lá no fundo seria um busto? De quem?


 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

RUA GUILHERMINA GUINLE - BOTAFOGO

Esta foto, do acervo de Paulo Sallorenzo, mostra a Rua Guilhermina Guinle, em Botafogo, em seu trecho final, quase na esquina da Rua São Clemente.

Esta rua que começa na Rua Voluntários da Pátria nº 170 e termina na Rua São Clemente nº 195, tem 332 metros de extensão. Foi aberta no início do ano de 1920.

D. Guilhermina casou-se em 1875 com Eduardo Palassin Guinle, sócio da firma Gaffrée & Guinle.

Esta outra foto, também do acervo de Paulo Sallorenzo, mostra o muro da casa dos Paula Machado, tradicional família que se uniu à família Guinle. No amplo terreno existente na Rua São Clemente, entre as ruas Guilhermina Guinle e Dona Mariana, moravam vários irmãos desta família.

Mais perto deste muro havia a casa de Candido Paula Machado, ao lado do palacete onde morava Francisco Eduardo Paula Machado. No final dos anos 60 esta casa foi vendida e ali passou a funcionar uma firma de propaganda, se não me engano. Fui à festa de despedida da casa dos Paula Machado, uma festa à fantasia muito animada.

Vemos um panorama de Botafogo, provavelmente dos anos 40 ou 50, com destaque para o Palacete Paula Machado, hoje espaço cultural da FIRJAN, na Rua São Clemente entre as ruas Guilhermina Guinle e Dona Mariana. Lá no fundo, com o bairro de Botafogo ainda com poucos prédios altos, destaca-se a Igreja Matriz de São João Batista da Lagoa, na Rua Voluntários da Pátria.

O belo Palacete Paula Machado, hoje sede do Centro Cultural FIRJAN.  

 

domingo, 10 de janeiro de 2021

ARPOADOR

Nesta foto da LIFE vemos uma praticamente desabitada Av. Francisco Bhering, inclusive sem as instalações do exército, que foram demolidas no final dos anos 70 para a construção do Parque Garota de Ipanema.

É curioso ver o grande número de automóveis parados em contrapartida ao pequeno número de banhistas. Será que todos vieram nos carros? Nessa época o Arpoador era uma praia praticamente desconhecida.

Ao fundo vemos a pedra e a Praia do Diabo, que certamente ganhou esse nome em virtude do visual árido e pedregoso e do sempre perigoso mar, que afastava os banhistas. Sendo, por muitos anos, a preferida dos jogadores de frescobol.

Chama a atenção, segundo conta o Decourt, o tamanho do complexo radiotelegráfico, com duas enormes antenas, mais umas 4 menores e uma construção que estranhamente parece maior que a que muitos de nós chegou a conhecer no mesmo local, em um estilo flertando com o art-déco. Essa que aparece na imagem, possivelmente era a original, construída pelos ingleses, quando da chegada do cabo submarino.

O fim da Francisco Bhering totalmente em asfalto foi no início dos anos 70, quando houve a construção de um prolongamento do calçadão perto da pedra.

O calçadão ainda era de cimento áspero e arrematado por uma fortíssima muralha de cantaria reforçada, com um robusto enrocamento, construída nos primeiros anos do século XX, que vem resistindo a todas as investidas do mar, com pouquíssimos danos, até hoje, ao contrário da velha muralha de Copacabana que foi sendo aperfeiçoada a cada ressaca, até desaparecer, sepultada pelo aterro da orla.