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sábado, 29 de abril de 2017

FERIADÃO EM TERESÓPOLIS

Foto do acervo de Monsieur Rouen.

Crônica da Cora Rónai:

"Na semana passada enfrentei, pela enésima vez, os transtornos da ‘liberdade de expressão’ online. Uma ameba sociopata desandou a escrever bobagens ofensivas na área de comentários do meu fotolog, literalmente bloqueando o acesso às fotos.

Resultado: além de perder tempo apagando aquelas porcarias, tive que restringir a área de comentários a pessoas autorizadas, ou seja, as que já estavam na lista de favoritos. Novos visitantes precisam, agora, me enviar um email para que eu os inclua.

Uma pena, porque, diante dessa barreira, muita gente desiste. Digo por experiência própria, porque eu mesma já deixei de comentar várias fotos de que gostei em fotologs de colegas por causa disso.

Por outro lado, sob esse aspecto, o Fotolog funciona bem melhor do que os sistemas de comentários dos blogs, que ainda não criaram sistemas eficientes para deter ciber-vândalos, e precisam ser vigiados e ‘capinados’ constantemente.

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À medida em que mais e mais pessoas começam a ter blogs e fotologs, o problema passa a ser cada vez mais comum. Há alguns anos, decidir quais opiniões de leitores iriam ou não ao ar era atribuição dos editores das seções de cartas dos jornais, que se baseiam em normas claramente identificadas e em anos de traquejo e bom-senso.
 
Com a internet, e suas múltiplas opções de palpite, essa difícil atividade passou à esfera da decisão individual e, freqüentemente, solitária: ao contrário dos editores, que sempre têm com quem discutir casos complicados, blogueiros e fotologueiros trabalham em geral sozinhos - e muita gente ainda está meio perdida em relação ao assunto. Afinal, a liberdade de expressão é cara a todos nós (ou, pelo menos, à maioria) e apagar uma mensagem pode, efetivamente, representar um gesto de censura.

Ao mesmo tempo, críticas às vezes são difíceis de aceitar. Se mesmo o couro de rinoceronte que adquiri em tanto tempo de jornalismo não me torna imune a palavras duras, que defesa imunológica terá o blogueiro ou fotologueiro que se depara, pela primeira vez, com opiniões pouco favoráveis? Como agir diante da pluralidade de opiniões com que nos confrontamos no cotidiano da rede?

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Nos primeiros tempos do blog, eu ficava muito perturbada quando tirava algo do ar. Aos poucos - mas realmente aos poucos, e depois de muito bater cabeça com outros autores de blogs - fui me convencendo de que há uma linha entre crítica e ofensa. Nem sempre ela é clara, mas existe, e deve ser ela o parâmetro para o que fica ou o que não fica na área de comentários.

Opiniões dissonantes não são necessariamente ofensivas; já xingamentos, agressões gratuitas, provocações e palavrões não são, definitivamente, críticas que se devam ser respeitadas. As primeiras conduzem ao diálogo; as segundas, à destruição do meio-ambiente, já que blogs e fotologs são ecossistemas delicados.

Suas áreas de comentários são botequins virtuais onde, frequentemente, as mesmas pessoas se reúnem, todos os dias, para trocar dois dedos de prosa. Às vezes sai uma briga. É normal. Mas às vezes entra um pitboy pela porta adentro, quebra móveis e garrafas, agride os habitués. Aí já não há nada de normal. A freguesia estranha, fica infeliz, vai embora - e o point vai pro brejo.

Já vi bons e valiosos blogs morrerem por causa disso, e gente de bem sofrer, sinceramente, por causa de pedradas virtuais de vagabundos - quase sempre anônimos. É impressionante, aliás, constatar como as pessoas mais agressivas são, invariavelmente, as mais covardes. É tão fácil manifestar opiniões radicais no anonimato! Tão fácil investir contra o mundo por trás da proteção de uma tela! Não por acaso, o Slashdot, respeitado blog de nerds, atribui a alcunha de ‘Covarde anônimo’ a quem entra sem se registrar.

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Hoje já há certo consenso entre as várias comunidades online que freqüento: democracia é bom, desde que mantidas as regras básicas da boa convivência. Demarcar a linha entre crítica e ofensa é difícil, mas não impossível; é este equilíbrio que quem mantém um blog ou um fotolog deve procurar.

Comentários idiotas, mas não ofensivos, devem, de preferência, ser ignorados. Apagar um comentário não deixa de ser uma forma de resposta, e a regra de ouro para a grande mesa de botequim da comunicação, virtual ou não, já foi estabelecida há tempos pelo Millôr: ‘Não se amplia a voz dos idiotas’.

Importante também é não se deixar pressionar pela gritaria das antas que, deletadas, gritam em nome da ‘democracia’ ou da ‘liberdade de expressão’. Balela.

A maravilha da rede é que, se eu não estou contente com o que você está diz aqui, posso muito bem abrir um blog ali adiante para contestar as suas palavras. Isso é democracia e liberdade de expressão; entrar num blog ou num flog para xingar e fazer pipi no tapete é falta de educação, grosseria, vandalismo."
 

sexta-feira, 28 de abril de 2017

IGREJA N. S. DO CARMO DA LAPA


Nesta foto, da década de 1960, feita por Sascha Harnisch, vemos a Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Lapa.

No dia 24 de outubro de 1810, em procissão solene, foi trasladada a imagem de Nossa Senhora do Carmo para o novo templo carmelita. Segundo Augusto Maurício, em "Templos históricos do Rio de Janeiro": "Houve brilhante festa nessa ocasião. D. João, príncipe regente, e toda a corte compareceram à igreja para receber a Santa e assistir à sua entronização.
A imagem foi conduzida sob o pálio juntamente com o SS. Sacramento trazido pelas mãos do Bispo Diocesano, D. José Caetano da Silva Coutinho.
Após a cerimônia religiosa, queimaram-se fogos de artifício, ouviu-se música executada pela Banda Militar e, em seguida, foi oferecida uma lauta merenda aos soberanos e às pessoas que os acompanhavam. Todos comeram e beberam fartamente, e até, por descuido, é claro, um dos convidados reais levou consigo uma das facas do serviço de prata, cujo valor o Convento teve que pagar".
 
Os especialistas poderão identificar os automóveis, entre os quais vemos Anglia, DKW, Nash, Dodge, Aero Willys, Buick.
 
Como já contou por aqui o JBAN, os pais deles casaram-se nesta igreja. Seus avós moravam nas vizinhanças e eram fregueses da Padaria Monroe e da Mercearia do Elias.
 
Os padres carmelitas, desta igreja, administram a obra social São Martinho. Recebem doações do mundo todo e, dizem, alugam aos padres carmelitas as salas no prédio que é dos mesmos padres carmelitas. O edifício é aquele comprido em frente ao Passeio Público; todo dos padres carmelitas. Deu pra entender ? Os padres com o dinheiro da obra social (doação) alugam salas a eles mesmos, contou certa vez o saudoso AG.
 
Citando os antigos comentaristas do “Saudades do Rio”, vale reproduzir um comentário do inesquecível Professor Hermelindo Pintáfona:
 
“Lapidar Catedrádico Litorâneo, Eclesiástico Baluarte da Cultura Guanabarina, Guardião Incansável do Templo do Saber Cidadão, Onipresente, Onisciente e Onipotente Dr. D´,
Mais uma vez respeitosamente adentro ao sacro convívio virtual de seu afamado sítio internético, em busca da plenitude mental e espiritual que o acesso ao Saber e à Cultura do mais alto nível proporcionam a todos os seres viventes e inteligentes. Saúdo-o pelo seu denodo e destemor em exercer actividade de tal responsabilidade e importância para todos nós, habitantes desta Muy Heróica Urbe de Estácio e São Sebastião. As gerações que advirão após a nossa breve passagem por este mundo de Nosso Senhor, saberão reconhecer tão nobre causa e tão extenuante labor desprendido pelo ilustre e insigne luminar, e lhe cobrirão com as merecidas glórias !

A histórica estampa ora apresentada no écran eléctronico de meu maquinismo computacional, me é assaz cara, uma vez que neste belo Templo do Senhor foi realizado o batizado de meu criado e afilhado, o fiel Álvaro, que me guia em segurança por esta industriosa urbe e administra minhas humildes moradas Sebastiana e Serrana. Deixado à porta do Palácio Episcopal de São Joaquim por sua jovem e incógnita progenitora (dizem que era uma pobre freira do Convento de Santa Teresa caída em tentação), o inocente rejeitado foi recolhido pelo santo Cardeal Eugênio, que mo entregou para que o batizasse. Como recusaria tão nobre e pia missão, mormente sendo um pedido pessoal de meu dileto e episcopal amigo ? Os desígnios do Senhor são misteriosos e quis Ele que eu cuidasse daquela pequena alma sem alento nem teto. Cuidado por uma das criadas da Casa Pintáfona, que lhe serviu de ama de leite e mãe adotiva, foi mais tarde enviado para o Seminário São José, onde ficou em regime de internato até ter idade suficiente para auxiliar na lida da casa. Chegamos a pensar em fazê-lo padre, mas vimos que não daria para a coisa. Hoje vive como agregado em minha residência e considero-o como um filho.

Douto e experiente confrade, retorno aos meus inúmeros afazeres. A Ciência é amante caprichosa e não me deixa afastar-me dela por muito tempo. Dirijo-me agora à sala de refeições onde um pequeno lanche aguarda-me. Café das Terras altas da Mantiqueira, pão caseiro com um naco de queijo de Minas, seguido de umas mangas de nosso pomar. Apos um breve repouso retorno aos estudos e escritos. Antes de lançar-me ao catre, leio alguns capítulos dos Santos Evangelhos e entrego-me ao merecido descanso.

Despeço-me rodado, fervido e estacionado,
  Seu Criado,

Dr. Hermelindo Pintáfona”.
 
 


 

quinta-feira, 27 de abril de 2017

AUTOESTRADA LAGOA-BARRA



As duas fotos de hoje referem-se à construção da Autoestrada Lagoa-Barra. São do início da década de 80.
 
Um módulo do Conjunto Habitacional São Vicente (Minhocão) foi demolido para passagem das pistas. Alguns advogam que não houve prejuízos para os moradores daquela ala, pois foram transferidos para três novos blocos de apartamentos, construídos nos fundos do Conjunto São Vicente, com vista para a Lagoa Rodrigo de Freitas e toda a orla marítima do Leblon e Ipanema, sendo inclusive os imóveis acrescidos de mais um quarto.
 
O prezado Andre Decourt fez um extenso "post" sobre este assunto, que reproduzo parcialmente aqui.
 
"A PUC, certamente ajudada pela igreja Católica e vários de seus ex-alunos que ocupavam altos postos em nossa sociedade, fez forte "lobby" para o traçado da via se desviar do campus. Ficaram então as duas alternativas, a de número 2 seria a melhor, mas a mais cara e demorada. Resolveu-se, então, fazer a de número 1, a que temos hoje, verdadeiro absurdo, primeiro pela forte rampa, pois a diferença entre as cotas da Gávea e a boca do túnel Zuzu Angel é enorme. Esta rampa, no sentido Lagoa-Barra, provoca lentidão, pois veículos pesados ou de pouca potência têm grande dificuldade de galgá-la, fazendo-o em baixa velocidade e atravancando o trânsito. Já no sentido oposto a grande inclinação dá aos veículos forte aceleração, sendo a causa de tantos acidentes, muitos com mortes naquele trecho.
 
Para a construção o então Governo do Estado do Rio de Janeiro fez uma permuta com a PUC onde 41 mil metros quadrados de encosta não edificantes, foram trocados por uma área plana de 21 mil metros quadrados, juntinho da Marques de São Vicente, área esta da já renomeada CEHAB, terra esta do antigo Departamento de Habitação do Distrito Federal e destinado a parte do conjunto do Parque Proletário da Gávea. Foi imposta a condição de construção de salas de aula, mas o que vimos por muitos anos foi um grande estacionamento.
 
Mas o pior de tudo foi cortar um prédio residencial com uma das vias mais movimentadas de nossa cidade: 48 apartamentos deveriam ser demolidos, ou seja, um bloco inteiro do prédio. Mas a boa estrutura e a criatividade dos engenheiros do DER-RJ, grande parte oriunda da equipe de elite feita na época da Guanabara, descobriram um meio de demolir as lajes dos pavimentos inferiores sem derrubar o resto do “módulo”, sendo então perdidos “apenas” 21 apartamentos.
 
 Para se evitar o barulho deveriam ser construídos 2 túneis acústicos, mas só um deles foi executado, protegendo a PUC. Já os moradores do edifício ficaram expostos ao barulho, o que foi um dos maiores absurdos urbanos de nossa cidade."

quarta-feira, 26 de abril de 2017

CASA DE SAÚDE SÃO CLEMENTE


A foto de hoje mostra a Casa de Saúde São Clemente, que funcionou na Rua São Clemente nº 271, telefone 46-2828, esquina com a Rua Sorocaba.
 
Confesso ter poucas lembranças dela, embora deva ter passado centenas de vezes por ela, pois ficava bem perto do Colégio Santo Inácio.
 
O Jornal do Brasil de 23/01/1953 relata que Manoel Maria Tavares Pascoal, dono de um bar na Av. Ataulfo de Paiva 245 foi esfaqueado por um freguês que queria sair sem pagar a conta. Após os primeiros socorros no Hospital Miguel Couto, foi transferido para continuar o tratamento na Casa de Saúde São Clemente.
 
Outras notícias sobre esta Casa de Saúde dão conta de que era usada pelo Vasco da Gama na década de 60 e ali foram realizadas, em maio de 1964, as operações de amígdalas do Celio e do Saulzinho, atacantes do Vasco, pelo Dr. José Marcozzi.
 
Os profissionais do Jockey Club Brasileiro também eram operados nesta Casa de Saúde, como o treinador Antonio Pinto da Silva, de cálculos renais.
 
Em 1968 o Jornal do Brasil noticiava uma tentativa de assalto à Casa de Saúde, por parte de Plinio Cavalcanti Quinderê, que foi preso após alerta da Enfermeira-Chefe, Maria Aldegundes de Camargo. Este meliante foi posteriormente identificado como o autor do roubo da espada do Marechal Dutra em cerimônia no Itamaraty em 1948, quando se fantasiou de almirante para perpetrar o crime.
 
Já na década de 70 foi a vez do Fluminense utilizar esta Casa de Saúde: o craque Samarone esteve internado por crise renal e deixou seus companheiros desolados por desfalcar o time que era formado por Jorge Vitorio, Oliveira, Galhardo, Altair e Marco Antonio; Silveira e Denilson; Cafuringa, Flávio, Samarone e Lula.
 
Além dele, ali estiveram internados nesta década Galhardo, Toninho, Carlos Alberto, Dionísio, Manfrini, sob a supervisão do Dr. Durval Valente, com quem trabalhei no Hospital Souza Aguiar.
 
Na década de 80 já não há referências à Casa de Saúde e Maternidade São Clemente. Atualmente há um arranha-céu no local onde funcionou a Casa de Saúde.
 
PS: quem devia ser cliente desta Casa de Saúde era o saudoso e pranteado General Alípio Miranda, morador da Rua Sorocaba nº 90, junto com sua dileta esposa Alayde, a Didi.
 
O Ilustre General Miranda, oficial culto e exemplar - algo pouco comum no atual círculo militar (e que foi tão injustamente enclausurado no Forte de Copacabana), como bem recordam os antigos comentarista deste espaço, foi brutal e covardemente assassinado pelo torpe meliante Tutu La Minelli, ora homiziado naquela estranha cidade do Sudeste.
 
Como já registrou aqui o Historiador Militar, "o General Miranda se notabilizou, não só pela sua inteligência, mas pela extraordinária bravura: tomou parte na FEB que participou do assalto à Abadia de Monte Cassino (1944), enfrentando forças muito superiores àquelas que comandava. Ao longo de sua gloriosa carreira, exerceu os lugares de instrutor de esgrima, diretor das oficinas de reparação de automóveis do Exército, vogal do Conselho Central da Cruz Vermelha Brasileira e do Pró-Sanatório dos Sargentos Tuberculosos dos Exércitos de Terra e Mar. Fez parte do júri para as provas especiais de aptidão, para a promoção ao posto de major, dos capitães taifeiros. Em meados dos anos 50, combateu ardorosamente os insurretos do General Lott, o que lhe valeu uma curta detenção no Forte de Copacabana (Punição que se revelou, mais tarde, injusta). Entre outras condecorações, é Comendador da Ordem de S. Gregório Magno (classe militar) com que Sua Santidade João XXIII o agraciou.É autor de várias obras sobre assuntos bélicos, em que se destaca uma monografia muito interessante sobre o "Canhão Vickers de Seis Polegadas da Artilharia de Costa". Por seu elevado nível moral e intelectual, este distinto morador da Rua Sorocaba, deixou muitas saudades.”

terça-feira, 25 de abril de 2017

AVENIDA ATLÂNTICA






O “post” de hoje tem origem num e-mail enviado pelo prezado Maximiliano Zierer, a quem o “Saudades do Rio” agradece. Ele enviou a primeira foto, que foi publicada no FB Copacabana Demolida, numa contribuição de Celso Frederico Lago.

O endereço é Av. Atlântica 2600 e a foto, dos anos 70, aparece num anúncio da VEPLAN. Ali constava que “a VEPLAN, preocupada em preservar o estilo arquitetônico inspirado na expressão marajoara e harmonizá-lo ao conforto das novas instalações, durante 6 meses a VEPLAN se dedicou a um minucioso trabalho de restauração de todas as dependências da casa.”

 Esta casa foi construída em 1935, tem fundos para a Rua Domingos Ferreira e fica entre as ruas Santa Clara e Figueiredo de Magalhães. Foi construída pelo português Antonio Dias Garcia, que lá residiu até a década de 70. Foi substituída pelo gigantesco hotel Marriot, de gosto duvidoso.

Os antigos moradores de Copacabana conheciam a casa como a “Casa dos Bichos”, pela variedade de aves e pequenos animais que ficavam pelos jardins. A terceira foto, da LIFE, mostra isto quando da passagem da equipe de Walt Disney pelo Rio de Janeiro.
 

segunda-feira, 24 de abril de 2017

ONDE É?


Para quem não leu a publicação do M. Lobo, do Tempore Antiquus, ficam as perguntas: o que funcionava neste prédio e qual era o seu endereço?