Total de visualizações de página

sábado, 29 de julho de 2023

DO FUNDO DO BAÚ: MINHA MADRINHA

O "Do Fundo do Baú" de hoje é uma homenagem à minha madrinha querida, Olga Costa Leite, com quem tive o privilégio de conviver por 40 anos.

Nascida em Pelotas, veio muito criança para o Rio, sendo educada no Colégio Sacré-Coeur de Jésus.

Dedicou-se à vida funcional, iniciando suas atividades do Depto de Portos, Rios e Canais do Ministério de Viação e Obras Públicas e, posteriormente, transferiu-se para a Prefeitura do Distrito Federal onde foi funcionária do gabinete de vários governos, como Mendes de Morais, Sá Freire Alvim e Negrão de Lima, além de ter trabalhado muitos anos com o Secretário de Saúde Dr. Guilherme Romano.

Aqui a vemos comigo numa tranquila Rua Barata Ribeiro. Solteira, sempre me tratou como a um filho querido. Meus filhos se tornaram os netos que não teve e tudo fazia por eles.


Como o mundo é pequeno, por acaso, descobrimos que foi muito amiga da mãe da tia Nalu, comentarista antiga do "Saudades do Rio". As duas aparecem, à esquerda, nesta foto enviada pela Nalu e colorizada pelo Reinaldo Elias. 

As fotos, na Praia de Copacabana, devem ser por volta de 1930.

É surpreendente ver como as pessoas se vestiam naquela época para ir à praia.

As duas amigas também foram juntas fazer parte das "Voluntárias da Defesa Passiva Anti-Aérea", durante a 2ª Guerra Mundial.

A foto é do dia do "Juramento à Bandeira", no Palácio Tiradentes, sendo paraninfa da turma a Sra. Darcy Vargas. Dias depois visitaram o Presidente Getulio Vargas, no Palácio do Catete. Foram apresentadas pelo Prefeito Henrique Dodsworth. 

A foto mostra o almoço em homenagem a Gago Coutinho na mansão de Petronio Almeida Magalhães. Minha madrinha em primeiro plano. O almoço foi em 12/04/1939. Entre os presentes Affonso Penna Junior, Comendador Mario Guastini, General Ulisses Longo. Moura Andrade.


Finalmente vemos as amigas numa ida à "cidade" para algum evento social ou para compras. 

Minha madrinha foi uma voluntária também da "Obra do Berço", da "Pequena Cruzada de Santa Terezinha do Menino Jesus" e da "Feira da Providência", às quais dedicou muito do seu tempo.

Foi uma mulher à frente de seu tempo, engajada na política (era PTB até os ossos), dona de uma personalidade forte.

Deixou muita saudade.


quinta-feira, 27 de julho de 2023

AS PIONEIRAS

 Augusto Rodrigues, diretor da “Manchete Esportiva”, escreveu em 1958:

“Durante décadas havia muito preconceito impedindo que o esporte feminino florescesse, muita vocação era sufocada. “O lugar de mulher é no lar” deixou muitas gerações de quase futuras campeãs ausentes das quadras, piscinas e estádios.

Merecem um tributo especial as pioneiras do esporte feminino no Brasil, aquelas que faziam frente a todos os preconceitos e sem assistência técnica adequada, sem o necessário conforto moral, atravessaram todas as vicissitudes para lançar os fundamentos do esporte feminino no Brasil. Hoje elas sabem que o suor vertido deixou um sulco de glória na história do esporte brasileiro.”

Este “post” é uma pequena homenagem a elas.

Fotos da "Manchete Esportiva" e da "Internet".

A campeoníssima Maria Ester Bueno que ganhou vários torneios em Wimbledon. No final dos anos 50 e início dos anos 60, colocou o tênis brasileiro no alto do pódio.

A nadadora Maria Lenk na capa da revista argentina "El Grafico". Brilhou na década de 1930, sendo a única brasileira no Swimming Hall of Fame. Foi a primeira nadadora brasileira a estabelecer um recorde mundial. 


A equipe de basquete feminino liderada por Hortensia, Paula e Janeth fez história. A foto é do pódio do Pan-Americano de Cuba.


Teodora Breitkof, Liliam Poetscher, Ary Façanha de Sá e Hannelore Poetscher treinam no campo do Fluminense, nos anos 50. Curioso observar que só o atleta masculino está uniformizado.


Roselle Torres Vianna aparece aqui por ter se destacado, como baliza nos desfiles, nos “Jogos Infantis” e nos “Jogos da Primavera”, eventos de incentivo ao esporte, patrocinados pelo “Jornal dos Sports. Roselle representava o Colégio Anglo-Americano. Colégios e clubes disputavam os jogos.

Time do Fluminense campeão de basquete feminino em 1957. Dirigido por Antenor Horta, as jogadoras foram Marta, Marli, Maria Lucia, Edir, Atila, Laura e Helê.

Foto da final do campeonato de basquete feminino, de 1955, entre Botafogo e Fluminense. Marli, uma das grandes da época, que jogava tanto volei quanto basquete, num tempo em que a exigência dos treinos era muito menor do que hoje, considerava o basquete mais violento que o futebol feminino.


O time de voleibol do Flamengo no final da década de 50 e início da década de 60, que eu acompanhava de perto nos treinamentos na Gávea, tinha destaques como Leila, Norma Vaz, Marina, Lucy, Rosinha O´Shea, Delci, Ingeborg, entre outras craques.


Para terminar as fotos de dois ícones do voleibol do Flamengo e do Brasil. Acima a Isabel. Abaixo a Jacqueline. Companheiras de time, amigas, foram fonte de inspiração para milhares de atletas mulheres, por suas atitudes dentro e fora das quadras.



quarta-feira, 26 de julho de 2023

LADEIRA DA MISERICÓRDIA


A Ladeira da Misericórdia, no Castelo, começava no Largo da Misericórdia e terminava na Rua do Castelo e Ladeira do Castelo.

Desapareceu com o desmonte do Morro do Castelo, restando apenas um pequeno trecho do seu início, ao lado da Igreja da Misericórdia.

Aberta em princípios do Século XVIII, ligando o Morro do Castelo à planície, era um caminho íngreme que existia desde os tempos de Salvador de Sá. O Vice-Rei Conde da Cunha abriu uma outra ladeira junto à Igreja da Misericórdia, que recebeu, inicialmente, o nome de Calçada da Sé, pois atingia a Igreja de São Sebastião, no Castelo, que era a sede da Sé. Porém, o nome que perdurou foi de Ladeira da Misericórdia, escreveu Paulo Berger.

Vemos a Igreja de N.S. de Bonsucesso, situada no Largo da Misericórdia, junto à Santa Casa. Em estilo barroco jesuítico, sofreu várias reformas desde o século XVIII. Neste local já havia uma capelinha, fundada em 1582, por ocasião da construção do hospital da Santa Casa. Segundo M. Teixeira, era de barro e foi reconstruída diversas vezes. O prédio que está lá foi reconstruído simultaneamente ao hospital, de 1724 a 1820. Ao lado vemos a Ladeira da Misericórdia, testemunha do Rio dos velhos tempos.

Nesta foto, do início do século XX, vemos o aspecto da Ladeira da Misericórdia.


Interessante fotografia com o panorama geral do Centro da Cidade e a Ladeira da Misericórdia. Subindo o Morro do Castelo.  Foto de Augusto Malta, em 1922. Foi tirada a partir da torre recém-concluída no Calabouço para a Exposição de 1922. Estava em construção o prédio que viria a ser mais tarde o Ministério da Agricultura, antes de ser demolido em meados dos anos 70. Ao fundo, além das torres da igreja da Candelária, destacam-se outras igrejas do Centro.


Vemos a região já em processo de demolição.


Na década de 1930 já vemos o aspecto deteriorado da Ladeira da Misericórdia.


Vemos nesta foto como era o piso pé de moleque da Ladeira da Misericórdia.

Foto de 1963: "Caminho fortuito de vários passeios românticos do século XIX, artéria de movimento para o tráfego de liteiras e carroças de boi, pisada e repisada pelos mais famosos do Brasil Colônia, a Ladeira da Misericórdia, nos anos 60, era o depositário de todo o lixo do centro da cidade. Foi limpa, mas segundo a Secretaria de Viação não será restaurada."

"Mesmo com todas as demolições implementadas na região do Bairro da Misericórdia, bem como os inúmeros planos urbanísticos, como o Agache e o Plano 1000, a região chegou aos anos 50 praticamente intacta, fora intervenções na região do antigo traçado da Rua da Misericórdia perto da Praça dos Expedicionários.

Porém no final dos anos 50 os jornais noticiavam o início das obras para a construção do Viaduto da Perimetral e diziam que as demolições já começavam, embora o viaduto passasse longe deste local. O mais estranho é que existiam várias construções entre essas casas e o local do viaduto, como o Museu Histórico Nacional, o Ministério da Agricultura e o Museu da Imagem e do Som. Vale lembrar que fora o ministério, demolido sem muita justificativa nos anos 70, as outras construções estão no local até hoje (A. Decourt)"

PS: acho que o prédio do MIS já foi ou será cedido ao Tribunal de Justiça.



terça-feira, 25 de julho de 2023

CIRCUITO DA BARRA


Conforme conta Paulo Scali em seu ótimo “Circuitos de Rua”, foi criado o “Circuito da Barra da Tijuca” em 1957, com a estreia da pista em 1958. Era um circuito de forma retangular, entre a praia e a lagoa, com quatro retões. A largada era próxima da atual igreja de São Francisco de Paula.

O então chamado “Trampolim do Pecado” recebeu provas automobilísticas até 1965. No ano seguinte, com a inauguração do autódromo de Jacarepaguá, terminariam as provas de rua no Rio.


As fotos a seguir são da "Manchete Esportiva". 

Foto de competição automobilística na Barra da Tijuca, em 1958, promovida pelo Automóvel Clube do Brasil. 

Foram três provas no mesmo dia. Na primeira, para veículos de até 2000 cm3  

Teve 5 competidores e o resultado foi contestado, sendo o vencedor desclassificado, o que gerou grande revolta na Imprensa.


Pilotos como Henrique Casini, Álvaro Varanda, Fritz D´Orey, Celso Barberis, Pinheiro Pires, Mario Olivetti, Chico Landi, Alvaro Varanda e Artur de Souza Costa participavam desses eventos. 


Na foto acima, de 1958, vemos um dos "S" do novo circuito da Barra da Tijuca sendo testado pelos corredores Henrique Casini, Euclides de Brito e o engenheiro Adolfo Aguiar. Casini está a bordo da "Maseratti" que adquiriu de Juan Fangio. 

Segundo reportagem da época, "graças aos esforços de Francisco Perdigão e sua equipe da Comissão Desportiva do Automóvel Clube do Brasil, os cariocas tiveram um novo circuito, o da Barra da Tijuca. 

A pista moderna, com 4800 metros, é toda pavimentada a concreto (Nota: esta informação não está correta, pois havia trechos com asfalto e paralelepípedos). Poderão alguns alegar que o lugar fica muito longe. Lembraremos que o acesso é fácil e o seu afastamento do centro é muito menor que o dos autódromos de Interlagos, de Buenos Aires e Indianápolis, mormente quando foram eles inaugurados". 

No alto da caixa d´água há um anúncio de "O Corsário" - seria uma boate da época? 


A última corrida da temporada de 1958 foi promovida pelo Automóvel Club do Brasil no circuito da Barra da Tijuca. O vencedor foi Fritz D´Orey, com média horária de 139,720 km/h. A seguir Alvaro Varanda, Henrique Casini, Sousa Costa, Landi e Pinheiro Pires.

No quesito "segurança" podemos ver que tudo era muito precário. Tanto para pilotos quanto para os assistentes.


O "rally" à Barra da Tijuca, realizado em 1958, teve o seguinte itinerário: partida da frente da Manchete, à Rua Frei Caneca nº 511, Rua Neri Pinheiro, Av. Presidente Vargas, Rua Uruguaiana, Largo da Carioca, Av. Almirante Barroso, Av. Rio Branco, Praça Paris, Praia do Russel, Praia do Flamengo, Av. Osvaldo Cruz, Praia de Botafogo, Túnel do Pasmado, Túnel Novo, Av. Princesa Isabel, Rua Min. Viveiros de Castro, Av. Prado Junior, Av. Atlântica, Rua Francisco Otaviano, Praia do Arpoador, Av. Vieira Souto, Av. Delfim Moreira, Av. Niemeyer, São Conrado, Estrada do Joá, Largo da Barra, Ponta da Barra, Circuito da Barra (seguindo em direção à praia), Av. Litorânea e contornando o circuito da Barra, sede do Copacabana Motor Clube, chegada. 

O controle técnico da prova, que teve por base a média horária de 40 km, foi exercido pela Comissão Esportiva do Automóvel Clube do Brasil, presidida pelo desportista Francisco Perdigão.

Pode-se observar, pelo itinerário, que o trecho em direção à praia da Av. Princesa Isabel ainda não chegava até à Av. Atlântica, como já comentamos várias vezes por aqui.

Convém ressaltar que "rally" é de regularidade, ou seja, tudo vai depender da dupla piloto/navegador que tem que levar o carro, do início ao fim do percurso, na velocidade média de 40km/h (no caso). Baseado nisso, no meio do percurso há (escondidos) diversos postos para verificar se o carro vai passar por alí no tempo certo, previamemte calculado.Não tem nada a ver com velocidade! Alguém poderia de Lambretta ganhar um "rally" em que participasse um Ferrari.

O último trecho de um "rally" de regularidade normalmente é neutralizado e não tem posto de controle. Os carros tem apenas o horário máximo para chegada.


Vários comentaristas antigos assistiram a essas provas na Barra. Entre eles o Richard, o Candeias, o Rouen e o Roberto Sobrinho (o Rock_rj dos fotologs e que já nos enviou muitas fotos da Praça Eugênio Jardim), autor desta foto.

Ela confirma que parte da pista era de paralelepípedos.

PS: já houve uma postagem anterior só com fotos do Roberto em http://saudadesdoriodoluizd.blogspot.com/2019/04/circuito-da-barra.html




segunda-feira, 24 de julho de 2023

EDIFÍCIO PANORAMA - IPANEMA


As fotos desta postagem foram enviadas pelo amigo Candeias e são do Edifício Panorama, localizado na Rua Prudente de Morais números 549, 553 e 559, em Ipanema.

O edifício foi construído em um terreno antes ocupado por uma vila dos operários de uma fábrica de linhas que ficava do outro lado da rua e foi um dos primeiros prédios construídos nas quadras da praia, em Ipanema. O início da construção foi em 1944.

O sogro do Candeias foi síndico do prédio por muitos anos.

Localizado na Rua Prudente de Morais nº 549, 553 e 559.


Esta é uma foto recente do Edifício Panorama que, com a modificação da numeração, agora tem o nº 1441. Podemos ver que as varandas centrais foram fechadas.


Vemos o anúncio de lançamento do Edifício Panorama, publicado nos principais jornais da época.


O projeto foi do Escritório Técnico Leopoldo Tachau e a construção estava a cargo do engenheiro Henrique Canogia.


Esta é a descrição do apartamento TIPO A. Os apartamentos eram financiados pela Tabela Price.


Apartamento tipo B. Era o menor disponível no edifício.


O apartamento Tipo C era o maior, com três quartos.


Por sua situação privilegiada, desfruta de um horizonte circular amplíssimo, donde a justiça de seu nome. Era, então, uma Ipanema quase que só de casas.

De um lado a linha curva das praias de Ipanema e Leblon abraça o Atlântico, chocando-se uma de suas extremidades nos rochedos abruptos do Arpoador e indo a outra morrer no sopé dos morros da Gávea.


Sendo a Rua Prudente de Morais servida pelos ônibus nº 64, 66 e 67, e ficando o Edifício Panorama muito próximo do ponto final dos ônibus números 3, 11, 12, 46, 63, bem como dos bondes “Ipanema” e “Jardim Leblon”, ficarão os seus moradores completamente a salvo de qualquer dificuldade de condução.

Construído em centro de terreno de 1450m2, todo ajardinado, a poucos metros da praia, num bairro tranquilo, elegante e de clima salubérrimo, por sua beleza, conforte e grandiosidade, está o Edifício Panorama fadado a ter uma valorização rápida e segura.



Deste lado descortina-se a vista repousante da Lagoa Rodrigo de Freitas, com contorno caprichoso e em cuja águas serenas reflete-se o parapeito verde-escuro das montanhas, nas quais ressalta sobre o azul o monumento do Corcovado.


Concluía a propaganda de lançamento: Nenhum edifício construído ou a construir oferece as vantagens do Panorama, cujos apartamentos são completamente indevassáveis, com luz natural abundante e direta em todas as suas dependências.

Apesar de suntuoso e confortável, o Ed. Panorama tem os preços dos seus apartamentos ao alcance dos menos abastados com grande facilidade de pagamento e ótimo financiamento.

O "Saudades do Rio" agradece ao Candeias por esta postagem inédita. Grande resgate da história de Ipanema.