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sábado, 7 de julho de 2018

BARBEIRO

 
Na Zona Sul está desaparecendo este tipo de salão de barbeiro do tempo da máquina manual ou elétrica, da navalha com lâmina afiada em tira de couro, sem muita frescura. Hoje proliferam salões sofisticados, com barbeiros de luvas, toalhas quentes, cremes para isto ou aquilo, oferecendo serviço de bar, com TV gigantes, poltronas, etc. E com preços estratosféricos.
Daqueles tempos me lembro de uma grande figura folclórica e muito interessante, o Geraldo Fedulo de Queiróz. Torcedor fanático do Fluminense, foi candidato a vereador nos anos 50 (acho que não se elegeu), era funcionário público (fiscal) e tinha um orgulho todo especial pelo próprio bigode.
Tinha uma atividade paralela (ou principal?), a de barbeiro, exercida em casas particulares. Entre seus clientes estava o poeta Augusto Frederico Schmidt, em cujo enterro Geraldo foi um dos oradores. Antes, em 21/04/1964, o “Jornal do Brasil”, por ocasião do aniversário de Schmidt, reportava: “Em festa organizada pelo Sr. Armando Falcão, Schmidt passou aos autógrafos até que uma voz explodiu junto ao piano em números de canto. Era o seu barbeiro, Geraldo Fedulo, com trinta anos de navalha em punho no exercício de um ritual diário em que espuma e discussões política se misturam. Do canto ao discurso não demorou: o barbeiro de Schmidt esgotou seu estojo de adjetivos rasantes, sob protestos do poeta”. Geraldo, um “faz-tudo”, ainda aplicava insulina diariamente em Schmidt.
Conheci-o porque também era o barbeiro de meu avô. Chegava todo mês, pela manhã, na nossa casa da Barata Ribeiro, com sua mala de instrumentos. Subia a escadas dos fundos até o 3º andar, onde vovô esperava-o no terraço para o corte que levava horas, tanto que o Geraldo falava, contando histórias fantásticas.
De vez em quando cortava o cabelo das crianças (de meus irmãos e meu). Vovô gratificava-o com generosidade (lembro-me das queixas de minha avó sobre isto).
Fã de Juscelino, durante a construção de Brasília se mandou para trabalhar lá e não perdeu a oportunidade, como conta este artigo que encontrei na Internet: “At the end of the speech, a Candango stood up and asked for permission to speak. For a while, everybody was astonished, but the President smiled and asked the unexpected orator to speak. The Candango introduced himself as Geraldo Fedulo Queiroz, a popular poet and formerly the barber of Augusto Frederico Schmidt. Geraldo explained that, when he found out about the construction of Brasília, he left his job as barber and changed his scissors for rougher tools, becoming one more worker in that anonymous army of good people who had built the capital. Geraldo Queiroz spoke in the name of all Candangos, expressing their joy for being present at that ceremony. He said that he had been following Juscelino’s achievements since Juscelino was governor of Minas Gerais state and mentioned some of JK’s accomplishments. This experience had made him certain that Brasília would not remain a dream but would become a reality in short time. And because he believed that and trusted Juscelino, he left everything, as many others did, and helped to make the dream come true.”
O “Correio da Manhã” de dezembro de 1965, na reportagem sobre a posse de João Paulo do Rio Branco como Secretário de Turismo do Estado da Guanabara, cita outro discurso do Geraldo: “Como homem do povo que deseja o verdadeiro turismo para a GB, falar da família Rio Branco é falar das maiores e melhores coisas do Brasil”
Eu ficava fascinado com as histórias do Geraldo e discutíamos muito sobre futebol. Bons tempos.

sexta-feira, 6 de julho de 2018

COPACABANA


 
As fotos da Deutsche Fotothek, de autoria de Franz Grasser, mostram como provavelmente ficarão as ruas do Rio na tarde de hoje.
 
A seleção brasileira chegará às semifinais?
 

quinta-feira, 5 de julho de 2018

MARACANÃ

A foto de hoje foi enviada pelo Joel Almeida, a quem o SDR agradece.
Vemos o cruzamento das ruas Pereira Nunes, Avenida Maracanã, Barão de Mesquita, e Pinto Figueiredo.
A legenda da foto marca 1962,  mas na realidade é de 1964 ou 1965.
O prédio grande no centro à direita é a antiga fábrica de tecidos, hoje Shopping Tijuca.  Ao fundo a Praça Vanhargem. 
À esquerda, a Praça Lamartine Babo, inaugurada em dezembro 1963, pelo Governador Carlos Lacerda.
O caminhão em primeiro plano está trafegando na Rua Pinto Figueiredo (fora da foto, à esquerda, está o batalhão da P.E, futuro DOI-CODI. Ainda dá para perceber os trilhos de bonde na Barão de Mesquita.
A Praça Lamartine Babo surgiu com a canalização do Rio Maracanã. Foi arborizada com Ipê e calçada com pedras portuguesas.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

ESCOLA NORMAL IGNACIO AZEVEDO AMARAL


 
A primeira foto mostra o prédio do Ginásio Ignacio Azevedo Amaral. Aí funcionava em parte do tempo a Escola Normal e na outra parte do tempo o Colégio de Aplicação, na Lagoa, perto do Clube Naval – Piraquê.
A ENIAA, Escola Normal Inagcio Azevedo Amral, funcionou no prédio do Colégio Aplicação até o final do primeiro semestre de 1965. Naquele ano mudou-se para uma escola recém-construída, na Rua Pacheco Leão, que funcionava, no turno da manhã, como Escola Normal e, no turno da tarde, como Colégio Estadual Camilo Castelo Branco. Ao lado deste prédio ficava a Escola Primária Capistrano de Abreu, onde as normalistas da ENIAA faziam estágio, com aulas de prática de ensino.
Mais tarde a Escola passou a funcionar na Rua Jardim Botânico, passando a ser Colégio Ignacio Azevedo Amaral, como profissionalizante, quando as Escolas Normais deixaram de existir.
A ENIAA era uma das seis escolas oficiais que formavam os professores primários do ensino público do Rio de Janeiro, assim como o Instituto de Educação (Tijuca), a Escola Normal Julia Kubitschek (Centro), a Escola Normal Heitor Lira (Penha), a Escola Normal Carmela Dutra (Madureira) e a Escola Normal Sara Kubitschek (Campo Grande).
Naquele tempo, em que os professores eram valorizados, centenas de jovens (muito mais moças que rapazes), inclusive da classe média e da classe alta, enfrentavam verdadeira "guerra" para cursarem estes estabelecimentos de ensino, que eram de primeira linha. Eram cerca de 2000 vagas por ano para cerca de 12000 candidatos. Quem conseguisse ingressar numa dessas escolas tinha uma carreira garantida pela frente, respeito da sociedade e um salário digno (já hoje em dia...).
A segunda fotografia mostra três alunas da ENIAA num intervalo das aulas, em 1964, em frente à escola, num parquinho onde hoje é o estacionamento do Piraquê.
Tenho a maior admiração por essas moças, responsáveis pela educação de gerações nas escolas públicas do Rio. Naquele tempo era famoso o "trem das professoras" que saía de manhã bem cedo da Central do Brasil levando dezenas delas, moradoras da Zona Sul, do Centro, da Tijuca, para as escolas públicas do subúrbio.
Foi um tempo em que o padrão de ensino era bem diferente do de hoje, quando vemos estatísticas que revelam haver alto percentual de alunos analfabetos funcionais nas escolas e professores mal preparados.

terça-feira, 3 de julho de 2018

ESCOLAS FOM

 
A Fundação Otávio Mangabeira (FOM), fundada na gestão do Gov. Carlos Lacerda (1961/1965), na Guanabara, tinha como objetivo viabilizar obras sociais através do patrocínio conseguido junto à iniciativa privada, sendo responsável pela construção de 42 unidades escolares, que ficaram conhecidas como “Escolas FOM”.
O projeto destas escolas, que seriam temporárias, visava à economia da execução, à versatilidade da implantação em diversos tipos de terrenos e à rapidez da construção. Uma “Escola FOM” era construída no tempo recorde de 14 dias, para durar cinco anos.
Em 26/11/1961 o Correio da Manhã noticiava que a Fundação Otávio Mangabeira anunciou a construção de uma escola para 500 alunos, em dois turnos, na Av. Princesa Isabel (Leme). A FOM anunciou, ainda, que a construção da referida escola seria concluída em apenas 60 horas, pois se tratava de um prédio pré-fabricado. Decorridas as primeiras 24 horas do início da construção o aspecto era o que se vê na foto acima. Em nota mais realista a FOM informou que o prazo de 60 horas seria cumprido "se" o material tivesse chegado ao local no tempo oportuno.”
Houve, à época, uma série de eventos beneficentes em prol da FOM, como peças de teatro, estreias de filmes ou doações de entidades como o Jockey Club Brasileiro e muitas empresas.
Mas estourou um escândalo por conta de doações supostamente feitas pelo “jogo do bicho”. Foi instaurada uma CPI, que foi manchete no “Correio da Manhã” durante meses, para apurar o envolvimento do Governo do Estado. A coisa foi tão confusa que até o Papa João XXIII foi envolvido, segundo depoimento do coronel Ardovino Barbosa, através de pedido do Núncio Apostólico. A diretoria da FOM prestou inúmeros esclarecimentos, bem como o gabinete do Governador. Não consegui descobrir o desfecho da CPI.
 

segunda-feira, 2 de julho de 2018

MISSA NO ATERRO


 
A legenda da foto dizia: “O majestoso altar construído no aterro de Santa Luzia.”

Em 20/01/1955 o “Correio da Manhã” publicou: “Nenhuma pessoa válida deverá deixar de comparecer esta noite à praça do Congresso Eucarístico, no aterro de Santa Luzia, para assistir à missa rezada pelo Cardeal D. Jaime de Barros Câmara” – eis o apelo que as autoridades eclesiásticas fazem à população carioca, no dia de São Sebastião.

As solenidades daquela noite seriam o ponto alto da preparação do grande certame eucarístico de julho de 1955 e o comparecimento da população carioca à missa seria o maior incentivo com que podem contar as autoridades que, incansavelmente, desde há dois anos vêm trabalhando pelo Congresso Eucarístico.

A praça estaria aberta desde às 18:30 horas, não haveria lugar marcado, a não ser para as diferentes procissões. Às 21 horas teria início a missa, precedida de uma clarinada, pelas bandas militares e da queima de fogos de artifício, saudando o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional. No final da missa as bandas militares executariam o Hino Nacional.

O coro falado teria início às 20:30 horas. Os folhetos com os cantos seriam distribuídos por Bandeirantes. A procissão marítima sairia de Niterói com a lancha “N.S. de Fátima”. A comunhão seria dada por 200 sacerdotes e quem fosse comungar à noite poderia alimentar-se de alimentos sólidos até às 18 horas e de alimentos líquidos, desde que não alcoólicos, até à hora da comunhão.

A reportagem foi extensa e dava inúmeras indicações, tais como sobre os transportes de trem, bondes, ônibus e lotações, os locais de estacionamento, os pontos de concentração de grupos como os de jovens, militares, trabalhadores, bem como a localização dos postos de atendimento médico.

 

domingo, 1 de julho de 2018

CAMPOS DO ATERRO




 
As fotos de hoje, do acervo do Correio da Manhã, mostram os campos de futebol do Aterro do Flamengo.
 
Nos primeiros tempos eram local para diversão gratuita, segura, acessível a todos. Eu mesmo cheguei a jogar várias vezes ali perto do Russel.
 
Muitos craques que se tornaram lendários passaram por estes campos, inclusive o meio-campista Lino Coelho.
 
Será que se fosse hoje, com os governantes que tempos, uma construção como esta do Aterro abrigaria tantos campos de futebol?