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sábado, 23 de setembro de 2023

ONDE É?


 FOTO 1

Eu tinha esta foto no meus arquivos há alguns anos, mas nunca publiquei. Não sei o motivo. Esta semana o Helio Ribeiro me enviou com um "Onde é?"


 FOTO 2

E ontem o Tumminelli enviou esta fotografia deste Buick Roadmaster 1949, por outro motivo, e aproveitei para colocar aqui hoje.

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

EDIFÍCIO SANTOS LOBO


Esta foto colorizada pelo Nickolas Nogueira já apareceu por aqui. Vemos o Edifício Santos Lobo, na Praça José de Alencar, esquina da Rua do Catete, mais precisamente na Rua Conde de Baependi, em foto de Erwin Scheu, em 1934.

Era um dos prédios mais luxuosos da cidade, com lojas comerciais, e uma joia arquitetônica. Mas entrou no caminho das obras do metrô e se decidiu por sua retirada.

Esta semana recebi o email abaixo:

"Olá, eu morava na Rua Barão do Flamengo e tirei algumas fotos desse prédio, inclusive no dia da "implosão".

Como achei esse blog, envio algumas fotos escaneadas dos negativos. Depois vou procurar para ver se acho mais.

Abs

Luiz Fernando".


Para meados de dezembro de 1976 havia sido programada a implosão do Edifício Santos Lobo. Seria a primeira a acontecer no Rio. O edifício havia sido desapropriado para as obras do Metrô. A empresa encarregada foi a Triton. Os moradores vizinhos receberam cartas informando da implosão prevista para as 7 horas de um domingo. O governador Faria Lima compareceria como convidado de Noel de Almeida, presidente do Metrô. Desde os dias anteriores curiosos já se aglomeravam no local.


Entretanto, na antevéspera da explosão, dia 17 de dezembro, os vizinhos começaram a receber funcionários do Metrô avisando que o edifício iria desabar. Foi um corre-corre. Todos que puderam procuraram proteção e, ao fim, não houve vítimas.


Especulou-se que a causa foi uma batida de um trator numa coluna-mestra, abalando a estrutura do prédio, que ameaçava desabar. Não consegui achar a conclusão do inquérito que foi instalado para averiguar responsabilidades.

O "Saudades do Rio" agradece ao Luiz Fernando pela colaboração. 

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

ANCORADOURO DA PRAIA DO FLAMENGO


Bem em frente ao Palácio do Catete havia uma espécie de ponte/ancoradouro que podemos ver nesta foto, lá no fundo.

O Palácio do Catete, que no fim do Oitocentismo se transformaria em presidencial, foi construído em 1862 para residência pelo Barão de Nova Friburgo (Antônio Clemente Pinto). A sua localização não no meio do parque e sim na estranha posição em que se encontra, na esquina da Rua Silveira Martins, se deve à Baronesa, que ao visitar pela primeira vez o local em que seria construído perguntou: 

"Oh, Barão, pensas que vou descer lá da Fazenda nas serras do Cantagalo, no Estado do Rio, para viver aqui cercada de mato também? Quero a casa dando janelas para a rua!"

Com a morte do Barão, em 1869, seus filhos venderam-no a um grupo que ali construiria um hotel que não teria rival na América do Sul. Entretanto, faliram e o Conselheiro Francisco de Paula Mayrink, adquirindo seus títulos, entregou-os ao Banco do Brasil em pagamento das dívidas. Em 1897 a sede do Governo foi para ele transferida.

Na foto, o prédio mais próximo é o Edifício Flamengo (antigo edifício Guilhermina), que fica no nº 116 da Praia do Flamengo. Este prédio tem dez andares, com telhado em mansardas. São apartamentos de mais de 200m2 com hall de entrada, sala de estar e sala de jantar voltadas para o mar, três suítes, banheiros, cozinha e área de serviço. Como alguns prédios antigos acompanha o apartamento um cômodo no último andar que pode ser utilizado como dependência de empregados. São dois apartamentos por andar.

O prédio mais distante é o Hotel Glória que foi construído para a Exposição Internacional de 1922, comemorativa do Centenário da Independência. Foi aberto em 15 de agosto de 1922, com uma bênção realizada pelo arcebispo D. Sebastião e foi o primeiro cinco estrelas do Brasil. Sua construção foi uma iniciativa da firma Rocha Miranda & Filhos.

No local do Hotel Glória existia o palacete de John Russel, o pioneiro dos esgotos no Rio de Janeiro. Em estilo neo-Luiz XV o Hotel Glória era dotado de teatro, cassino, salões de festas e de jogos, áreas de lazer e 150 quartos. Ampliado em época posterior, ganhou mais dois andares e, pela incorporação de terrenos adjacentes, passou a ter 500 quartos. Eram famosos os bailes de formatura em seus salões, sua área de piscina e seu simpático bar.

Entre os dois prédios fica o Palácio do Catete.

Foto enviada pela Cristina Pedroso.

Desenho do ancoradouro que existiu em frente ao Palácio Catete. Dizem que seria utilizado pelo Presidente da República em caso de necessidade de fuga. O Ancoradouro desapareceu quando do Aterro da praia do Flamengo, em meados do século XX.

O desenho a bico de pena sobre cartão é da década de 1930. O autor é Géza Heller, húngaro que, fugindo do antissemitismo, decidiu emigrar para o Uruguai. No caminho, ao fazer escala no Rio de Janeiro, ficou encantando e, após 3 anos no Uruguai, retornou para se instalar na cidade que o havia seduzido. Naturalizado brasileiro, deu continuidade à sua carreira de arquiteto, colaborando na construção da Igreja da Santíssima Trindade e na gare Pedro II da Central do Brasil. Registrou os mais variados aspectos da paisagem carioca. Faleceu em 1992.


Ponte presidencial do Palácio do Catete. Acervo Claudia Gaspar. 

Durante o governo de Artur Bernardes, 1922-1926, a impopularidade crescente do presidente fazia com que inúmeras vezes tivesse que sair pelos fundos do palácio, usando embarcação atracada neste ancoradouro, para evitar contato com a população. Hoje em dia ninguém mais vê as autoridades.


quarta-feira, 20 de setembro de 2023

PISCINA DO COPACABANA PALACE


Foto do "Beira-Mar".
Em setembro de 1935 foi inaugurada a piscina do Copacabana Palace.

Segundo o “Beira-Mar”, foi a nota elegante da semana. Quem descreve o acontecimento é o saudoso General Miranda, testemunha ocular do evento:

“Respirava-se alli numa atmosphera de finura e bom gosto. Creaturas bellissimas exhibiam em seus corpos esculpturaes “maillots” encantadores que concorriam extraordinariamente com a variedade de suas cores para emprestar mais belleza aquelle recanto paradisíaco.

Embora não tenha sido feito convites a imprensa notavam-se alli alguns photographos em sua maioria particulares que batiam instantaneos das diversas provas alli realizadas.

Fizeram demonstrações magnificas o technico japonez Saito, o campeão sul americano de salto Wellisch que arrancou applausos enthusiasticos da selecta assistência, e a formosíssima nadadora do Fluminense, senhorinha Dora Castanheira. Nos intervalos a “Jazz Whisky and Soda” executou numeros esplendidos e moderníssimos.”

Continua o General Miranda: “A piscina do Copacabana Palace é, agora, incontestavelmente, o ponto de reunião do nosso “grand-monde”.

As suas installações moderníssimas encheram a vista dos mais exigentes. Tudo ali se respira elegância e bom gosto. O seu serviço de chá, sorvetes, refrescos é, sem favor, o mais completo.”

Nota: o General Miranda é um personagem criado há 15 anos para comentar no blog "Saudades do Rio' , então no provedor Terra. Os textos do general, segundo me informaram, são baseados em jornais antigos. É uma "private joke" entre os antigos comentaristas daqueles tempos.

Foto de 1935, de Joachim Krack, garimpada pela Conceição Araújo.

A piscina principal mede 25x12 metros; a das creanças, 12x5 metros. O volume é de 838.000 litros. O volume total é renovado em 24 horas e 40 minutos. A água é filtrada em um filtro “Permutit” de 8 pés de diâmetro. A bomba para recirculação é de 3HP.

A maior profundidade debaixo do trampolim é de 4 metros e na parte mais raza da piscina principal a profundidade é de 1,30 metros. A piscina para creanças tem 0,90 metros nas beiras e 1,20m no centro.

Projecto e construcção da “Servix Electric Ltda.”. Os ladrilhos foram todos fornecidos pela Cia. Fornecedora de Materiaes”, cujo material todo de primeira qualidade concorreu em grande parte para a grandiosidade desta construcção que honra a engenharia nacional representada neste caso pelo Dr. Cesar de Mello Cunha.

Vemos ao fundo a Pedra (agulhinha) do Inhangá. O trampolim já não existe há muito tempo.

Ruth Behrensdorf, que vemos à esquerda na foto acima, foi uma das primeiras professoras de natação da piscina do Copa. Em suas águas mergulharam nadadoras como Maria Lenk, Sieglinda Lenk, Lynnnea Fligore (ao centro), Isis Silva (à direita), Neuza Cordovil e Piedade Coutinho.

Postal da coleção do Klerman Lopes mostrando a piscina do Copacabana Palace nos anos 50. Nesta época a professora de natação era a consagrada Maria Lenk. O Conde di Lido era um dos alunos.


Foto dos anos 60, enviada por Tania Fox. Vemos o irmão dela, Edmund, com a noiva Marlene na sacada do Copa. Edmund, que era salva-vidas da Praia de Copacabana, também era guardião da piscina do hotel.


Foto da concorrida piscina do Copacabana Palace. Transcrevo, a seguir, troca de comentários entre o saudoso AG e o prezado Conde di Lido:

Conde di Lido: "“Sou absolutamente louco por este hotel. Morei lá dos 7 aos 9 anos com a minha mãe. Devo conhecer cada palmo quadrado daquele espaço se bem que muita coisa mudou. Trago lembranças incríveis deste hotel.”

AG: “Ah, aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaagora é que eu descobri a razão de muitas coisas. Conqu'então o nosso Conde morou dois anos no Copa quando era um garboso infante. E adivinha então com quem ele conviveu? Acertou o cavalheiro ali que disse Jô Soares. Isso, isso.

Conde e Jô Soares foram colegas de infância, exploraram cada cantinho do famoso hotel. Como ele mesmo diz lá em cima: "Devo conhecer cada palmo quadrado daquele espaço" E bota palmo nisso. Era o Jô palmeando de um lado e o Conde palmeando do outro; uma palmeação sem conta. Por isso mesmo nosso Conde diz com lágrimas nos ovos, perdão, nos olhos: "Trago lembranças incríveis deste hotel".
Mas é lógico. Quem convivendo com Jô Soares, ainda um pequenino balofinho, pode esquecer a experiência? Imagina as piadas que o Jô contava para o Conde nos desvãos do Anexo?

E lá de cima, da janela de um apartamento que dava (êpa!) para a piscina, João Goulart apreciava tudo. Exigimos que nosso Conde, nos conte momentos picantes e picarescos desta sua infância (ele engana; deve ser adolescência) no Copacabana Palace. Queremos detalhes; queremos os lances sórdidos, inconfessáveis, indecentes, indignos, vergonhosos.”

Conde di Lido“REPILO!!!!

Repilo a maldosa insinuação desta entrevada alma (AG) em relação à minha hipotética convivência com o Jô Soares durante a minha moradia no Copa. Apesar de alma-irmã, só vim a conhecer o Jô na década de 70 quando trabalhei por um tempo na Globo. É, portanto, infundada a mais nova infâmia assacada contra a minha honra por este desqualificado ser demoníaco.”


Nem tudo eram flores perto do Copacabana Palace nos anos 1940. O “Correio da Manhã” noticiava:

“As inconveniências se sucedem por toda a cidade. Uma das mais alarmantes é, por certo, a dos autos em disparada. Por isso, os desastres de ônibus e autos no Rio estão se tornando uma verdadeira calamidade pública.

Próximo ao Copacabana Palace outro grande problema. Ali há um pequeno morro, cuja maior parte é de pedra, que vai até a Rua Fernando Mendes. Esse morro e o terreno que o circunda servem de mictório e coisas piores para todos os numerosos desocupados, moleques e até vendedores ambulantes que vivem incomodando os moradores de Copacabana.

Vagabundos de toda espécie vivem no terreno, fazendo suas necessidades, despindo-se e vestindo-se à vontade, exalando um mau cheiro terrível. Os moradores dos prédios vizinhos (edifícios Egito, Brasil, Amazonas e outros três novos da Fernando Mendes) não podem chegar às janelas. Os que têm filhas, então...

Parece incrível que não haja policiamento a dois metros de distância do centro das principais atividades sociais do Rio, em plena Avenida Atlântica.”




terça-feira, 19 de setembro de 2023

GARIMPAGENS EM COPACABANA

Copacabana é sempre um assunto interessante. Hoje veremos algumas fotos garimpadas por prezados colaboradores.


Garimpagem de Maximiliano Zierer:

Em primeiro plano vemos o palacete de três pavimentos do empresário Antônio de Paula Simões, na esquina da Av. Atlântica com a rua Djalma Ulrich, logo atrás das árvores dos jardins da casa do Vaticano/casa do conde Nodari, que não aparece na foto (sendo que esse é o exato local do inacabado Museu de Imagem e do Som).

Um pouco mais atrás, bem no canto direito da foto, havia um prédio de apenas 6 andares, o edifício Ferrini (demolido no final dos anos 70), na esquina com a rua Sá Ferreira. Mais adiante na orla vemos o edifício Quintanilha (na esquina com a rua Francisco Sá), o edifício Ypiranga (na altura da Júlio de Castilhos) e o hotel Riviera (após a esquina com a Rainha Elizabeth), sendo todos esses prédios tendo sido construídos nos anos 30, quando ainda havia o predomínio de casarões na Av. Atlântica. No final do Posto 6 podemos ver o Cassino Atlântico e à esquerda o Forte de Copacabana.
Reparem na pista da Av. Atlântica ainda com os postes com três globos dividindo as duas pistas, postes estes que foram removidos em 1938.
Essa foto tomada do 6º ou do 7º andar do edifício Nagassá.
Foto de 1937, autor desconhecido, original em preto e branco.
Texto e colorização: Maximiliano Zierer


Não me recordo de quem me enviou este postal. Vemos a esquina da Rua Sá Ferreira, com o Hotel Miramar. Lá no fundo o prédio da TV Rio.


Garimpagem de Nickolas Nogueira.

Copacabana década de 1950.


Garimpagem de Conceição Araújo.

Copacabana, anos 60. Foto: Valter Rodolfo.United Archives GmbH/Alamy Foto stock.

Época em que o habitual, para os homens, era ir com camisa de manga curta, como a da foto. A esteira era um item levado habitualmente pelas mulheres. Os homens sentavam na areia mesmo ou, muito eventualmente, levavam uma toalha. Provavelmente o vendedor era da Kibon.


Garimpagem do Martinho Martins.

Vemos anúncio da Volkswagen em revista italiana.

O anúncio dizia:

“Juventude, Volkswagen e esporte...no jogo de futebol.

Na Itália, em todas as 92 províncias, 141 concessionárias e outras 700 oficinas autorizadas.

Vejam os endereços em todas as listas telefônicas na letra !V” – Volkswagem (e também na segunda capa).

Nas páginas 12-13 da “Quatro Rodas” de junho: uma outra imagem de “Juventude, Volkswagen e esporte”.

Recebam uma serie completa das 12 capas escrevendo a: Autogerma – Via Marzabotto, 2 – Bologna.

Brasil, Rio de Janeiro.

44 pernas incansáveis seguem uma bola na Praia de Copacabana.

Alguns Vokswagen, também incansáveis, transportaram jogadores e público a desfrutar o duplo espetáculo do jogo e do panorama.


segunda-feira, 18 de setembro de 2023

AUTOMÓVEIS ANTIGOS

Há um Facebook chamado "Rio das Antigas", com milhares de seguidores. Curiosamente os comentários contêm "pérolas" como "Esquina da Rua Montenegro com Av. N.S. de Copacabana", "Não havia prédios altos na Av. Atlântica antes da década de 50", além de muitos erros de identificação das fotos.

Alguns dos antigos comentaristas do "Saudades do Rio" tentaram corrigir estes absurdos, mas boa parte dos de lá diziam "ter certeza" do que haviam escrito.

Eu já desisti de corrigir, o Decourt passou a fazer comentários irônicos junto com o Zierer e a Conceição Araujo, mas o Tumminelli, numa tarefa de Sísifo, continua a tentar corrigir e provar o que é o certo. Mas não tem tido sucesso.

Entretanto, vez por outra, aparecem boas fotos inéditas por lá, como estas que Martinho Martins publicou e reproduzo aqui.

Caberá ao obiscoitomolhado corrigir eventuais erros de identificação.

Haidée Salles Lemos, conhecida com Aimée, vedete, provavelmente do alto da Rua Marechal Mascarenhas de Morais, com um Hudson.


Vemos Tonia Carrero, talvez junto do Posto 6, com um Rover 1948.


Laura Suarez, atriz, compositora e cantora, foi eleita "Miss Ipanema 1929", atuou no teatro e na televisão (no Grande Teatro Tupi, entre outras atrações), com seu Packard conversível na Estrada do Joá.


Maria Della Costa embarca em seu Renaut estacionado na Rua Raimundo Correa, esquina com Av. N.S. de Copacabana. Deve ter acabado de fazer compras na Sloper, cuja vitrine vemos à esquerda.

Lá atrás o saudoso Metro-Copacabana onde era exibido "Perdidos na Tormenta" ("The Search"), com Montgomery Clift, sob a direção de Fred Zinnemann.
 

Lá Tatiana Leskova, primeira bailarina do Municipal, em frente ao Hotel Glória com seu Morris.



Tamara Capeller, também primeira bailarina do Municipal, junto ao Austin A40, em frente a sede do Jockey Clube Brasileiro, no Jardim Botânico.


domingo, 17 de setembro de 2023

GOLEIROS DE ANTIGAMENTE - PARTE 2

 

GOLEIROS DO PASSADO, por Helio Ribeiro

(Postagem 2 de 2)

Esta postagem é uma continuação daquela de ontem.

1) POMPÉIA


José Valentim da Silva nasceu em Itajubá (MG), em 27 de setembro de 1934.

Iniciou a carreira como centroavante num clube da segunda divisão de Itajubá, formado por funcionários da fábrIca de material bélico com sede naquela cidade. Mais tarde, ainda como centroavante, passou para o São Paulo, da mesma cidade. Um dia o goleiro do clube não pode jogar e José o substituiu com brilhantismo, chamando a atenção de todos. Tempos depois, numa partida contra o Bonsucesso do Rio de Janeiro, o juiz da partida, olheiro do clube carioca, se entusiasmou com ele e convidou-o para vir jogar no Bonsucesso, onde assinou contrato em primeiro de abril de 1953, por 3 mil cruzeiros.

No ano seguinte transferiu-se para o América, onde permaneceu por onze anos.


Luiz D´: aqui vemos Pompeia no time do América. Rubens, Pompéia, Edson, Ivan, Oswaldinho e godofredo. Agachados: Canário, Romeiro, Leônidas da "Selva", Alarcon e Ferreira.

O apelido Pompéia veio da infância, quando gostava de desenhar os personagens Popeye e Olívia Palito. Os seus colegas, com dificuldade de pronunciar Popeye, chamavam-no de Pompéia. O apelido pegou.

Ele trabalhou num circo, onde aprendeu as técnicas de impulsão que o tornaram famoso posteriormente.

Fazia defesas espetaculares e espetaculosas. As más línguas o consideravam presepeiro. Fazia a alegria da torcida quando atuava.

Waldir Amaral apelidou-o de Constellation, um modelo de avião que fazia sucesso na época. Outros apelidos vieram: Ponte Aérea (novidade na época), Caravelle (um modelo de avião, por sinal muito bonito) e Fortaleza Voadora.  

Abaixo, algumas das fantásticas defesas de Pompéia.


Luiz D´: em um Flamengo x América, Pompéia defende um ataque do Dida.


Saindo do América, jogou pelo São Cristóvão, o Galícia (de Salvador), o Clube do Porto e o Desportivo Português. Em 1969, num jogo entre esse clube e o Real Madrid, defendeu uma bola difícil, que no rebote foi chutada pelo famoso Di Stefano. A bola pegou na sua cabeça e em consequência perdeu uma vista e teve a outra prejudicada, forçando-o a abandonar o futebol.

Deprimido, sentindo-se só e perdido, voltou-se para a bebida e morreu em 18 de maio de 1996, num quarto de manicômio.

2) CASTILHO


Carlos José Castilho nasceu no Rio de Janeiro, em 27 de novembro de 1927.

Antes de entrar para o futebol, foi carvoeiro, padeiro e leiteiro. Foi um dos melhores goleiros do futebol brasileiro e considerado o melhor goleiro tricolor de todos os tempos. Era grande defensor de pênaltis (em 1952, pegou seis deles). Daltônico, dizia ser favorecido por ver como vermelhas as bolas amarelas, mas era prejudicado quando as bolas eram brancas, na época usadas em jogos noturnos.

Conta-se que em 1950 um leiteiro ganhou duas vezes na loteria (uma a de São João e outra a de Natal), e em virtude disso "leiteiro" passou a ser sinônimo de sortudo. Como Castilho tinha muita sorte ao defender bolas incríveis, as pessoas passaram a dizer que ele não era leiteiro, e sim o dono da leiteria. Daí o apelido de Leiteria que lhe deram.

Jogou pelo Fluminense de 1946 a 1965, num total de 698 partidas, tendo sofrido 777 gols e disputado 255 partidas sem sofrer nenhum gol.

Luiz D´: se bem me lembro a "leiteria" do Castilho era atribuída à quantidade de bolas que batiam na trave. Era mesmo um sortudo.

Luiz D´: nesse time do Fluminense identifico o Pinheiro, em pé, à direita. No ataque Telê, à esquerda, Didi e Robson, à direita. O Candeias poderá colaborar nessas identificações. Segundo ele, Píndaro e Jair Santana são os dois da esquerda. Ao lado do Castilho talvez seja o Clóvis. E entre Telê e Didi podem ser Quincas e Marinho.

Em 1957, tendo contundido o dedo mínimo esquerdo pela quinta vez, o médico do clube disse que ele deveria se afastar durante dois meses dos jogos, para tratamento. Castilho optou então por amputar o dedo e duas semanas depois estava novamente em ação.

Luiz D´: me parece que amputou a 3ª falange do dedo mínimo. Esta falange era muito atingida e muitos goleiros, como o Manga, a tinham deformada. É o que se chama "baseball finger" (lesão do tendão extensor da 3ª falange).

Participou de quatro Copas do Mundo: 1950, 1954 e campeão em 1958 e 1962.

Luiz D´: em 1958 e 1962 não jogou. Sempre ficou na reserva do Gilmar.

Em 2006 o Fluminense inaugurou um busto ao famoso goleiro na entrada da sede social do clube.


Depois de abandonar o gramado foi técnico de vários clubes.

Suicidou-se em 2 de fevereiro de 1987, aos 59 anos, jogando-se de uma janela após visitar a ex-esposa. O motivo do suicídio nunca foi esclarecido.

3) GARCIA


Sinforiano Garcia era paraguaio, tendo nascido em Puerto Pinasco, em 22 de agosto de 1924.

Iniciou a carreira como amador em 1939, no Club Olímpia de Assunção. Passou para o Atlético Corrales em 1944 e em seguida para o Cerro Porteño. Em 1949, após dois jogos da seleção paraguaia contra a brasileira, chamou a atenção de dirigentes do Flamengo e naquele mesmo ano foi contratado no rubronegro.

A estreia de Garcia no Flamengo ocorreu num amistoso contra o Arsenal, da Inglaterra, no estádio de São Januário, em 30 de maio de 1949. O Flamengo venceu por 3 x 1.

Luiz D´: quando garoto ganhei minha primeira camisa de goleiro me "transformei" em "Garcia". Foi o meu primeiro ídolo como goleiro.


Em virtude de fratura de clavícula, Garcia não pode disputar o campeonato de 1950. Conquistou o tricampeonato carioca em 1953, 1954 e 1955.

Foi o segundo goleiro estrangeiro no Flamengo, sendo precedido por José Tunel Caballero, em 1937, que disputou apenas 18 partidas.

Defendeu o arco rubronegro por 276 vezes, entre 1949 e 1958. Foi o segundo estrangeiro com maior participação em jogo, perdendo apenas para Modesto Bria, com 369 atuações.

Luiz D´: depois de Garcia o Flamengo viveu muito tempo com goleiros apenas regulares como Ari "Preto", Ari "Branco", Mauro, Aníbal. Modesto Bria foi um grande amigo de meu pai.

Encerrou a carreira como goleiro do Flamengo em 1958, tendo depois atuado no Canto do Rio e como treinador no Cerro Porteño e no Coritiba Foot-Ball Club.

Faleceu em 29 de maio de 1992.

Luiz D´: Garcia integrou grandes times do Flamengo, como este acima: Pavão, Garcia, Servílio, Tomires, Dequinha e Jordan, em pé. Agachados: Paulinho, Rubens, Índio, Benitez e Evaristo. Servílio deu lugar a Jadir, Paulinho a Joel, Rubens a Moacir, Índio a Henrique, Benitez a Dida e Evaristo a Zagalo ou Esquerdinha.

4) UBIRAJARA

Ubirajara Gonçalves Motta nasceu em 4 de setembro de 1936, no Rio de Janeiro.

Começou como ponta-direita no Esporte Clube Simas. Já como goleiro, foi para o Deodoro Futebol Clube, na Vila Militar. Fazia grande sucesso na época.

Por insistência de um amigo, fez um teste no Bangu, em 1951, aos 15 anos de idade, tendo sido sagrado campeão naquele mesmo ano na categoria Infanto Juvenil. Já na categoria Juvenil, sagrou-se campeão carioca nos anos de 1952 e 1953.

Em 1955 passou para a categoria de Aspirantes e no ano seguinte foi para o quadro principal. Em 1957 virou reserva do goleiro Ernâni. No ano seguinte este brigou com a diretoria do clube e Ubirajara tomou seu lugar dali em diante.  

Luiz D´: antes só "Ubirajara", tempos depois se tornou "Ubirajara Mota", para se diferenciar do Ubirajara Alcântara, goleiro do Flamengo que, em um concurso no Programa Flavio Cavalcanti foi eleito "o negro mais bonito do Brasil".


No Bangu atuou em 539 jogos, vencendo 287, empatando 135 e perdendo 117. Sofreu 541 gols.

Luiz D´: aqui vemos o Ubirajara no time campeão de 1966. Mario Tito, Ubirajara, Luiz Alberto, Ari Clemente, Fidélis e Jaime. Agachados: Paulo Borges, Cabralzinho, Ladeira, Ocimar e Aladim. Um timaço. Na final contra o Flamengo, numa época em que não eram permitidas substituições, Ari Clemente, ainda no primeiro tempo, deu uma traulitada em um dos melhores atacantes do Flamengo, Carlos Alberto, ponta-direita, tirando-o do jogo. No segundo tempo, inconformado com o resultado, Almir arrumou uma das maiores brigas acontecidas no Maracanã. Fui testemunha ocular de tudo que aconteceu.


Luiz D´: nos dois fotogramas vemos o famoso gol de cabeça do Almir em um Flamengo 2x1 Bangu. Caía água, como dizia Nelson Rodrigues, como no 5º ato de Rigoletto, um dilúvio tremendo. Centraram a bola da direita, Ubirajara deu rebote, a bola ficou presa na lama e Almir se jogou no chão e, de cabeça, empurrou a bola para as redes. 

No Bangu atuou em 539 jogos, vencendo 287, empatando 135 e perdendo 117. Sofreu 541 gols.


Luiz D´: nesta foto vemos o lateral-esquerdo Marco Antonio do Fluminense, aos 43 minutos do segundo-tempo da final do campeonato de 1971, disputando a bola e fazendo falta em Ubirajara. A bola sobrou para o ponta-esquerda Lula que empurrou-a para as redes. O gol deu o título para o Fluminense. Os botafoguenses não perdoam o juiz José Marçal Filho por não ter invalidado o lance. Acrescenta o Candeias que, além da falta de Marco Antonio em Ubirajara, Flávio empurrou Brito, fazendo com que a bola ficasse livre para o Lula.

De 1972 a 1977 jogou pelo Flamengo, tendo vestido a camisa rubronegra apenas 40 vezes. Ali encerrou sua carreira.

Tornou-se empresário e presidiu a Fundação de Garantia do Atleta Profissional (FUGAP). Morreu em 24 de outubro de 2021, aos 85 anos de idade, de causas naturais.

5) CARLOS ALBERTO


Carlos Alberto Martins Cavalheiro nasceu no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, em 25 de janeiro de 1932.

Entrou para o Vasco da Gama na categoria de juvenil em 1948 e atuou no time até 1957. Foi campeão carioca em 1952 e 1956, conquistou a Copa Rio de Janeiro em 1953, o Troféu de Paris em 1957 (na época considerado um Mundial de Clubes) e o Troféu Teresa Herrera também em 1957. Foi o primeiro goleiro brasileiro a participar de uma olimpíada, em Helsinque, no ano de 1952. Também participou da olimpíada de 1960, em Roma, além dos Jogos Pan-Americanos de 1959, quando recebeu medalha de prata.


Por ser militar da ativa da Aeronáutica, não podia ter contrato profissional nos clubes, jogando sempre como amador.

Logo no início de sua carreira no Vasco aconteceu um episódio curioso: no Torneio Rio - São Paulo, Barbosa era o goleiro em campo. No intervalo da partida o Vasco o substituiu pelo reserva Ernâni. Porém este se contundiu aos 20 minutos de peleja. Carlos Alberto estava assistindo ao jogo na arquibancada. Os altofalantes do Maracanã o convocaram, a pedido dos dirigentes vascaínos. Carlos Alberto desceu, vestiu a camisa e defendeu o gol até o fim do jogo. Teve bela atuação e garantiu o placar de 2 x 2, já existente quando de sua entrada em campo.

Em 1958, transferido para São Paulo pela Aeronáutica, migrou para a Portuguesa de Desportos, onde jogou de 1958 até 1960.

Luiz D´: curioso ele ter tido tempo para servir à Aeronáutica e jogar pelo Vasco da Gama. Quanto ao time da foto consigo identificar: Carlos Alberto, Paulinho, Bellini, Laerte, Orlando e Coronel. Agachados: Sabará, Vavá, ?, acho que Valter Marciano e Pinga.

Foi um dos quatro goleiros convocados por Vicente Feola nos preparativos para a Copa do Mundo de 1958.

Morreu em 29 de junho de 2012, aos 80 anos de idade, no posto de Brigadeiro da Aeronáutica.

6) ADALBERTO


Adalberto Leite Martins nasceu em São Paulo em 23 de abril de 1931.

Começou a jogar como goleiro no Esporte Clube Cocotá, da Ilha do Governador, em 1946. Em 1948 entrou para o time de juvenis do Fluminense. Em 1952 tornou-se reserva imediato de Castilho e Veludo. Disputou 62 jogos pelo tricolor, sendo 51 como titular, nas várias categorias. O primeiro jogo foi em 18 de abril de 1950 e o último em 27 de março de 1955.

A foto abaixo é do time de aspirantes do Fluminense, ano de 1953. 


Em julho de 1955 foi para o Jabaquara, de Santos. Destacou-se no Torneio Rio - São Paulo de 1957, disputado no primeiro semestre, e em 10 de maio daquele ano passou para o Botafogo, jogando a primeira partida em 14 de julho, quando o alvinegro conquistou o primeiro campeonato pós-Maracanã. 

Luiz D´: o jogo final de 1957 foi Botafogo 6x2 Fluminense. Assisti ao lado de meu avô, botafoguense, que vibrou com os 5 gols de Paulinho Valentim e 1 gol de Garrincha, que teve atuação excepcional.

Pela equipe principal do alvinegro disputou 81 partidas. Seu último jogo pelo Botafogo foi em 3 de outubro de 1962.  

Luiz D´:  neste time do Botafogo consigo identificar Beto, Adalberto, Tomé, Nilton Santos, Pampolini e ? Agachados: Garrincha, Paulinho Valentim, Rossi, Edson e Quarentinha.


Ao perceber que seria difícil continuar a carreira tendo como postulantes Manga, Ernâni e Ari Jório, resolveu se tornar funcionário do clube e virou Auxiliar Técnico do treinador Paraguaio.

Exerceu algumas outras funções ligadas ao desporto, já fora do Botafogo.

Morreu em 6 de abril de 2019, aos 87 anos de idade.

Luiz D´: a foto mostra uma defesa de Adalberto frente a Dida, do Flamengo.

Uma história curiosa é contada pelo João Saldanha em seu ótimo "Subterrâneos do Futebol", lançado nos anos 60. Uma boa parte do livro descreve uma excursão longa do Botafogo pela Europa. Certa vez foram jogar no inverno na Suécia e fazia um frio siberiano. Adalberto parecia um boneco de tanta roupa que vestiu para aguentar o frio. Como o time adversário era muito inferior ao Botafogo, a bola não passava pela área do Botafogo. Saldanha achou que o Adalberto estava cinza e que ia morrer de frio. Mandou levar para ele um aguardente sueco "para esquentar". Dali a um pouco Adalberto ria sozinho, sem parar...

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RESUMO E ESTATÍSTICAS


Certos valores das estatísticas abaixo variam, de acordo com a fonte consultada. Escolhi as que julguei mais confiáveis. Posso ter errado. Há muitas lacunas porque não consegui dados de mesmo teor nas fontes que pesquisei.


-------  FIM  DA  POSTAGEM  --------

Luiz D´: agradeço mais uma vez ao Helio Ribeiro pela colaboração. Como o assunto é de um tempo em que me deslumbrava com o futebol brasileiro, bem diferente dos tempos atuais, me permiti complementar alguns comentários.