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sábado, 22 de fevereiro de 2025

DO FUNDO DO BAÚ - FILMES BRASILEIROS (2)

 

 

FILMES BRASILEIROS 50+ ANOS, por Helio Ribeiro


Continuação da série sobre filmes brasileiros lançados entre 1955 e 1975.


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Lançamento: 1963

Diretores: J. P. de Carvalho
SinopseUm industrial oferece dinheiro a um de seus empregados para que ele se case com sua filha de 17 anos, vítima de uma curra. O rapaz, indeciso entre o enriquecimento fácil e a fidelidade aos seus sentimentos por uma jovem de sua classe social, a qual será envolvida pelo mundo inescrupuloso dos ricaços, desmascara a ingenuidade da menina oferecida.

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Lançamento: 1962
Diretor: Anselmo Duarte
Sinopse: Zé do Burro (Leonardo Villar) e sua mulher Rosa (Glória Menezes) vivem em uma pequena propriedade a 42 quilômetros de Salvador. Um dia, o burro de estimação de Zé é atingido por um raio e ele acaba indo a um terreiro de candomblé, onde faz uma promessa a Santa Bárbara para salvar o animal. Com o restabelecimento do bicho, Zé põe-se a cumprir a promessa e doa metade de seu sítio, para depois começar uma caminhada rumo a Salvador, carregando nas costas uma imensa cruz de madeira. Mas a via crucis de Zé ainda se torna mais angustiante ao ver sua mulher se engraçar com o cafetão (Geraldo Del Rey) e ao encontrar a resistência ferrenha do padre Olavo (Dionísio Azevedo) a negar-lhe a entrada em sua igreja, pela razão de Zé haver feito sua promessa em um terreiro de macumba.

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Lançamento: 1965
Diretor: Roberto Santos
Sinopse: Augusto Matraga (Leonardo Villar) é um fazendeiro violento, que é traído pela esposa, emboscado por seus inimigos, acaba massacrado e é dado como morto. É salvo por um casal de negros e desde então, volta-se para a religiosidade. Mas quando conhece Joãozinho Bem Bem (Jofre Soares), um jagunço famoso, este percebe nele o homem violento. Daí em diante Matraga vive o conflito entre o desejo de vingança e sua penitência pelos erros cometidos.

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Lançamento: 1966
Diretor: Roberto Faria
SinopsePaquerador incorrigível se envolve com uma garota virgem, superprotegida pelo pai, que é contra o namoro dos dois. O conflito é inevitável.

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Lançamento: 1964
Diretor: Glauber Rocha
Sinopse: Manuel (Geraldo Del Rey) é um vaqueiro que se revolta contra a exploração imposta pelo coronel Moraes (Mílton Roda) e acaba matando-o numa briga. Ele passa a ser perseguido por jagunços, o que faz com que fuja com sua esposa Rosa (Yoná Magalhães).

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Lançamento: 1968

Diretor: Rogério Sganzerla
Sinopse: Marginal paulista chamado João Acácio Pereira, mais conhecido como Bandido da Luz Vermelha, coloca a população em polvorosa e desafia a polícia ao cometer os crimes mais requintados - de estupro a assassinatos. Ele conhece a provocante Janete Jane, famosa em toda a Boca do Lixo, por quem se apaixona.

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Lançamento: 1957
Diretor: Victor Lima
SinopsePetrônio e Cabeleira são dois malucos donos de uma lotação que vive quebrando. Eles terão que arranjar dinheiro para uma delicada operação da irmã de Petrônio. Para isso participam de um filme cuja estrela está sendo ameaçada de morte pelo "galã desconhecido".

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Lançamento: 1964
Diretor: Walter Hugo Khouri
Sinopse: Dois amigos contratam os serviços de uma dupla de prostitutas. O que seria uma noite de prazer acaba se transformado em um embate entre os quatro, revelando pouco a pouco suas angústias e ressentimentos e aflorando seus sentimentos mais íntimos e profundos.

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Lançamento: 1967
Diretor: Glauber Rocha
Sinopse: O senador Porfírio Diaz (Paulo Autran) detesta seu povo e pretende tornar-se imperador de Eldorado, um país localizado na América do Sul. Porém existem diversos homens que querem este poder e resolvem enfrentá-lo.

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Lançamento: 1955

Diretor: Nelson Pereira dos Santos
Sinopse: O filme é um semidocumentário sobre pessoas do Rio de Janeiro e acompanha um dia na vida de cinco garotos de uma favela que, num domingo tipicamente carioca e de sol escaldante, vendem amendoim em Copacabana, no Pão de Açúcar e no Maracanã. É considerada a obra inspiradora do cinema novo, movimento estético e cultural que pretendia mostrar a realidade brasileira. O filme foi censurado pelos militares, que o consideraram uma grande mentira. Segundo o censor e chefe de polícia da época, "a média da temperatura do Rio nunca passou dos 39,6º C".

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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

O MISTÉRIO DA JUNCÇÃO DO ELECTRICO

 

Pergunta: onde ficava exatamente esta “JUNCÇÃO DO ELECTRICO”?

O próprio Helio Ribeiro, em suas pesquisas, não conseguiu determinar o lugar exato, provavelmente na Muda/Usina.

Pesquisando na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional se encontra pouca coisa.

O “Jornal do Brasil” de 1906 publicou uma reportagem sobre o "Club das Avencas", nome sob o qual encantadoras senhoritas e distintas senhoras da nossa melhor sociedade fundaram um “chic” grêmio, cujo fim é realizar excursões e “garden-parties” nos pontos mais admiráveis da capital.

A festa inaugural do Club das Avencas realizou-se no esplendor de um dia glorioso, na poética Tijuca.

Banido que foi o elemento masculino desse grupo risonho e feliz, ver-se-ia o “Jornal do Brasil” privado do prazer de noticiá-la, dispusemos de uma repórter inteligente e gentilíssima no meio das adoráveis “Avencas”.

Em "bond" especial partiram elas do Largo de São Francisco, bem cedo pela manhã. Na “JUNCÇÃO” um electrico as esperava e no Alto da Boa Vista comprado o pão nosso ... delas daquele dia, partiram para a floresta cheia de mistérios e encantos.

O almoço foi na gruta Paula e Virginia e (...).

Mas não dá maiores informações sobre o local.


Sergio Gómez, pesquisando na Hemeroteca, encontrou mais algumas informações que transcrevo agora.

“Não achei a localização da "Juncção do Eléctrico", onde se baldeava dos bondes da Cia. de São Cristóvão (tração animal) para os da Cia. da Estrada de Ferro da Tijuca (eletrificados), que iam ao Alto da Boa Vista e ao Centro da cidade. Realmente ficava na Muda / Usina. Seria na própria usina que fornecia energia para os bondes?

*Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (RJ) - 1839 a 2021. Ano 1978. Seção “Efemérides Cariocas”, pág. 254."


Informação publicada no jornal "O Século", em 1907.


"Tribuna da Imprensa" - 1955

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Esta é a fotografia enviada pelo Joel Almeida. Ver os comentários abaixo sobre a opinião do Joel para o local da "Juncção do Electrico".

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

GRAJAÚ-JACAREPAGUÁ

Não conheço bem a região de Jacarepaguá, mas na década de 1990 esta estrada era uma das minhas alternativas para ir de Bonsucesso para Jacarepaguá. Ainda era um tempo tranquilo, sem as ameaças agora existentes neste caminho.

FOTO 1: A Estrada Grajaú-Jacarepaguá tem, atualmente, o nome de Av. Menezes Cortes. Corta a Serra dos Pretos-Forros (a Serra era um abrigo para os escravos alforriados, como também os fugidos, que construíam quilombos). Passa pelos bairros do Grajaú, Engenho Novo, Lins de Vasconcelos e Jacarepaguá. 

FOTO 2: A Estrada Grajaú-Jacarepaguá surgiu pela necessidade de escoamento das produções das fazendas e engenhos da região no início do século XIX. Seu traçado nasceu do Caminho de Mateus (atual Estrada dos Três Rios) que seguia de Jacarepaguá até o trecho mais alto da Serra, onde sofria um desvio para que sua descida ocorresse através de ruas do bairro do Engenho Novo, as ruas Sincorá e Maria Luiza, hoje consideradas partes do bairro do Lins de Vasconcelos.

FOTO 3: No início do século XX, para se acessar a baixada de Jacarepaguá, havia apenas duas possibilidades: por Madureira e Campinho ou pela Estrada do Joá e Estrada da Barra da Tijuca. Havia, pois, a necessidade de uma nova ligação a partir da Zona Norte.


FOTO 4: No final dos anos 20, o prefeito Prado Junior modernizou a estrada, construído o trecho da Cabana da Serra, aonde viria futuramente a ter restaurante homônimo. Somente 30 anos depois, as obras foram retomadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem – DER, sendo concluído o trecho de ligação até o bairro do Grajaú.


FOTO 5: A construção da Estrada Grajaú-Jacarepaguá começou na administração Henrique Dodsworth, passou por várias administrações. A primeira parte a ficar pronta foi entre o Grajaú e o restaurante "Cabana da Serra", na década de 40. 

Em meados do ano de 1950 o “Correio da Manhã” já noticiava a inauguração de um longo trecho da Estrada Grajaú-Jacarepaguá, entre a garganta da Serra dos Pretos-Forros e a Av. João Calazans.


FOTO 6: Avançou nos anos 50 com o prefeito João Carlos Vital construindo o trecho mais perto de Jacarepaguá (Estrada dos Três Rios). Posteriormente, as pistas que eram estreitas, foram alargadas, mais para o final do século XX.

Em reportagem de 1954 o “Correio da Manhã” relatava que a Estrada Grajaú-Jacarepaguá “está inteiramente abandonada. A obra de pavimentação foi suspensa logo depois da subida da Serra pelo lado do Grajaú”, além de haver grandes pedras na encosta dos morros ameaçando cair.

FOTO 7: A Estrada Grajaú-Jacarepaguá foi inaugurada em 1957, e entregue à população em terra batida, sendo asfaltada 3 anos depois. Em 1962, com o falecimento do General Menezes Cortes em desastre aéreo, a via recebeu seu nome como forma de homenagem, passando a se chamar oficialmente Avenida Menezes Cortes.

Em 1959 houve o desmoronamento de milhares de toneladas de pedra, destruindo a estrada numa extensão de 20 metros. Por um acaso feliz não houve vítimas. A culpa é do DER-Departamento de Estradas de Rodagem, denunciou o “Correio da Manhã”.

A causa foi a exploração de uma pedreira no local. Com uma explosão uma grande pedra rolou, bateu noutras e formou-se a avalanche.

 

 FOTO 8: A foto é dos estragos de um grande temporal no ano de 1971.

Durante o governo de Chagas Freitas, nos anos 80, a Avenida Menezes Cortes foi duplicada, facilitando o acesso da Baixada de Jacarepaguá à Zona Norte e ao Centro.

FONTES:

Facebook “A Tijuca de Antigamente”.

Acervo do Correio da Manhã - Arquivo Nacional.

Leonardo Santos - pesquisador do IHBAJA.


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

CIRCO EUROPEU NO RIO

 

FOTO 1: Com fotogramas da "Cinemateca Brasileira", enviados pelo GMA, vemos o Circo Sarrasani na Esplanada. Veio ao Rio de Janeiro nas décadas de 1920 e 1930. Era um circo alemão que alcançou fama mundial no início do século XX. Foi fundado por Hans Stosch, um palhaço com nome artístico Giovanni Sarrasani.

FOTO 2: De 1923 a 1925, Sarrasani fez sua primeira turnê pela América do Sul. Nesses anos, Stosch-Sarrasani também introduziu conceitos inovadores de marketing e escreveu histórias de aventura fictícias como “Fahrten und Abenteuer , Mit Sarrasani in Südamerika”. No total, cerca de 10 milhões de cópias desses livretos foram distribuídas.


FOTO 3: O Circo Sarrasani tinha sede fixa em Dresden, tendo sido destruída por bombardeios em fevereiro de 1945. Na época era dirigido pelo filho de Stosch que decidiu emigrar para a Argentina, onde criou o “Circo Nacional Argentino”.

FOTO 4: Um livro de Wilhelm Ernst Freiherr Gedult von Jungenfeld, segundo A.A. Bispo, conta a viagem do Circo Sarrasani pela América do Sul na primeira metade do século XX. O circo chegou ao Rio de Janeiro vindo de Buenos Aires. A viagem de um circo de Buenos Aires ao Rio de Janeiro apresentava muito maiores dificuldades do que aquela de uma viagem semelhante na Europa. 

Na Alemanha, saber-se-ia exatamente o que era permitido ou não. Na América do Sul, primeiramente tinha-se que fazer uma pesquisa para saber quais seriam as leis e a atitude dos órgãos públicos. Os problemas criados pelos vários ministérios, as numerosas visitas a instâncias subordinadas e às administrações municipais para a entrada dos animais e para a permissão dos artistas e trabalhadores provenientes de vários países tornavam o trabalho extraordinariamente difícil.

Na foto a manada de elefantes na Avenida Rio Branco.

FOTO 5: Von Jungenfeld, com a incumbência de preparar a vinda do circo, partiu de vapor com 10 caminhões de Buenos Aires para o Rio de Janeiro. Após ter conseguido as licenças necessárias, puderam vir outros três navios de Buenos Aires.

Na foto os camelos do Circo Sarrasani. 

FOTO 6: Von Jungenfeld teve muito trabalho para fazer a propaganda no Brasil. No Rio de Janeiro não havia postes de anúncios e a colocação de cartazes em muros era terminantemente proibida. Tendo, porém indagado a respeito do preço da multa, resolveu infringir as leis, espalhando cartazes pela cidade: "Nessa noite engajei uma tropa de coladores com várias centenas de homens, e essas pessoas tiveram o divertimento de colar os nossos cartazes nas belas e lisas paredes das casas da cidade”.

A Prefeitura enviara imediatamente tropas de limpeza e a polícia estipulara multas que foram pagas imediatamente. Tudo, porém, contribuiu à maior divulgação do circo.

Na foto passando pela Av. Rio Branco da banda de música que animava os espetáculos.

FOTO 8: O ponto alto da propaganda foi a entrada do Circo às cinco horas da tarde na cidade. O horário fora conscientemente escolhido para fins propagandísticos. Nessa hora, as avenidas da cidade estavam muito movimentadas e a parada de animais e artistas causaria congestionamentos. Os elefantes, com vestimentas indianas, carregavam bailarinas também vestidas à moda da Índia. A parada dos elefantes, camelos, zebras e outros animais representava um cortejo nupcial e Sarrasani apareceu em traje de um Maharadscha, precedido por centenas de músicos. Todo o tráfego no centro da cidade ficou interrompido durante duas horas. A ação propagandística, porém, atingiu os seus objetivos: durante a noite, o circo precisou ser guardado por muitos policiais e, no dia seguinte, por todo um regimento de infantaria.


FOTO 9: Apesar do sucesso no Rio de Janeiro, o circo passou por momentos difíceis. A culpa seria dos estudantes da Universidade do Rio de Janeiro, provenientes de todas as regiões do país, e que gozavam de privilégios inauditos para um europeu. A polícia nada poderia fazer contra eles e os estudantes contavam até mesmo com um próprio tribunal. Já durante os preparativos para a chegada do circo teria presenciado o poder dos estudantes. Estes, exigindo transporte gratuito nos coletivos, atacaram bondes, levantando-os dos trilhos e virando-os, sem que a polícia pudesse ter agido. Oito dias após a inauguração do circo, uma comissão de estudantes foi pressionar os donos do circo. Não aceitaram a oferta de uma apresentação de gala gratuita dentro de 14 ou 18 dias e, para forçar uma apresentação dentro de prazo menor, colocaram anúncios em jornais da cidade nos quais o diretor do circo declarava à população oferecer uma sessão gratuita aos estudantes. Um grupo de 5000 a 6000 estudantes, marchando, dirigiu-se ao circo e tentou forçar a entrada, sendo impedidos pelos elefantes e pelos trabalhadores da empresa.

Na foto o carro que transportava as "hespanholas".


FOTO 10: Uma outra tentativa levou a uma agitação entre os elefantes; estes com medo da multidão, soltaram-se de suas correntes. Estudantes foram apanhados pelas trombas e atirados ao ar. Somente com a ordem decidida de Sarrasani voltaram os elefantes para os seus lugares.

Por motivos climáticos, a tournée no Brasil foi mais curta do que na Argentina. Os animais não teriam suportado o calor do verão. Sarrasani também queria estar de volta à Alemanha pelo Natal.

Na foto o carro que transportava os "chineses".

 



FOTO 11: A ida a São Paulo pareceu ser uma necessidade devido ao grande número de alemães que ali viviam. As maiores dificuldades foram as de transporte. A estrada de ferro não poderia ser utilizada devido à quantidade de túneis relativamente baixos na Serra do Mar, pelos quais não poderiam passar os carros do circo, mesmo se deles se retirassem as rodas. Por essa razão, precisou-se subir o Caminho do Mar. Seria admirável o que os carros teriam aguentado nesse trajeto, apesar dos atolamentos, queda de carros nas curvas e até mesmo desmoronamentos.

Na foto parte da tropa de cavalos que participava dos espetáculos.

FOTO 12: Uma reportagem do Globo sobre o "Retiro dos Artistas" de uns dez anos atrás, entrevistou Eloah Scavoni. Ela trabalhou no Circo Sarrasani. Seu número era subir até perto dos trapézios, a sete metros de altura, e ficar presa pelos cabelos, com o corpo balançando sem outro apoio. Disse ela que não tinha dor neste número de força capilar. Inicialmente Eloah era bilheteira, mas queria trabalhar como artista. Foi convidada a fazer um teste, após comentar com uma colega que faria de olhos fechados o trabalho de uma das artistas da companhia. Dito e feito. Foram 12 anos no circo, de 1950 a 1962.



FOTO 13: Tenho a impressão, pela grafia, que este ingresso é de uma vinda ao Brasil na segunda metade do século XX.

FOTO 13: Lembrança de uma visita ao Circo Sarrasani.