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quinta-feira, 6 de abril de 2017

MARCEL GAUTHEROT

Se na década de 70 Gyorgy Szendrodi fez uma série enorme de fotos maravilhosas sobre o Rio de Janeiro, na década anterior tinha sido Marcel Gautherot que nos brindou com outra série formidável, da qual vemos algumas fotos hoje.

As fotos de hoje fazem parte do livro "Rio de Janeiro", "printed in Germany" em 1965, por Wilhelm Andermann Verlag, Munich.

Na primeira foto vemos a região dos Arcos da Lapa na década de 60. Entre os automóveis temos Simca, Fusca, Kombi, Rural. Lá no fundo tem um Land Rover SI verde com capota de lona. Ao lado do Oldsmobile claro parece ser um Hudson Hornet. E um Chevrolet antigo... No alto dos Arcos um bonde com reboque. Sobre o local, Gerodetti e Cornejo comentam: "Arcos da Carioca, assim chamados por conduzirem as águas do Rio Carioca, do Morro de Santa Teresa até o de Santo Antônio, de onde chegavam ao Chafariz da Carioca. Os Arcos da Carioca foram a maior obra da engenharia colonial do Rio de Janeiro, inaugurada em 1750, durante a administração de Gomes Freire de Andrada, o Conde de Bobadella, que governou a cidade de 1733 a 1762. A obra ligou o antigo Morro do Desterro, depois de Santa Teresa, ao de Santo Antônio, arrasado em 1954. A partir de 1896, os Arcos foram utilizados para o tráfego de bondes elétricos da Companhia Ferro-Carril Carioca, que levava os passageiros a Santa Teresa, partindo da estação inicial, no Largo da Carioca. Ainda hoje é possível passear de bonde sobre os trilhos dos Arcos e refazer um histórico percurso pelo bairro, já que obras de restauração possibilitaram a sobrevivência deste pitoresco meio de transporte". Os Arcos originais não tinham estes arcos grandes da foto, que foram abertos em períodos diferentes. O primeiro em 1872 e o segundo na década de 30. Aquela amurada vazada lá em cima também não existia no projeto original e foi colocada no início da circulação dos bondes. Com certeza a foto é de 1965 por várias razões, entre elas a nova conformação do vão central, obra realizada em 1964 e que só foi possível com a extinção das linhas de bonde naquele mesmo ano, e o bonde já circulando com cores da C.T.C. A Companhia de Transportes Coletivos foi fundada em 1° de Janeiro de 1964 e passou a administrar os bondes que até então pertenciam à Light, os ônibus elétricos e os ônibus convencionais, sendo que só em 1965 os bondes foram pintados com as novas cores.


Nesta foto da Avenida Presidente Vargas vemos o trecho entre a Candelária e a Rua Uruguaiana. Parte da Presidente Vargas ainda funcionava como estacionamento e ainda havia espaços sem arranha-céus.


A igreja de Santa Luzia se destacava junto aos Ministérios do Trabalho e da Fazenda. À esquerda vemos parte do Pavilhão da Inglaterra que depois foi doado para a ABL e onde hoje existe o grande arranha-céu modernoso explorado pela ABL.


Vemos o prédio da ABI, projeto dos arquitetos Marcelo e Milton Roberto. Primeiro prédio modernista em grande escala produzido no Brasil, tem "brise-soleils" fixos verticais como uma característica marcante deste controvertido prédio, admirado por alguns, detestado por outros.



Vemos nesta foto uma ponta da feira de Copacabana, na esquina da Bolívar (veja o cinema Roxy ao fundo). Muita gente gosta das feiras do Rio, mas ninguém as quer na própria rua...Esta era realizada às quartas-feiras e a rua principal era a Leopoldo Miguez, se espraiando pela Bolívar e Barão de Ipanema, perto da igreja de São Paulo Apóstolo. A foto é de meados dos anos 60, quando o vigário desta igreja era um nordestino, o Padre Zelindo. A missa mais concorrida era a de 10 horas de domingo, quando o Padre Colombo fazia sermões famosos. O provincial dos Barnabitas morava nesta igreja e foi um dos primeiros padres a abandonar a batina para se casar. Seu nome era Paulino. Aí perto das barracas das flores, bem como nas outras extremidades, ficavam os meninos com seus carrinhos de rolimã para ajudar as freguesas a levarem as compras para casa. carrinho de rolimã, daqueles que ficavam na beirada das feiras, para levar as compras nas casas das madames. Os carrinhos eram feitos com madeira de caixotes de bacalhau, com uma sola de sapato de borracha à guisa de freio e um volante improvisado. Tal e qual estivessem numa patinete, “pedalavam” e alcançavam alta velocidade, ganhando uns trocados pelo serviço. Hoje, entrar em casa com um estranho seria considerado ato de alto risco. Quanto à feira, frequentada por tantos, fico em dúvida sobre a qualidade dos alimentos, sobretudo os peixes, expostos a um sol tremendo e a temperaturas acima de 40ºC. Como é possível que não se deteriorem? 

quarta-feira, 5 de abril de 2017

RUA AIRES SALDANHA



Hoje temos duas fotos do mesmo quarteirão de Copacabana: da Rua Aires Saldanha entre as ruas Xavier da Silveira e Miguel Lemos. A Aires Saldanha, que já foi parte da Rua Domingos Ferreira, começa na Rua Bolívar e vai até à Rua Almirante Gonçalves, sendo uma paralela da Avenida Atlântica e da Avenida N.S. de Copacabana.
 
A foto 1, do acervo do Silva, mostra em destaque, nos anos 50, o Edifício Presidente Penna, na Rua Aires Saldanha nº 72, quase esquina da Rua Miguel Lemos.
 
 Segundo o Tutu, antigo morador desta área, estas casas desapareceram e foi construído o prédio do restaurante Principe de Monaco, antes Restaurante Monaco, que era do “seu” José, um português de Vila Real. Na foto podemos ver, entre as empenas cegas do Penna, as janelas dos quartos (com persianas) e a janela da área de serviço dos apartamentos. Há uma pequena varanda onde fica o hall do elevador de serviço. Hoje tudo emparedado pelo prédio do Monaco. Daí percebemos como eram arejados os quartos e dependências dos apartamentos. O Mônaco era um bom local para se beber um chope e comer um pastel de siri.
 
A foto 2 mostra a casa onde funcionou com grande sucesso a boate Flag, de José Hugo Celidônio, cujo endereço era Rua Xavier da Silveira nº 13, esquina com a Rua Aires Saldanha. No sub-solo funcionava um restaurante e, no andar térreo, a famosa boate, onde se apresentaram artistas como Nara Leão, Jorge Benjor e Erasmo Carlos. Era também palco de canjas memoráveis, pois, por causa da qualidade dos músicos da casa, era frequentada por muitos artistas e pessoas influentes: Sarah Vaughan, Elis Regina, Chico Buarque, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Wilson Simonal, Erlon Chaves, Silvio César, Ronaldo Bôscoli, Ibrahim Sued, Danuza Leão, as socialites Tereza Souza Campos e Beky Klabin, o político Carlos Lacerda, Carlinhos Niemeyer...
 
Segundo dados da Internet por lá passaram músicos de renome como:
Pianistas: Luizinho Eça, Luís Carlos Vinhas, Tânia Maria, Osmar Milito, Laércio de Freitas (Tio), Fred Fieldman e Don Salvador
Organista: Juarez Santana
Baixistas: Tranka Oliveira, Luís Chaves (Zimbo Trio), Ricardo Canto e Mello e Nilson Matta
Saxofonista: Tranka Oliveira, Paulo Moura e Juarez Araújo
Violonista: Rosinha de Valença
Bateristas: Edson Machado, Salgadinho, Luís Carlos, Chico Batera, Boi Cansado, Roni Mesquita e Boto
Cantores: Paulão, Rose e Marilia Barbosa. Miúcha, irmã do Chico e esposa de João Gilberto na época, sob a direção de Tarso de Castro, fez um show bem no início da carreira na Flag. Cantou Gilberto Gil (Medo de careta), Caetano (Minha mulher), Chico (Valsa Rancho), Luiz Melodia, Herivelto e Grande Otelo (Praça Onze), com os músicos Luiz Claudio (guitarrista), Franlin (flauta) e Edson Lobo (contrabaixo).

terça-feira, 4 de abril de 2017

LARGO DA CARIOCA



A foto 1 mostra uma vista do Largo da Carioca, provavelmente nos anos 50 (o Dieckmann ou o Gustavo datarão a foto pelos modelos dos automóveis). No fundo, à esquerda o Tabuleiro da Baiana, de onde chegavam e partiam os bondes para a Zona Sul. À direita vemos os contrafortes do Morro de Santo Antônio.
 
Naquele prédio com um letreiro do Café Globo funcionava uma empresa de letreiros luminosos, a Empresa Masson, cujo endereço era Rua Senador Dantas 121. O Café Globo teve instalações na Rua da Guarda Velha (atual 13 de Maio) e depois foi para o Santo Cristo. Boa parte da região funcionava como um grande estacionamento. Sobreviveu até nossos dias o prédio do Liceu Literário Português.
 
Este já era o terceiro prédio do Liceu, o segundo é o mostrado na foto 2. Uma curiosidade: no "Jornal do Brasil" de 03/05/1959 há um grande agradecimento do Sr. Abilio de Almeida, empregado da Empresa Masson, ao Dr. Campos de Rezende, oftalmologista, por ter diagnosticado e curado por meio de uma cirurgia preconizada pelo Dr. Arruga, de Barcelona, a Sra. Maria Fernandes de Almeida, sua esposa, criatura de ilibadas virtudes atingida por cruel glaucoma. A reportagem é extensa e há até uma foto grande da paciente.
 
O Liceu Literário Português foi fundado em 10 de setembro de 1868 por um grupo de portugueses, à frente dos quais estava o Conde de Alto Mearim, com a finalidade de difundir a cultura e promover o ensino e a instrução, principalmente junto aos portugueses mais jovens que chegavam ao Brasil com conhecimentos limitados e ainda sem uma profissão definida. Era a época dos Liceus de Artes e Ofícios. Além dos cursos do 1º e do 2º grau, ainda no século XIX, o Liceu também ministrou cursos de Astronomia e Arte Náutica, valendo registrar, por curiosidade, que o Imperador D. Pedro II chegou a freqüentar algumas aulas desses cursos.
 
O Liceu funcionou inicialmente na sede instalada na Rua da Saúde, hoje denominada Travessa do Liceu, tendo em 1915, sob a presidência de Faustino de Sá e Gama, adquirido nova sede na Rua Senador Dantas, que foi destruída por um incêndio em 1932. É, então, que se inicia no mesmo terreno a construção do edifício atual, com nove andares, inaugurado em 1938, sob a presidência do Comendador José Raínho da Silva Carneiro, que foi o grande responsável pelo empreendimento.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

RIO-PETRÓPOLIS






O prezado Mauricio Lobo, do Tempore Antiquus, com frequência nos brinda com publicações sensacionais. Aqui vai mais uma dele: Uma reportagem sobre uma viagem para a imperial cidade de Petrópolis.  Não é de hoje que este hábito é seguido por inúmeros cariocas. E, há quase 90 anos, isto é feito pela Estrada Rio-Petrópolis ou Rodovia Washington Luis.
 
 Na sua edição de março de 1938, nossa já conhecida revista "Illustração Brasileira" subia a serra para mostrar esta bela estrada. Fiquem com o belo e divertido texto da referida revista:
 
"RIO-PETROPOLIS é uma rodovia maravilhosa, ligando duas cidades encantadoras. Entre a Capital Federal e o elegante refugio de veraneio, só poderia haver uma estrada, como a Rio-Petropolis. As paisagens são bellissimas. De um lado e do outro, trechos de florestas, despenhadeiros, grotões. águas correntes, casas que se aninham no seio da montanha. Entre uma curva e outra, painéis distantes da Serra dos Órgãos e vagos panoramas longínquos do Rio de Janeiro. E atravez de uma infinita successão de paisagens encantadoras, estende-se a enorme fita de concreto, por onde passam, dia e noite, os automóveis e os pesados caminhões.
 
 À medida que a estrada avança na subida da montanha, a temperatura vae-se tornando mais pura e fresca. A gente sorve com alivio os ares puros dessas altitudes a que se mistura o balsamico perfume das mattas. E quem apreciar a volúpia do perigo, póde arriscar umas tiradas á Pintacuda, attento aos inspectores de trafego, inimigos profissionaes da velocidade.
 
A Rio-Petropolis possue encantos com que fascina tanto os espíritos contemplativos, como aquelles para os quaes a acção é tudo."
 
Na foto 4 a legenda da revista era: “É preciso attender as exigencias da fiscalização do trafego. A parada na fronteira do Distrito Federal com o estado do Rio é obrigatória”.
 
O Gustavo Lemos, após identificar o automóvel como um BMW 315/1 de 1935, chamou a atenção para a coincidência de ser o mesmo modelo que apareceu numa foto do Concurso Sherlock do “Saudades do Rio”. Assim, a foto 5 mostra esta foto, que é da segunda metade dos anos 40 e fica junto a um conjunto de casas que hoje forma um condomínio chamado “Jardim Mary”, em Lins de Vasconcelos. É como se fosse uma vila que começa na altura da Rua Allan Kardec nº 50. Seria o mesmo automóvel?

domingo, 2 de abril de 2017

CAMPO GRANDE


Esta foto foi publicada recentemente no “Saudades do Rio” mas volta em uma estupenda colorização do Reinaldo Elias, do “Colorizando o Passado”.
 
Vemos a Praça Raul Boaventura, em Campo Grande, no final da década de 60.
 
Acho que foi o Dieckmann que identificou um Aero-Willys 2600, 1963-64, servindo de taxi, significando que modelos mais novos já estariam no mercado. O carro americano atrás do Fusca 64-66 é um Chevrolet 1949-50.
 
Já o Wagner Bahia mencionou que trata-se da Rua Ferreira Borges, com a estação de Campo Grande à direita, com o Chevrolet vinha da Augusto de Vasconcelos.