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sábado, 20 de maio de 2023

DO FUNDO DO BAÚ - CARROS E ETC


Vemos o Cadillac, o carro de luxo que teve seu auge, no Rio de Janeiro, na década de 1950. Na foto de Jean Manzon podemos ver ao volante a cantora francesa Juliette Gréco, que aqui esteve nos anos 50. O modelo é de 1949, um Cadillac Series 62 Coupé Fastback. Está descendo a ladeira do Mundo Novo em direção à Rua Assunção ou Rua Marquês de Olinda.

Esta "tournée" mereceu o seguinte comentário na sua biografia: "A la fin de l’année 1950, Juliette obtient son premier contrat en dehors de la Rose Rouge : Elle s’envole pour le Brésil, habillée par Madame Schiaparelli. Le soir de son premier récital, une foule incroyable se presse : le bruit a couru que la chanteuse se produisait sur scène dans le plus simple appareil! Cette méprise ne l’empêche pourtant pas de prolonger son contrat de deux mois".  


Enquanto alguns andavam de Cadillac, a maioria dirigia um fusquinha e usava esta tranca para quebra-vento, que as novas gerações não saberiam identificar. 

O modesto fusquinha era incrementado com capas Procar,  mudança da alavanca de mudanças, troca do volante por um do tipo F-1, colocação de pneus tala larga, escapamento Kadron para fazer muito barulho, uma bandeja para o gravador ou para o toca-discos de 45 rpm, um plástico do motel Playboy no parabrisa traseiro e outro plástico com o escudo do time de preferência no vidro lateral traseiro. Imprescindível também era o “chega prá cá, meu bem”, suporte para cobrir o freio de mão e facilitar o namoro numa “corrida de submarinos”. Isso sem falar nos faróis de milha Cibié “tremendão- sealed beam”, rodas aro 13, buzina de cornetas da FIAM e alto-falantes por todo o carro. O rádio tinha que ser bom (Blaupunkt, Philips Turnunlock, Telespark, Invictus ou Motorádio) para sintonizar o Big Boy na Rádio Mundial - 860 KZ ou a Rádio Tamoio para ouvir “Músicas na Passarela”.   


Entre os penduricalhos colocados nos automóveis antigamente (e ainda os há por aí) estavam estes imãs para o painel. Muitos motoristas colocavam fitas do Bonfim presas no retrovisor e tinham um "tigre" perto do vidro traseiro, que acendia os olhos ao pisar no freio. E havia os que usavam aquele rabicho de borracha no parachoque traseiro para descarregar a eletricidade estática, além de encontrar espaço para um boneco "MUG" ao lado do "tigre".



quinta-feira, 18 de maio de 2023

AVENIDA ATLÂNTICA - ANTIGO POSTO 5

Esta fotografia foi assim comentada pelo prezado Maximiliano Zierer: "Praia de Copacabana e Avenida Atlântica, Posto 5, em 1951. Esta era a praia de Copacabana original, antes do seu aterramento para a duplicação das pistas da Av. Atlântica e a construção do interceptor oceânico (este sob o canteiro central das pistas), obras que foram concluídas no início dos anos 70.

As árvores altas são do terreno da casa do Vaticano, onde há atualmente o inacabado Museu de Imagem e do Som, na esquina com a rua Djalma Ulrich. A casa pertencia ao conde e condessa Inodare, e por ser recuada, ficava encoberta pela densa vegetação do seu amplo jardim. 

Visível à sua direita está uma casa de dois pavimentos, de proprietários desconhecidos, que logo em seguida foi demolida, dando lugar ao edifício Rio Nobre (onde em 1958 ocorreu uma tragédia: a jovem Aida Curi, de 18 anos, foi atirada da cobertura do edifício após uma tentativa de estupro).

Reparem também no baixo edifício Ferrini, na esquina com a rua Sá Ferreira, e do lado oposto da mesma esquina o hotel Miramar. Foto da revista Brasil Constrói, 1951."


Fui dar uma olhada na revista "Brasil Constrói" e encontrei esta outra foto do mesmo trecho.

Os postos de salvamento mudaram de lugar em algum momento perto da virada do século. Na época da foto, anos 50, o Posto 5 ficava em frente à Rua Bolivar.

Neste trecho,  muitas vezes sem areia devido às ressacas, ficava o campo do "Pracinha", time para o qual eu torcia e vi ser campeão por volta de 1960. Se não me falha a memória o time era; Castilho (João Luís), Eurico, Santoro, Brandão e Paulinho. Danilo e Nelito. Paulo Portugal, Ivan Portugal, Áureo e Nando Portugal. Era uma época que o futebol de praia atraía multidões nas tardes de sábado para assistir aos jogos.

Aí também ficava a rede de volei do grupo do Dr. Sanseverino, renomado médico da Cruz Vermelha Brasileira.

Era o tempo em que, apesar das línguas negras, a areia era limpa, não havia ambulantes ocupando grandes espaços, as redes de volei eram armadas perto da calçada e futebol só acontecia na parte da tarde. 

A maioria dos homens usava  calções "samba-canção", só tiravam a camisa ao pisar na areia, todos se sentavam no chão (na areia mesmo ou sobre toalhas e esteiras de vime), as mulheres usavam maiôs inteiros e muitos levavam suas boias de câmara de ar de pneus.

O Posto 5 talvez fosse o melhor lugar da Praia de Copacabana para pegar onda, fato que mudou depois do aterro dos anos 70.

quarta-feira, 17 de maio de 2023

RUA DA CONSTITUIÇÃO

A Rua da Constituição começa na Praça Tiradentes e termina na Praça da República.  É a antiga Rua dos Ciganos.

Segundo Berger, "aberta durante o vice-reinado do Conde da Cunha, somente em princípios do século XIX foi totalmente arruada e regularizada. 

Ao chegarem ao Rio numerosos bandos de ciganos, no século XVIII, estacionaram no Campo de Santana e no antigo Campo da Lampadosa, e suas casas se prolongavam por esta rua, que se passou a chamar Rua dos Ciganos. A Portaria do Ministro do Império de 28/06/1865 aprovou a deliberação da Câmara Municipal, por proposta do vereador João Antonio Leite Junior, da mudança do nome para Rua da Constituição, homenageando a Constituição Política do Império, elaborada em novembro de 1823 e jurada em 25/03/1824.

Foto do acervo do Correio da Manhã mostrando a Rua da Constituição / Rua República do Líbano em 1964.

Foto do acervo do Correio da Manhã mostrando a Rua da Constituição em 1958.


Em 2015 o famoso pesquisador e especialista em Genealogia, Cau Barata, publicou em seu blog esta imagem da Rua dos Ciganos e escreveu:

Dedico aos amigos Luiz Darcy, André Decourt, Luiz Antonio de Almeida, Mestre Cícero, Marcus Alves e Cláudio Prado de Mello, entre outros muitos colegas da rede e pessoais, todos defensores da Memória Brasileira, sobretudo da memória da Cidade do Rio de Janeiro, com seus estudos históricos e pela luta em prol da preservação do nosso patrimônio, seja o já conhecido ou àqueles que ainda estão para serem revelados.

Os interessados poderão ver a estupenda postagem em http://rio-de-janeiro-desaparecido.blogspot.com/2015/11/a-rua-da-constituicao-memoria-historica_76.html

O Cau Barata é fora de série.


terça-feira, 16 de maio de 2023

RUA SÃO JOÃO BATISTA - BOTAFOGO

 

Nesta foto do "Correio da Manhã", do acervo do Arquivo Nacional, Vemos a Rua São João Batista, em Botafogo, em toda sua extensão.

Começa na Rua Voluntários da Pátria nº 275 e termina na Rua General Polidoro nº 268, em frente à porta principal do cemitério.

Segundo Paulo Berger foi aberta ao trânsito público em 1853. Pelo alvará de 13/05/1809, foi criada a paróquia de São João Batista da Lagoa e, mais tarde, com a criação da Irmandade de São João Batista e da ereção da atual Igreja Matriz de São João Batista, veio o logradouro a ser denominado Rua São João Batista.

A foto é dos anos 70, época em que houve uma grande mudança de trânsito em Botafogo. Atualmente a mão de direção é no sentido inverso.


Em tamanho menor a foto foi colorizada pelo Nickolas.


A foto acima é de autoria do JBAN e foi tirada para um trabalho escolar no Colégio Santo Inácio na década de 70. 

Vemos a Rua São João Batista, em seu último quarteirão, junto à Rua General Polidoro, com o portão do cemitério ao fundo.

À esquerda, na época, funcionava a concessionária Volkswagen  (Rio Motor). Hoje funciona uma loja do Prezunic.

Há poucos prédios altos nesta rua e muitos como os que vemos à direita. Neste local ainda resistem as lojas de capoteiro e de vidros automotivos. 



A foto mostra o trecho entre as ruas Mena Barreto e Voluntários da Pátria. Boa parte do lado par (à direita, na foto), era ocupado por Furnas.

Há que se registrar que nesta quadra existe a Rua Henrique Novais, que liga a São João Batista à Rua Real Grandeza.

É uma rua típica da parte de serviços do bairro de Botafogo de antigamente. Fazia contraste com as mansões das ruas Dona Mariana e Sorocada, por exemplo, e outro contraste com as ruas residenciais com pequenas casas como a Martins Ferreira.








segunda-feira, 15 de maio de 2023

UMA CASA DE PEDRA NA AV. ATLÂNTICA


Maximiliano Zierer, eventual colaborador do “Saudades do Rio”, é um dos maiores pesquisadores sobre a Av. Atlântica. Com expressa autorização dele vamos reproduzir algumas de suas pesquisas por aqui.

A casa de pedra da Av. Atlântica nº 2692, perto, da Rua Santa Clara, em foto de 1958 (esta foi a última casa residencial da orla, demolida em 2013) pertencia a Zilda Azambuja Canavarro Pereira, que ali morou desde 1917, entre prataria, ourivesaria, tapeçaria, objetos em marfim e tantas outras lindas peças e obras de arte. Inclusive obras únicas, como uma autêntica escultura criselefantina em bronze patinado de Demetre Chiparus, além da tela “O Voto de Heloisa”, do pintor Pedro Americo e um par de poltronas no estilo Luis XV, datado do século 19, que pertenceu à coleção pessoal de Elizabeth Taylor.

Madame Canavarro - como a conheciam - nasceu no dia 2 de julho de 1911 e os que com ela conviveram, dela diziam que sempre teve um coração imenso! Linda, inteligente, poderosa, digna e uma das últimas amas da sociedade carioca.

Zilda, que de solteira era Azambuja Lowndes, famílias cariocas tradicionalíssimas, vivia cercada de empregados leais e era sempre visitada por vários sobrinhos seus herdeiros, que cuidavam dela. Foi casada com Olavo Canavarro Pereira, falecido em 1968.

Muito generosa com os empregados, que a cercavam de carinho, Zilda recebia todas as quartas-feiras para almoço os sobrinhos e os parentes. Com problemas de garganta, apesar de já não mais falar, Zilda caminhava com agilidade, sem mesmo precisar de qualquer ajuda. À última grande festa que compareceu - bodas dos Lowndes, seus primos, no Country Club - Zilda foi calçando salto alto, então, aos 99 anos!...

 Segundo consta na vizinhança, Zilda deixou todos os bons empregados garantidos em seu testamento.

 Zilda morreu em maio de 2012, aos 101 anos.

Tramitou no Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural um processo de consulta sobre a demolição da casa de pedra. Embora a construção não fosse tombada, o caso precisou passar pelo conselho porque é o que determina a lei para todos os imóveis da cidade erguidos antes de 1938. Infelizmente a demolição foi autorizada e, mais uma vez, a história da cidade virou pó. A casa foi rapidamente demolida em apenas 3 dias, em outubro de 2013.

No lugar da casa seria erguido um hotel de luxo, que ficaria pronto antes das Olimpíadas - Rio 2016.

O comprador, o empresário Omar Peres, dono do restaurante La Fiorentina, tem como sócio no negócio o dono da Avianca, German Efromovich.

 A propriedade saiu por R$ 32 milhões — corretores estimam entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões o valor de um imóvel do gênero na orla do bairro e teria um projeto arquitetônico da iraquiana Zaha Hadid, que incluiria na entrada uma parede com pedras da casa, que receberia, do designer Aroeira, imagens de grandes nomes do Rio. A construção teria 12 andares e cerca de cem apartamentos.

O hotel teria o diferencial, além da vista (é claro!) dos mimos aos clientes, como mordomo bilíngue exclusivo — que pode fazer compras e arrumar o armário, por exemplo —, carro para buscar e levar ao aeroporto, bebidas como bons vinhos e uísque na diária e um spa no terraço.

O que foi projetado pode ser visto em http://veja.abril.com.br/…/conheca-os-bastidores-do-hotel-…/

Mas, atualmente, o prédio que foi erguido é diferente do projetado. O empreendimento chama-se “Atlantico Bait”, com plantas flexíveis de 1 a 4 quartos.


Nesta foto o Zierer nos dá uma aula sobre Copacabana dos anos 1920, mostrando o quarteirão em que seria construída a casa de pedra da foto anterior.

Nesta foto aérea vemos o trecho da Av. Atlântica entre as ruas Santa Clara (direita) e Constante Ramos (esquerda), sendo que as esquinas de ambas as ruas estão de fora do campo da foto.

Na orla, no lado direito da foto, podemos constatar que uma parte do calçadão e da pista da Av. Atlântica foram destruídos pela forte ressaca do ano de 1921. Este era um problema recorrente, e que só foi resolvido décadas mais tarde, através da duplicação da Av. Atlântica e do alargamento da faixa de areia da praia com o afastamento do mar, obra iniciada em 1969 e concluída em 1971. Com esta obra a Av. Atlântica e o calçadão da orla tomaram o aspecto que conhecemos nos dias atuais.

Vou destacar as quatro principais construções da orla que vemos neste trecho, da direita para a esquerda:

1- O hotel Atlântico, um casarão em estilo eclético de três pavimentos ao lado de um lote vazio no canto direito. Neste lote vazio seria posteriormente construída a famosa "casa de pedras" da Santa Clara, que foi a última casa residencial demolida na Av. Atlântica (no ano de 2013), mas que ainda não existia em 1921. Ela só foi construída no início dos anos 1930.

2- O hotel Londres, um prédio branco de 4 andares e que foi o prédio mais alto da Av. Atlântica até a construção do hotel Copacabana Palace, em 1923. O hotel Londres foi o primeiro edifício construído na orla.

3- Após o hotel Londres e seu vizinho (separados por um terreno vazio pertencente ao hotel), temos o magnífico palacete do Barão e médico Jayme Smith de Vasconcelos, conhecido como “máquina de escrever”, projeto genial do arquiteto italiano Antônio Virzi, e provavelmente o casarão mais espetacular de todo o Rio de Janeiro à época!

4- O último casarão visível na orla, no lado esquerdo da foto, pertencia ao abastado casal Odete e Júlio Monteiro. Era um grande casarão de três pavimentos cujo terreno ia até a rua Domingos Ferreira, e possuía uma quadra de tênis nos fundos.

Foto aérea do tenente aviador Jorge Kfuri, circa 1921, pertencente ao acervo da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha.