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sábado, 3 de julho de 2021

ANTIGOS MUROS

Quando eu era bem criança via com frequência esta antiga placa em metal esmaltado, com a sigla "A G N DF", da guarda noturna do antigo Distrito Federal. Ficava presa no muro de entrada da maioria das casas. Lembro que sempre ouvia o apito do guarda-noturno passando pela Rua Barata Ribeiro em frente de casa. Olhava pela janela e lá ia ele em sua ronda, dobrando na Dias da Rocha em direção à Cinco de Julho. Eram os "seguranças" da época. Não andavam armados. Alguns os chamavam, por conta dos apitos, de "panelas de pressão". Foram citados na música “Três Apitos”, de Noel.

Na memória infantil os tinha em boa conta. Mas certa vez o Docastelo contou que não era bem assim. Que atuavam como os milicianos de hoje, oferecendo segurança, fazendo os que pagavam de reféns. Foi um banho de água fria na minha admiração...


Outra coisa muito comum nos muros eram estas caixas para o carteiro colocar as cartas, o padeiro deixar o pão e o leiteiro entregar as garrafas de leite. Estas eram de vidro e saiam de carrocinhas com muitas divisões e puxadas como os “burros sem rabo”.

Atualmente, na Zona Sul pelo menos, quase não há casas e a maioria dos edifícios são gradeados. As caixas da foto desapareceram. Acabou aquela história de entrar em qualquer prédio e fazer uma surpresa a amigos deixando um envelope passado por baixo da porta ou um embrulho apoiado na entrada, seguido de um toque de campainha e fuga rápida. Hoje além de ser fotografado, filmado, algumas vezes é preciso mostrar a carteira de identidade para chegar ao elevador.

Outros tempos!

sexta-feira, 2 de julho de 2021

ESCOLAS

Escola Gonçalves Dias - Campo de São Cristóvão. Uma das “Escolas do Imperador”. Nesta foto, do Acervo da Biblioteca do Estado do Rio de Janeiro, vemos a Escola Gonçalves Dias, cujo prédio foi oferecido à municipalidade pelo comércio da Corte do Rio de Janeiro em 1872. Destaque para arquitetura do frontal, janelas e grades trabalhadas em ferro - reparar a conformação simétrica em alas e a presença do relógio acima da ala central. O "site" da FAU-UFRJ nos lembra o emblemático episódio, ocorrido após a Guerra do Paraguai, no qual D. Pedro II doou o bronze da estátua equestre que seria erguida em sua homenagem para a construção de escolas. As escolas então construídas, que ficaram conhecidas como "Escolas do Imperador", caracterizam-se pela imponência que resulta da escala e da implantação e pela nobreza em seu acabamento e materiais. Entre elas estão a Escola Municipal Luiz Delfino, o Colégio Estadual Amaro Cavalcanti, a Escola Municipal Rivadávia Correa, a Escola Municipal Orsina da Fonseca.


A Escola Deodoro é mais uma das escolas de "Passos", construídas no mandato do grande prefeito da nossa cidade. A Escola Deodoro é um dos exemplos da renovação do ensino primário, que teve a sua pedra assentada por Pedro II, ao construir escolas como as José de Alencar e Benjamin Constant. Bons e modernos prédios, exclusivamente destinados a educação primária pelo Estado, com pouca ou nenhuma influência da igreja.

A Deodoro de pé até hoje, na esquina das ruas da Glória com Conde de Lages, reflete bem o modelo de escolas construídas pelo grande prefeito, seus materiais e projeto, em muito se parecem com outras escolas "irmãs" como a Barth e a Prudente de Moraes e as demolidas Rodrigues Alves e Estácio de Sá. A escola Deodoro é maior do que a Alberto Barth, ainda que no mesmo estilo ( eclético normando).Podemos observar o chalé geminado, tão comum na época.

Escola Rodrigues Alves, esquina da Rua do Catete com a Rua Silveira Martins. O imóvel foi demolido durante as obras do metrô na década de 1970.


 Escola Barth, situada na Av. Oswaldo Cruz nº 124. A história do prédio vem do começo do século XX, quando o comerciante suíço Alberto Barth, morto em  1907, como prova de gratidão ao país que o acolheu, deixou em testamento a doação de 150.00 francos suíços para a construção de uma escola no então Distrito Federal. Ela foi inaugurada na administração do Prefeito Souza Aguiar (1906/1909).

Em 1936, um decreto do Presidente Getúlio Vargas a escola foi transformada em Tribunal de Segurança Nacional, órgão da Justiça Militar, durante o período de 1937 a 1945, onde eram julgados os opositores do regime. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a queda da ditadura de Vargas, o prédio voltou a funcionar como escola. . Esta escola é quase igual à Escola Deodoro, na Av.Augusto Severo,entre a Lapa e a Glória.Mesmo estilo normando,dentro das normas ecléticas da época.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

FONTE WALLACE

A Fonte Wallace é uma obra de arte em ferro fundido para embelezamento de praças e parques públicos, produzidas a partir do final do século XIX. O nome se deve ao filantropo inglês Sir Richard Wallace que doou 100 exemplares deste tipo de fonte à cidade de Paris em 1872 e, posteriormente, o fez para outras grandes cidades mundo afora.

O Rio de Janeiro é umas das maiores cidades possuidoras de peças da Fonderies du Val d´Osne. De fontes temos 3 ou 4, embora não se saiba a exata localização atual de todas elas. A da foto acima está no Parque da Cidade.

As quatro belas cariátides representam a Bondade, a Caridade, a Sobriedade e a Simplicidade. Entre os comentaristas do SDR encontramos muitos fãs dessas fontes, com destaque para o Rouen que, inclusive, já fotografou muitas delas em Paris e publicou as imagens no seu antigo Arqueologia do Rio, ao lado da existente na Floresta da Tijuca. O Decourt e o JBAN também falavam muito delas.

Foto: Tia Milu


Esta Fonte Wallace foi fotografada por Pierre Verger em 1940/1941. As informações são de que ficava na Praça Carmela Dutra, perto da igreja de N.S. da Ajuda, na Ilha do Governador.

Foto: Pierre Verger


Esta bela foto foi feita na Floresta da Tijuca. O Rio, depois de Paris, é a cidade que possui mais peças das fundições de Val D’Osne, muitas encerradas nos depósitos municipais.

Foto: LIFE

quarta-feira, 30 de junho de 2021

AQUARELAS DO RIO

O prezado amigo M. Rouen descobriu estas preciosidades de hoje. São aquarelas de Felisberto Ranzini, artista plástico nascido na Itália em 1881. Veio para o Brasil com 7 anos de idade e faleceu em São Paulo em 1976.

Os morros em destaque são os Dois Irmãos. Na publicação original (Brasil Pitoresco, Tradicional e Artístico - Rio de Janeiro, terras e águas de Guanabara), esta bela aquarela tem este mesmo nome. Em primeiro plano talvez seja a Pedra do Baiano, que fica no Leblon. Ao fundo vemos a Pedra da Gávea.

                                                    O caminho de acesso ao Corcovado.

Vemos um panorama de Ipanema e Leblon. Nesta aquarela aparece aquele prédio na altura do Vidigal, que tanto intrigou os comentaristas nos primórdios dos fotologs do Rio Antigo. Trata-se do Edifício Cordeiro que foi entregue aos  moradores no segundo semestre de 1933. Fica na Av. Niemeyer nº 174. 


 Vemos a orla da Av. Rui Barbosa. No fundo observa-se dentre as construções, primeira à direita, a edificação que deu origem ao nome Mourisco para aquela área. Aparecem também as sedes dos clubes Guanabara e Botafogo. Há uma certa discussão entre os especialistas do Rio Antigo se terá existido esa calçada de pedras portuguesas neste local.

terça-feira, 29 de junho de 2021

FAQUIR


A fotografia acima mostra uma cena que foi comum no Rio até os anos 70: um faquir, em seu jejum público, deitado sobre pregos dentro de uma urna envidraçada e lacrada.

Vemos o faquir Zokan, que ficou 132 dias na urna e que se apresentou no Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes nº 33. Foi num salão que era da Casa dos Artistas, presidida por Francisco Moreno. Ao término do jejum a saída foi apoteótica e transmitida pelo programa Flávio Cavalcanti na TV Tupi. Saiu cambaleando até uma ambulância. Anos depois, em 1970, foi campeão mundial na sua especialidade.

Esta apresentação foi cercada de polêmicas, com muitas reportagens falando sobre supostas fraudes no jejum.

Este Zokan também era ilusionista. Fez uma apresentação na Praça XV em que foi algemado, colocado dentro de um saco de lona e preso em uma caixa de ferro que foi lacrada com vários cadeados. Depois foi lançado ao mar e após uns 20 minutos tiraram a caixa de ferro do mar. Quando abriram só encontram lá dentro um buquê de flores. Logo em seguida ele apareceu nadando. Isto foi em 23/03/1970.

Outro faquir bastante conhecido era o Silki, Adelino João da Silva, que antes de Zokan foi campeão mundial. Apresentou-se na sobreloja da galeria do Cineac-Trianon, na Av. Rio Branco. Ele realizou o feito de jejuar por mais de três meses. Para tornar o espetáculo mais atraente, Silki ficava na companhia de serpentes. Deitava-se sobre pregos rombudos. Anos depois foi tema do programa “Caso Verdade”, da TV Globo.

Uma mulher, Suzy King, em 1959, assinou um contrato para bater o recorde mundial de jejum numa urna na Galeria Ritz, em Copacabana. A proposta era ficar 110 dias sem comer. A firma contratante colocou o Nocaute Jack para vigiar Suzy King. O caso acabou na delegacia, pois houve um grande atrito entre vigilante e vigiada, pois esta foi surpreendida burlando o jejum combinado.

PS: as reportagens davam conta que frequentemente se constatava que os faquires não emagreciam mesmo só tomando líquidos. Colhiam a urina num frasco, mas não há menção do que acontecia com as fezes. Enfim, as exibições tinham todo jeito de serem fraudadas, mas faziam grande sucesso e atraiam muita gente.

segunda-feira, 28 de junho de 2021

PRAÇA EUGENIO JARDIM - COPACABANA

Em 1918, D. Rosa Leopoldina Guimarães fez a doação de um terreno situado entre as antigas ruas Guimarães Caipora, atual Bolivar, e Furquim Werneck, atual Xavier da Silveira, destinando-a à construção de uma estação para o Corpo de Bombeiros, que está lá até os dias de hoje. Poucos anos depois, pelo Decreto 2405, de 17/08/1926, foi constituída a Praça Eugenio Jardim no encontro das ruas Xavier da Silveira, Miguel Lemos, Pompeu Loureiro e Henrique Dodsworth (o Corte do Cantagalo).

Foi uma das pracinhas da minha infância. Tinha quatro balanços, um rema-rema e três gangorras, dois escorregas, na época. O atrativo adicional era assistir às saídas dos carros de bombeiros do quartel de Copacabana com as sirenes ligadas. Foto acervo Correio da Manhã


Ao fundo, à direita, vemos o Quartel do Corpo de Bombeiros de Copacabana. Os carros veem pela Rua Pompeu Loureiro, que teve o volume de tráfego bastante aumentado quando da inauguração do Túnel Major Rubem Vaz, em 1962/1963. Houve época em que o tráfego da Pompeu Loureiro era em sentido contrário ao atual, que é o que se vê na foto. Foto do acervo do COrreio da Manhã.


A partir daqui as fotos são do acervo prezado do amigo Roberto Rocha, o "rock-rj" dos tempos dos fotologs do Terra. Esta foto é do carro do “Tio Betão”, tio do Roberto. A foto foi tirada em frente ao Ed.Roosevelt, no início dos anos 50. O Chevrolet é um Styleline DeLuxe de 1949 (ano em que a versão conversível teve 32.392 unidades produzidas). O carro com as crianças se encontra estacionado bem no final da rua Pompeu Loreiro início da subida da Av. Henrique Dodsworth, mais conhecida como Corte do Cantagalo A rua que aparece na parte superior direita é o final da Miguel Lemos. O Roberto é o moleque maior com os irmãos e irmã. A mãe dele está no banco do carona. A foto foi tirada em frente ao Ed.Roosevelt, no início dos anos 50. 

Este edifício Roosevelt ficava ao lado do Colona (de 1947, onde moraram o GMA, a tia Lu e a Dra. Psicóloga, e era vizinho do edifício Muiraquitã. Nunca consegui descobrir o nome do último edifício na subida do Corte, vindo de Copacabana para a Lagoa, onde moraram meus amigos da família Cairo.

Aguardo os comentário de obiscoitomolhado, mas consta haver uma MB 180, dois Gordinis, alguns fuscas, talvez um Aero-Willys e um DeSoto ou Dodge 51/52. O edifício que aparece na Rua Miguel Lemos é o Estrela de Ouro ou seu "irmão" o Estrela Brilhante, ambos de 1959, projetados pelo jovem arquiteto Paulo Casé.


 A útima foto mostra a Praça Eugenio Jardim já sem os brinquedos das crianças. Tempos depois aí seria construído o metrô Cantagalo.

domingo, 27 de junho de 2021

COLÉGIO RECANTO INFANTIL


 O Colégio Infantil funcionou até a década de 1960 na Rua Santa Clara, em Copacabana, perto da Rua Lacerda Coutinho. 

Havia muitos pequenos colégios neste bairro funcionando em casas parecidas, como o Santa Filomena na Rua Barata Ribeiro. 

Nesta mesma rua, lado ímpar, mais para o final da rua, funcionou numa casa semelhante a clínica de Otorrinolaringologia de meu primo o Professor Rubem Amarante. 

Com o passar dos anos todas as casas viraram grandes prédios de apartamentos.