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sábado, 22 de junho de 2024

DO FUNDO DO BAÚ - EMULSÃO DE SCOTT

 


Hoje é sábado, dia da série “DO FUNDO DO BAÚ”, e de lá sai este vidro de Emulsão de Scott, odiado por meu irmão, uma criança magricela e muito alta, que era obrigado a tomar sua dose de óleo de fígado de bacalhau toda noite. Dizia ele que o gosto era muito, mas muito ruim.

Talvez os mais velhos tenham lido esta propaganda da Emulsão de Scott:

“O medicamento que mais fama tem alcançado no mundo é a Emulsão de Scott. Não há paiz civilizado onde não se pronuncie seu nome com respeito, e essa reputação bem adquirida não é filha de casualidade, senão consequencia legitima dos bons resultados que tem produzido a medicina nas enfermidades do peito e da garganta, nos escrofulosos e debilitados. 

A associação do Oleo de Figado de Bacalhao com os hypophosphitos de soda e cal, como se encontram na Emulsão de Scott é uma combinação feliz que proporciona os materiaes para reparar os tecidos e o sangue. 

A infancia é a idade que mais benefícios obtem da Emulsao de Scott. Por seu bom sabor é tolerada pelo paladar mais delicado. Assim como as arvores necessitam para crescer e desenvolver-se de bôa terra, estrume e regadura; assim tambem as creanças requerem o uso da Emulsão de Scott de oleo de figado de bacalhao com hypophosphitos de cal e soda, que representa para ellas força, saude e alegria."

Escrofula é a designação dada à tuberculose crônica dos gânglios linfáticos, que se caracteriza por hipertrofia, inflamação e eventual fistulização. Ainda bem, como dito no anúncio acima, que a menor Carmen de Souza Lopes se curou com a Emulsão de Scott...

O que sei é que a Emulsão de Scott era figurinha fácil nas farmácias domésticas, ao lado de ícones do passado como a “Maravilha Curativa do Dr. Humphreys”, à base de Hamamelis Virginica, do Coryfolium, da Nux Vomica e do Phosphorus (homeopáticos), da Milma (pastilhas de leite de magnésia), da Malvona.

E quem não usou Vick Vaporub, Chophytol e Optalidon? 

Lembram do Cristal Japonês (para dor de cabeça), Nupercainal, Lavolho, Atroveran,  Pílulas do Dr. Ross, Tussaveto, Biolaymo, Linimento de Sloan? 

E o Peitoral Pinheiro, xarope do Rafael Netto?

Nas casas de antigamente não faltavam Calcigenol, Bromil, Regulador Xavier, Neo-Riodine, Agarol, Pondicilina (pastilhas para garganta). E Colubiasol,  Rugol, Hidrolitol, Vinho Reconstituinte Silva Araújo, Lugolina, Cilion,  Alginex.

Outros usavam Pomada Minâncora, Alivene, Phimatosan (tosse), Rebouçado de Lisboa (balas para tosse), Hemovirtus (hemorróidas), Licor de Cacau Vermífugo Xavier, Lysoform Primo (contra mau hálito, frieiras, odor das axilas), Leite de Rosas, Pastilhas de Magnésia Bisurada (contra azia e má-digestão).

Alguns usavam a água vegeto-mineral (um colega a chamava de “água dos três reinos” - porque animal era quem a receitava!). 

E havia os que pediam aos viajantes a Portugal que trouxessem as famosas pílulas de alho do Dr. Rogoff.

Iodex, Magnésia Fluida de Murray, sal amargo (sulfato de magnésio), cataplasma de Antiphlogistyne, Neo-Rhumex (injeção para gripe), injeção de ouro (também para gripe), Eucaliptyne (também), Neo-Sinefrina, Ambodryl (irmão do Benadryl), Trilafon, Ipecacuanha, sabonete Derso, também fizeram sucesso.

Ainda existe Vagostesil, Panvermina, Ascoxal (para aftas), Hygnotol?



quarta-feira, 19 de junho de 2024

QUIOSQUES DA PRAIA DE IPANEMA

 

FOTO 1: Em 1950 o prefeito do DF Gal. Angelo de Morais recuperou as dunas que se encontravam sem vegetação provocando inúmeros transtornos aos moradores de Ipanema. Com essa recuperação foram instalados os conjuntos de quiosques de sapé, em oásis dotados de coqueiros, iluminação pública e brinquedos para crianças, projeto este do grande urbanista Azevedo Neto, um dos melhores de sua época no Brasil e funcionário da PDF.

Foram "sete paraísos infantis incrustados nas dunas que antes apresentavam um vago ar de desolação e abandono”, noticiava "O Cruzeiro".

Gangorras, balanços, bancos rústicos, cabanas pitorescas de teto circular coberto de sapê. Muitas palmeiras foram transplantadas.

FOTO 2: Logo após a inauguração, meu irmão e eu, fomos levados a brincar perto do quiosque que ficava junto ao Jardim de Alá.

A colorização é do Nickolas Nogueira.


FOTO 3: A estrutura desses quiosques eram bem rudimentar, lembrando os famosos "chiringuitos" das praias da Espanha.


FOTO 4: Em meados da década de 1950, embora os quiosques ainda estivessem com bom aspecto, a calçada de pedras hexagonais estava mal conservada e necessitava de reparos.


FOTO 5: Nesta foto de 1956 as condições do quiosque já eram ruins.

FOTO 6: Uma praia tranquila, com pouco movimento. Realmente lembrava um "paraíso".

FOTO 7: Uma tarde na Ipanema dos anos 50.

FOTO 8: Este canteiro central, com bancos e gramado, deixou saudades.

FOTO 9: Dos sete quiosques implantados, este próximo do Jardim de Alá se destacava.


FOTO 10: Nesses antigos Postos de Salvamento, no térreo, havia um bar. Será que continuou a funcionar dada a concorrência do quiosque?


segunda-feira, 17 de junho de 2024

PETECA

 

FOTO 1: Nesta foto podemos ver ilustres comentaristas deste espaço, em animado jogo de peteca na Praia de Copacabana. Eram todos sócios da S.E.M.P.R.E. (Sociedade Etílico-Marítima de Peteca Recreativa e Esportiva), com sede no Bar Alcazar, na esquina da Av. Atlântica com a Rua Almirante Gonçalves.

Seus sócios faziam demonstrações por toda a Praia de Copacabana, os rapazes exibindo seus corpos atléticos e as moças a sua beleza. Toda a moda para trajes de banho, lançada a partir dos anos 50, era exibida em desfile nos salões do Copacabana Palace e, a seguir, era feito um jogo de exibição na areia, como pode se ver na foto acima.

Segundo o Decourt, a foto foi obtida bem da esquina da Rua Xavier da Silveira. A casa com varandas aparentemente em estrutura metálica, que aparece parcialmente na extrema esquerda da foto é onde fica o prédio onde o Brizola morou. A quarta casa, sempre partindo da esquerda, é onde hoje fica o edifício Embaixador, um dos marcos da arquitetura “art-déco” carioca e que seria construído apenas 4 anos após essa foto ser tirada. A construção que aparece bem à direita da foto é dos edifícios Lellis e São Paulo, na esquina com a Rua Barão de Ipanema. 


FOTO 2: Segundo registro dos historiadores portugueses quando chegaram ao Brasil, a peteca era praticada pelos índios como forma de manifestação cultural. O tempo foi passando e ela evoluiu, deixando de ser somente lazer e recreação e passou a ser esporte de rendimento em 1975, de acordo com a Lei sancionada pelo Conselho Nacional de Desportes - CND.


FOTO 3: Algumas fontes garantem que o jogo com petecas é de origem indígena e desde antes do descobrimento do Brasil já era um jogo muito praticado pelos índios como atividade esportiva para ganho de aquecimento corporal durante o inverno. O nome peteca é de origem Tupi (pe’teca – bater com a mão). Em todas as festas e rituais das tribos indígenas, a peteca estava presente.

Outras fontes garantem que a peteca nasceu no Oriente e é muito popular em países como Coréia, Japão e China. 


FOTO 4: Também em Ipanema havia muitos praticantes do jogo de petecas. 

Historiadores contam: "Quis o destino que, nos jogos da V Olimpíada, realizados na Antuérpia, capital da Bélgica, em 1920, a título de recreação, os brasileiros que pela primeira vez participavam de uma Olimpíada, levassem petecas, atraindo numerosos atletas de outros países, interessados na sua prática. Revela-nos o registro da época, que o Dr. José Maria Castelo Branco, chefe da Delegação Brasileira, viu-se, momentaneamente, embaraçado pelos insistentes pedidos de regras formulados por finlandeses que, evidentemente, demonstravam interesse pela nova atividade desportiva. Coube a Minas Gerais a primazia de dar-lhe sentido competitivo, realizando jogos internos nos clubes pioneiros de BH."


FOTO 5: Havia várias possibilidades de se jogar peteca na praia. A mostrada acima era mais rara, com duas redes paralelas, lembrando um pouco o jogo de vôlei.

Outra forma era de se jogar numa quadra demarcada na areia com fitas, 3 contra 3, sem a rede, com direito a 3 passes entre os jogadores, devendo a peteca cair nos limites do campo adversário para se fazer um ponto.

Uma forma mais vigorosa era também 3 contra 3, ficando os jogadores em linha, separados por alguns metros, atirando com força a peteca, um time contra o outro até alguém errar.

Há alguns anos não vejo mais ninguém disputando jogos de peteca na praia.


FOTO 6: A foto mostra o grande empreendedor mineiro Joaquim Rolla, aquele dos cassinos, entre outras atividades, grande entusiasta do jogo de peteca. Jogava na Urca ou no Posto 2, em Copacabana. Era muito amigo do Conde di Lido, outro craque deste esporte.

Segundo o saudoso General Miranda, um dos fundadores da S.E.M.P.R.E. (Sociedade Etílico-Marítima de Peteca Recreativa e Esportiva), adepto e praticante diário deste esporte, a peteca ideal deve ter, na base, o diâmetro de 0,050m a 0,052m. Na altura ter 0,20m, incluindo as penas. De peso, de 40 a 42 gramas aproximadamente. As penas devem ser brancas, em número de 04 (quatro), formando um diâmetro de 0,04 a 0,05m. O material da base deverá ser de borracha, em camadas sobrepostas.

Se você não for um profissional como o nosso General, pode fazer uma peteca com palhas secas de milho e algumas penas de galinha, como é habitual entre os tijucanos: rasgue as primeiras palhas em tiras estreitas que se vão dobrando e enrolando, alterando o sentido de cada uma. Quando esse "miolo" atinge a forma de uma almofada com mais ou menos dois dedos de tamanho, envolva-o com tiras mais largas, que se cruzam em diversas direções, cujas pontas ficam seguras na mão esquerda. Torce-se e amarra-se uma tira estreitinha formando-se um anel sobre o qual se passam, dobrando-as ao meio, um número de palhas suficiente para cobrir-lhe a circunferência. Aplica-se em seguida esse anel ao fundo da peteca juntando-se as pontas ao maço formado anteriormente. Já depois de colocado, aperfeiçoa-se o trabalho guarnecendo-se ainda mais o anel, de modo a recobrir completamente o volume todo. Ajusta-se bem o conjunto e amarra-se fortemente a base do maço de pontas, estando pronta a peteca.


FOTO 7: Vemos a torcida do "Copacabana Peteca Clube", cuja quadra era no Posto 2 da Praia de Copacabana. Não consegui confirmar se o Conde di Lido fazia parte da diretoria deste clube. 

Fontes: Revista O Cruzeiro, José Medeiros, Jean Manzon, Federação Brasileira de Peteca.