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sábado, 26 de junho de 2021

LAPA


 Engarrafamento num dia chuvoso na Rua dos Arcos. 

Ao fundo o arco duplo aberto no século XIX. O outro arco, na direção da Rua Mem de Sá, é do século XX. 

sexta-feira, 25 de junho de 2021

FÁBRICA DE TECIDOS BOTAFOGO

Nosso prezado colaborador Carlos Paiva nos fala hoje sobre uma fábrica de tecidos que existiu em Botafogo: A Fábrica de Tecidos Botafogo, fundada pelo Senador e Empresário Jorge Street, morador na Rua São Clemente, e que se localizava junto à Rua Visconde de Caravelas. Tinha também outra sede na Rua Barão de Mesquita. Vemos acima referenciais no bairro de Botafogo.


O Senador Street, em determinado momento resolveu ficar só com a fábrica da Rua Barão de Mesquita e vendeu a fábrica de Botafogo para o Sr. Manoel Capella, dono da Fábrica de Chapéus Braga Costa, que lá se instalou até meados dos anos 1930 quando fechou.

Segundo informações colhidas na Internet esta fábrica foi inaugurada em 15 de novembro de 1907, pelos srs. dr. Jorge Street e dr. Joaquim de Lamare, para tecelagem de lãs, com a produção anual de 60.000 metros. A 1º de março de 1909, foi a empresa constituída em sociedade anônima, com o capital de Rs. 600:000$000 dividido em 3.000 ações de Rs. 200$000 cada. O seu capital atual é de Rs. 1.200:000$000, tendo mais em circulação um empréstimo por debêntures no valor de Rs. 1.200:000$000, ao juro anual de 7%.

A sua produção anual era de 300.000 metros de panos diversos, entre os quais casimiras, sarjas, diagonais de todas as cores, xales para senhora, palas, cobertores etc.

Os seus edifícios fabris estavam situados nos bairros de Botafogo, à Rua Visconde de Caravelas, 52; e Andaraí, à Rua Barão de Mesquita, 314, havendo mais, neste último local, uma vila operária e ocupando tudo uma área de 80.000 metros quadrados. A sede social da empresa ficava à Rua 1º de Março, 66.”

Fonte original: LLOYD, Reginald et al (1913). Impressões do Brazil no Século Vinte. Londres: Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd.”


Imagem do loteamento no bairro de Botafogo

Imagem da Fábrica de Tecidos Botafogo situada na Rua Barão de Mesquita.



As casas das fotos foram compradas pelo Sr. Capella para ele e para os filhos. Esta é na Rua Visconde de Caravelas nº 180.

 

Esta é na Rua Visconde de Caravelas nº 190-192. Na área foi aberta a Rua Desembargador Burle e o loteamento.

 


Anúncio daCompanhia Braga Costa, do Sr. Manoel G. Capella


Título de uma reportagem que dá conta de um drama na casa do Sr. Capella. Uma briga entre os filhos onde o mais velho foi ferido com um tiro. A cena foi presenciada pelo pai que não resistiu e morreu num ataque fulminante.

PS: Carlos conta ainda, sobre o Senador Street, que ele se mudou para São Paulo e juntou-se à Guinle, Gaffreé e outros e se dedicaram à fabricação de sacos de juta devido a enorme necessidade para ensacar o café para exportação. E lá ficou até o fim da vida sempre muito dedicado às necessidades sociais dos operários.

 

quinta-feira, 24 de junho de 2021

EDIFÍCIO BARÃO DE LUCENA






Vemos o Edifício Barão de Lucena, um projeto de Paulo Santos em estilo "art-déco" já tendendo para o moderno, de 1937, construção de Pires e Santos. Os detalhes em “art-déco” estão no coroamento (fora da foto), nos portões em fer-forgé, na portaria e em delicados frisos na facada, todo em pó de pedra.

Foi construído por José Buarque de Macedo. Consta que em 29 de março de 1930 o Prefeito Antônio Prado Júnior mandou desapropriar as casas de números 148 e 158, na Rua São Clemente, com vistas a abrir uma nova rua de acesso. Como a residência de nº 158 tinha sido até 1913 a moradia do Barão de Lucena, a nova via foi assim batizada. Este edifício tem semelhanças imensas com outro ícone de Botafogo, o Edifício Pimentel Duarte.

Foi então construído no lote do antigo nº 148 o edifício de apartamentos Barão de Lucena, com fachada dando para a Rua São Clemente e garagem, lazer e serviços com acesso pela nova rua. Este edifício é um dos grandes clássicos em se falando de prédios de apartamentos da cidade. Respeitando o Plano Agache, pois fica totalmente em centro de terreno, tendo o recuo na frente e um simpático jardim nos fundos, embora sem garagem. O prédio é o que os prédios construídos nas décadas seguintes deveriam ter sido. Construções que não asfixiassem a rua nem as construções fronteiras e que permitissem a livre circulação do ar e a propagação da luz na cidade. O abandono do Plano Agache foi extremamente prejudicial para os bairros da Zona Sul, muito mais que para o Centro.

Segundo o Andre Decourt a São Clemente usava uma iluminação pública que adaptava o poste NY às bases oriundas da Expo de 1908, num arranjo relativamente raro, que só existia, segundo seus registros, nas ruas Voluntários da Pátria, parte da Senador Vergueiro, São Clemente e parte da Marquês de Abrantes. 

Conta o Georges Mirault, meu contemporâneo no Santo Inácio, através de conversa com o GMA, que o pai dele, quando menino em Botafogo, depois de sair do Colégio Santo Inácio ( na década de 1920), costumava pular o muro da residência do Barão de Lucena para pegar frutas com outros colegas, entre os quais seu primo Dom Inácio Acciolly, depois Abade de Nossa senhora de Montserrrat (São Bento).

Os apartamentos eram inicialmente alugados pelo dono do edifício, Dr. Buarque de Macedo, que foi vendendo os apartamentos pouco a pouco. Sua filha Bessie residiu no 804. Era uma espécie de apart-hotel daquela época, com serviços mínimos, mas já com interfone e multicomunicação entre os apartamentos.

Nunca teve garagem. Acreditava-se que a Rua Barão de Lucena seria sempre uma rua sem saída, mas nos anos 60 inaugurou-se a Rua Theodor Herzl, que saía da Rua Assunção, o que aumentou o tráfego na região.  Como era caminho do JBAN para o Santo Inácio, após ele tocar a campanhia de todas as casas da Barão de Lucena e sair correndo, ele brincava de se equilibrar sobre a mureta dos jardins deste prédio.

As louças de banheiro são americanas, os mármores de Carrara, os lustres da Inglaterra. Os jardins atrás tinham uma fonte luminosa francesa de dar inveja a algumas de nossas pobres praças. Os elevadores OTIS, canadenses de origem, ainda são os originais.

Moraram ali: Plínio Salgado, o jóquei Luis Rigoni, o "nightman" Carlos Machado, Jacques Klein, o crítico e literato Roberto Alvim Corrêa, Mozart Amaral (fundador das afamadas Casas Olga), muitas famílias de diplomatas estrangeiros e o próprio Georges. Outra moradora, Laura Rónai, comenta que "o prédio é belíssimo, cheio de detalhes charmosos (sancas, parquet no chão, janelas de ferro trabalhado no banheiro e na cozinha, banheiro de mármore, harmonia de espaços). É muito mais bonito na vida real do que na foto. Paulo Pires foi professor da Escola de Arquitetura da UFRJ. O que não existe mais (e faz falta!) são os toldos."

As cisternas do edifício podem prover água para uma semana de uso normal: são auto-comunicantes e ocupam boa parte do piso do jardim. Nos anos 60, quando ainda não havia o Guandu, todos os prédios em volta sofriam com a falta de água, exceto o Barão de Lucena.

Aliás o engenheiro Roberto Veiga Brito, um dos Secretários de Lacerda e construtor do Guandu morou ali por muitos anos.

Como se vê, um edifício com muita história.

Nota: As fotos coloridas do interior do prédio são de autoria de G. Tarabini e foram publicadas no FB do R. Bokor. O texto e a foto em P&B são da publicação do SDR no Terra, de 25/11/2009.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

TIJUCA

O local é a rua Conde de Bonfim, esquina com Almirante Cochrane. O prédio colonial era na época uma repartição do Departamento de Correios e Telégrafos, mas antes, já no século XX, foi convento provisório tanto para as monjas da Ajuda como para os Capuchinhos, ambos despejados pela avalanche de reformas no Centro (Cinelândia para a Ajuda e Morro do Castelo para os Capuchinhos).  Este prédio, na esquina oposta à Granado, foi demolido pelo Metrô.

Ao lado vê-se parte do antigo Mercado São Lucas. 

A Casa Granado foi inaugurada aí há quase 100 anos. Era uma farmácia nos moldes antigos, com aviamento de receitas e comercialização de alguns produtos já preparados com marca própria. Até os anos 80, continuou a funcionar desta mesma maneira. A Casa Granado entrou em demorado processo de falência. Houve concordata. Hoje quem explora a marca são outros, que não os descendentes de seus fundadores. O prédio continua no mesmo local, mantendo suas características externas, alguns de seus balcões originais e o piso. Na parte interna, não há mais nada dos apetrechos usados para aviamento de receitas. Foi transformada em drogaria, como tantas outras.

 No segundo pavimento do sobrado funcionou a clínica de radiologia Alvaro e Silvio Cortes. Mas a farmácia continuou mantendo um serviço que sempre prestou. Atende 24 horas, fornecendo medicamento pela portinha lateral, que fica na Rua Almirante Cochrane. Presta esse serviço desde sua fundação. Ao lado da Granado funcionava também a Perfumaria Carneiro, que comercializava produtos de perfumaria de qualidade, revendendo a linha Kanitz, perfumes e maquilagem importados. Depois, em seu lugar, abriu uma loja de bijuterias.

Esta foi mais uma das áreas da cidade devastadas pelo Metrô. Na Tijuca, a construção cortou a região entre as ruas Conde de Bonfim e Almirante Cochrane, estendendo a Heitor Beltrão, que hoje é uma via árida e cercada de muros, praticamente sem construções.

A época da foto é primeira metade da década de 1970. 



Em outro ângulo vemos o prédio dos Correios e do Mercado. Uma pergunta para os conhecedores da Tijuca: não é aí que fica a UPA da Tijuca?


Estas duas fotos coloridas foram enviadas pelo comentarista Ricardo, conforme o comentário das 08h53. “Seguem duas fotos do terreno da UPA. As mesmas foram retiradas da página do facebook "A Tijuca de Antigamente". Não sei a sua autoria.



terça-feira, 22 de junho de 2021

TV CONTINENTAL

Nesta foto, do acervo Rouen, vemos o prédio da TV Continental, canal 9, em 1959, ano de sua fundação. Acho que a estreia da TV Continental foi com a transmissão do jogo Brasil 2x0 Inglaterra, em 1959, em que o Julinho entrou vaiado (porque "barrou" o Garrincha) e saiu aplaudidíssimo (porque foi o melhor jogador em campo).

Quando foi anunciada fiquei entusiasmado com a perspectiva de que fosse o que são hoje o Sportv e a ESPN, exibindo na TV toda a excelente programação da Rádio Continental, uma das líderes das transmissões esportivas, com Waldyr Amaral, Benjamin Wright, Clóvis Filho, Carlos Marcondes, Teixeira Heizer, cujo primeiro nome era Hitler, Raimundo Mendonça e muitos outros. Mas, confesso, foi uma decepção, pois não havia tanto esporte transmitido ao vivo. Não foi páreo para a TV Tupi, canal 6, nem para a TV Rio, canal 13, as outras estações existentes na época. O endereço era na Rua das Laranjeiras nº 291, onde fui algumas vezes para responder sobre regras de futebol no programa do Armando Marques. Cheguei a ser sorteado e acertando a resposta ganhei um rádio de pilhas. O Conde di Lido também tem alguns casos interessantes a contar sobre a TV Continental. Assim como o Docastelo e o Eraldo.

O estúdio era enorme e abrigava até uma piscina, onde se apresentou a equipe de balé aquático do Fluminense, sob o comando de Eloá Dias. A equipe de reportagem, tal como na rádio, era comandada por Carlos Pallut.  Havia muitos programas musicais. A transmissão de jogos de futebol pela TV criou um problema para o Waldir Amaral, cuja locução sempre foi bastante atrasada em relação aos lances que se desenvolviam no campo.  Lá em casa o "velho" assistia sempre ao programa do cantor português Francisco José, que toda vez cantava "De quem eu gosto nem às paredes confesso..." Gilson Amado também teve um programa que fazia sucesso na TV Continental. Salvo engano aos domingos à noite era exibido “Ivanhoé”. Quando apareceu o vídeo-tape era exibido o jogo de futebol da rodada.

Como Rubem Berardo era do PTB, após 1964 a coisa complicou para o lado dele e, no início dos anos 70, a TV Continental desapareceu.

 

Aos domingos a mesa-redonda chamava-se "Prova dos 9", salvo engano.   
Comandada por Carlos Marcondes, o comentarista que tira a prova dos nove, tinha o locutor Clóvis Filho, que ao contrário do Waldir Amaral, seguia o lance de perto, Avelino Dias e o ótimo "Repórter que Sabe de Tudo", o Luiz Fernando.
Tinha transmissão de futebol, luta de boxe com o Tércio de Lima e outros esportes.

Luiz Bonfá tinha um programa na Continental e suas instalações eram ótimas. Por exemplo, seu grande estúdio contava com ar condicionado (os artistas não apareciam brilhando de suor sob refletores como nas outras emissoras) e até piscina para realização de programas que exigissem água (balé aquático, cenas de teatro e seriados foram alguns casos). Seus equipamentos eram avançados para a época (por exemplo, captavam em estéreo, um luxo!) e sua programação, pioneira. Apresentava Hebe Camargo como "animadora de auditório" no “Hebe comanda o espetáculo” e “O mundo é das mulheres”, Jô Soares como entrevistador-comediante, o humorista Miele, e o locutor Heron Domingues, a Nicete Bruno como protagonista de um seriado (Dona Jandira).

Tinha dramaturgia de excelente qualidade e atores idem (Francisco Milani, Joana Fomm, Paulo Goulart). Nos musicais, foi imbatível, com sensacionais shows comandados por Agnaldo Rayol, Elizeth Cardoso, Ivon Cury, Caubi Peixoto, Vicente Celestino e outros tanto quanto.



A TV Continental fez uma das melhores coberturas dos temporais de 66 e 67, pois ela estava exatamente no meio da destruição. Em 1966 uma câmera foi colocada na porta e mostrava carros, árvores, pedaços de construção descendo a Rua das Laranjeiras Já em 1967 sua equipe de reportagem foi a primeira a chegar na tragédia do desabamento dos prédios no fundo da General Glicério, novamente por estar do lado da emissora.

Vemos a entrada de um bloco no Programa Silvio Mendonça, transmitido pela TV Continental. Possivelmente o bloco era do Jacarepaguá Tênis Clube. Foto garimpada pelo Tumminelli na feira da Praça XV. 


Vemos a Distac, autorizada Volkswagen que possui o mesmo endereço da extinta TV Continental (canal 9): Rua das Laranjeiras nº 291 Tel. 25-7230, em foto já do século XXI.

A Continental foi uma das 3 primeiras emissoras de televisão depois da TVTupi, canal 6, e da TV Rio, canal 13. Pertencia a Rubens Berardo e seus irmãos Carlos e Murilo.  Foi ao ar a partir das 19h do dia 30 de junho de 1959. A TV Continental desligou suas antenas em 1972, quando não estava mais neste local, mas no Boulevard 28 de Setembro nº 258, em Vila Isabel.



segunda-feira, 21 de junho de 2021

PASSEIOS A CAVALO PELA ZONA SUL

Até os primeiros anos da década de 1960, com um trânsito de automóveis mais tranquilo, era comum ver passeios a cavalo pela Lagoa e por Ipanema e Leblon. Os cavalos que ficavam alojados nas cocheiras da Sociedade Hípica Brasileira, do Jockey Club, do setor de equitação do Flamengo ou mesmo em algumas cocheiras que existiam em casas particulares, principalmente no bairro do Jardim Botânico. Foto do acervo do Francisco Patricio.

 

A Lagoa, antes da abertura do Túnel Rebouças, era um dos lugares onde mais se viam cavaleiros. Esta foto foi tirada em frente a uma das casas existentes na Av. Epitácio Pessoa, quase na esquina da Rua Montenegro (Vinicius de Morais atualmente). Acervo da família Alencar.

O mesmo casal de irmãos cavaleiros agora na altura da Rua Fonte da Saudade. 


Foto enviada pelo Carlos Paiva mostrando três cavaleiros nas imediações do futuro Túnel Rebouças. 


Enquanto as fotos anteriores, em preto e branco, são dos anos 50, esta foto na Praia de Ipanema é mais recente. Mostra uma "Lady Godiva" de biquini, provavelmente numa ação publicitária. 

Além desses passeios individuais havia cavalos para alugar em diversas praças da Zona Sul. Desde os da década de 40 na Serzedelo Correia e no Lido, passando pelos mais conhecidos no Jardim de Alá e do Bairro Peixoto nos anos 50. O progresso acabou com esta brincadeira. Foto enviada pelo GMA.