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sábado, 18 de fevereiro de 2017

DO FUNDO DO BAÚ: TELEFONE PÚBLICO


Hoje é sábado, dia da série “DO FUNDO DO BAÚ”. E de lá saem estas fotografias de um telefone público e das fichas que eram necessárias para sua utilização (durante largo tempo não aceitavam moedas ou cartões). Este tipo de telefone se localizava principalmente dentro de bares. Tempos depois surgiram os famosos “orelhões” da Telerj.
 
Até a década de 60 era uma dificuldade ter um telefone próprio em casa, havia fila para comprar telefone e um comércio paralelo onde ele era muito valorizado.  As pessoas declaravam a propriedade da linha para o Imposto de Renda. Uma das saídas era conseguir uma “extensão”, isto é, compartilhar a linha com outro morador do mesmo bairro.
 
Tirar o fone do ganho e ouvir o sinal de discar imediatamente, como hoje, somente em filmes americanos - aqui se esperavam longos minutos até se conseguir uma linha. Algumas mães colocavam os filhos para “esperar linha” e, em algumas empresas, havia um funcionário destacado para isso...
 
Conseguido o sinal havia linhas cruzadas e muitas ligações não se completavam. Eram demoradíssimas as ligações para Paquetá ou Petrópolis, por exemplo, sempre através das telefonistas (aguardavam-se umas quatro horas até que a telefonista completasse a ligação). Havia "macetes" para conseguir linha: discar zero, discar um e segurar o disco de discagem por alguns segundos, bater na tecla de desligar e por aí vai.
 
Outros truques eram utilizados para falar de graça nos telefones públicos: um deles era ir batendo os números de forma ritmada, com pausa entre cada número,  naquela peça em que o auricular ficava pendurado. Para prolongar indefinidamente o tempo de uso sem pagar mais se usava um diodo. Como o diodo tem a propriedade de permitir a passagem de corrente elétrica apenas em uma direção, quando vinha o "pulso" para comer mais uma ficha, ele passava pelo diodo e voltava, permitindo uma chamada de tempo infinito. Como não permitia a passagem de energia no sentido contrário, não dava curto na linha. Em algumas ocasiões, por algum motivo o telefone entrava em curto permitindo o sinal de discagem gratuitamente.

É inegável que o progresso foi fantástico nos últimos anos, com melhoria das condições técnicas e com o acesso fácil a um aparelho telefônico.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

BAR E RESTAURANTE DO JOÁ





O prezado Mauricio Lobo, do Tempore Antiquus, faz uma descoberta de fotos muito interessantes, seja do Rio, seja de Petrópolis. As duas primeiras de hoje foram recentemente publicadas por ele e mostram a Estrada do Joá, com o Bar e Restaurante do Joá.
 
O ângulo da segunda foto já é bem conhecido de todos que curtem fotos do Rio antigo. Esta foto foi publicada na edição de março de 1942 da "Revista Ilustrada" e tinha a descrição de "um dos pontos de maior renome turístico da cidade". Era o Bar e Restaurante Joá, inaugurado em 03 de janeiro de 1930. Quem ali trabalhou foi o garçon José Rodrigues Valente que, no JB de 10/12/1971, conta que “os primeiros dias no emprego foram muito fracos, pois por conta da 2ª Guerra Mundial havia racionamento de gasolina. Acabada a guerra o local voltou a ser sucesso, tendo no serviço seis garçons que se desdobravam para atender a todos. Havia música de “juke-box” (Fox-trots, Swings, Sambas) e embora não houvesse pista apropriada a maioria dos fregueses dançava. A casa abria às 8 horas da manhã e poucas horas depois já estava cheia de fregueses para o café da manhã ou drinques. A partir de 1955, conta ele, o movimento começou a cair, mas em 1971 continuava a trabalhar lá embora houvesse dias em que não atendia a nenhum freguês. A “juke-box” foi trocada por uma vitrola e as cadeiras de vime por outras de plástico.
 
O interessante é que a revista, naquela época, estava fazendo um comparativo, um "antes e depois". Comparava a situação da época com a cidade de 35 anos antes. E para isso estampou a primeira foto, mostrando o "guarda chuva erguido por Pereira Passos em 1906 para abrigo ocasional dos que buscavam aqueles arredores". Se da década de 1940 aquela área já era meio isolada, imagina em 1906!
 
A terceira foto já é da década de 50, quando Carlos Reis, em "Brasil Revista", descreve esta região de uma maneira deliciosa, como podem ver na transcrição abaixo:
  "O Joá oferece uma visão panorâmica de deslumbramento, de onde se descortina a entrada da Baía da Guanabara, com o seu espetacular Pão de Açúcar.
O Joá, freqüentadíssimo, mormente nos dias da canícula carioca e aos domingos e dias feriados, é cheio de hotéis, dentre os quais se destaca o famoso Hotel Colonial, um primor de arquitetura e de conforto.
O Joá forma um elevado de 123 metros acima da planície adjacente. Bem perto dali é encontrada a famosa Pedra da Gávea com 842 metros de altitude acima do nível do mar. Mais adiante, há outro acidente topográfico de relevo, a Pedra Bonita, isto na chamada Estrada das Canoas, onde se encontra um excelente hotel desse nome, estrada essa que tem o seu ponto de partida em São Conrado. É um encanto passar-se algumas horas nesse ponto pitoresco da Gávea. Infelizmente o seu acesso só pode, à sua grande distância, ser obtido à custa de veículos. E o automóvel, à subida da serra, torna-se bem caro, o que só é acessível ao desafogado com dinheiro. Poucos, tomando-se por base os 3 milhões de habitantes da nossa cidade, conhecem o Joá. Este, pelos seus aprazíveis contornos, pela exuberância saudável da matéria em redor, da pureza do seu clima, cujas brisas vêem do mar, através do oxigênio bem lavado, que se filtrou pelos ramos dos arbustos em redor, devia ser mais visitado, servindo de refúgio aos que, depois de uma semana de tormenta no mallstrôm da cidade, quisessem recuperar a saúde. É um ponto admirável para o "week-end", que só o inglês, que o inventou, sabe gozá-lo, à sua calculada prática da vida, ao seu decidido amor à Mãe Natura."
 
A quarta foto mostra uma propaganda do local quando já funcionava uma boate. Nas décadas de 60 e 70 aí do lado funcionaram a Boate Cassino Royale e o Namore Modernamente.  O Cassino Royale ficava no terreno à esquerda, em um platô. Tinha um acesso antes do restaurante do Joá, com um elevador para a boate, que ficava no alto. Depois do Restaurante, ficava o cartaz do famosíssimo "Namore modernamente". Nos últimos tempos, onde foi o Bar e Restaurante Joá, funcionou o Zipango Club, que seria uma boate para encontros com "meninas de classe". Depois, consta que foi fechada, tendo sido mudado o nome da Empresa e feita uma associação com um restaurante japonês (Tanaka), antes do seu fechamento definitivo.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

IGREJA DE N.S. DO CARMO DA LAPA DO DESTERRO



Nesta foto de 1925 vemos a Igreja de N.S. do Carmo da Lapa do Desterro, tendo ainda ao fundo o convento, antigo seminário, que seria destruído por um incêndio no final da década de 50. O projeto é do século XVIII, do engenheiro José Fernandes Alpoim, e incluía a capela e um seminário. Obras de reforma aconteceram no século XIX e início do século XX.

 

É curioso que a igreja tenha uma torre sineira à esquerda e à direita apenas a coluna incompleta. Parece que seria completada apenas se fosse elevada à categoria de igreja-matriz. Outra hipótese, menos provável, é que o motivo disso vinha do Governo Português: na época cobraria altos impostos quando a construção estivesse concluída e aí a maneira encontrada para não pagar o imposto era deixar a obra inacabada. Alguém saberia a resposta correta?

 

Outro assunto controverso é que a construção da igreja, de costas para o mar, contrariaria uma norma da Igreja Católica. Isto está certo?

 

Certa vez o Gustavo Lemos escreveu: “As igrejas eram construídas com ofertas feitas pelos fiéis, devidamente lançadas no Livro de Tombo, que também registrava as doações de obras de arte e despesas de construção. Oferta não é dízimo, que é utilizado para pagamento das despesas normais, côngruas (salário dos religiosos) e obras sociais. Por sua arquitetura, podemos saber se a igreja foi projetada para uma ou duas torres. A igreja acima no seu projeto teria duas torres e se uma só foi construída é porque faltou dinheiro para construir a outra.  A construção de uma igreja é aquilo que hoje se chama de "working in progress". Primeiro era construída a nave central, com o objetivo de atrair fiéis. Podemos ver pelos Livros de Tombo que de maneira geral as naves eram construídas com recursos dos irmãos leigos da ordem e o restante com as ofertas dos fiéis e terças dos testamentos dos que faleciam. A construção levava décadas e até séculos para ser concluída. Havia muita concorrência entre os templos. A obra de um igreja podia ser interrompida em função da construção de outra em que parte dos fiéis aderiam. A fidelidade era com Deus e não com o templo e as pessoas testavam a eficiência de cada igreja e elegiam aquela que atendia às suas preces. É claro que estou a falar de forma genérica e nem tudo funcionava exatamente assim. Existiam os devotos que não trocavam de igreja. As paróquias eram construídas pela população e doadas para a diocese.”

 

Quem tem boas recordações desta igreja é o JBAN e vale rememora-las: “Freqüentei muito e entrar aí é viajar no tempo. Sempre me emociono ao reviver as inúmeras missas que assisti nessa igreja com meus pais e avós. Da última vez fui lá no lugar onde eles ficavam e me sentei, lembrando-me das músicas da missa e da bela voz da minha avó e do tom grave da voz do meu avô. Conhecíamos a igreja de cabo a rabo, desde a sacristia até as passagens “secretas” por trás do altar para permitir a colocação das flores e o cofre onde eram guardados os cálices de ouro da Consagração e da Comunhão.

Depois o longo corredor da sacristia, com as cômodas onde eram guardadas as batinas e os paramentos, que transformávamos em pista de corrida. Sempre saíamos pela porta lateral que dava para um pátio onde meu pai estacionava a Kombi. No tempo do Dodge ele parava no recuo em frente à igreja.

Os padres eram muito amigos da família, já que meu pai cuidava da contabilidade da Província Carmelitana de Santo Elias, que administrava a igreja. Aos sábados ele nos levava para o escritório da Província, no térreo do edifício construído depois que o convento pegou fogo. Lá passávamos a manhã batendo à máquina, usando as calculadoras elétricas, carimbando tudo o que podíamos, descascando o mata-borrão, usando goma arábica e enchendo o saco dele.

Os padres eram holandeses, bonachões, gostavam de uma boa bebida e de um bom charuto. Grandes figuras. Sempre que voltavam da Holanda ganhávamos uns caramelos deliciosos, que vinham em uma lata redonda, além das balas de café, tamanquinhos de louça, quadrinhos de moinhos e outros penduricalhos.

Meu primo era coroinha e nos divertíamos vendo-o naquela roupinha de mini-padre. Não sei como escapamos dessa. Acho que éramos bangunceiros demais. Não ia dar certo.

Depois íamos até a Mercearia do Elias e na Padaria Monroe e comprávamos o “material bélico” (como dizia meu avô) para o lanche na casa dos avós na Joaquim Silva.”





 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

PLANTA DE IPANEMA - 1919

PLANTA DE IPANEMA EM 1919

DETALHE 1

DETALHE 2

ASPECTO DE IPANEMA NA DÉCADA DE 70

Este loteamente de Ipanema, da Companhia Constructora Ipanema, encaminhado pelo prezado JBAN, a quem o "Saudades do Rio" agradece, é de 1919.

Ele apresenta algumas curiosidades: bem à esquerda, vemos o "Parque Oceânico", na região que hoje abriga o Jardim de Alá.



Os nomes antigos das ruas também são interessantes: Rua 20 de Novembro (atual Visconde de Pirajá), Rua 28 de Agosto (atual Barão da Torre), Avenida Ipanema (atual Epitácio Pessoa), Rua Projectada (atual Saddock de Sá), Rua Dario Silva (atual Anibal de Mendonça), Rua Pedro Silva (atual Garcia D´Ávila), Rua Octavio Silva (atual Maria Quitéria), Rua Oscar Silva (atual Joana Angélica), Rua Montenegro (atual Vinicius de Morais), Rua 4 de Dezembro (atual Teixeira de Melo), Rua 16 de Novembro (atual Jangadeiros) e Praça Souza Ferreira (atual Nossa Senhora da Paz). As atuais ruas Redentor e Barão de Jaguaribe estão assinaladas no loteamento, mas não abertas. A Rua Farme de Amoedo aparece como aberta até a Lagoa, mas tal nunca aconteceu.



Aquela marca em marron, que começa no lote 34 e termina depois do 29, é uma dobra do papel quando da digitalização.

No final do século XIX o Barão de Ipanema organizou um loteamento que seria vendido por Antonio José da Silva. As denominações das ruas de Ipanema seguiram três critérios: homenagear membros e efemérides da família do Barão de Ipanema, homenagear os integrantes da família do sócio do Barão, o Coronel A. J. Silva, e homenagear todos os que tiveram envolvidos no deferimento do processo de construção de Ipanema, desde o presidente Floriano Peixoto (atual Praça General Osório) ao presidente eleito Prudente de Morais, incluindo o prefeito e engenheiros da Prefeitura.

Foram pouco mais de 40 quadras, divididas em 40 lotes que, na maioria, tinham 10m x 50m. A atual Visconde de Pirajá foi a primeira rua a ser aberta, onde foi colocado um trilho desmontável de madeira até o Bar 20, que permitia que um pequeno trole puxado a burro conduzisse os interessados em comprar terrenos. Foi difícil vender os terrenos "naquele fim do mundo". Alguns, entretanto, acreditaram no anúncio que dizia que "dentro de um lustro aqueles desertos do Sahara se converterão em grandes povoações, para onde afluirá a população desta cidade. Não podemos duvidar da acção civilizadora dos nossos tramways, que têm levado aos bairros afastados e desertos o gosto e o conforto na edificação de prédios, a vida e o progresso, dilatando assim o seu percurso, com aumento de renda".
Estes foram os que tiveram visão de futuro.

A denominação das ruas é um capítulo à parte. Vê-se que seguia-se o hábito, comum na cidade, de homenagear os donos das terras, familiares e agregados. Isso acaba perpetuando nomes que não representam nada para a história da cidade e do país. Também é curioso que a única rua cujo nome foi efetivamente implementado foi a Montenegro, que acabou rebatizada décadas mais tarde.

Vê-se que o Parque Oceânico não correspondia exatamente ao Jardim de Alá, a última rua era a Henrique Dumont, não havendo a Paul Redfern e o trecho inicial da Epitácio Pessoa. Talvez venha daí a lenda, alimentada pelo Cesar Maia, que "Ipanema acaba no Bar 20", e que motivou a construção do infame obelisco.

Os jornais da época anunciavam ainda: "Magnifique promenade hors la Barre, du Copacabana à Ipanema, au bord de la plage, recommandée pour l´air pur et vivifiant qu`on y respire et les superbes points de vue qu´on y découvre. Endroits splendides pour pique-niques. Les dimanches tramways de 10 en 10 minutes et jusqu´à heure avancée de la nuit".

O acesso poderia ser pelo bondinho que passava pela Rua da Igrejinha e pela Avenida Vieira Souto e Rua Teixeira de Melo até a Praça Marechal Floriano Peixoto (hoje Praça General Osório).

Para almoço a opção poderia ser o recém-inaugurado Hotel Silva, em Ipanema: "Ancien Restaurant Ipanema - Hotel Silva - Villa Ipanema. Fondé par Mr. le colonel Antonio José da Silva c´est le plus ancien et le meilleur restaurant de Villa Ipanema. Parc, avenues, parterres fleuris, jeux, balançoires, jardins. À côte des bains de mer. Service de 1er. ordre, à la carte, à toute heure".

As ruas Redentor e Barão de Jaguaribe parecem ser mais imposições do Poder Público para tentar criar mais vias no bairro e eliminar os lotes profundos e com pequena testada ( na proporção) algo que a Prefeitura queria extinguir na cidade.

Nesta época os lados da Lagoa ainda eram um vasto areal sem as ruas urbanizadas e terrenos vendidos, onde viviam por desocupados e pescadores em choupanas. Cabe salientar que Copacabana e Ipanema têm várias ruas sepultadas em projetos de alinhamento que foram abandonados ou, então, com o traçado deslocado como foi o caso da Av. Vieira Souto e a Av. Copacabana, que a partir da Rua Inhangá correria bem perto do mar, sendo a Gustavo Sampaio no Leme parte do seu traçado (com isso a Praça do Lido seria dividida em duas).

Ainda há muitas vilas e servidões por Ipanema. Há belas casas escondidas por trás de prédios de 4 andares. No processo de verticalização do bairro, muitos terrenos foram unidos para permitir a construção de prédios maiores.
 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

IPANEMA


Mais uma foto do início dos anos 70 do acervo do F. Patrício, hoje mostrando o cruzamento da Rua Joana Angélica com a Rua Visconde de Pirajá, em Ipanema, na altura da Praça N.S. da Paz. Vemos um Karman-Ghia cruzando a Visconde, um táxi “Zé do Caixão”, três Fuscas, um Opala e dois ônibus da Ciferal.

 

O fotógrafo tinha, fora da foto, à esquerda a Padaria Ipanema bem na esquina, ao lado da saudosa Chaika (Visconde de Pirajá 321-A, telefone 27-6372). À direita ficava o Banco de Boston, hoje uma filial do Itaú.

 

Na quadra seguinte, à esquerda, além da Igreja de N.S. da Paz, cujo vigário na época era o legendário Frei Leovegildo Balestieri, grande empreendedor, ajudado pela beata D. Itália (aquela que distribuía rosas na saída da missa no “dia das mães”, mas apenas para as que portavam alianças de casada). Nesta época iniciava carreira nesta igreja o Frei Clemente, que se tornou famoso pela “missa dos jovens” que era realizada no Colégio Notre Dame, aí perto, no final da tarde dos sábados.

 

A igreja foi construída a partir de 1918, em homenagem à paz depois da 1ª Guerra Mundial. Foi erguida com o dinheiro da indenização pago pela desapropriação da antiga Igrejinha de Copacabana. Foi projetada por Gastão Bahiana, numa releitura do estilo neobizantino. Tornou-se a matriz da paróquia de Ipanema em 1920. Depois da Igreja vê-se o prédio onde funcionou o Colégio São Francisco de Assis e o prédio do Cinema Pax. Frei Leovegildo Balestieri, que instalou ar-condicionado para conforto dos fiéis ("quem gosta de calor é o Diabo no inferno!"), criou ao lado da Igreja a Obra Assistencial Casa Nossa Senhora da Paz, com serviços médico-assistenciais para a população carente. Dando vazão a seu lado empresarial, montou uma pequena indústria de azulejos no subúrbio, ganhou o controle do guarda-volumes na Central do Brasil e construiu o Center Hotel no Centro da Cidade. Em 1952 já havia inaugurado o Cinema Pax e, anos depois, abriu um rinque de patinação (o Gelorama), um boliche e um teatro de arena, tudo para arrecadar fundos para a Igreja. Também ali funcionou nas décadas de 50 e 60 a Academia Rudolf Hermanny e do Eitel Seixas. Chegou a ser sócio do Canecão. Exagerando, imaginou demolir a Igreja para a construção de um "shopping", onde ao lado de butiques e lanchonetes, haveria uma capela. Uma violenta campanha d´O Pasquim sustou a idéia e a Igreja está lá até hoje. Entretanto, "nosso" frei foi incluído naquele mural do Ziraldo no Canecão.

 

O Cine Pax, bonito prédio "art-déco", com suas colunas no alto da escadaria, foi inaugurado em 30/10/1952 e funcionou até 1977, quando foi substituído pelo Novo Pax, que foi demolido em 1979 e em seu lugar surgiu o “Forum de Ipanema”, um "shopping" luxuoso, nas galerias de um arranha-céu. O Pax tinha 926 lugares. Mais adiante, quase na esquina da Maria Quitéria, funcionou o cinema Roma-Bruni a partir de 1971, depois Bruni-Ipanema e, finalmente,  Star-Ipanema. Na esquina propriamente dita da Maria Quitéria há uma loja de sucos e, ao lado, havia a Imperial Flores que resistiu bravamente por décadas até que virou Sorveteria Itália.

 

Na quadra seguinte, à direita, fica a Praça N.S. da Paz. Esta praça foi aberta em 1894 pelo Barão de Ipanema e já se chamou Praça Coronel Valadares e Praça Souza Ferreira. Hoje, remodelada após as obras para a construção da estação do Metrô, voltou, gradeada, a ser utilizada pelos ipanemenses.

 

E uma lâmpada Thompson para lembrar dos velhos tempos ainda iluminava a Visconde.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

AVENIDA NILO PEÇANHA





Hoje temos duas fotografias do Milan Alram. Mostram a Avenida Nilo Peçanha em 1960. A terceira foto é um detalhe da primeira.

É curioso que alguns veículos aparecem nas duas fotos iniciais, com destaque para a caminhonete dos Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul.

Vemos um grande engarrafamento na Avenida Nilo Peçanha. À direita, alguns veículos estão estacionados no terreno onde seria construído o prédio do BANERJ. Também à direita vemos os carros vindos da Rua México dobrando na Nilo Peçanha. O edifício com pilotis é o Nilomex. À esquerda vemos a Rua Erasmo Braga.

No Rio vivemos a primazia do automóvel enquanto o transporte coletivo de qualidade não é prioridade para os sucessivos governantes. Políticas equivocadas, algumas delas efêmeras (como foi a opção por ônibus elétricos), o domínio de mercado das empresas de ônibus, transportes irregulares e sem controle, interesses duvidosos, tudo contribui para a baixa qualidade do trânsito na cidade.

O metrô, que seria a grande solução, teve seu projeto original alterado para uma "tripa" que corta a cidade, praticamente numa linha única.

A Secretaria de Transportes sempre envolvida em confusão, como a atual, onde reportagens recentes deram conta do "imbróglio" do atual Secretário com o não pagamento de impostos e ainda ontem com a notícia de que a merendeira alçada a cargo importante nesta Secretaria teria mentido sobre o fato de ser bacharel em Direito. Segundo esta reportagem d´O Globo ela não teria concluído o curso.

As fotos teriam sido tiradas a partir do Edifício Avenida Central?





domingo, 12 de fevereiro de 2017

CENTRO


Neste domingo de sol duas fotos para lembrar do Centro na década de 70.

Na primeira, destaque para o famoso Edifício Standard com seu anúncio da Esso no topo. E, logo atrás, o anúncio da Iberia, do qual não me lembrava.

Na segunda, o Palácio Monroe que fazia tempo que não aparecia por aqui.