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sábado, 5 de outubro de 2024

NA MINHA CASA (3)

 NA MINHA CASA TINHA. E NA SUA? (3), por Helio Ribeiro

Como neste fim de semana as atenções estarão voltadas para outro assunto, resolvi fazer esta postagem simples, ainda sobre utensílios e objetos antigos. Aceitei as lembranças de vários de vocês e acrescentei algumas reminiscências minhas.


SANDUICHEIRA

Só me lembro de ter isso já depois de casado. Tive dois modelos diferentes.


PRATO DECORATIVO

Também eram comuns esses pratos, que ficavam presos em suportes. Lá em casa havia um, de metal cinza (não sei se chumbo ou estanho) que era do tipo de pendurar na parede. Mostrava o interior de uma casa da Idade Média. Muito bonito. Não sei que fim levou. 


LAMPARINA


Havia mais de um tipo, sendo que algumas possuíam um cabo para transporte.

 

FOGAREIRO

O lá de casa era exatamente igual ao da foto. Inclusive quanto à ferrugem.

 

ESPIRITADEIRA

Não me perguntem a origem desse nome. Tínhamos uma ou duas lá em casa, mas chamávamos de fogareiro de mão.

 

LAMPIÃO

Também havia vários tipos, os mais antigos a querosene e os mais novos a carbureto. Só tínhamos o modelo a querosene.

 

ESPANADOR

Apetrecho especializado em jogar a poeira de um lado para outro. Tínhamos um, diferente do modelo da foto. Era maior e as penas também eram diferentes.

 

ABANADOR

Isso eu tive até sair de casa, em 1998. Usávamos para abanar a churrasqueira pequena. Não sei que fim minha ex deu a ele.

 

BOMBA DE FLIT

O modelo da foto é bem antigo e original. Depois surgiram modelos em plástico colorido.

 

ESPIRAL e MATA-MOSCAS

Eis a famosa Espiral Sentinela, indispensável na época dos pernilongos. Cheiro muito forte, veneno para os alérgicos. Na embalagem elas vinham encaixadas uma nas outras. Tinham de ser desencaixadas com cuidado, para não quebrarem.

O mata-moscas manual ainda hoje é vendido, embora haja os modelos a pilha.

 

RELÓGIOS DE PAREDE

Havia muitas dezenas de modelos diferentes. As fotos exibem apenas uma amostra deles. Alguns tinham carrilhão para toque a cada 15 minutos ou a cada hora.

 

RELÓGIOS DE MESA

O modelo à esquerda era muito comum nas casas. O da direita é um despertador da famosa marca Westclox. Lá em casa havia um exatamente igual à foto. Era usado pela minha avó para acordar às 04:30h, levantar-se, fazer café, comer um pão francês com manteiga, arrumar-se e ir para o trabalho na Lavanderia Alva, na rua Soares Cabral. Para isso ia até a esquina da rua, pegava o bonde 66 – Tijuca, saltava na rua da Carioca, andava a pé até o Tabuleiro da Baiana e lá pegava o 2 – Laranjeiras ou o 3 – Águas Férreas.

Trabalhou na lavanderia até os 67 anos de idade, quando teve um AVC que não deixou sequelas mas a afastou do trabalho.

 

RELÓGIO CUCO

Havia uma quantidade imensa de modelos diferentes. Em 1998 me hospedei num pequeno hotel em Nova Friburgo cujo dono era suíço e fabricava esse tipo de relógio.

Quando me mudei para a casa onde moro atualmente, o inquilino anterior havia deixado um falso relógio cuco (era movido a pilha). Minha mãe e minha tia ficaram com ele, mas minha tia reclamava do cuco cantando de madrugada. Quando ambas morreram, uma em 2014 e outra em 2018, o apartamento foi devolvido ao proprietário e não sei que fim o relógio teve.  

 

BATEDEIRAS

Havia ambas lá em casa, exatamente iguais às da foto.

 

RETRATO OVAL

Muito comum nas casas antigas. Lá em casa havia um da minha avó, porém ficava em cima de um camiseiro e não na parede.

 

RETRATO DE CRIANÇA

Era comum retratistas ambulantes que batiam nas casas e se ofereciam para tirar fotos dos moradores, normalmente das crianças. Uma vez minha mãe aceitou a oferta e meu irmão e eu fomos fotografados. Eis-me acima, segurando um exemplar da Revista do Rádio, fingindo compenetração na leitura.

 

QUADROS RELIGIOSOS

Também muito comuns. A foto abaixo mostra um do Sagrado Coração de Jesus, incrivelmente parecido com o que havia lá em casa e que citei ainda outro dia, ao contar sobre o período de loucura do meu tio. Até a moldura parece a mesma.

Quadros com a Santa Ceia também eram comuns. Havia um lá em casa.

  

PENICO

Ao que me lembro, havia dois lá em casa: um menor e um maior. Muitos anos depois, por motivos que ninguém imagina e só contarei após cortarem meu pescoço, comprei um de alumínio. Não lembro que fim lhe dei. Acho que quando me casei ele ficou na casa da minha mãe.

 

TELEFONES DE MESA

A foto mostra um modelo comum e um a magneto (alguns chamam de “a manivela”). Minha tia possuía um desses comuns. O número era 38-6969.

Quanto ao de magneto, no período em que íamos a família toda a Angra dos Reis (1959-1970), ficávamos hospedados num hotel muito chinfrim, de nome Hotel do Comércio, situado na rua homônima. Uma espelunca. O telefone era a magneto, número “Angra dos Reis 17”.

 

TELEFONES DE PAREDE

Nosso primeiro telefone era do tipo de parede, o modelo preto da foto. O número era 58-8514. Ficava dependurado perto da porta de entrada da sala de jantar. Quando minha mãe ligava para o “Angra dos Reis 17” para reservar quartos, a ligação era péssima. A espera da telefonista era de 3 horas. Quando completava, minha mãe berrava a plenos pulmões para conseguir ser ouvida lá no hotel.

Já o telefone de madeira da foto era muito parecido com o existente na casa de uma tia-avó, que morava na rua Viscondessa de Pirassununga, 33A no bairro do Estácio.


-------   FIM  DA  POSTAGEM  ------



quinta-feira, 3 de outubro de 2024

FÁBRICA DE VIDROS


Do ilustre Francisco Patricio recebi a seguinte mensagem: “Aqui tem o Nobre Amigo oportunidade de publicar uma interessante fotografia do Bairro de São Cristóvão. Trata-se da Companhia Fabrica de Vidros e Crystaes do Brazil, em foto de 1910.

Localizava-se na Rua General Bruce (esquina com a Rua Santa Catarina, atual Rua Esberard), junto ao Campo de São Cristóvão. Manteve-se ativa até 1940. Fabricava vidros (foi a primeira grande fábrica de vidros do país) para lampiões, janelas, copos e artigos de mesa. Importava máquinas da Europa para fabricar garrafas e frascos. Seu cristal era comparado ao da tracional Bacarat.”

Fui dar uma pesquisada e descobri que a Fábrica era propriedade de François Antoine Marie Esberard e, segundo o "Correio da Manhã",  situava-se na Rua General Bruce número 1 e 6.

Em 1905 o repórter do “Correio da Manhã” assim descreveu uma visita a esta fábrica:

“Marcava o nosso relógio exactamente 10 horas da manhã quando saltámos no ponto terminal dos bondes de S. Luiz Durão, em frente ao novo edifício da Intendencia Geral de Guerra, na praia de São Christovão; um minuto após penetravamos, pelo largoportão do lado da rua General Bruce, na importante fabrica de louça, objectos de vidros e crystaes.

O dia amanhecera triste, carrancudo, o céo coimado de grossas placas cinzentas e os morros, ao longe, enrodilhados em brumas ameaçadoras.

No mar, levemente frisado pela aragem, esbatiam-se as velas das embarcações pondo manchas escuras no espelho faiscante das aguas; pela praia, entre o ruido rytmado das machinas de serrarias e fabricas, o fervilhar de dezenas de pessoas demandando a parte central da cidade.

Dentro da fabrica, num largo olhar de conjunto e synthese impressionista, sentimos a sensação de que penetravamos num estabelecimento modelar, tal a ordem, um quér que seja tranquillo e harmonico no meio do borborinho natural de uma grande manufactura.

O sr. Esberard, activo e diligente, andava pelas oficinas inspecionando, na faina diaria; avisado, porém, de nossa presença, veio presto, sorridente e cavalheiroso, o sympathico rosto emoldurado no alvor cuidada da barba.”

A extensa reportagem segue descrevendo toda a fábrica e termina com o seguinte parágrafo:

“Era 1 hora da tarde quando no portão da fabrica apertámos, em despedida, a mão do honrado industrial que é o sr. Esberard, dando-lhe os nossos parabens pela excellencia do seu estabelecimento fabril e gratíssimos á fidalga distincção com que tratou o representante do Correio da Manhã”.

Transcrevo informações obtidas na Internet: “As primeiras peças de vidro fabricadas no Brasil foram produzidas por vidreiros da Holanda que chegaram ao país com Mauricio de Nassau em 1637. Os holandeses conquistaram militarmente a então capitania de Pernambuco em 1630 e por lá ficaram até 1654, quando foram expulsos pelos portugueses. Nassau administrou a região de 1637 a 1643. Com o seu retorno para a Europa, a nascente indústria do vidro desapareceu.

Só no final do século 19 pode-se dizer que, efetivamente, foi introduzida a fabricação de vidro em moldes industriais: em 1878, François Antoine Marie Esberard fundou, no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, a fábrica Vidros e Crystaes do Brasil. Nessa indústria, com a modernização dos processos fabris, eram fabricados desde garrafas até serviços de mesa em cristal com qualidade comparável ao produto europeu. 

Em São Paulo, em 1895, foi fundada a Vidraria Santa Marina para a produção de garrafas. Desde então, com a crescente industrialização do Brasil, diversas fábricas de vidro foram sendo implantadas principalmente em São Paulo. 

Hoje existem centenas de transformadoras de vidro no Brasil, mas somente quatro empresas fabricam a matéria-prima, ou seja, o vidro plano: Cebrace, AGC Brasil, Vivix e Guardian Glass.”

PS: o nosso prezado Lino Coelho não trabalhou na CISPER - Companhia Industrial São Paulo e Rio de Janeiro, fundada em 1916 por Olavo Egydio de Souza Aranha Junior e Alberto Monteiro de Carvalho?

terça-feira, 1 de outubro de 2024

UMA VIAGEM FANTÁSTICA

Nosso amigo e grande colaborador GMA me mandou um filmete da INA mostrando a chegada ao Rio, em 1954, de dois aventureiros franceses, Henri Lochon e Jacques Cornet. Alguns fotogramas reproduzo hoje.

Como qualquer imagem enviada desperta o desejo de saber mais sobre o Rio de antigamente, fui procurar mais detalhes sobre esta aventura e encontrei coisas interessantes, inclusive uma reportagem na revista “Popular Mechanics”, de 1955.

Ao final desta postagem transcrevo o relato dos dois aventureiros a esta revista, no que se tornou a postagem mais extensa do "Saudades do Rio".

60 anos depois, outros dois franceses, Pierre Pitoiset e Eric Carpentier, repetiram parte da viagem de Henri Lochon e Jacques Cornet, por ocasião da Copa do Mundo de 2014. Cruzaram as Américas ao longo de 25.000 km com um Citroën 2CV 6 Especial, fabricado em 1988.

Mas vamos abordar a viagem de 1954.

FOTO 1: Os dois jovens franceses deixaram Paris e embarcaram para o Canadá, via Le Havre. No navio que os conduzia para a América levavam além de seus pertences pessoais um pequeno carro Citroën, modelo ainda não conhecido no Brasil. E de Quebec os dois iniciaram um raid automobilístico que se estendeu por 13 países, num percurso de quase 60 mil quilômetros.

Na Bolívia, numa estrada primitiva dos Andes, eles bateram o recorde de altitude para automóveis, subindo a 5420 metros.

Depois de descerem pela costa do Pacífico, chegaram à Terra do Fogo, de onde subiram pela costa do Atlântico, até chegar ao Rio de Janeiro.


FOTO 2: Saindo em 08/05/1953 de Paris, Henri Lochon e Jacques Cornet percorreram 52 mil quilômetros em 367 dias com Citroën 2 CV, com um motor de 425cc e 9 HP, na maior viagem jamais feita de automóvel.

Segundo o blog do Bob Sharp este modelo 1954 ainda tinha o primeiro motor de produção, o bicilindro boxer de 375 cm³ e 9 cv, arrefecido a ar. É carro minimalista ao extremo. Mesmo pesando apenas 600 kg, seu desempenho é apenas suficiente para rodar, como o 0-40 km/h em 42,4 segundos e velocidade máxima de 64 km/h.


FOTO 3: O curioso é o carro estar com pneus Michelin X, radiais, com seu desenho de banda de rodagem inconfundível, o primeiro pneu radial do mundo, surgido em 1947.

A alavanca de câmbio sai do painel e seu formato é aproximadamente o de um cabo de guarda-chuva, de movimento para trás e para frente, e o “cabo” gira para os lados para fazer a seleção de canais. É surpreendente como funciona bem. O diagrama das marchas é Ré-1ª, 2ª-3ª e 4ª perna-de-cachorro para frente.

(Nossos comentaristas, especialistas no assunto, poderão corrigir eventuais erros nas informações).

Foi numa época em que se podia atravessar um monte de países quase que com 100% de segurança, o que possibilitou esta fantástica aventura.

A viagem resultou de um desejo de Henri Lochon dirigir um carro pela Rodovia Pan-Americana, do México até a Terra do Fogo, último ponto de terra no sopé da América do Sul, enquanto Jacques Cornet, embora concordando que a América do Sul era uma boa ideia, queria fazer uma turnê pela América do Norte.

Resolveram juntar dinheiro e comprar um carro novo. Planejaram, então, uma expedição de um ano por todas as Américas, fazendo um “tour” que nenhum carro jamais havia percorrido.

Planejaram ir de navio para Quebec, descer pelo Canadá até Nova York e Washington, seguir para o oeste através dos Estados Unidos, via Chicago e Salt Lake City até São Francisco. A partir daí até Los Angeles, depois para El Paso, para pegar o Pan-América e dirigir pela América Central e do Sul até o fundo do mundo. Depois subir a costa leste até o Rio e navegar para casa.

FOTO 4: Aqui começam os fotogramas do Citroën já no Rio. Por seu tamanho pequeno, peso leve e pelo fato de poder ser facilmente desmontado para ir a quase qualquer lugar, o Citroën parecia um bom carro para esta viagem. Ele tem um motor simples de dois cilindros refrigerado a ar e uma transmissão robusta de quatro velocidades. Comporta quatro passageiros.

Com os dois na frente, toda a retaguarda poderia ser usada para o equipamento, comida e reserva de água e combustível. Outra característica única é que as portas e painéis laterais desses carrinhos são removíveis simplesmente deslizando-os para fora das ranhuras.

Na época, a representante dos "Automóveis Citroen Ltda." ficava à Rua Bambina, número 37, no Rio de Janeiro -RJ. Lá trabalhava Monsieur Michel Fondeville, pai do Claude, nosso prezado Rouen.

FOTO 5: As características citadas acima, para dirigir na lama ou em encostas íngremes, proporcionava uma redução de peso que significava a diferença entre ir a algum lugar ou dar meia-volta derrotado.


FOTO 6: O carro era padrão, exceto por uma modificação no sistema de suspensão. As rodas eram montadas em braços móveis, amarrados entre si por um sistema de hastes de mola semelhantes a barras de torção. Com a traseira do carro pesada, o movimento de balanço foi controlado, resultando em um passeio firme e plano e bastante espaço livre.


FOTO 7: Compraram equipamentos leves, jaquetas e calças de náilon, sapatos de lona, ​​sacos de dormir leves de borracha e colchões de ar, uma pequena barraca de náilon, utensílios de alumínio, estojos de alumínio estanques para nossas câmeras, tanques de alumínio para armazenar combustível e água. Uma caixinha continha leite em pó, café, tabletes de trigo e chocolate, pílulas de vitaminas e alguns alimentos enlatados. Com essas poucas coisas e os dois o Citroën estava cheio.

A primeira etapa, em boas estradas do Canadá e dos Estados Unidos, transcorreu sem contratempos. Passaram por Detroit, Chicago, Salt Lake City, São Francisco, Los Angeles e El Paso. Ao longo do caminho souberam que haveria complicações, pois não existia nenhuma rodovia Pan-Americana ligando as Américas.

Passaram com dificuldade pelo México, El Salvador, Costa Rica, Panamá. Depois Equador, Colombia, Chile, Bolívia, Argentina, Brasil.


FOTO 8: Em Copacabana atraíram a atenção dos cariocas.



FOTO 9: E chegaram de volta pela África, via Dacar, até Paris. A foto é defronte à igreja de Notre-Dame.

“Deux jeunes Lyonnais, Henri Lochon et Jacques Cornet, après un périple de 52.000 km, fêtent leur retour dans la capitale à bord de leur Citroën 2CV, Paris, le 10 mai 1954.”

E assim eles contam sua história:

Através de São Francisco, Los Angeles e El Paso ronronamos conforme planejado. As paisagens mentais ensolaradas do México giravam em um caleidoscópio panorâmico de imponentes montanhas e campos, cabanas e mansões. Índios coloridos e camponeses monótonos caminhavam penosamente pela beira da estrada, conduzindo pequenos burros abatidos, enterrados sob cargas prodigiosas.

Nós nos esquivamos e nos esquivamos dos motoristas de táxi malucos da Cidade do México, cuja menor preocupação é outro carro ou pedestre. Ainda assim, seguimos em direção ao sul com problemas... através de Puebla, Mitla e Oaxaca, onde paramos por tempo suficiente para ver os magníficos templos zapotecas que haviam sido destruídos pelos conquistadores espanhóis, e para preparar nosso carro e verificar os pneus, o combustível e o desempenho do motor para o muito à frente.

Em Tehuantepec, ficamos sem estrada de superfície dura e nunca mais a vimos até Oran, 32.000 quilômetros depois.

Agora que a diversão começou, as montanhas fronteiriças da Guatemala se aproximavam. A estrada se estreitou para um caminho de bois rochoso e esburacado que rapidamente diminuiu para uma trilha a pé através de florestas imponentes.

Um carro normal nunca poderia ter feito o que o nosso pequeno Citroën conseguiu.

O primeiro rio foi facilmente atravessado. Então veio outro, profundo. Nós empurramos o Citroën para o outro lado. Depois outro e outro. A selva se fechou até que tivemos que alternar a caminhada na frente do Citroën com um facão para abrir caminho, sinalizando o caminho para o motorista. Avançando alguns metros de cada vez, chegamos à beira de um riacho caudaloso e entramos com confiança nele. Quase instantaneamente, o motor molhado morreu. 

Quatro horas lutamos com corda, equipamento e macacos, avançando nosso carro desmontado para a margem oposta enquanto olhos brilhantes de feias iguanas de um metro e meio nos espiavam através da folhagem. Uma vez do outro lado, Lianas se enroscaram em torno de nós. O carro afundou na terra fofa. Nenhuma quantidade de corte ou transporte o libertaria. O calor fumegante desceu como neblina e os mosquitos começaram a trabalhar em nós. Estávamos presos, era isso. Henri ergueu as mãos. "De volta à Ferrovia Nacional Mexicana", anunciou ele. "Não somos os primeiros."

As estradas em Columbia eram pouco melhores do que amplos leitos de lama. Ficávamos presos várias vezes ao dia e geralmente tínhamos que desmontar o carro antes de retirá-lo.

Aquela noite foi passada na selva. Sem alimentos e equipamentos de emergência, poderia ter sido pior. No dia seguinte, desmontamos o carro e o puxamos com a linha manual cerca de 10 milhas até os trilhos. Em seguida, outra viagem para embalar o resto do nosso equipamento. Acenamos para o primeiro trem de carga e embarcamos para um passeio de trem de meio dia pelas montanhas até a Guatemala.

Exceto pelas incríveis inclinações de 45 graus que funcionaram com nosso pequeno motor de dois cilindros com um calor ardente, exigindo muitas paradas para resfriamento, a estrada montanhosa para a Cidade da Guatemala a partir da ferrovia era bastante boa. Após a ignição e o conserto de pneus na Cidade da Guatemala, seguimos para o sul novamente como novos. E por centenas de quilômetros através de El Salvador e Nicarágua, tudo foi ótimo. Começamos a zombar das histórias escuras que ouvimos.

Então vimos os picos irregulares que separam a Nicarágua da Costa Rica. Além do mais, a estação chuvosa estava em pleno andamento. À medida que avançávamos, a estrada se tornou um esgoto de lama, um metro de profundidade em alguns pontos. Atolamos uma dúzia de vezes, finalmente descarregamos.

Levantaram o Citroën e acorrentaram enquanto um grupo de índios molhados e sujos se reunia para assistir e balançar a cabeça. Nenhum homem, eles nos disseram, estava nessa estrada há quatro meses. Devemos estar loucos. Por um tempo, as correntes ajudaram. Em seguida, com a coxa cheia de lama, empurramos, puxamos e balançamos de um buraco de lama para o outro, avançando apenas alguns metros de cada vez. As rodas se agitavam contra o nada. O motor superaqueceu, o calor era nauseante. 

Finalmente, o pequeno carro bateu em um enorme buraco e desistiu. Foram necessárias seis mulas e tantos motoristas para nos tirar de lá - decidimos ir para o mar. Batemos e aterramos até a costa, onde embarcamos em um navio para a fronteira com o Panamá. De lá para a Cidade do Panamá, a estrada era boa. E quando soubemos na chegada que um navio francês estava prestes a partir para Buenaventura, Colômbia, desistimos de tentar a selva de Darien e apenas dirigimos a bordo.

Em emergências, tínhamos que improvisar. Quando o macaco quebrou no deserto do Atacama, nós o substituímos por pedras.

Uma vez liberados pela alfândega, não perdemos tempo em sair de Buenaventura. Embora esburacada e lavada, a estrada era transitável. Mas as pontes de madeira podres e rangentes nos deram muitos escrúpulos. Fora de Cali, a caminho de Bogotá à noite, uma das antigas engenhocas finalmente se desfez sob nós. Com um estrondo estrondoso, o chão cedeu e caímos com o nariz na margem do rio, explodindo os dois pneus dianteiros, danificando as rodas e quebrando o eixo. 

Tínhamos puxado o carro para o lado da roda quando ouvimos tiros e cavalos galopando de uma colina próxima. Alguém nos ouviu. Fomos avisados para não viajar à noite. Guerrilhas à espreita

Dessas colinas atiravam em qualquer um. Embora famosos por sua notável imprecisão com armas, os tiros perdidos eram conhecidos por arranhar as pessoas de vez em quando. Apagamos as luzes e esperamos. O primeiro cavaleiro passou por nós, trovejou direto pelo buraco na ponte, bateu contra o aterro distante e ficou gemendo. Aqueles que o seguiam refrearam bem a tempo e evitaram o mesmo destino, correram em seu auxílio com muita tagarelice. A confusão jogou em nossas mãos, Henri ligou a ignição, bateu no motor de arranque e o pequeno carro fiel acelerou em boa forma. Pneus furados, rodas tortas, eixo quebrado, ela estremeceu na estrada em um ótimo clipe. Esses cavaleiros nunca souberam o que decolou a partir daí.

Entramos mancando em Bogotá na manhã seguinte e telegrafamos a um amigo em Paris para enviar peças por via aérea. Eles chegaram em dois dias. Esperamos mais seis dias enquanto o dano era reparado por um "mecânico" italiano que não conseguia nos entender, nem nós a ele. Pode ser por isso que ele instalou o eixo de cabeça para baixo - quem sabe? O erro veio à tona 5.000 milhas depois, quando, passando por uma passagem nos Andes chilenos, o eixo de cabeça para baixo, incapaz de suportar o estresse incomum imposto a ele, se partiu em dois e deixou nossas rodas dianteiras com os joelhos.

O Citroën foi desmontado para uma corrida em altitude. Depois de um passeio perigoso, alcançamos um recorde de 17.000 pés (5420 metros), certificado pelo Automóvel Clube da Bolívia.

Pois lá foi tudo ladeira abaixo, por 10 dias fizemos curvas fechadas e descemos trilhas de montanha de arrepiar os cabelos até a costa chilena. Em Iquique, estocamos suprimentos de comida e água para os 1.750 quilômetros de deserto entre nós e Santiago. Parando apenas para comer, dirigimos dia e noite pelas areias açoitadas pelo vento em uma imensidão de espaço. A essa altura, nossos pneus que eram novos na Colômbia estavam furando a uma taxa de quatro vezes por dia. 

Depois de nos recuperarmos em Santiago por duas semanas, seguimos para o sul até Puerto Montt, onde a estrada e as praias deram lugar a encostas íngremes de montanhas que mergulhavam verticalmente no mar.

Henri, eu e o Citroën embarcamos na pequena escuna de 100 toneladas do capitão Francisco navegando entre as ilhas. Fomos desembarcados várias centenas ao longo da costa em Puerto Aysén, uma cidade de pescadores de casas brancas, calçadas largas e marinheiros, uma reminiscência de uma centena de portos escandinavos. 

A partir daqui, a costa rochosa se ergueu até as estepes áridas da Patagônia. Ouvimos falar dos ventos terríveis, varrendo os mares do Pólo Sul, que constantemente atingem esta terra sem estradas de desolação rochosa. Mas não tínhamos ideia, quando partimos em direção ao nosso objetivo da Terra do Fogo, o quanto isso nos afetaria. Vendavais de 60 a 90 milhas por hora nos açoitaram com fúria por toda a distância. Nossas mãos e rostos picaram de seixos até o tamanho de bolinhas de gude - chicoteados no ar e conduzidos antes da explosão. Dirigimos em grande parte pela bússola, já que o vento forte apagou tudo, exceto o menor vestígio de trilhas. Exceto pelo ocasional fazendeiro refugiado, os únicos sinais de vida eram alguns avestruzes, guanacos e coelhos fugindo. A vida era uma sucessão de pneus furados.

No Natal, havíamos percorrido as acidentadas 1.000 milhas até Punta Arenas, no Estreito de Magalhães. Estávamos sujos e famintos. Aqui, onde a luz do sol durava 20 horas por dia, usamos as escassas instalações da vila isolada para consertar nosso Citroën e nos preparar para a corrida para a cidade mais civilizada do sul dos continentes ocidentais: Ushuala, na costa sul da Terra do Fogo. Fomos avisados de que nunca conseguiríamos. Não havia estrada. Penhascos rochosos íngremes mergulharam em praias completamente inundadas na maré alta, e uma cordilheira escureceu os últimos 10 quilômetros. Mas valeu a pena tentar.

Os fuzileiros navais chilenos concordaram em navegar pelo estreito em uma barcaça de desembarque. Então, em 03:00 horas uma manhã, para mais balançar a cabeça e previsões terríveis, navegamos para o sul. Seis horas depois, os amigos fuzileiros navais nos desejaram boa sorte e nos deixaram na praia de Marantiales. 

Seguindo o conselho, batemos e esbarramos ao longo da margem de um pequeno rio chamado Rio Grande e encontramos abrigo naquela noite em um rancho isolado de propriedade de um belga refugiado que nos informou que não havia nenhuma estrada a partir daqui. Teríamos que pegar a praia na maré baixa. Sair às 08:00 nos daria quatro horas para percorrer 30 milhas - tempo suficiente se os pneus aguentassem. Senão? Talvez tenhamos que escalar os penhascos e voltar para casa.

A paisagem do deserto do Atacama, no Chile, faz pensar que se está dirigindo na lua. 

A sorte estava conosco, os pneus retidos e ao meio-dia estávamos de volta à chamada estrada, fora da praia. Mas depois de 50 milhas, a estrada diminuiu para nada além de desperdício ilimitado: uma terra de pássaros, milhões deles, tão destemidos que tiveram que ser enxotados do caminho com paus. Então um rio caudaloso bloqueou o caminho e no meio do caminho o carro ficou preso. A bagagem flutuou pela corrente enquanto lutávamos por quatro horas, desmontando os painéis e portas dos carros para que pudéssemos retirá-la.

Mais horas foram perdidas para começar de novo. A chuva e a neve começaram a nos atingir, e a trilha se tornou um lamaçal que havia congelado. Uma dúzia de vezes arrancamos o carro dos buracos e valas em que ele derrapou. As correntes eram de pouca ajuda, nossos pés e mãos estavam azuis de frio, mas ainda assim avançamos lentamente por um país que nenhum carro jamais havia viajado.

Em três horas, havíamos percorrido três quilômetros em uma trilha de burros que levava até a última cordilheira. De repente, nos encontramos presos entre a parede do penhasco e um precipício de 500 pés. Não podíamos ir mais longe. A saliência à frente era mais estreita que o carro. No local precário, tivemos que virar o carro e encontrar refúgio antes do anoitecer às 22:00 horas. Três horas de folga. Era muito perigoso recuar.

Levantando, levantando e persuadindo, quase conseguimos - então a roda traseira escorregou sobre a borda e ficou pendurada, girando no espaço. Cavando a pé na fenda da parede do penhasco e usando uma muda robusta como alavanca, Henri empurrou com força contra a roda pendurada enquanto eu levantava e puxava o carro. Uma leve rajada agora teria feito o veículo oscilante mergulhar na borda. Centímetro por centímetro ele apareceu. Por fim, entorpecidos e cansados, subimos a bordo e descemos a trilha até a cabana de um colono que havíamos passado no caminho.

O lento retorno de volta através do Estreito em uma barcaça de desembarque, atravessando a Patagônia varrida pelo vento e depois para a costa leste para Buenos Aires, São Paulo e Rio, foi anticlimático. Nosso segundo conjunto de pneus se soltou em tiras nas estepes desoladas, e dirigimos 2.000 milhas até Buenos Aires nas bordas, batendo sobre as rochas como uma lata de lixo cheia de rebites.

Os banquetes, festas e hospitalidade das pessoas que nos receberam nas cidades glamourosas da Argentina e do Brasil rapidamente apagaram as memórias sombrias de nossa provação. 

E com o Citroën mais uma vez soldado em uma única peça, equipado com um novo conjunto de rodas e lavado, as coisas pareciam mais brilhantes. Tão brilhante que é o Rio, tomamos a decisão imprudente de navegar para Dakar, em vez da França, como planejado originalmente, e viajar de volta pelo deserto do Saara para estabelecer outro recorde. Voltaríamos para casa pelo Senegal, Sudão, Bamako no rio Níger, contornando a montanha até Oran, descendo até Casablanca até Rabat e Tânger. Do outro lado de Gibraltar, passando pela Espanha e Paris!

A maravilha é que já conseguimos. Havíamos superestimado a capacidade de nosso pequeno veículo robusto e de nós mesmos. Se o carro fosse novo, talvez não tivéssemos problemas, mas com 25.000 milhas de punição horrível sob o capô, estávamos pedindo demais. O Saara é um deserto cruel.

Nada parecia tão bom quanto Paris, a Champs Elysées e o Arco do Triunfo.

A algumas centenas de quilômetros de Dakar, nas areias escaldantes, nossos problemas começaram. Os pneus novos superaqueceram e explodiram continuamente. A bateria acabou e ficamos presos lamentavelmente uma e outra vez nos horizontes intermináveis de areia solta e à deriva. Nosso escasso estoque de água potável foi rapidamente consumido, enquanto trabalhávamos transpirando em um calor de 120 graus F para empurrar o carro para fora das armadilhas de areia. Duzentos quilômetros de qualquer lugar, a água havia sumido. Por dois dias, ficamos sem nenhuma enquanto lutávamos para mover o carro alguns quilômetros miseráveis sobre os resíduos. Nenhuma alma viva passou. Nossos lábios formaram bolhas e as línguas começaram a inchar. Naquela noite, quando nos deitamos para dormir no lado fresco de uma duna, nenhum de nós falou. Sabemos que outro dia significaria o fim.

A manhã não trouxe alegria até que, de repente, Henri deu um coaxar rouco e apontou para o horizonte. Lá, rastejando pelas dunas contra o céu, havia uma caravana de camelos vindo em nossa direção! Eles eram comerciantes Tuareg. Nenhuma visão no mundo poderia ter sido mais bonita. A água salobra de seus sacos azedos de pele de cabra tinha gosto de primavera fresca e cristalina da montanha para o nosso bocas ressecadas. Esses samaritanos do deserto nos alimentaram, nos descansaram, então com um jovem camelo atrelado à frente do Citroën fomos rebocados ingloriamente por 20 milhas até um oásis. 

Fazendo reparos de emergência, conseguimos entrar mancando em Bamako, onde o carro foi reparado e reequipado com pneus novos. O restante da jornada para Oran foi um pesadelo cavando para fora de poços de areia, pequenas avarias e esperando sob o sol escaldante que os caminhões viessem e nos rebocassem para fora dos problemas. Então veio Oran e os pesadelos se foram. Mais uma vez, dirigimos em estradas planas e com capota rígida, ronronando como se nada no mundo tivesse nos impedido.

E assim voltamos para Paris em um passeio turístico, para a praça em frente à Notre Dame. Sob nossos cintos havia uma grande aventura e uma variedade de registros de compreensão. Faríamos isso de novo? Não posso falar por Henri, mas sei disso, por mim mesmo. Vou me contentar em me estabelecer na busca de minha nova profissão, a fotografia. Se isso me levaria ou não aos cantos do mundo novamente, quem sabe?

E o "link" para o filmete enviado pelo GMA é este: 

https://www.ina.fr/ina-eclaire-actu/video/afe85005536/arrivee-a-rio-de-la-2-cv-qui-a-relie-les-trois-ameriques 

domingo, 29 de setembro de 2024

DO FUNDO DO BAÚ: NA MINHA CASA (2)

  

NA MINHA CASA TINHA. E NA SUA? por Helio Ribeiro (2)

Na postagem de ontem vimos móveis que costumavam existir nas casas antigamente. Hoje vamos nos dedicar a utensílios e objetos. Na minha casa de infância e adolescência tinha todos os abaixo. E na sua, o que disso existia? Confesse sem rebuços.

 

FILTRO A VELA e MORINGA


Levava horas para a água passar do compartimento de cima para o de baixo do filtro. E periodicamente tinha de ser feita limpeza da vela.

 

MÁQUINAS DE MOER CARNE E DE RALAR CÔCO


Lembro que ambas eram totalmente desmontáveis, para possibilitar limpeza. A de ralar servia tanto para côco como para queijo parmesão. Lá em casa a de moer carne era a mais usada. A outra, quando usada, era para ralar queijo parmesão. Raramente para ralar côco.

 

ROLO DE PASTEL e FORMINHAS DE EMPADA

    

São incontáveis as piadas em que a esposa fica aguardando o marido retardatário com o rolo de pastel na mão, pronta para lhe dar uma cacetada ao entrar.

Quanto às forminhas, meu irmão e eu de vez em quando as usávamos para fazer botões para nossos times de botão. Picávamos plástico de brinquedos velhos, untávamos a forminha com banha ou manteiga, jogávamos os pedaços dentro e derretíamos no fogo. O resultado era um botão multicolorido. Mas a meu ver eram perebas. Eu preferia vidrilhas (tampas de relógio de pulso).

Agora, que uma empada é gostosa, lá isso é!

 

CHUVEIRO ELÉTRICO LORENZETTI METÁLICO


Eu morria de medo de levar choque ao abrir a água, o que às vezes acontecia. De vez em quando precisava trocar a resistência, o que dava um trabalhão porque tinha de retirar todos os parafusos à volta do chuveiro, e eles eram mais ou menos doze. Mais raramente precisava ser trocado o diafragma.

 

DESCANSO DE PANELA DE MADEIRA


Os lá de casa eram exatamente iguais aos da foto. Quem os teve se lembra que eram dobráveis, para facilitar guardá-los.

 

COMPOTEIRA


A nossa era idêntica à da foto. Mas era usada para guardar balas, e não compotas, pois lá em casa era raro usarmos esse tipo de doce, exceto quando minha mãe fazia doce de banana. De vez em quando aparecia lá em casa uma senhora bem humilde, negra, analfabeta, que não sei como conhecemos. Ela levava cartas recebidas da família, residentes fora do Rio, para minha mãe ler e escrever a resposta. Em paga, ela fazia aquelas famosas balas de côco que até hoje se podem encontrar à venda.

 

CORTADOR DE MASSA


Era usado para cortar a massa de pastéis que minha tia mais velha fazia.

 

AMASSADOR DE BATATA PARA PURÊ


Esse até hoje tenho aqui em casa, embora pouco o use, preferindo amassar as batatas com garfo, mesmo.

 

BACIA DE ALUMÍNIO


Havia duas, de tamanhos diferentes. Minha mãe as usava para lavar as roupas dos clientes ou as nossas. Para ajudá-la, muitas vezes meu irmão e eu é que lavávamos as roupas, porém as de casa. Depois as roupas eram colocadas para quarar no chão do quintal, previamente forrado. Posteriormente meu tio fez dois suportes de madeira para as bacias, de modo que meu irmão e eu podíamos lavar a roupa com mais facilidade. Ele também fez um quarador de madeira, para evitar que as roupas tivessem de ser colocadas no chão. Para as roupas dos clientes eram usados o anl e a goma. Elas ficavam alvíssimas e engomadas. Sucesso total entre a freguesia.

 

FERRO A CARVÃO

 


Esse tipo de ferro foi usado durante bastante tempo por minha mãe. Lembro dela chegando à janela e soprando as brasas. Saíam fagulhas pela boca do ferro. Posteriormente foi comprado um ferro elétrico.


FORMA DE GELO


Indispensáveis dentro do congelador da geladeira. 

 

“TRIO MARAVILHOSO REGINA”


Esse era um trio que metia medo. Durante muito tempo meu irmão e eu, às sextas-feiras pela manhã, éramos encarregados de encerar todo o chão da casa, usando cera Cristal e depois dando lustre com dois escovões: um para ele e um para mim. Um dos escovões era exatamente igual ao da foto. O outro tinha um formato diferente. Enquanto fazíamos isso minha mãe ia à feira-livre na Praça Comandante Xavier de Brito.

A casa era composta de três quartos, duas salas e um comprido corredor.

Mais adiante foi comprada uma enceradeira Arno, exatamente igual à da foto, o que nos livrou dos escovões. 

--------------------  BÔNUS  -------------------

PINGUIM DE GELADEIRA


Não, pinguim não! Isso nunca tivemos.

 

---------  ACABOU-SE O QUE ERA DOCE -------