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sábado, 25 de fevereiro de 2023

BONDES NO CARNAVAL

Na vida chega-se a uma época em que os planos não podem ser de longo prazo. Como não há certeza de que o "Saudades do Rio" estará no ar durante o próximo carnaval, aí vão algumas fotos de bondes "carnavalescos" em antigas postagens nos FRA-Fotologs do Rio Antigo.


O "53-São Januário", personagem de tantas fotos, com integrantes de um bloco carnavalesco.

Conta o Tumminelli que os bondes foram sempre enaltecidos em marchinhas de carnaval, assim como os seus funcionários. Alvarenga e Ranchinho comporiam a marchinha “Seu Condutor”, por exemplo, e a marchinha “Salve a Malandragem (e o Trabalhador), que falava do horário certinhos dos bondes. 

Em 1951 foi composta a “O Motorneiro Chapa 13” e em 1955 foram compostas “Marcha do Condutor” e “Conduta do Taioba”. Também se pode citar a  "Um Pra Light e Dois Pra Mim" e "Não Pago o Bonde". 

Pode tirar os estribos, pode cercar as laterais com telas, mas no carnaval o povo queria mesmo se pendurar no bonde e ir para a farra.

Coleção: Desmond Cole 

Foto de Pierre Verger, um dos melhores e mais famosos fotógrafos do mundo, já falecido. 

Pelo arvoredo atrás do bonde e o itinerário da linha Cascadura, parece estar passando em frente ao Campo de Santana.O Pierre Verger foi quem trouxe, junto com Jean Manzon, a qualidade das Leicas para o Brasil. Depois ele fixou-se na Bahia onde virou uma autoridade em orixás. Seus livros são maravilhosos.

Foto gentilmente enviada por Fidelino Leitão de Menezes para o Derani.

Tempo de "repressão sessual" era isso. Chegava no carnaval e alguns "meninos" botavam uma sainha, uma blusinha e saiam pela rua soltando a franga. 


Foto de Jean Manzon, do acervo da tia Milu. Mais um flagrante de foliões superlotando o bonde. A foto faz parte de um álbum chamado "O Brasil em 80 fotografias", ofertado aos médicos, como brinde de fim de ano, pelo SARSA -  laboratório Silva Araújo-Roussel S.A. 


Outra foto de Pierre Verger, com foliões num bonde pelo centro da cidade. 

Foto publicada pelo Antolog. Seria de 1940 e o bonde seria o Piedade (não sei com foi feita a identificação).

Foto bem conhecida de mais um bonde superlotado na Av. Presidente Vargas.


Foto de 1954, de Marcel Gautherot, com um bonde todo enfeitado pelo bloco "Se você viu, cale a boca!".



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

BOTAFOGO - CASA GARCIA

Botafogo é um bairro que teve um grande incremento de novas construções, com casas e pequenos prédios sendo substituídos por arranha-céus. Entretanto, alguns locais resistem, como o trecho da Rua Real Grandeza entre as ruas Voluntários da Pátria e General Polidoro.


Nesta foto vemos o ônibus do Internato Notre Dame de Sion, quase invadindo um açougue, vítima, talvez, de uma "fechada".

Pelo letreiro ao lado do açougue, onde está escrito "Casa Garcia", "Fone: 26xx45", e "Eletricidade", após pesquisas vimos que se trata da "Casa Garcia de Artigos de Eletricidade", na Rua Real Grandeza nº 156, em Botafogo.

A "Casa Garcia" era quase na esquina da Voluntários. Como Voluntários era de mão dupla nessa época, o õnibus poderia estar vindo no sentido Praia de Botafogo-Humaitá e ter dobrado à esquerda na Real Grandeza. Aí sim daria para passar reto até bater na calçada da "Casa Garcia". 


O ônibus, provavelmente, é da marca FORD, chassis F5. Esta frente foi produzida de 1947 até 1950. Era movido por um motor 8BA, 8 cilindros em V com válvulas laterais no bloco. O distribuidor do motor 8BA originalmente ficava abaixo da bomba de água e tinha que ser recoberto com couro, para evitar ser molhado em caso de vazamento da bomba de água ou quando estavam completando a água do radiador. Posteriormente o distribuidor passou para a lateral do motor e estes cuidados foram abandonados, disse o R. Libeck.


É possível reconhecer do outro lado da rua a famosa Padaria Imperial, que já foi tema de "post" aqui no "Saudades do Rio".

Quem terá se assustado mais: as alunas do Sion ou os açougueiros?


Informações de vizinhos da loja dão conta que a loja "Casa Garcia" virou a "Nova Garcia", telefone 3788-0800, loja de iluminação, construção e arquitetura. À direita vemos a esquina da Rua Voluntários da Pátria. Teria sido vendida já neste século e por volta de 2010 trocaram os antigos ladrilhos hidráulicos e retiraram as prateleiras de madeira.

No lugar do açougue hoje em dia funciona a "Green Dish".

O quarteirão, embora modificado, com colocação de marquises, ainda lembra muito o de mais de 50 atrás.

PS: "post" com a colaboração de "Saudades do Rio - O Clone".

 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

QUARTA-FEIRA DE CINZAS


Enfim chegou ao final mais um carnaval.

A foto de Ronaldo Moraes, de O Cruzeiro, mostra um final de baile no Copacabana Palace, em 1964.

Recomendo ouvirem a música Sonho de um carnaval, de Chico Buarque, na voz de Wilson Simonal. É uma beleza de interpretação.

"Carnaval, desengano
Deixei a dor em casa me esperando
E brinquei e gritei e fui vestido de rei
Quarta-feira sempre desce o pano

Carnaval, desengano
Essa morena me deixou sonhando
Mão na mão, pé no chão
E hoje nem lembra não
Quarta-feira sempre desce o pano

Era uma canção, um só cordão
E uma vontade
De tomar a mão
De cada irmão pela cidade

No carnaval, esperança
Que gente longe viva na lembrança
Que gente triste possa entrar na dança
Que gente grande saiba ser criança"


Nesta fotografia dos anos 70 vemos um vendedor de Coca-Cola com a máquina portátil sendo consolado por um folião.. Este equipamento não deu certo, pois a máquina se desregulava com facilidade e servia praticamente espuma. Havia que encher o copo e aguardar que a espuma desaparecesse e pedir ao vendedor que colocasse mais líquido. Óbvio que esta operação era complicada num momento em que muitos buscavam comprar um copo de refrigerante. Rapidamente estas máquinas foram aposentadas.


Mais uma foto de Jean Manzon, agora dando um "flagra" no Rei Momo "apagado" no Hotel Glória.  Estaria roncando, mas segurava a mão de uma foliona igualmente "apagada".


Quarta-Feira de Cinzas: o folião, exausto, segura um bacalhau. Deve ser referência ao dia de abstinência de carne da religião católica. Hoje em dia já não sei se este costume ainda é observado. 

Na Quarta-Feira de Cinzas começava o jejum da Quaresma, que só terminaria no Domingo de Páscoa. Os católicos devem neste período se abster de excessos e se preparar para a Semana Santa, que se inicia no Domingo de Ramos e termina com a Ressurreição do Senhor, no domingo seguinte.


"Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou

Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor

E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade

A tristeza que a gente tem

Qualquer dia vai se acabar

Todos vão sorrir

Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz"

E se Vinicius cantava sua bela "Marcha da Quarta-Feira de Cinzas", o Bloco Chave de Ouro, desde a década de 40 insistia em desfilar após o meio-dia de quarta-feira e era sempre perseguido pela Polícia, que batia sem dó nos seus integrantes.

Outro bloco famoso deste dia era o "O que é que vou dizer lá em casa", formado pelos que eram presos durante o carnaval e soltos na quarta-feira. 

Nos anos 70 o General Luiz França de Oliveira, Secretário de Segurança, resolveu colaborar para evitar a publicidade em torno desses presos e instituiu, segundo o "Jornal do Brasil" de 19/02/1971, um "sistema de soltura em lugares distintos e horários alternados". 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

CARNAVAL 3

Nesta fotografia de Jean Manzon, da década de 50, podemos ver o carnaval ingênuo daqueles tempos. O "lambe-lambe" fotografa a "modelo" em plena Cinelândia, em frente ao Teatro Municipal, com a Biblioteca Nacional aparecendo ao fundo. Era um tempo em que se pegava o bonde até o Tabuleiro da Baiana e se passeava pela Cinelândia e pela Avenida Rio Branco para ver o carnaval de rua. Barraquinhas de madeira montadas na Praça Floriano vendiam confete, serpentina e lança-perfume. No domingo, uma multidão ficava diante das escadarias do Teatro Municipal para ver a entrada do baile do teatro.

Colorização do Conde di Lido.


Vemos duas folionas participando do corso na Av. Beira-Mar.

Esta foto, de autoria de Jean Manzon e colorizada pelo Conde di Lido”, foi legendada pelo JBAN: “Este na frente de todos é o folião francês Rouen du Carneval Michelin D'Artagnan et Möet Chandon, amigo pessoal e modelo de Jean Manzon. Atrás dele vemos o carnavalesco italo-brasileiro Conde Bornay di Lido, com sua fantasia, "Esplendor Prateado", prêmio de originalidade no baile do Copa daquele ano.”


Foto de Genevieve Naylor, colorizada pelo Conde di Lido. É impressionante a alegria dos passantes. Contagia qualquer um...

 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

CARNAVAL 2

Carnaval da Mangueira em 1974, ainda sem o enorme luxo que caracteriza os desfiles de hoje, desfilando no Centro do Rio antes da construção do Sambódromo.

Nosso saudoso AG comentou: “Quando viram o sucesso popular que era o desfile, as empresas abriram o olho e conseguiram acabar com o que havia de mais puro no desfile: a participação simples e espontânea do povo associado às agremiações.

Entrou cervejaria, canal de televisão, leite em pó, óleo de automóvel, tudo para faturar. Hoje o nome da escola entra como mero acessório. Em breve corremos o risco de ter a Escola de Samba Brahma, Gremio Recreativo Coca-Cola, Unidos da Skol. E dizem os pacóvios: "Ah, mas as empresas fizeram do desfile o "maior espetáculo da terra"."

E eu pergunto? Mas espetáculo para quem? Para os turistas, para os gringos de outros países, para as autoridades saírem sambando pela avenida?

O desfile já era bonito sem precisar "globalizar" o espetáculo e o tornar um show de Las Vegas ao ar livre. Algumas escolas hoje chamam para ser seu carnavalesco não um sambista ou estudioso do carnaval, mas alguém que possa criar uma atração do Cirque de Soleil que faça o público fazer “Oh!!!!”

Corremos o risco de um dia ter Aída no Municipal com os elefantes pintados de vermelho com a marca Coca-Cola, os escudos dos guardas do Rei do Egito com logos da Skol e o próprio Rei interpretado por um milionário americano, amante de ópera e cantor amador, que pagou 10 milhões de dólares pelo direito de se apresentar.”


Antigamente o domingo de carnaval tinha como ponto alto o baile do Teatro Municipal. Um crime contra o patrimônio da cidade.

No seu auge, nas décadas de 1950 e 1960, o Baile do Municipal reunia o "high-society", convidados estrangeiros e muitos foliões da classe média. Rendia divertidíssimas entrevistas na TV Tupi ou na TV Rio, que improvisavam contratados seus para servir de intérprete. João Saldanha, jornalista e técnico de futebol, era um que se destacavam falando, macarronicamente, diversos idiomas. 

Ele, em certa ocasião, entrevistou a Françoise Hardy na TV Rio, chamando-a de "Françoase Rrráááárrrdy"...

Boa parte dos homens usava "summer", as mulheres iam produzidíssimas, o lança-perfume corria solto e o concurso de fantasias eram um grande sucesso.

Fotografia tirada algumas horas antes do baile. Uma corda isolava os populares das escadarias do Municipal. A multidão se dividia entre os que procuravam um bom lugar nas primeiras filas e os que ainda aproveitavam para brincar em plena Av. Rio Branco. A decoração da Cinelândia, tradição que acabou há poucos anos, é bem visível. Acho que nem os especialistas conseguirão identificar os automóveis perdidos no meio do povo. Foto enviada por José Nunes Neto.

Foto que mostra o verdadeiro carnaval de rua, no ano de 1954. Atualmente os mega-blocos invadem a cidade.


Comportadas folionas (norma culta) brincam o carnaval na década de 50.

domingo, 19 de fevereiro de 2023

CARNAVAL

A "Torre Eiffel" armada sobre o obelisco no Centro do Rio na segunda metade da década de 40.


 A tradição continuou em outro carnaval da década de 40, agora com um Rei Momo.

Ambulância do SAMDU no posto avançada do Hospital Souza Aguiar durante o carnaval. Na minha época naquele hospital não havia dúvida: no plantão de segunda-feira à noite o médico escalado era o Clínico Geral Dr. Sergio Leão de Aquino. Ele não dava chance para nenhum outro colega.


A decoração de carnaval sendo instalada na Praça Floriano Peixoto.

Fotos: E. Nardini e Arquivo Nacional (coleção Correio da Manhã)