Total de visualizações de página

sábado, 20 de março de 2021

RESSACA NA AVENIDA ATLÂNTICA


A Avenida Atlântica, desde que foi concluída no início do século XX, sofreu diversas destruições através dos anos, como em 1915, 1918, 1921, 1958, 1963, entre outros. Somente na década de 60, com o alargamento da faixa de areia e a duplicação das pistas, houve o fim das grandes ressacas. Lembro bem da ressaca de 1963, quando as águas chegaram a atingir a Praça Serzedelo Correa, onde me refugiei sobre os bancos. Também na esquina da Rua Santa Clara, foi grande a preocupação dos funcionários da Biblioteca Thomas Jefferson, onde nosso prezado Conde di Lido era sócio, com livros chegando a boiar na rua. No Leme, até o Frei Marcos Mendes de Faria, pároco da Igreja N. S. do Rosário, foi abençoar o mar para que as águas se acalmassem. A bela foto de hoje mostra até onde chegaram as águas numa das ressacas, colocando em risco as belas mansões à beira-mar e exigindo o reparo da rede aérea de eletricidade e telefone.

Esta ressaca da foto acima parece ser a de 1918, quando decidiu-se duplicar a avenida e dotá-la de uma amurada, algo que não havia na primitiva pista de 1910/1911.  Os operários da Light e CTB deveriam estar tentando recuperar a rede aérea rompida, pois em alguns trechos a destruição do mar chegou até os jardins das casas levando inclusive os postes da iluminação pública.


Esta foto e a seguinte são do estupendo acervo do prezado Aguinaldo Silva. Mostram a casa de outros ângulos. Era propriedade da família Madureira e ficava entre os antigos postos de salvamento IV e V, provavelmente junto à Rua Constante Ramos.


Esta foto é curiosa, pois é possível ver na foto em alta resolução a placa perto da árvore indicando Rua Domingos Ferreira, nos fundos da casa. Pela foto parece que o quarteirão entre a Av. Atlântica e a Rua Domingos Ferreira é muito estreito, o que não é verdade, pois do outro lado ficava o Edifício Guarujá e seu grande espaço livre para a Av. Atlântica. Será 
que, no momento da construção dos primeiros edifícios (década de 20/30), tenha ocorrido uma projeção/alargamento dos terrenos, em direção à orla? Como disse o Silva "Quiçá uma sandice falar isso, mas justificaria (teóricamente) o enquadramento observado.


Ver comentário das 12:17 


Ver comentário das 12:17 

 

sexta-feira, 19 de março de 2021

HOTEL DE FRANCE

Vemos, à direita, em foto do acervo do AGCRJ, o Hotel de France na esquina da Praça XV com a Rua Primeiro de Março. Na transição do século XIX para o século XX o viajante que chegava ao Rio de Janeiro devia contratar um despachante versado em assuntos alfandegários para desembaraçar sua bagagem. A seguir, livre da burocracia, podia seguir a pé para alguns dos hotéis do Centro, como o de France. Este era bem frequentado e tinha recepcionistas que falavam vários idiomas como inglês, francês, alemão, espanhol e o flamengo. Este hotel tinha um magnífico terraço panorâmico onde os hóspedes podiam fazer suas refeições. Mesmo em seus últimos anos, quando já estava fora de moda, continuou muito frequentado porque sua cozinha era tida como excepcional.

Antes de ser o Hotel de France ali funcionou o Hotel de l´Empire, pertencente em 1835 a Jacques Neuville, e que aparece na aquarela mostrada na terceira foto de hoje. Este Hotel de l´Impire foi pioneiro em organizar bailes de carnaval (anúncio no “Jornal do Comércio” dizia que haveria um baile de carnaval, querendo que tudo se passasse com a devida decência e boa ordem, devendo as máscaras apresentar-se asseadas e decentes). 

Vemos, nesta foto enviada pelo Francisco Patricio, o Hotel de France por um outro ângulo. Na placa da esquina está escrito "Rua Direita", que vai da Praça XV à Ladeira de São Bento. Era um hábito nomear assim a rua que atravessava a cidade indo da igreja principal de uma localidade até outra igreja ou local importante. Esta era a Rua Direita do Carmo a São Bento. Anos depois foi rebatizada com o nome de Primeiro de Março, para comemorar o fim da Guerra do Paraguai. Centenas de cidades têm a sua "Rua Direita".

Quanto ao Hotel de France, demolido na década de 1930, em seu lugar foi construído o Edifício Taquara, propriedade da Baronesa da Taquara, pela Companhia Constructora Nacional. Originalmente tinha cinco pavimentos, além de um amplo subsolo, sendo os seus alicerces já preparados para suportar futuramente mais pavimentos.

 Na foto, destaque também para as belas luminárias e o chafariz do Mestre Valentim.


 Nesta aquarela de Friedrich Wernecke, de 1847, vemos o Hôtel de l´Empire. Este hotel, um dos primeiros do Rio de Janeiro (1825) é, talvez, o único desta época cujas linhas arquitetônicas se conhece. No local, Largo do Paço, esquina da Rua Direita, funcionaram depois os hotéis do Universo e de France. Mais recentemente abrigou o Instituto do Açúcar e do Álcool.

quinta-feira, 18 de março de 2021

LAGOA






Vemos hoje três fotos da Lagoa a partir do Corcovado, da década de 1950 e início da década de 60.

À esquerda vemos o canal do Jardim de Alá, o Conjunto dos Jornalistas e a Cruzada de São Sebastião. Visível também a estrutura do clube Monte Líbano, tendo ao lado o terreno da AABB e o Paissandu Atlético Clube. A favela da Praia do Pinto está ao lado do campo do Flamengo (nesta época, entre o campo de futebol e a lagoa, havia uma pista de hipismo no Flamengo). Não consegui visualizar o Estádio de Remo, estaria em construção? Lá no meio da foto, no alto, seguindo a direção do Jockey, a construção alta e branca, no Vidigal, que aparece em fotos do Rio antigo desde a década de 1930, é o Edifício Cordeiro. No meio, na parte de baixo, vemos o Hospital da Sul América (depois Hospital dos Bancários e Hospital da Lagoa). A ilha do Piraquê ainda era muito menor do que atualmente. O “Minhocão”, na atual boca do túnel Lagoa-Barra, já está lá.

Nesta foto vemos a Curva do Calombo e, lá no fundo, à esquerda, a pedreira que existia entre as ruas Montenegro (Vinicius de Morais) e Gastão Bahiana. Ali, no final da década de 50, seriam construídos vários prédios, entre os quais o que morei, que ficou pronto em 1960. Esta pedreira não é aquela que é mais conhecida e que ficava entre o Corte do Cantagalo e a favela da Catacumba. Completa a foto uma Ipanema só com casas ou pequenos prédios. Podemos ver um prédio alto, o Edifício Marambaia, que até hoje está na esquina formada pelas ruas Francisco Otaviano, Francisco Bhering e Vieira Souto, na entrada para o Arpoador.



Aqui vemos uma panorâmica com o Jardim Botânico na parte de baixo, o trecho da Fonte da Saudade até a Curva do Calombo, à esquerda,  e ao fundo o bairro de Ipanema. À esquerda, escondida pelas árvores, fica a Igreja de Santa Margarida Maria. Lá perto da Curva do Calombo ficava o ponto final dos lotações Lins-Lagoa. Este trecho da Lagoa, paralelo à Rua Jardim Botânico, era super-tranquilo, com muitas casas, pois terminava sem saída em frente ao clube Piraquê.

quarta-feira, 17 de março de 2021

VIADUTO SÃO SEBASTIÃO



Recordando o inesquecível “Arqueologia do Rio”, do Monsieur Rouen, de onde veio a segunda foto, vemos dois aspectos do Viaduto São Sebastião na década de 60. Este viaduto liga a saída do Túnel Santa Bárbara (Catumbi) ao Santo Cristo.

A região do Catumbi sofreu muitas transformações durante a gestão Negrão de Lima, embora algo tenha sobrevivido até a construção do Sambódromo no governo Brizola, quando quase tudo foi abaixo.

Na segunda foto, ali onde temos ônibus parados vemos construções que serão destruídas, até antes do prédio que na época era a CTB.

À esquerda vemos um cilindro cinza, que era um gasômetro localizado na Rua Júlio do Carmo. O gasômetro da Cidade Nova não existe mais. No local foi construída a nova sede da BR Distribuidora. O cilindro ficava ao lado da sede da Igreja Evangélica Brasileira.

Do lado direito, aquele prédio baixo, claro, era a Companhia de Gás, que conserva ainda a fachada preservada, com o lema na parte superior: "EX FVMO DARE LVCEM". Fica na Av. Presidente Vargas nº 2610. Este prédio da Société Anonyme du Gaz é um dos prédios industriais mais antigos do Rio, que foi uma das primeiras cidades do mundo a ter gás encanado.

Aquela construção discretamente à esquerda da mediatriz da foto, ao fundo, assemelhando-se à uma mesquita, é a Pedra da Babilônia.

 

Muitas obras aconteceram ainda, nos anos seguintes, na área da Cidade Nova.

terça-feira, 16 de março de 2021

HOTEL AVENIDA (2)





 Vemos hoje mais algumas fotos do AGCRJ sobre o Hotel Avenida que, em 1957, foi demolido.

Naquele ano o Hotel Avenida anunciava no “Correio da Manhã”: “O espólio de Francisco Cabral Peixoto, proprietário do Hotel Avenida, participa a seus clientes e amigos que, tendo deliberado extinguir o negócio de hotel que explora no conhecido e tradicional ponto da cidade, celebrou, com a cooperação dos donos do imóvel, acordo com todos os seus empregados, os quais, devidamente indenizados, deixarão o serviço no dia 30 de junho de 1957, data em que o estabelecimento, encerrando em definitivo suas atividades, completa exatamente meio século de existência.

(Nota do Editor: ontem foi dito que a Light construiu o edifício em 1911, mas consultando o “Correio da Manhã”, verifiquei que a data de início das atividades foi em 1908).

Manifestando o seu agradecimento a todos os que, durante tão longos anos, honraram o Hotel Avenida com a sua preferência, querem os seus proprietários registrar a sua satisfação pelo fato de que, em seu lugar, vai se erguer um monumental edifício de linhas modernas, atestando o progresso desta grande cidade, em cuja história o Hotel Avenida foi, no seu tempo, um dos marcos mais conhecidos.”

Muitos moradores viviam há anos no Hotel Avenida e recusaram-se a sair. Houve interferência de políticos, como Lygia Lessa Bastos, para tentar resolver a situação, pois não havia ordem legal de despejo.

Conta ainda o “Correio da Manhã”: “Muitos cariocas também lamentam o desaparecimento do hotel e da Galeria Cruzeiro, além do grande relógio da Galeria, ponto de referência que reinou durante muito tempo na agenda sentimental do Rio. Quanto encontro não foi marcado sob este relógio? Quanto gente não penou sob o seu mostrador às voltas com o atraso do seu bem-querer ou com furtivas lágrimas de desengano? Testemunha quase muda de paixões inumeráveis, comentadas pelo seu “tic-tac” manso, o cebolão do Hotel Avenida vive os seus últimos dias, decadente, escutando a conversa cabeluda de bicheiros e desocupados contadores de anedotas, atuais senhores da Galeria.”

Finalmente, em julho de 1957 saiu a ordem judicial de despejo dos últimos recalcitrantes. Comentou o “Correio da Manhã” que houve a repetição daquele episódio dos tempos coloniais, em que os moradores eram despejados de suas residências, sob a alegação de que o Príncipe Regente precisava da casa, assinaladas posteriormente com P.R. e que o povo traduziu por “ponha-se na rua”.

segunda-feira, 15 de março de 2021

HOTEL AVENIDA (1)







 Com novas fotos do AGCRJ revisitamos o Hotel Avenida.

Construído pela Light em 1911, o Hotel Avenida foi um dos edifícios mais populares da Avenida Rio Branco e um dos pontos mais movimentados da cidade. Ele era tão importante que acabou se transformando em marco histórico do Centro e cartão-postal do Rio Antigo.

No térreo funcionava uma estação circular dos bondes que trafegavam pela Zona Sul da cidade pertencentes à Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico. Chamada de Galeria Cruzeiro devido à existência de duas passagens em cruz, ela permitia o embarque e desembarque dos ilustres passageiros com conforto e segurança. Além disso, oferecia bares, restaurantes, cafés e leiterias.

Na segunda foto aparece o Bar Nacional, “inaugurado em 1913, propriedade da firma Eduardo & Costa, serviu a elite carioca por décadas. Em 1937 foi reinaugurado possuindo actualmente as mais modernas installações e na adega encontra-se deliciosos vinhos nacionaes e estrangeiros para a composição de finíssimos “cockails”. Para ligeiras refeições possue conservas finas da melhor procedencia, e dispõe de pessoal habilitadíssimo que com a maior prestesa prepara deliciosos “lunches” a minuta”, dizia o Correio da Manhã de 02/09/1937. O Bar Nacional tinha como endereço Rua Bittencourt da Silva nº 12 E, entre Av. Rio Branco e Rua 13 de Maio, telefone 22-0140.

A Galeria Cruzeiro também foi um dos principais cenários do carnaval carioca, concentrando os foliões que chegavam nos bondes lotados e ruidosos.  O Hotel Avenida foi demolido em 1957 para dar lugar ao Edifício Avenida Central.

domingo, 14 de março de 2021

CANDELÁRIA


Houve uma época em que o centro da cidade era uma grande estacionamento. Pouco espaço restava para os automóveis circularem.

E como a igreja da Candelária perdeu de imponência ao ser cercada por tantos arranha-céus.