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sábado, 30 de agosto de 2025

DO FUNDO DO BAÚ

  HERÓIS, VILÕES OU MASSA DE MANOBRA?, por Helio Ribeiro

Nesse mundo de meu Deus há produtos que em relação à saúde do consumidor ora são considerados heróis, ora vilões e muitas das vezes servem de massa de manobra, em que alguns estudos os consideram heróis e outros vilões, simultaneamente. E o consumidor fica num vai-e-vem, sem saber se deve abolir ou não o produto de sua vida.

Para certos produtos o enquadramento depende da quantidade ou frequência de consumo ou da saúde pré-existente do consumidor. E, muitas vezes, da marca do fabricante, à qual está associada a qualidade do produto.

Há muito poucos heróis ou vilões definitivos. A imensa maioria é simples massa de manobra, em que as virtudes ou os males do produto dependem da instituição autora do estudo e, por que não dizer, dos interesses comerciais por trás desses estudos.  

A postagem de hoje relaciona alguns desses produtos.

 

CIGARRO

Atualmente é um vilão consagrado. Mas nem sempre foi assim. Antigamente dizia-se que “o garoto começa a fumar para provar que já é homem; o adulto deixa de fumar para provar a mesma coisa”.

Um amigo meu dizia que parar de fumar é fácil, tanto que ele já havia feito isso várias vezes.

E tem a velha piada: “Meu médico me aconselhou a ficar longe do cigarro. Comprei uma piteira.”

 

BANHA DE PORCO

Antigamente era muito usada, inclusive lá em casa. Vinha embalada num papel tipo manteiga, ao qual ficava irritantemente agarrada, tendo de ser raspada.

 

GORDURA DE COCO

Quem não se lembra dessa lata? Era figurinha fácil lá em casa.

 

CAFÉ

Típica massa de manobra. Alguns relatam seus efeitos benéficos, outros ressaltam os maléficos. Ao que parece, depende da quantidade e frequência de consumo e da saúde do consumidor.

Particularmente não gosto de café puro. Mas o “Jorge, o Ucraniano”, comentarista sumido do SDR, uma vez me deu uma amostra de café colombiano, se não me engano o Juan Valdez. Ô, cafezinho bom!!

E em Sarajevo um relojoeiro, de nome Núria, me serviu o que ele chamava de café bósnio. O pó era colocado dentro de uns copinhos metálicos e água fervente era jogada em cima e misturada. Depois deixava-se decantar a mistura e bebia-se, tomando cuidado para não ingerir o pó. Também foi uma experiência memorável de café puro. Acho que esse tipo de preparação é comum na Turquia e em outros países.

 

CHOCOLATE



Outra massa de manobra. Minha esposa foi chocólatra durante muitos anos. Deixou de sê-lo. Eu jamais caí de amores por chocolate, mas se houver um dando sopa eu como. 

 

AJI-NO-MOTO

Era figurinha fácil lá em casa. Depois passou a ser grande vilão. Ainda existe, porém ignoro o seu enquadramento atual. Minha esposa costuma usar o Alho e Sal da Arisco.

 

VINHO TINTO

Esse é bastante polêmico. Uns elogiam seu conteúdo de resveratrol; outros o criticam por ser bebida alcoólica.

Eu sou abstêmio. Mas durante visita a uma adega em Vila Nova de Gaia provei vinhos do Porto tinto e branco. Magníficos. Trouxe uma garrafa de cada e consumi rapidamente. De lá para cá tenho lutado contra a vontade de comprar esse tipo de vinho.

 

MARGARINA

Essa e sua irmã gêmea, a manteiga, são massas de manobra. Durante algum tempo a margarina virou sensação, depois foi crucificada. Não sei o enquadramento atual.

 

ADOÇANTES

Acho que é o produto mais polêmico. Em virtude de suas várias composições, volta e meia uma delas é crucificada no altar da Ciência ou dos interesses comerciais. Há adoçantes de ciclamato de potássio, de stévia, de sucralose, de aspartame, de sacarina, etc. Tal como gangorra, cada um assume a posição de queridinho durante algum tempo, decaindo logo após em favor de outro.

 

MEL

Parece que seu consumo é contraindicado para portadores de certas doenças, como o diabetes.

Quando eu era gente, no café da manhã comia uma fatia de pão de forma lambuzada com mel e com um pedaço de queijo amarelo em cima. Ô, delícia! Bons tempos aqueles!


GEMA DE OVO

Outra massa de manobra. Cada hora aparece um artigo condenando ou recomendando o consumo de gema de ovo. 

 

BEBIDAS ALCOÓLICAS

Deixo de anexar foto porque são dezenas os tipos desse produto, variando desde teor alcoólico até o tipo em si de bebida.

São consideradas vilãs e causadoras de inúmeras tragédias, tanto de cunho pessoal em relação à saúde de quem a ingere e na sua convivência familiar, quanto envolvendo outras pessoas, como em acidentes e crimes. Alguns defendem o consumo de certos tipos de bebida, ressalvada sua moderação.

Sendo produtos milenares, não se consegue eliminá-los do mercado, por vários motivos.


EMBUTIDOS







Típicos vilões, todos eles. Mas que são gostosos, lá isso são.

Na minha infância e juventude, lá em casa aos sábados à noite não se jantava: comíamos sanduíche de pão francês com ovo ou com salaminho. Vez por outra pegávamos o bonde, íamos até o ponto final na Usina, entrávamos no Bar das Pombas, pedíamos isca de carne com batata frita, acompanhados por refrigerante ou chopp, dependendo da pessoa.  

Particularmente eu gostava muito de fiambrada ou apresuntada. Mas há séculos não como uma. 


-----  FIM  DA  POSTAGEM  -----

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

MERCEARIAS

O “Saudades do Rio”, como a maioria já sabe, conta a história do Rio antigo baseada nos documentos oficiais e, também, histórias vividas ou sabidas pelos comentaristas.

Hoje vamos falar da Gaio Marti, uma rede de mercearias citada pelo Helio Ribeiro na última postagem. Como conheci algumas lojas na Zona Sul, fui dar uma pesquisada e, aqui e ali, encontrei uma boa matéria para publicar.

Abaixo vemos vários endereços onde havia lojas Gaio Marti, embora nem todos estejam aí citados, como o da loja que existiu na Rua Rainha Elizabeth, na fronteira Copacabana- Ipanema.

FOTO 1

A história desta empresa é contada numa edição da "Revista da Semana" da seguinte forma:

"Uma das qualidades primaciais da gente portuguesa, qualidade essa que herdamos esplendidamente, é a tenacidade. Não a levam ao desânimo as dificuldades, nem as aparências atemorizantes conseguem fazê-la recuar. Quando resolvem efetuar uma obra, qualquer que seja a natureza dos seus objetivos, os filhos de Portugal a realizam de maneira positiva.

Os empreendimentos que, principalmente em nossa capital, se admiram são em grande parte devidos ao espírito vigoroso dos lusíadas.

Uma das mais prestigiosas e sólidas organizações da nossa metrópole é, nem há dúvida, GAIO, MARTI & C., que dispõe de magníficas filiais.

Todas estas casas, especialistas em líquidos e comestíveis de fabricação esmerada e escrupulosa manipulação – características, aliás, que consagram a sua vitória perante uma clientela escolhida e vastíssima – representam, no Rio de Janeiro, o que existe de modelar em armazéns modernos, desses que merecem a confiança da população e honram o progresso da nossa adiantada e linda cidade!

Em 1898, os sócios Manuel Jorge Gaio e José Francisco Martins fundaram GAIO, MARTINS & Cia, singela casa.

Foi exatamente em 1918 que a primitiva organização se ramificou em duas: em consequência, ficou a firma GAIO, MARTI & Cia, com seis casas, e composta dos sócios Manuel Jorge Gaio, Americo Ferreira Marti e Artur Ferreira da Costa.

Daí a sucessão de iniciativas, desdobramento de estoques e instalações apresentadas a primor, sucessão que confirma o gênio realizados dos portugueses, a culminar, hoje, nesta realidade empolgante: GAIO, MARTI & Cia. dispõe, atualmente de 20 estabelecimentos perfeitos em seu gênero, com 21 sócios, os quais haviam mesmo, em sua totalidade, sido auxiliares da grande e admirada firma."


FOTO 2

Esta loja eu conheci. Ficava em Ipanema, na esquina da Rua Teixeira de Melo com Rua Prudente de Morais, onde há hoje a “Casa do Médico”. Luiz C. Brandt publicou no Facebook esta foto da Rua Teixeira de Melo nº 32. Um dos comentaristas de lá, o prezado Luiz Antonio Almeida, ficou agradavelmente surpreendido, pois morava em cima da loja.

Carmen Evangelho lembrou que ali também morava “seu” Costa, o gerente, casado com D. Lucinda. Eram pais do Afonso e dos gêmeos Beto e Anita.

Em seguida, em conversa com Angela G., antiga moradora de Ipanema, ela lembrou que a família Gaio morava numa casa na Rua Rainha Elizabeth. Da geração dela eram os filhos do proprietário, Regina, Gaio e um terceiro cujo nome não lembrou. A casa era onde ficava guardado o material da rede de vôlei “Reno”, grande campeã em alguns torneios de vôlei patrocinados pelo “Jornal dos Sports” (já houve uma postagem aqui sobre este grupo da rede “Reno”).

Conversa vai, conversa vem, lembramos que na mesma esquina da Teixeira de Melo, do lado ímpar, funcionou havia um colégio feminino, o Mello e Souza, cujo endereço era Teixeira de Melo nº 27. Tinha turmas até o 4º ginásio. A partir de 1962/1963 o colégio foi vendido e passou a se chamar “Orlando Roças”, com turmas de Ginásio e Clássico. A quantidade de moças bonitas era enorme.

Este trecho da Teixeira de Melo, entre Vieira Souto e Prudente de Morais tem muita história.

Ali ficava no nº 25 a “Casa Vieirense”, que era uma loja de aluguel e consertos de bicicletas de um português chamado Jaime Valente. Ele jogava vôlei comigo na praia. Vivia de lá para cá com sua lambreta. Tinha, quando éramos meninos, o apelido de “Jaime Ladrão”, pois achávamos os preços dos consertos caríssimos.

Outra loja histórica é Tinturaria/Lavanderia Gheisha, no nº 14, que sobrevive até hoje.

A Leiteira das Famílias, era no nº 28, o famoso Bar Jangadeiro funcionou no nº 20, o restaurante L´Escargot no nº 22, o Gardenia no nº 14.

FOTO 3

A Gaio Marti patrocinava o programa "Musical Gaio Marti", na TV Continental, canal 9, com o violinista Fafá Lemos. Fazia um enorme sucesso e meu "velho" era um grande fã. Fafá fez uma carreira de muito sucesso no Brasil e nos Estados Unidos.


FOTO 4

Esta era a loja da Gaio Marti na esquina da Voluntários da Pátria com Dona Mariana, em Botafogo. Neste local, tempos depois e por mais de 60 anos, funcionaria a tradicional "Panificação Voluntários", que fechou as suas portas em janeiro de 2025. O fechamento, lamentado por muitos moradores, foi decidido pelos filhos do fundador, que administravam o negócio à distância a partir da Espanha. No local, será instalada uma nova farmácia, a "Drogaria Cristal". 

Junto à padaria podíamos comprar uma das melhores caipirinhas de limão do Rio. Feita pelo Gonçalo, engarrafada, era comprar, levar para casa, colocar gelo e pronto!

FOTO 5

Esta foto, na qual aparece a loja da Gaio Marti na esquina da Av. N.S. de Copacabana com Rua Francisco Sá, foi publicada pelo Luiz C. Brandt. 

Lena Leitão comentou que o prédio à esquerda é projeto de MMM Roberto e que a loja embaixo dele foi a Lurde's Boutique, de propriedade do pai dela.  À direita, o edifício Igrejinha que tem um bloco virado para a Av. Atlântica e outro para a Av. N.S. de Copacabana. 

E assim, um pequeno comentário do Helio, virou uma boa lembrança para muitos. Abaixo outras fotografias de lojas da Gaio Marti.

FOTO 6

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quarta-feira, 27 de agosto de 2025

ESQUINAS DA SANTA CLARA

 


FOTO 1: As quatro esquinas da Rua Santa Clara com a Av. N.S. de Copacabana, durante várias décadas em meados do século passado, foram ocupadas pelo "Bazar 606", pela "Krause Joias" (à esquerda na foto), pela "Barbosa Freitas", pela "Casa Santa Clara" (à direita na foto).


FOTO 2: O "Bazar 606" era uma mão na roda para os moradores de Copacabana. Eu não conheci esta loja mais antiga, mas na que aparece na próxima foto fui muitas vezes.

FOTO 3: Nesta foto do acervo do Silva, enviada pelo prezado Francisco Patricio, vemos o famoso e saudoso “Bazar 606”, de louças, pratas e cristais, no número 722/724 da Av N.S. de Copacabana.


FOTO 4: Também nesta foto vemos a mão de direção da Rua Santa Clara indo da praia para o interior do bairro. Que falta fazem os guardas nos sinais de trânsito. Antigamente não havia a balbúrdia e a impunidade atuais.


FOTO 5: Vemos uma passeata de estudantes em Copacabana. Independente da escolha ideológica faz muita falta um envolvimento dos estudantes na vida nacional. Totalmente alheios politicamente contribuem para a falta de renovação da política brasileira.


FOTO 6: Aqui vemos a "Krause Joias" em 1969, em foto garimpada pelo Augusto.


FOTO 7: O endereço da "Krause" era Av. N.S. de Copacabana nº 710. Muitos e muitos anéis de noivados e casamentos foram comprados nesta joalheria de Copacabana.


FOTO 8: Vemos, à esquerda, a "Barbosa Freitas". Obiscoitomolhado já identificou a primeira linha de veículos: um caminhão International dos anos 40, Ford 51. Citroën 11 BL ( de 47 a 51), Standard Vanguard 1949, na frente de um Chevrolet 1953.


FOTO 9: A "Barbosa Freitas" era uma loja enorme, de dois andares. Como se dizia naquele tempo, um grande magazine. A matriz era na Av. Rio Branco. Vendia moda para senhoras, roupas feitas para homens, perfumes, bolsas, bijuterias, tecidos, discos, radiolas, liquidificadores, refrigeradores e outros aparelhos de uso doméstico. No 2º andar tinha uma enorme seção de brinquedos.


FOTO 10: Em foto do Gyorgy Szendrodi vemos a "Barbosa Freitas" em 1971. Desde os anos 50 a loja tinha o "Facilitário", que foiuma inovação, pois vendia os produtos em prestações mensais.

Em meados dos anos 70 a "Barbosa Freitas" inovou, abrindo entre o 1º e o 2º andar, uma boutique de moda jovem, bem diferente do estilo "careta" da loja, chamada "Smuggler".


FOTO 11: Em foto de 1972 vemos um grande caminhão do "Guarda-Móveis Carioca" cruzando a Av. N.S. de Copacabana pela Rua Santa Clara. Notar que, à época, a mão de direção era a oposto a atual. Anteriormente já havíamos publicado uma foto da Rua Figueiredo Magalhães também com o sentido invertido, dando mão para a praia. Ao fundo a "Barbosa Freitas".


FOTO 12: Esta imagem do Google Maps é recente e deve ser comparada com a primeira foto de hoje. É incrível que esta construção, que hoje abriga a Bagaggio, tenha sido preservada por tantas décadas. Aí funcionou a "Casa Santa Clara", que ficava na Av. N.S. de Copacabana nº 697. 

Um dos fregueses mais assíduos era o Conde di Lido. Segundo um anúncio dos anos 50, era onde ele comprava as ceroulas, daquelas antigas, que tinham voltado à moda. Custavam Cr$ 65. E montava seu guarda-roupa com camisas em "voile" estampado e sungas de helanca.  

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

SUBMARINOS

 

Esta foto consta do livro "Trincheira Tropical", de Ruy Castro, que aborda os impactos da 2ª Guerra Mundial no Rio de Janeiro, no período de 1935 a 1945. A leitura é muito interessante.

Vemos os submarinhos alemães U-530 e U-977 apresados ao largo da Ilha Fiscal em setembro de 1945.

Consta que ambos não teriam obedecido a ordem de rendição ao final da guerra e procuraram abrigo na Argentina. A tripulação foi presa e os submarinos foram encaminhados para os Estados Unidos sob uma escolta comandada por Francis Cooper.

A foto é da passagem dos dois submarinos pelo Rio de Janeiro nesta viagem.

Teorias da conspiração sugerem que ambos transportaram altos oficiais nazistas que se esconderiam na América do Sul, preferencialmente na Argentina.

Durante a guerra submarinos alemães, como o U-199 e o U-513, operavam nas costas do Brasil com o objetivo de interromper o tráfego marítimo aliado. Causaram muitos prejuízos, afundando vários navios. Estes dois submarinos destruídos.

O U-513 foi afundado por um hidroavião PBM da Marinha dos Estados Unidos na costa de Santa Catarina por bombas de profundidade e o U-199 por um bombardeiro brasileiro Catalina, pilotado por Alberto Torres, ao largo do Rio de Janeiro. Deste último ataque sobreviveram 12 alemães que foram resgatados após botes lançados pelos aviões aliados.