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sexta-feira, 19 de setembro de 2025

CINEMAS

A postagem de hoje serve para lembrar a todos que amanhã acontecerá a 2º rodada do concurso sobre "trailers" de cinema no endereço abaixo:

concursocinefilia.blogspot.com

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Observem nas fotos as mensagens subliminares dos fotógrafos.


FOTO 1

FOTO 2

FOTO 3

FOTO 4

FOTO 5


FOTO 6


FOTO 7

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

RUA FIGUEIREDO MAGALHÃES - COPACABANA (2)

Como sequência à última postagem continuamos na Rua Figueiredo Magalhães, com destaque para o desabamento do Edifício “São Luiz Rei de França”, ocorrido em janeiro de 1958.

Além das pesquisas habituais contei com a ajuda dos amigos A. Decourt e Rouen.


FOTO 1: Conforme vimos na última postagem, este trecho após a Rua Tonelero em direção ao Túnel Velho foi prolongado em 1956, alguns anos antes desta foto. 

A primeira rua à esquerda é a Capelão Álvares da Silva e a próxima à direita a Joseph Bloch. O local onde estão as casas à direita é ocupado atualmente pelo Shopping Center Cidade de Copacabana, mais conhecido como Shopping dos Antiquários, construído a partir de 1960 e inaugurado uns poucos anos depois. .

Além dos antiquários abriga um mercado, teatros e o 5º Juizado Especial Cível, muitas lojas de padrão popular, composta de botequins e lojas de miudezas e quinquilharias. No último andar funciona a igreja católica da Paróquia Santa Cruz de Copacabana, que por muitos anos foi administrada pelo saudoso Padre Ítalo.

Aquele terreno com instalações da Light foi ocupado pelo Clube Paissandu de 1932 até 1952, antes de se mudar para as atuais instalações no Leblon. Fotos antigas mostram que o clube também ocupava a área da Rua Joseph Bloch, fazendo fronteira com as casas que existiam na Rua Ministro Alfredo Valadão (rua seguinte, à direita), que era uma continuação da Travessa Sta. Margarida, que liga a Siqueira Campos à Ladeira dos Tabajaras.

FOTO 2: Em janeiro de 1958 começaram os alertas sobre uma ameaça de desabamento do edifício “São Luiz Rei de França”, em fase de conclusão, erguido na Rua Figueiredo Magalhães nº 701, o qual teve seus alicerces traseiros afundados cerca de 30 centímetros.

O prédio em construção, que pertencia à instituição “Casa São Luiz Para Velhice”, possuía 11 andares e estava a cargo da firma Oliveira & Herculano Ltda., conforme noticiava o “Correio da Manhã”.

Nos últimos dias de janeiro, a Prefeitura do Distrito Federal e funcionários da firma Estacas Franki (que, voluntariamente, se colocou à disposição de forma a ajudar a instituição de caridade), buscaram uma solução, mas em 30 de janeiro o problema aumentou, inviabilizando os esforços. O prédio desabou no dia 31/01/1958.

O desabamento teria sido motivado por defeito nas fundações. O calculista, professor da Escola Nacional de Engenharia, dizia que a estrutura do prédio estava perfeita, uma vez que caiu sem que em sua estrutura fosse notada qualquer rachadura.

As fundações da parte de trás do edifício teriam cedido e causado o desabamento. As fundações traseiras teriam sido assentadas numa profundidade de 20 metros, não obstante o terreno ter sido pantanoso. Os prédios vizinhos, que estavam em construção, tinham bases numa profundidade de 32 e 36 metros, segundo reportagem da época do "Correio da Manhã".


FOTO 3: Vemos o edifício "São Luiz Rei de França" a partir da Praça Edmundo Bittencourt (a praça do Bairro Peixoto). Estes seriam os imóveis atingidos pelo desabamento. O de nº 36 da Rua Décio Vilares foi totalmente esmagado, assim como os de números 22 e 26. Outros prédios da Décio Vilares tiveram danos menores.

Transcrevo comentário do Andre Decourt: "O edifício, de propriedade do Asilo São Luiz para a velhice, estava sendo construído em um dos terrenos doados por Felisberto Peixoto na sua antiga chácara em Copacabana.

Durante o início da construção, ainda nas estruturas, no começo de 1958, tinha apresentado um desnível, a obra foi paralisada, mas o edifício se estabilizou, sendo então reiniciada., mas no dia 25 de Janeiro, a estrutura já em fase final de acabamento começou a estalar, apresentar rachaduras e o mais grave, se inclinar em direção à Rua Décio Villares e à Praça Edmundo Bittencourt, no Bairro Peixoto.

FOTO 4: Vemos os prédios destruídos na Décio Vilares, nos fundos do prédio desabado.  Apesar das tentativas da Prefeitura do Distrito Federal, no dia 30 pela manhã já era quase certo seu desabamento. Os moradores dos pequenos prédios localizados na Rua Décio Vilares, bem como na casa normanda, única da praça, que era localizada no número 22, corriam para salvar seus pertences, mas nem todos conseguiram. Os jornais entrevistaram muitos moradores que perderam muita coisa, inclusive com perda total de imóveis que não estavam segurados .Por volta das 20 horas o prédio caiu, após esmagar seus pilotis.

No local do São Luiz Rei de França, foi construído no final dos anos 60 um grande edifício-garagem, que está lá até hoje.”

O prédio tinha cerca de 40 metros de altura e desabou em 20 segundos, em frente a uma pequena multidão que aguardava a queda, pois na véspera, 30 de Janeiro, a inclinação havia aumentado e o desabamento era iminente. A energia elétrica da região havia sido desligada pouco tempo antes, o que evitou que alguém fosse eletrocutado, pois após o desabamento muitos se aproximaram para "ver de perto".

O prédio representava todo o patrimônio da Casa São Luiz Para Velhice (Instituição Visconde Ferreira D´Almeida). Fundada em 1890 para abrigar os operários daquele nobre, na década de 1950 abrigava 460 velhos desamparados, além de cegos e aleijados, abrigando ainda outras 170 pessoas entre religiosos e empregados. 

Aquela instituição de caridade, sem o menor auxílio do poder público, vivia de donativos. Ao falecer, o Sr. Paulo Felisberto Peixoto da Fonseca deixou um legado de vários lotes de terrenos no Bairro Peixoto para instituições de caridade, entre as quais a Casa São Luiz Para a Velhice, que foi beneficiada com três lotes, onde foi construído o Edifício São Luiz Rei de França. Com outro legado, do Sr. Stanley E. Hime, a instituição iniciou, em dezembro de 1955, a construção do prédio sinistrado. A venda dos apartamentos geraria uma renda que permitiria a Casa não depender só da generosidade de alguns poucos abnegados. E tudo foi para o chão para desespero da diretoria da instituição de caridade.

Desconheço o resultado do inquérito e de eventuais pedidos de indenização.


FOTO 5: Anúncio da venda dos restos do Edifício São Luiz Rei de França.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

RUA FIGUEIREDO MAGALHÃES - COPACABANA

A postagem de hoje foi inspirada numa fotografia do Facebook do Amadeu Hermes, que mostra um trecho da Rua Figueiredo Magalhães entre a Rua Tonelero e a Praça Vereador Rocha Leão, perto do Túnel Velho.

FOTO 1: Esta antiga rua tinha como nº 1 a casa de meu tio-avô James Darcy, cujo endereço não era na Av. Atlântica, mas na Figueiredo Magalhães. A rua, até o ano de 1956, terminava perto da Rua Tonelero, não indo na época até perto do Túnel Velho.

A casa é figurinha frequente nas fotos da Praia de Copacabana na primeira metade do século XX. Cheguei a conhecê-la, mas minha lembrança é bastante vaga.


FOTO 2: Esta é a lateral da casa, que dava para a Figueiredo Magalhães. Lembro ainda do meu medo do cachorro, que latia muito quando tocávamos a campanhia deste portãozinho.

FOTO 3: É a postada pelo Amadeu Hermes. Estamos na altura do Posto Texaco, cujo endereço era Rua Figueiredo Magalhães nº 875, Copacabana, atual endereço do Hospital Copa D´Or.

Um pouco mais adiante, à direita, havia um posto de gasolina Shell e, logo após, um posto de gasolina Shell.Supermercado Merci.

A foto, hoje replicada várias vezes na Internet, foi considerada pelos decanos dos FRA-Fotologs do Rio Antigo, como inédita.

Nesta época a mão de direção já era a atual, da praia para o Túnel Velho.


FOTO 4: Aqui vemos uma colorização da foto anterior, feita por Alex Rosa (alguns detalhes se perderam na colorização, como aquele luminoso “TÁXI” no teto do DKW ). O Posto Texaco, segundo informação do neto do proprietário (cujo nome acabei por não anotar), chamava-se “Posto Coronado”.

Neste trecho depois dos postos de gasolina, com o encerramento das atividades do Supermercado Merci, existiram uma filial da Casas da Banha, um boliche e o Hotel Copa D´Or, que foi construído no terreno do Posto Shell. No lugar do Merci foi construído o Centro de Convenções do hotel.

Conta o Decourt que o Posto Texaco existiu até 1982, quando foi construído o “flat” Édipo-Rei. Já o Posto Shell foi-se por volta de 1987 para a construção do Hotel Copa D'Or.



FOTO 5: Nesta foto, do acervo do Correio da Manhã, vemos a loja do Supermercado Merci – Mercearias Nacionais, em Copacabana. Esta era, talvez, a maior cadeia de comestíveis do Estado da Guanabara.

Conta o Prof. Jaime Moraes que o MERCI teve a sua origem em um modesto armazém de secos e molhados na esquina de Proclamação com Teixeira de Castro em Bonsucesso, conhecido como "A Venda do Pinho". “Seu” Pinho acabou mudando o nome para Mercearias Nacionais, com algumas poucas filiais na região da Leopoldina. Com o tempo os negócios prosperaram e se transformaram em MERCI.

O endereço desta filial era Rua Figueiredo Magalhães nº 865. Internamente as paredes internas eram de tijolinhos amarelados, piso de granitina e teto com forro de alumínio.

Esta filial frequentava os jornais com notícias como de um assalto em 1971, quando dois jovens, um branco e outro mulato, entre 20 e 23 anos, entraram no Merci, renderam o gerente Virgilio Mário Marques, penetraram no escritório onde se encontrava o contador Adel Pereira Dias e forçaram-no a entregar a féria de Cr$ 70 mil, referente aos dias de sexta-feira, sábado e domingo. O dinheiro ia ser depositado no Banco Souto Maior. O assalto durou três minutos e os bandidos fugiram num Dodge-Dart, identificado como o que foi furtado do motorista Silvino Hipólito de Azevedo Neto, na Praia do Flamengo nº 374.

O motorista reconheceu na galeria de fotografias da 10ª DP, como sendo um dos assaltantes, Sergio Torres, fichado na distrital como assaltante de bancos, ligado ao esquema de subversão. É conhecido por Rui.

Outro assalto aconteceu pouco tempo depois e os policiais achavam que alguns dos assaltantes eram do mesmo grupo anterior. Desta feita eram sete e estavam armados com metralhadoras. O gerente, então Manuel da Costa Matos, foi obrigado a abrir o cofre. Entre os assaltantes havia uma mulher. O grupo fugiu em duas Variant, cujas placas não foram identificadas e em um Volkswagen 1600, vermelho, cuja placa seria GB 18-98-90 ou GB 18+89-90.

Podemos observar na foto que, pela posição do ponto de ônibus, a mão de direção da Rua Figueiredo Magalhães era no sentido Túnel Velho-Av. Atlântica.

Outro incidente, este de grande repercussão, foi em 1973 quando o teto do Supermercado Merci, na Rua Figueiredo Magalhães nº 865, começou a desabar sobre 100 funcionários e clientes. Estalidos que antecederam o desabamento permitiu a fuga de todos. A comissão do Departamento de Edificações concluiu que tanto a estrutura metálica da cobertura como as paredes de frente do fundo foram afetadas e indicou a demolição. Alguns prédios da Rua Décio Vilares, nos fundos do supermercado, também foram atingidos.

Neste mesmo local onde funcionou o Merci, em maio de 2000 foi inaugurado o Hospital Copa D´Or, resultado de um investimento de R$ 50 milhões. Com 218 leitos, centro cirúrgico com 12 salas e serviços de emergência 24 horas para adultos e crianças distribuídos entre 12 andares com 20 mil metros quadrados de construção. A previsão de um heliporto causou polêmica entre os vizinhos do Bairro Peixoto incomodados pelo barulho. 

FOTO 6: O Hotel Copa D´Or foi inaugurado em abril de 1988 pelo “Grupo de Transportes Cidade do Aço”, no nº 875. O telefone era 235-6610. Tinha uma piscina e um grande salão de convenções. Seu restaurante, o “Le Jardin” tinha fama, com destaque para a feijoada semanal, que disputava a preferência com a que havia no hotel Caesar Park, em Ipanema. O piano-bar era frequentado pela alta sociedade carioca.

O hospital Copa D'Or originou-se do antigo Hotel Copa D'Or, que foi adquirido pelo médico e empresário Jorge Moll Filho em 1994 e transformado no hospital em 2000. Gaspar D’Orey, proprietário do Hotel Copa D’Or, em Copacabana, resolveu regressar ao seu país de origem, Portugal. Ofereceu ao sócio, Jacob Barata, o Hotel Copa D’Or como quitação de dívida em outros negócios. Mas, somente o hotel, não liquidaria o valor total do débito. Foi aí que entrou na jogada o cardiologista Jorge Moll Filho, a quem o português teria emprestado grande quantia para ajudar na expansão de suas clínicas de diagnóstico, a Cardiolab. Enquanto efetuava pagamento em nome de Gaspar D’Orey, Jorge trocava ideias com Daniel, filho de Jacob e responsável por receber o dinheiro em mãos. Os dois planejavam, contra a vontade de Barata, transformar o hotel em hospital, com objetivo de atender a classe alta do Rio de Janeiro. Na época, existiam poucos hospitais privados na cidade. Em busca de atendimento de qualidade, cariocas se deslocavam para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Após a trágica morte de Daniel, vítima de um sequestro seguido de assassinato, Moll e Barata deram continuidade ao projeto e transformaram o Copa D’Or em hospital que tinha a hotelaria como raiz, equipamentos modernos e serviços de primeira.

Curiosidade: mais ou menos na mesma época da inauguração do Hospital Copa D´Or eu fazia um curso de MBA em Saúde. Talvez por esta sociedade no hospital, a filha de Jacob Barata, que não era médica, foi minha colega de turma.


FOTO 7: O Texaco era o Posto Coronado, que ficava na Figueiredo Magalhães nº 961, telefone 36-2779, conforme o anúncio. Oferecia “consertos e serviços garantidos, além de eletrônicos e Hi-Fi. Também instalava a “Chave Merli” contra roubo (a fechadura Merli era uma tranca de direção. Abaixo há o resultado a uma consulta ao nosso grande especialista Obiscoitomolhado, a quem agradeço a ajuda). Vendia também automóveis. 

A última notícia que encontrei no “Jornal do Brasil” foi da década de 1980, dando conta que era um dos postos Texaco que vendia álcool hidratado. 

O outro era um posto Shell, que ficava em frente ao nº 870 (esta é uma referência encontrada em anúncio de venda de um Karmann-Ghia em 1964). 



FOTO 8: Segundo Obiscoitomolhado aTranca Merli era um conjunto blindado, preso ao painel e que abraçava a coluna. Uma chave de qualidade enfiava uma lingueta de aço.