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quinta-feira, 14 de maio de 2020

2ª GUERRA MUNDIAL









Carlos P.L. de Paiva, habitual colaborador do “Saudades do Rio” me enviou estas fotos sobre um treinamento de defesa contra ataques aéreos no Rio durante a 2ª Grande Guerra.
Fui buscar informações e encontrei o artigo “Brasil, 1942 Estado e Sociedade contra o Reich”, de Jorge Ferreira, do qual retirei algumas informações:

Um dos órgãos criados na época foi o Serviço de Defesa Passiva Antiaérea, em maio de 1942. Em setembro de 1943, o órgão foi renomeado, ficando conhecido como Serviço de Defesa Civil.

No Correio da Manhã, havia instruções claras e precisas a serem tomadas em caso de ataque aéreo. No caso de ouvir alerta sonoro, todos deveriam saber que se tratava de aproximação de aviões inimigos. Se estivesse em casa, o cidadão tinha que apagar todas as luzes e se refugiar em abrigo antiaéreo existente na moradia. O abrigo privado poderia ser em porões e adegas adaptados para resistir a bombas. Outra opção era construir um destes no quintal ou jardim. Também poderia se proteger entre duas paredes da casa, resguardado por uma mesa. Se não houvesse essas opções, a ordem era ir a um abrigo público.

No caso de ataques com bombas explosivas ou incendiárias, estando em casa deveria fazer o mesmo.34 Se tivesse que sair de casa, o procedimento indicado era pegar seus documentos, dinheiro, cheques e joias. Também providenciar uma “lanterna elétrica de bolso” e uma cesta de alimentos anteriormente preparados, como pão, biscoito e conservas, garrafas de água e, para as crianças, leite. Se possuísse, deveria munir-se de máscara contra gases venenosos. Ao deixar a residência, certificar-se de que apagou o fogão, desligou as chaves da energia elétrica e do gás e fechou as portas e janelas. As cortinas deveriam estar cerradas. O próximo passo seria ir ao abrigo de sua casa ou a um abrigo público mais próximo.

Sobretudo, ressaltou a diretoria, “não perder a calma, pois que, de nada lhe servindo assustar-se, concorrerá para criar o ‘pânico’ que deve, acima de tudo, ser evitado. Lembre-se que o ‘pânico’ causa sempre maiores danos que as bombas lançadas pelos aviões inimigos”. No caso de estar na rua, a diretoria orientava para sair do logradouro público imediatamente, mas sem correr, portando-se com calma. Se não desse tempo de chegar à casa, dirigir-se a um abrigo público ou uma trincheira-abrigo. Também não sendo possível, recomendava-se proteger-se em corredores de prédios ou em passagens subterrâneas. Se estivesse em ônibus ou automóvel, a orientação era sair dos veículos e proceder da mesma maneira. No caso de estar em cinemas ou teatro, levantar-se e sair da sala calmamente. Se não encontrasse um abrigo público, entrar em um prédio e esconder-se em qualquer depressão que encontrasse no chão.

Nos refúgios públicos, certas normas de comportamento eram exigidas, como não formar grupos nos corredores, não se aproximar das portas, não fumar, não acender luzes (elétrica ou a combustível). Se uma bomba explosiva atingisse o edifício onde se localizava o abrigo, o cidadão deveria manter a calma, a serenidade e a disciplina.

Outros procedimentos ainda eram pedidos, como esperar o final do sinal de alerta para sair do refúgio e nunca perder a calma. Por fim, a diretoria pedia atitudes de altruísmo à população, ajudando os idosos, gestantes, crianças, deficientes físicos e pessoas adoentadas.

No dia 26 de outubro, foi realizado o primeiro treinamento de defesa passiva, com blecaute na capital federal. A população foi avisada com antecedência e instruída sobre como se portar no exercício. Às nove da noite, os sinos das igrejas começaram a badalar e as sirenes entraram em ação. Era a advertência de que bombardeios inimigos se aproximavam do município do Rio de Janeiro. A seguir, a parte da cidade reservada para o treino escureceu com o corte da energia elétrica. Passageiros dos ônibus e bondes, bem como os que estavam em seus automóveis, foram conduzidos por policiais, escoteiros e jovens alistados no Serviço de Defesa Passiva a locais próprios. Por alto-falantes, as pessoas abrigadas sobre marquises dos edifícios ouviam as instruções.

PS: o artigo do Prof. Jorge Ferreira é muito interessante e vale ser lido. Cheguei a ele digitando no Google segunda guerra ataques aéreos rio de janeiro e encontrei o artigo em


18 comentários:

  1. "... se refugiar em abrigo antiaéreo existente na moradia."; "... munir-se de máscara contra gases venenosos."; "... um abrigo público mais próximo."; "Se uma bomba explosiva atingisse o edifício onde se localizava o abrigo, o cidadão deveria manter a calma, a serenidade e a disciplina. Sério, que isso era o Brasil na Segunda Guerra?! Dá a impressão que o Correio da Manhã copiou esse texto de algum jornal europeu.

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  2. Bom dia a todos.
    Outra época? Outro tempo?
    Perguntou-me se realmente com essa sociedade deformada desde sempre se isso realmente daria certo como em outras nações onde há a ordem e de fato uma sociedade.
    Não vivi essa época e, portanto, só posso falar o que ouvi dos antigos. Entretanto, com toda a certeza, posso falar dos dias da pandemia e, portanto, vejo grande número de humanos dessa massa disforme dessa urbe não fazendo a sua parte, assim como as próprias autoridades. Aliás, novidade nenhuma. Acontece que sempre fechamos os olhos para a realidade do país e da cidade. A Covid-19 veio apenas trazer tudo isso a tona. Bem feito para todos nós que nunca quisemos enxergar da realidade. Agora, paga-se da conta!

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  3. Show.Fotos e texto.Gostei do abrigo na adega e na certa correria para lá...Hoje a briga é contra o vírus e as bombas emanadas por Brasilia..Difícil encontrar abrigo que dê jeito!!!



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  4. Estou aqui procurando nos meus alfarrábios a data exata da retirada do canteiro central da Av. Rio Branco. Foram retirados antes do final da guerra.

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  5. Bom dia, Dr. D'.

    Relato interessante. O Rio, como capital, era um alvo potencial mas fora de rota. Alvos mais plausíveis eram as cidades do nordeste usadas inclusive como bases americanas.

    Seria interessante ver as pessoas que hoje descumprem as recomendações de ficar em casa flanando pelas ruas naquela época... Mas, claro, que não era uma "gripezinha" como hoje...

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  6. Essas medidas seriam certamente eficazes para países europeus, já que mostram uma realidade urbana completamente diferente do Rio de Janeiro de antanho. Ataques aéreos? Só se fossem de cocos ou de bananas desfechados por pilotos à bordo de "cipós". Aliás esse tipo de "ataque" condiz com a realidade e condições da maioria dos brasileiros. E tomando o "gancho' do Wolfgang no que se refere à "massa disforme", por "e razões excepcionais", eu circulei à pé pela Uruguaiana e Largo da Carioca e constatei dezenas de pessoas, famílias inteiras morando nas calçadas. Com cobertores, malas, e utensílios pessoais, mostram a verdadeira face de um país falido e imoral. Um detalhe: quase todos sem máscara.

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    1. Domingo passado passei de carro pela Pres. Vargas. Impressionante a quantidade de "sem tetos" vulgo mendigos presentes nas calçadas. E essa quantidade vem crescendo assustadoramente, incentivada pela omissão da autoridade pública e por pessoas, igrejas e ongs que distribuem alimentos e roupas para "os coitadinhos que foram marginalizados pela sociedade".

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    2. Discordo totalmente do comentário do xará acima. Os marginalizados devem ser ajudados e não deixados à própria sorte. Que não se incentive a mendicância é uma coisa, outra é abandonar estes pobres coitados. A falta de humanismo é uma das características da sociedade atual.

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    3. O que está acontecendo é fruto do que comentei ontem a propósito das consequências da "Lei Áurea". Não se pode negar que o sucateamento do ensino público, o afrouxamento das leis, a decadência dos costumes, e a ausência de um controle de natalidade, foram fatores determinantes para que se chegasse a esse estado de coisas, ainda mais depois de 30 anos de governos esquerdistas. O incentivo ao ócio é flagrante quando se oferece "bolsas" e auxílios que tem o objetivo de comprar consciências. Até há pouco tempo atrás aplicava-se o Art.59 da Lei das Contravenções Penais (Vadiagem), mas apesar da vigência da LCP nada acontece. Leis fraquíssimas onde o encarceramento é remoto são um incentivo à delinquência. Meninas que aos 15 anos por vezes já possuem vários filhos, uma "vasta rodagem sexual", e que com menos de 30 anos são avós, são uma triste realidade nas mais de mil favelas da cidade. E a "lei das cotas', o que dizer? Acham que algum dos personagens elencados neste comentário possuem alguma "consciência política"? "É nós"!

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  7. Resquício concreto desta época é o Edifício Mondesir, na Av. Atlântica, entre Xavier da Silveira e Miguel Lemos, colado no OTHON HOTEL. Assessorei uma pessoa que comprou apartamento ali e a garagem subterrânea é classificada no registro de imóveis como abrigo anti bombas.Tempo terrível, mas o inimigo era visível e detectado pelo radar. Já hoje...

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  8. A Marinha Britânica dominou os mares do sul bem antes do Brasil e muitos outros países da América Latina pensarem em cortar relações com o Eixo.
    Tanto que o comércio com a Alemanha reduziu muito após setembro de 1939, inversamente proporcional aos negócios com os EUA, que depois ainda ofereceu armas e uma grande siderúrgica por uma base aérea em Natal, afim de abastecer o Reino Unido na luta contra seus inimigos Isso bem antes do ataque japonês à Pearl Harbor.
    Com a superfície oceânica dominada pelos aliados, alemães e italianos só conseguiram usar submarinos, mas mesmo que tudo melhorasse para Hitler e Mussolini, a indústria naval deles não teria condições tão cedo de reverter a situação para a guerra no Atlântico Sul, pela pouca matéria prima, muitas delas abundantes no território soviético que não foi totalmente conquistado.

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  9. ADICIONEI DUAS FOTOS DE ANÚNCIOS ENVIADOS PELO PREZADO GMA, mostrando como eram vendidos prédios com abrigo anti-aéreo.

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    1. Existe o edifício Primavera na Rua Humaita, erguido em 1941, que possui abrigo antiaéreo.

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  10. O prédio da Av. N. Sra. de Copacabana, 1058, próximo à Rua Miguel Lemos, tem abrigo antiaéreo.

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  11. Li o folder de propaganda do apartamento e a planta é muito boa, com exceção da ausência de "suítes'. Uma outra curiosidade é o banheiro de empregados "com chuveiro". Diante da exiguidade do espaço, poderia ser de outra forma? Qual? Lata de banha cheia de água? Cuia? "Bidet"? Isso mostra o "apreço" que a sociedade no passado tinha pelos serviçais.## FF: diante da pusilanimidade de "alguns", das medidas tomadas prefeitos e governadores ao arrepio Lei com a comprovada intenção de desviar dinheiro público, e a visível insegurança e insatisfação da maioria da população, tudo leva a crer que até o final do mês haverá uma grande "desobediência civil. As manifestações já são fortes nas redes sociais.

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  12. E a história do abrigo antiaéreo na Praça do Expedicionário?

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  13. Deve ser enorme a desobediência de cabeleireiros, barbeiros e marombados...

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